Informações:
Autora: Nayara.
Classificação: +16
Avisos: Contém cenas de sexo, palavrões, violência.
Observação: História real, porém com muita adaptação e ficção.
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Sinopse: Guto é um jovem de 19 anos que se vê numa oportunidade de fazer uma viagem com seus primos, Ralf e Tatiane; e mais duas amigas deles, Nayara e Bianca, para uma cidade chamada Paraty. Porém, o que nenhum deles imaginou para esta viagem era que ela teria o poder de mudar suas vidas em questão de dias. O por quê?! Bem, todos estão em busca de um único objetivo: liberdade, sensações novas, tudo que eles podem fazer sem a monitoração de adultos. E por mais que o tempo deles nessa pacata cidade seja curto eles aproveitaram do bom e do melhor que a vida pode oferecer.
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Era uma manhã preguiçosa e Guto custou a levantar. O despertador apitava de 5 em 5 minutos e de 5 em 5 minutos Guto desligava-o. Aquele "tun tun tun" infernizou tanto que ele acabou por se irritar, pegou o objeto e o atirou no ar. Treck!
─ Merda! Lá se vai mais 3 conto ─ resmungou depois de despertar definitivamente com o barulho do impacto do objeto na parede. Sentou-se na beira da cama, apoiou os cotovelos na cabeça dos joelhos e esfregou as mãos contra o rosto. Em seguida passou a mão direita sobre o cabelo, que aparentava estar na cor de um loiro âmbar por conta da fraca luz do Sol que penetrava pelas cortinas. Enfim se levantou e dirigiu-se para o banheiro.
Seu quarto estava num estado de alerta vermelho furioso. Pura bagunça. Bermudas, blusas, cuecas e o que se pode imaginar espalhados por todo o cômodo. Sua paixão estava em cima da poltrona, um pouco inclinada de lado. Um detalhe muito visível estava sobre suas cordas. A coleção de CD's estava fora de ordem e muito bem espalhada sobre a estante. Entre um e outro detalhe da bagunça dá para reparar que Guto é um completo desorganizado. Sua mãe tentava ajudá-lo a manter alguma limpeza, sempre aparecia nas segundas-feiras para arrumar todo o apartamento. Infelizmente não durava um dia a limpeza e tudo voltada ao velho e já acostumado estado.
Agora estava acordado. O longo banho de 10 minutos avisou o resto do seu corpo que já era hora de levantar. Sem muitos rodeios, esfrega a toalha sobre os cabelos molhados para secá-los. A imagem que se tem é de um garotão de 19 anos, com ombros largos, peitoral esculpido por anjos, barriga gostosa pra se morder e coxas moderadas. Como a toalha enrolada em sua cintura estava justa dá para se chegar a esta conclusão de monumento.
Guto olha para o quarto desajeitado e procura algo para se vestir. Pega uma cueca box branca que encontrava-se pendurada na porta do guarda-roupa, logo uma bermuda verde que estava no chão e ao procurar uma camisa avista sua paixão. Lá estava o que ele procurava. Com jeito retira a camisa que estava sobre sua paixão, vestiu-a e logo pegou o violão. Sentou na beira da cama, colocou sua paixão sobre o joelho direito e começou a tocar.
" I don't want this moment to ever and. Where every thing's nothing whitout you. I wait here forever just to, to see smile. Cause it's true, i'm nothing without you..."
As notas voavam do violão como pássaros livres. Sua voz, ainda que baixa e rouca completava o ambiente e parecia que tudo renascia em cores. Guto amava tocar violão, era o seu momento e entregava-se de corpo e alma. Quando encontrava-se sozinho tocando podia sentir algo mais dentro dele, diferente de quando se apresentava com seu melhor amigo Rafael. Tocar "With Me" era melhor ainda. Sempre fora sua música favorita e nunca compreendeu porque. Tinha alguns palpites, achava que era a melodia que o envolvia subtamente. Mas também achava que podia ser a letra e o segredo que nela continha. Tudo era um mistério e por isso achou melhor deixar de lado e apenas sentir a boa sensação.
Continuou a tocar até o fim da canção se aproximar. Repousou o violão ao seu lado e deixou seu corpo cair na cama. Adormeceu.
─ Ei, Guto? Acorda meu! A gente tem show hoje cara, levanta! ─ Rafael sacudia-o incansavelmente. ─ Porra, eu disse pra você não exagerar nas biritas.. Olha o estado velho. ─ Dando alguns tapas nas costas e no rosto do rapaz.
─ Tá tá, eu já tô levantando... Pera aí um pouco. ─ tombando a cabeça novamente no travesseiro.
─ Não tem peraí coisa nenhuma. A gente tem que tá lá daqui 20 minutos. Vambora! ─ Rafael se afasta da cama e procura alguma roupa. Encontra uma polo com um símbolo no peito esquerdo, joga na cama. ─ Vai vestindo o que eu joga ─ pegando uma bermuda de estampa quadriculada do chão e jogando para ele.
Guto levanta um pouco lerdo, mas consegue vestir as roupas com rapidez. Termina de se arrumar e pega sua paixão.
─ Pronto Rafa, vamos nessa. ─ Sorri para o amigo e lhe estende a mão. Rafael a segura e aperta com força.
─ Hoje vamos conseguir um sucesso maior brother, pode cre. ─ disse transbordando confiança.
A platéia estava calma.
Todos os olhares voltavam-se para os dois rapazes. Eram olhares de curiosidade e um pouco de indiferença com a presença deles ali.
─ Boa noite. Nós somos Rafael e Guto. Espero que curtam nossa música... ─ sorriu timidamente após fazer uma breve apresentação. Olhou para Guto, fez um leve sinal com a cabeça e este começa a tocar. O som do violão toma conta do espaço. As dedilhadas precisas pareciam cantar. Guto estava um pouco ansioso, era uma platéia diferente das demais, temia fazer algo errado e ser vaiado. Mas deixou essa ansiedade de lado, teve ideia de fechar os olhos, concentrar apenas nele e na música. Ficou mais fácil tocar sem ter a ligação vizual com aquela pressão sobre ele. Assim que o fez sentiu uma energia forte tomar conta da sua mão e agora quem tocava era o dom dele.
Rafael também tocava violão, mas preferia não sobressaltar suas notas. Ao contrário de Guto, seu dom não era para tocar e sim cantar. Deixou passar a intro e começou.
" Hoje o que eu queria aconteceu e eu vou voltar pra casa bem melhor. A vida outra vez sorriu pra mim e eu sinto um cheiro de um amor maior... "
ㅤㅤ Definitivamente sua área era vocal. Liberta a alma e acalma os nervos. Sentir a batida se misturar contigo é o que Rafael gosta. Naquele instante ele teve certeza, iria cantar para sempre. Desde pequeno imitava os grandes reis da música e adorava brincar de show. E veja agora aonde a brincadeira foi parar. Sentado num banco ao lado do seu melhor amigo e na frente de toda uma platéia que o olhava e acompanhava sua voz. Se alguém um dia vier a falar para estes garotos que os sonhos não realizam, eles irão rir e dizer que se o sonho não se realiza a vida também não continua.
***
Três horas se passaram e ao chegar no fim do show apenas se ouvia as palmas e o reconhecimento do talento deles. Guto e Rafael agradeceram por aqueles momentos maravilhosos junto daquela platéia espetacular e saíram. Acertaram-se com o dono do Bar e foram embora.
O apartamento continuava do mesmo jeito quando eles fecharam a porta, bagunçado e só. Os rapazes dirigiram-se para a sala e se jogaram no sofá. Exaustos.
─ Caralho Rafa o que foi aquilo meu? ─ Perguntava Guto ao seu amigo cheio de entusiasmo.
─ Cara, sei lá. Eu tô muito feliz pra pensar em alguma coisa. A gente conseguiu Guto, conseguimos! ─ Ergue-se do nada com os punhos fechados e parados no ar. Realização era o que ele sentia e sem sombras de dúvida Guto também. Mas este não demonstrou tanto quanto o amigo.
─ Pode crê velho, conseguimos fazer um show de verdade. To ouvindo os aplausos até agora ─ disse com um sorriso enorme nos lábios. ─ Foda que agora to acabado, haha. Mas valeu a pena... ─ Suspirou. Esfregou as mãos no rosto e levantou-se. ─ Ow vou tomar banho. Acorda cedo amanhã pra resolver uns lances da viagem. Se quiser fica ai e vai embora amanhã de manhã ─ ofereceu.
─ Não, tá de boa. Vou só ali beber uma água e vazar. Ai Guto, parabéns velho. ─ Disse sorrindo. Caminhou para a cozinha, bebeu a água e foi embora.
Silêncio.
Guto caminha até seu quarto, retira toda a roupa e vai tomar um banho. A água morna escorria por seu corpo levando embora tudo de ruim. Os últimos dias não foram dos melhores para o rapaz e o deixou exausto. Mais exausto que o show que acabará de fazer. Muitas decisões ele precisou tomar e uma delas foi terminar o namoro com Júlia. Já fazia um tempo que ele não se sentia ligado a garota. Ela também não tornava as coisas fáceis com seus ataques infantis de ciúmes. A relação encontrava-se desgastada e sem razão para continuar. Três dias antes da apresentação no bar, Guto chegou em Júlia com um ar sério.
─ Olha Ju, as coisas não andam nada bem. Estamos tendo muitos momentos ruins e eu não to afim de continuar com isso. Daqui uns dias vou fazer uma viagem e eu quero curtir ao máximo sem ficar com peso na consciência. Então vamos terminar por aqui esse namoro e recomeçar nossas vidas. ─ Sentenciou com dureza. Respirou profundamente enquanto analisava sem muito interesse os sentimentos que surgiam no rosto da garota.
─ Curtir ao máximo? Esse é o argumento que você usa para acabar com nosso namoro? Vá à merda Augusto! Estou tão chocada com sua frieza que nem sei o que dizer...
─ Pera aí! Não estou sendo frio porra nenhuma Júlia. Apenas estou sendo realista e objetivo. Você me conhece muito bem, nem deveria estar se surpreendendo ─ disse com indiferença.
─ Claro típico Guto. Quer saber? Que se dane. Você já tava me cansando e perdendo aquele "encanto mágico" ─ atirou com desprezo. ─ E quanto a sua viagenzinha ─ dizia ironicamente ─ aproveite muito. Iluda muitas biscates e seja feliz ok? ─ lançou um piscar que mais parecia uma pedra. Pegou sua bolsa e se retirou. Ao fechar a porta o som aparentou ser uma bomba. Que força, pensou Guto.
Enfim só, literalmente pensou ele pegando uma latinha de cerveja na geladeira. Direciona-se para o sofá e se joga no mesmo. Dá um grande gole na bebida e a coloca sobre a mesinha. Uma grande sensação de liberdade invadiu seu ser. Júlia não era uma má namorada, passaram bons momentos juntos, talvez não tivesse merecido ser tratada daquela forma...
─ Nãããão! ─ Gargalhou com o pensamento insano. ─ Aquelazinha realmente mereceu aquele puta pé na bunda. Quem ela pensava que era para querer mandar em um cara livre? Meu negócio é música, reggae e muito chão para caminhar. ─ Finalizou com prazer aquele belo discurso. Bebeu novamente a cerveja.
Enfim só.
Rodoviária lotada, lerdeza na certa.
O dia da viagem chegou. Guto desejava impacientemente que os demais passageiros entrassem logo no ônibus. Dez minutos depois estavam pegando sentido litoral.
Taubaté era uma cidade legal. Tinha muitos barzinhos para divulgar seu talento, muitas baladas para encher a cara com os amigos e coisas sólidas para se fazer. Morar naquela cidade não era tão ruim, exceto pelo fato de que não tinha praia, e surfar era outra coisa que Guto gostava de fazer. Sempre que podia reunia a galera e iam para uma pousada em Ubatuba. Pegavam ondas maneiras em praias legais como Toninhas, Praia Grande e Itamambuca. Ondas de fato perfeitas. Pena que para onde ele ia não teria esse prazer para sentir. Paraty era uma cidade litorânea, mas de fato sem praias boas para qualquer uso.
Incrível como o tédio acaba com um ser humano em menos de meia hora de viagem. Não tinha levado nada de muito legal para se distrair, então estava sujeito a sofrer do male tédio. O jeito que ele encontrou de mudar um pouco a situação foi pregar os olhos na janela e ver o mundo correr lá fora. Não sei se era a paisagem a sua frente que prendia sua atenção que não o fez perceber um par de olhos intensos sobre ele. No banco ao lado, no outro corredor, um rapaz moreno o olhava com um pouco de curiosidade e algo mais. Agora já fazia uma hora e meia de viagem e o rapaz continua a olhar Guto. Parecia não se cansar do que via. Enfim Guto sai de seu transe. Vira a cabeça para o outro lado para esticá-la e da de cara com o olhar do cara. O susto ficou tão claro no rosto de Guto que o rapaz ficou completamente sem graça e virou-se para o outro lado.
Gay. Aquele intenso olhar sobre ele era de desejo e Guto percebeu isso depois de analisar discretamente o cara, enquanto este estava distraído. O modo como ele estava sentado com a perna cruzada, a posição delicada que a mão encontrava-se, o semblante quase feminino. Não tinha erro, gay e ponto. Guto sabia que o cara não deixaria se intimidar. Aquele momento foi apenas um susto, mas sabia de alguma forma que ele investiria. Para sorte de Guto (e que sorte) uma mulher de beleza diferente sentou ao seu lado.
─ Espero que não se importe moço. Lá atrás tem um moleque muito porco e não vi outro jeito se não mudar de acento. E como só havia esse lugar... ─ alegou.
─ Não tem problema, pode sentar-se ─ disse retirando sua mochila do banco. A mulher não era a coisa mais linda, só que suas pernas, ah... Essas sim são pernas de verdade, pensou Guto. Observou-as discretamente para que a mulher não percebesse. Ser discreto era sua melhor artimanha.
Pegou o celular. Estava na hora de avisar seu primo onde estava. Escreveu uma mensagem “primo, to em Uba já.” e enviou. Após fuçar sua mochila descobriu não ter esquecido o fone de ouvido. Alegremente selecionou uma música e começou a ouvi-la. Cochilou.
***
Cutucão. Cutucão.
─ Hei, moço, acorda.. ─ chamava a mulher, sacudindo de leve o rapaz. ─ Moço.. Acorda! Faltam 15 minutos para chegarmos ─ alertou.
─ Ah... ─ disse meio desnorteado pelo sono ─ Valeu moça. ─ Sorriu sem jeito. Ajeitou-se na poltrona, retirou o fone de ouvido e escreveu outra mensagem para o primo.
“Aí primão, to na entrada. Já já to ai.”
Enfim estava chegando. Deixou para trás todos os problemas e estava pronto para se divertir.
Paraty parecia não ter muito para oferecer. Loja de materias para construção era o que mais se via no começo da cidade. Depois lojas normais, roupas, artesanatos, coisas assim. Ficou a pensar o que teria de bom para se fazer ali.
A rodoviária se aproximava. Guto pegou sua mochila, ajeitou alguma coisa e logo o ônibus parou. Esperou a mulher sair primeiro e saiu em seguida. Ao sair daquele caixote ambulante avistou seus primos e duas garotas. Cumprimentou primeiro os familiares e depois as meninas.
─ Guto, essa é a Nayara e a Bianca ─ apresentou Ralf a ele. Guto sorriu para elas e disse um oi um pouco envergonhado. Ficaram um breve instante ali explicando algo a Guto e depois foram embora.
O trajeto para o condomínio onde ficariam era longo. Tinham de pegar um pedaço da avenida principal, depois passar uma ponte e uma rua em reformas, que parecia uma cobra serpenteando. Enquanto caminhavam, as meninas que estavam na frente deles conversavam em cochichos. Assunto: Guto, claro.
─ Caramba Tati, imaginava que ele era bonito, mas aquilo ali supera um bonito, é lindo demais ─ cochichava Nayara com um enorme entusiasmo na voz. Um sorriso largo nos lábios. ─ Ele é mais bonito que o Ralf ─ acrescentou.
─ Nossa, é mesmo. Ele é muito gato ─ comentou Bianca. ─ Amiga... ─ disse olhando para Tatiane ─ você não se importa né? ─ perguntou dando uma risada abafada. Bianca era a típica menina feliz, que gosta de deixar o mundo a sua volta sorridente.
─ HAHA, vai fundo amiga ─ disse Tati num tom brincalhão. Tatiane era a típica menina tímida e certinha. Mas se esforçava para mudar um pouco isso e poder curtir uma liberdade interior.
Chegaram. Já era dez e meia.
Entraram no condomínio e logo de cara viram o jardim e toda a extensão verde do gramado que se encontrava iluminado em pontos estratégicos para melhor embelezar o lugar. A piscina também se encontrava iluminada, o azul celeste se destacava naquela imensidão verde. Os jovens olhavam enquanto Bianca abria a porta.
Entraram. A surpresa tomou de imediato Guto quando viu o tamanho do lugar. Discreto como só ele não deixou os demais perceberem sua surpresa.
─ Eai primão, curtiu? ─ perguntou Ralf sobre a casa.
─ Oh, muito legal aqui ─ respondeu com um pequeno sorrio. O espaço ali era muito pequeno. “Isso vai ser muito divertido” pensava Guto. Ralf o chamou para irem ao quarto guardar as coisas. Subiram a escada de madeira que estava na parede direita da mini sala de estar. Ficou aliviado ao ver que o quarto era maior, mas não tanto pela altura do teto. Se ele ficasse na cama com o chão elevado por causa do piso de madeira seria um problema, sua cabeça quase tocava o teto baixo. Enfim, deixou esse ponto de lado e ficou há conversar um pouco com o primo. As meninas estavam na cozinha preparando o “jantar”.
Todos estavam sentados entorno de uma pequena mesa redonda. Sobre ela estava uma panela com macarrão e ao lado uma travessa com hambúrgueres. Todos comiam silenciosamente. Os minutos se passaram e todos já estavam satisfeitos. As meninas já arrumavam a cozinha quando Ralf se aproximou.
─ Então, vamos dar uma volta no centro? Eu não to afim de ficar aqui ─ perguntou. Elas se olharam e concordaram.
─ Mas já vou logo avisando que hoje é quarta-feira e nunca tem nada de legal no centro no meio da semana ─ Alertou Bianca.
─ Não custa arriscar ─ Brincou Ralf.
Limparam rapidamente a cozinha e foram se arrumar. Nayara usava um vestido vermelho. O detalhe na gola era de pedrinhas e lantejoulas marrons. O vestido ficava na altura de sua coxa, o que valorizava completamente a beleza da mesma. Bianca optou por um vestido com estampa listrada. As cores estavam entre o branco e o laranja. O decote era ideal para seu busto, valorizava-o como deveria. Tatiane escolheu uma blusinha regata branco-lisa e uma saia preta com detalhe de uma flor rosa na parte superior. Tudo ali estava no básico, mas qualquer que fosse a roupa básica que a jovem usava se transformava num look muito bonito. Esse estilo lhe dava o ar de menina moça. Os rapazes simplesmente optaram por bermudas e camisetas pólo. Afinal, garoto bonito não precisa de muita coisa né? A beleza já é o maior acessório deles.
A avenida era longa. Em todo seu trajeto os jovens não encontraram nada de extraordinário. A rua estava completamente vazia, com exceção de uns barzinhos que estavam um pouco vazios também. Caminharam.
─ Eu disse que não ia ter nada né? ─ alfinetou Bianca.
─ Ah, mas pelo menos saímos de casa um pouco ─ Ralf disse como num suspiro.
─ É... Por mais que isso aqui esteja um tédio é um ambiente diferente ─ comentou Nayara aos risos.
─ Também acho ─ confirmou Tatiane. Guto por sua vez não comentou nada em voz alta, apenas com seu primo. Caminharam mais um pouco até chegarem ao ponto de que não haveria nada mais para se olhar ou procurar.
─ É.. Acho que por aqui não vamos encontrar mais nada ─ disse Tatiane analisando o lugar.
─ Vamos pra casa gente? Nós arrumamos o que fazer por lá ─ Bianca cruzou seu braço com o de Nayara, trocou um olhar forte com ela e sorriu. Nayara havia compreendido.
Enfim todos concordaram e retornaram pelo longo caminho.
O caminho da serpente estava escuro. Andavam unidos e conversando baixo. De vez em quando um dos meninos brincava de fantasmas para assustar as garotas. Nayara estava curtindo a zoação e às vezes assustava Bianca dizendo que havia visto algo estranho no mato ou um simples cutucão disfarçado. Todos riam dos berrinhos que a jovem dava de medo.
O quarto não estava completamente arrumado, as malas estavam ajeitadas nos cantos, toalhas penduradas na bancada e as camas sem forro. Apesar disso o ambiente estava em harmonia. No chão um colchão fora jogado. Guto dormiria ali e já se encontrava sentado no fofo retângulo com o lençol sobre o colo. Na cama de casal ao seu lado estava Nayara deitada no lado do Ralf, Bianca dividindo a beirada da cama com Tatiane. Todos conversavam animadamente e espremidamente de certa forma. Mas não durou muito esse conforto desconfortável. Tatiane se levantou.
─ Aff, não sei como vocês agüentam. Vou pra outra cama. ─ Se jogou na outra cama de casal e ficou mexendo no celular.
─ Então Na ─ começou Bianca num sussurro não tão baixo ─ Você captou a minha mensagem àquela hora?
─ Er, captei sim por quê? ─ Perguntou olhando discretamente para Ralf que buscava entender o que elas diziam.
─ Por nada não.. Só pra saber ─ disse com um sorriso disfarçado no canto dos lábios. ─ Que cara é essa Ralf? ─ Perguntou ao se deparar com a careta dele.
─ HAHA, massagem facial. Sabe como é né? Preciso ficar mais perfeito (H) ─ Respondeu esticando todos os músculos do rosto. Ralf tinha o ar de grandeza e da arrogância saudável. Dizia que tinha de se amar acima de tudo, que ninguém faria isso por ele. Egocentrismo era teu idealismo de vida.
─ Ah claro, mais perfeito ─ disse Nayara ironicamente na direção dele. E assim começou uma leve discussão.
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─ Caramba Na O: ─ começou Bianca olhando para a amiga que estava sentada na beira da escada ─ Não conhecia este teu lado agressivo ─ Disse enquanto ajudava Ralf com o gelo sobre a bochecha. Este gemia às vezes por conta da dorzinha aguda que lhe ocorria sobre o hematoma que começava a ficar rosado.
─ Aah Bia, nem fala muito não ─ Entonou com desdém. ─ Esse besta bem que mereceu o soco no meio da fuça. Incrível como consegue me tirar do sério com tanta facilidade ─ disse olhando com um pouco de fúria para Ralf. Ele não respondeu nada. Não por não conseguir, mas porque já tinha ido longe demais aquela situação e talvez tivesse passado dos limites.
─ Mas precisava ter batido nele assim? Olha só como tá ficando feio... ─ Bianca fez uma careta ao ver o grande roxo. Nayara não respondeu, ficou olhando para a parede a sua frente pensando em algo. E com certeza não era sobre o que acabará de ocorrer. ─ Pronto Ralf, segura assim ─ levou a mão do rapaz até a parte de cima da sacola com gelo. O rapaz segurou e foi sentar-se na cadeira próximo da boxeadora do grupo. ─ Vou lá em cima avisar que tá tudo bem... Se comportem hein! ─ sugeriu Bianca com ironia. Subiu.
Agora só havia os dois ali. Nayara não queria olhar para Ralf, mas acabou cedendo a sua vontade. O mirou. De imediato seu olhar se encontrou com o dele. Não dava para saber que tipo de sentimento aquele profundo mar esverdeado transmitia.
─ Tá doendo? ─ perguntou tentando parecer estar despreocupada.
─ Que pergunta retórica, hahaha ─ Respondeu com sarcasmo.
─ Desculpe... ─ falou em um sussurro. Baixou seu rosto e ficou mexendo as mãos.
O silêncio planou ali por uns minutos.
O que seria uma leve discussão saudável, saiu uma briga de box selvagem, no qual o cavalheiro é pego em cheio. Ela não queria lhe bater, não era desse tipo, mas o modo como ele dizia, como se idolatrava era demais para sua simplicidade. Quando viu já era tarde, o garoto gemia de dor e a euforia tomava conta do quarto.
Nayara levantou-se, abriu a porta e foi andando pelo imenso jardim. A noite estava nublada e cinzenta, uma característica triste para ela. Caminhou até chegar à área ao lado da piscina. Sentou-se no banco, deixou as pernas puxadas e os braços envolvendo os joelhos. Apoiou o cotovelo sobre um deles e ficou olhando a piscina sem realmente estar ali. “Tudo esta muito calmo” pensou, apenas o sussurro da brisa a lhe fazer cócegas no pé da orelha. Percebeu uma sombra se movimentar atrás dos coqueiros, logo reparou que era Guto. Sua forma cumprida e esbelta surgia conforme ele aproximava-se. Sentou alguns palmos de distância da jovem, olhando para o breu a sua frente. Não disse nada, apenas ficou ali por um tempo.
─ Perdeu o sono? ─ Nayara disse quebrando o gelo.
─ É... Mais ou menos. Estava muito quente lá dentro ─ Respondeu com um sorriso de lado ainda olhando adiante.
─ Hum, entendi... ─ Calou-se. Ela queria muito saber o que tinha rolado lá dentro enquanto estava ausente, já não agüentava de curiosidade. ─ Er.. Ele esta bem? ─ Perguntou sem graça.
─ Tá sim. Acho que já até dormiu. Antes de descer ele estava quase babando no colo da Bia. ─ disse erguendo o ombro sem ter certeza.
─ Ah ta. Deve ter dormido então ─ disse rindo. ─ A Bia tem um colo mágico ─ comentou brincando.
─ É, deve ter mesmo. ─ Agora já olhava para ela.
Na verdade, Guto não sabia bem o que fora fazer ali, apenas sentiu uma enorme vontade de sair da casa e ficar ao lado dela. Talvez para dar um apoio ou fazer companhia. O que viu nela a pouco tempo atrás, a fúria surgindo em seus olhos, o instinto de defesa e preservação da espécie, tudo muito inusitado. Nunca vira qualquer outra menina reagir daquela forma. Era espetacular. Agora, seus olhos fixos na escuridão era uma porta de mistérios. Impossível desvendar qualquer sentimento que estivesse passando por ela naquele instante. Fora assim desde o primeiro momento que a viu.
- Então, no que esta pensando?
- Em nada demais. Apenas apreciando a beleza deste lugar. E você o que veio fazer aqui? Não diga que simplesmente perdeu o sono ou que esta calor lá dentro que não acreditarei. – Risos.
- Ah... Sinceramente? Não faço a menor idéia. – Sorriu sem graça. – Apenas quis sair de lá. E já que você estava aqui sozinha...
Percebendo os fatos, ela estava sozinha. Eles estavam sozinhos. Tudo estava muito tranqüilo e vazio por ali. Guto aproximou-se discretamente da jovem. Colocou seus braços para trás apoiando o corpo, esticou as pernas e ficou olhando para o céu.
- Que pena né?
- O quê?
- Hoje não tem estrelas lá em cima. Adoro quando a noite fica estrelada.
- É eu também adoro. Parece que tudo é feito de magia, sei lá. Sonhos de adolescente. – Argumentou aos risos.
- Aham, tipo conto de fadas né? Você não tem cara de ter gostado destas coisas. Não depois do locaute que você deu no meu primo lá dentro.
- Vai te catar meu. – Da um leve tapa na perna dele. – Eu não sou desse jeito na realidade... É apenas uma defesa natural.
- Tá, sei. Até parece. No mínimo você deve ser um pouco masculina e fica usando essas desculpinhas de conto de fadas pra fingir ser uma menina. – Gargalhou da piadinha muito mal elaborada.
- Você também ta querendo uma porrada o viadinho? Te soco fácil fácil.
- Ei, ei. Não estou afim de manchar meu rosto com um roxo. Ainda mais de uma menina, to fora. Mas o que foi que você disse ai: viadinho?
- É isso ai. Quem esta escondendo algo aqui é você. Por baixo desse corpo malhado e dessa voz rouca você é uma gazela pronta para saltar sobre os machos por ai. HAHAHAHA.
- Meu, não fala o que você não pode agüentar depois.
- Esta me desafiando é Guto? – Agora o olhar de Nayara estava desafiador. – Então lá vai, eu duvido que você seja homem de verdade.
- Vamos ver então...
Guto avança sobre o corpo da jovem. Cara a cara com ela solta a última pergunta:
- Ainda duvida?
- Ficar em cima de mim não quer dizer nada. Eu quero que você me prove.
Nayara era esperta, lógico. Tirar uma noite de muito sexo era fácil quando desafiava um homem da sua masculinidade. Só assim para eles darem o melhor deles. Guto provou ser tudo que ela queria que ele fosse.
Espalmou sua mão sobre a cintura da jovem, arrastando-a para cima e conseqüentemente a blusinha dela. Colocou sua mão sobre o seio dela e começou a massagear com força. Seus lábios se beijavam freneticamente. O desejo em seus corpos explodia como fogos de artifícios no céu. Nayara estava com o interesse apenas no monumento que ele carregava debaixo da bermuda. Logo desabotoou e desceu um pouco a mesma, da forma que podia. Pôs a mão dentro da cueca dele e encontrou para sua satisfação um puta monumento. Grosso e cumprido.
Guto não esperou muito e já havia arrancado a blusinha dela e seu short. Deixando-a apenas de calcinha. Felizmente naquele dia Nayara não queria usar sutiã. “Que delícia” pensou o jovem. Seus lábios foram de encontro ao seio durinho e farto da garota. Lambeu tudo, mordiscou seu mamilo, chupou com bastante força deixando-o vermelhinho. Nayara apenas ofegava e gemia baixinho. A mão dela massageava intensamente o monumento dele. Apertava estrategicamente, fazendo o movimento do vai e vem bem rápido. O pulsar das veias no pênis dele já era perceptível e a vontade dela era de enfiar tudo aquilo dentro da boca e depois da buceta dela.
A língua do jovem não agüentava mais. Foi descendo aos poucos pela barriga dela e logo para a virilha. Ergueu os lábios superiores da vagina dela e lambeu com todo gosto o clitóris. Às vezes rápido, às vezes devagar. Tudo para provocá-la. Ameaçava enfiar lá dentro, mas apenas ameaçava. Nayara contendo os gemidos para ninguém ouvir ficava cada vez mais louca.
Até que decidira que era a sua vez de fazer uma festinha para ele. Fechou suas pernas, o empurrou para o outro lado e sentou sobre ele.
- O que você vai...
- Shhhhhh! Fica quietinho agora que eu vou te dominar! – Disse com uma voz tão sensual que arrepiou Guto por inteiro.
Esfregou-se inteira nele. Sentiu o calor do pênis dele exalar na vagina dela, mas resistiu a tentação de colocá-lo dentro dela naquele momento. Saiu de cima dele de forma sexy, ficou do lado contrário a ele, sentou-se sobre a barriga dele deixando sua bunda em sua cara.
- Uooou! Estou no paraíso... – Exclamou o jovem.
Sem pensar, Guto cravou suas duas mãos na bunda dela e ficou apertando. Às vezes roçava seu dedo no cuzinho dela, mas não iria arriscar tal coisa. Por hora não. Enquanto se deliciava com aquela visão, deliciava-se do maravilhoso boquete que Nayara estava fazendo. A língua dela descia, rodava, circulava seu amigão. Colocava-o inteirinho na boca dela a ponto de poder sentir a cabeça tocar o começo da parede da garganta dela. Chupava com força, com carinho, lambia a cabeça sem parar. Guto teve de segurar seus gemidos e a sua louca vontade de tirá-la dali e meter com tudo naquela buceta quentinha. Mas para que continuar esperando? Era a hora dele pegá-la de surpresa. Segurou a cintura dela, a tirou de cima da sua barriga mandou ficar de quatro e num instante estava penetrando fortemente a delicia dela. Com as mãos no quadril dela, estocava de todas as formas possíveis. Forte, muito forte, rápido, devagar, fazendo alguns movimentos fora da reta. Nayara mordia seus lábios tão fortemente que imaginou por um segundo se perderia alguma parte deles. Sorriu e logo esqueceu, o prazer que estava sentindo era mais forte que tudo naquele momento. Sentiu uma das mãos de Guto sair de seu quadril e logo um apertão em seu peito invadiu seus pensamentos.
- Aii... Que delícia Guto. Vai, vai.. – Implorava por mais.
E assim fora o resto da noite. A brisa soprando sobre eles, as folhas nos coqueiros roçando entre si como se compartilhassem com o jovem casal o mesmo prazer. O céu já não estava mais cinzento, o vento havia levado todas aquelas nuvens para bem longe e o que sobrou fora apenas estrelas e uma Lua um tanto preguiçosa no cantinho do céu. Os grilos cantando atrás de moitas era o ruído mais alto que podia se ouvir. E alguns gemidos abafados vindos do chão de um espaço coberto para algum uso relacionado a piscina também.
O Sol raiava bonito entre as nuvens. Todo o gramado do jardim coberto de orvalho. A brisa arrastava o último resquício da madrugada. Passarinhos sobrevoavam os coqueiros e cantavam o hino da manhã.
Tatiane tinha o hábito de acordar cedo com o som de passarinhos. Sua casa ficava num recanto, portanto estava acostumada com o familiar som. Quando ficou de pé deparou-se sozinha na cama. Procurou no restante do quarto e assustou-se ao ver sua amiga Bianca dormindo ao lado do seu irmão Ralf, abraçados.
- Mas que diabo é... – Antes de terminar a pergunta notou que seu primo Guto e sua amiga Nayara não estavam no quarto. – Ahhhhh, essa não! Só pode ser brincadeira. – Puxou a coberta de cima dos dois. – Ralf e Bianca, pra fora da cama agoraa! – Berrou. Os dois saltaram da cama num susto imenso.
- Hãa...? O que houve? – Resmungou Bia coçando os olhos. Ralf sem perceber que estava na beirada da cama foi de encontro ao chão.
- Aaaai, minha testa! – Sentou-se e apoiou a mão na testa.
- Que merda vocês fizeram noite passada hã? E cadê o Guto com a Nayara? Quero EX-PLI-CA-ÇÕES!!! – Seus olhos verdes ficaram vermelhos de tanta raiva. Nenhum deles presenciou tamanho fato extraordinário.
- Calma Tati, quanto stress! Aff. Não aconteceu nada entre a gente, se toca! – Disse Bianca revirando os olhos e descrença do que escutava. – E eu lá vou saber onde estão esses dois? – Levanta-se, pega sua mochila e desce as escadas rumo ao banheiro.
- Você os viu Finho?
- Nem... Só lembro do soco que aquela maluca me deu e do tratamento de rei que recebi depois. – Comentou vangloriando-se.
- Vai à merda Finho, você é muito imaturo. – Desceu a escada preocupada.
- Vai à merda Finho – Imitando a voz da irmã. – Conhecendo meu primo imagino o que ele tenha feito a noite toda, hehe. – Jogou-se na cama novamente.
Tatiane sentia-se na obrigação de manter a ordem das coisas por ali. Nunca fizera algo errado ou permitisse que outros fizessem. E conhecendo sua amiga como ela conhecia há alguns anos algo dizia que nada de muito certo Nayara teria feito com Guto. Pegou a chave da porta, abriu e olhou tudo a sua volta. Fez uma varredura em toda a extensão do condomínio, mas não viu nada. Foi até a portaria e perguntou ao homem de barba branca se teria visto dois jovens ontem à noite. O senhor diz que não e ela agradece retirando-se do lugar. Volta ao jardim, próximo à piscina. Imaginou onde eles teriam se metido.
- Algum sinal deles? – Surgiu Bianca na porta secando o rosto com sua toalha rosa.
- Nada. Muito estranho isso Bia. Temos que encontrá-los.
- Você ao menos já tentou ligar no celular deles?
- Putz! Pior que não. – Riu. – Pera aí... – Retirou o celular do bolso, discou o número da amiga e aguardou. De repente um barulhinho estranho ecoou pelo jardim.
“Singin' I love rock and roll. So put another dime in the jukebox baby…” (8)
- Esta ouvindo isso Bia? É o toque do celular da Na não é?
- É, é sim! Vamos seguir. – E as duas saíram em disparada para localizar o som. Chegaram próximas a piscina e descobriram que o barulho vinha da área de lazer. Porém, antes mesmo que elas se aproximassem o suficiente para confirmar avistaram uns pés no chão. De passo em passo o mistério se resolveu.
- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHH!!!!! – Tatiane ficou estagnada olhando a pior cena de tua vida. Bianca apenas colocou a mão na boca e expressou a típica carinha de “O-ow!”. O berro fora tão devastador que despertou os dois pombinhos pelados.
- Hã...? Que..? – Nayara ergueu-se devagar esfregando o rosto na palma de tua mão sem notar o grau da situação. Olhou para o lado tentando recobrar a consciência e ao deparar-se com a imagem do jovem pulou terrivelmente assustada. – Mas que porra é essa? - Agarrou suas roupas desesperadamente vestindo-se.
- Eu é que te pergunto amiga, o que aconteceu aqui? – Bianca olhava Guto peladão admirando tudo que via.
- Hey! Dá pra parar? – Tatiane estapeou a colega ao lado. – Isso aqui é inadmissível!!
- Mas que barulheira da porra é essa meu? – Resmungou Guto.
- Alguém morreu? Perdi alguma coisa? – Ralf chegou correndo completamente desesperado.
- Ah, chega! Pelo amor de Deus! Guto coloque suas roupas já! Bianca pare de ficar tarando meu primo na cara dura e Ralf largue de ser enxerido. – Tatiane parecia uma mãe falando. Deu as costas a todos e voltou para a casa.
- Caralho Guto, o que rolou aqui? – Ralf aproximou-se. Guto vestiu a bermuda, pegou sua camisa e enrolou a cueca dentro dela. Nayara já estava vestida, sentada junto a amiga Bianca do lado da piscina contando os fatos.
- Amiga, foi a noite mais incrível de toda a minha vida!
- Cara, essa menina é de tirar o fôlego... As coisas que ela fez! Puta que pariu, estremeci todo primo! – Os dois revelavam aos seus confidentes detalhes básicos. Mas eis que os dois ouvintes pensaram ao mesmo tempo um pequeno detalhe.
- Vocês usaram camisinha? – Essa pergunta pegou Guto e Nayara desprevenidos. Os dois se entreolharam e logo em seguida olharam para o chão.
- Na você se preveniu né? – Bia insistiu na pergunta, mas não precisou escutar a resposta já que o silêncio dela respondeu por si. – Não acredito... Na, você é louca? E agora? Será que vai engravidar? – Nayara não esboçou nenhuma reação, enquanto sua amiga armava um escarcéu.
- Bia, relaxa... Estou pensando aqui e bom, pelas minhas contas estou dentro do período de menstruar. Esta semana mesmo vai descer pra mim então cinco dias antes o risco de engravidar é pequeno, mas existe um risco. Acho que não pode acontecer nada. – Olhou para Guto e mordeu o lábio inferior com uma expressão de preocupação.
- Cara, eu não acredito que você vacilou desse jeito! E se a menina engravidar você vai assumir a criança? Já pensou no inferno que a sua vida pode se tornar? Caralho meu, você é foda. – Ralf não disse nada que Guto já não sabia. Ele já passou por isso antes e tudo deu certo no final.
- Ah meu, relaxa. Isso já rolou antes comigo. É só comprar a pílula do dia seguinte e ela fica limpa. – Apesar de a idéia parecer fácil, Guto exalava claramente medo em seus olhos.
***
Depois de uma longa conversa, os quatro resolveram voltar para a casa, esfriar a cabeça.
- Caramba, vocês demoraram hein! – Exclamou Tati ao vê-los chegarem. – Que caras são essas? – De imediato a jovem buscou a resposta nos dois safados parados na porta. – Olha Guto e Nayara, vocês são grandinhos e sabem perfeitamente o que fazem. Mas quando forem fazer pelo amor de Deus ao menos tenham a decência de manter isso escondido. Eu não sou obrigada a ver ou descobrir as safadezas de vocês. Ainda mais que vocês acabaram de se conhecer e já estão nesse rolo. – Todos a olhavam de forma esquisita, como se quisessem dizer “O que você pensa que esta fazendo?” - E podem me achar antiquada ou que esteja fazendo papel de mãe aqui, mas me respeitem, por favor. – Tatiane realmente parecia uma mãe falando. Logo se calou e terminou de colocar os pratos e talheres na mesa para o almoço. Bianca ajudou a por as panelas na mesa. Tudo no mais absoluto silêncio.
Após o almoço todos se uniram para limpar a cozinha. Foram para o quarto e ficaram conversando sobre coisas aleatórias deitados na cama.
- Bom, o papo esta legal, mas acho que já deu né? Tudo tá arrumadinho e tem um Sol maravilhoso lá fora esperando por nós. Que tal um pulinho na piscina hein? – Bianca sugeriu quase que aos pulos. – Isto é, se a piscina estiver limpa né mocinhos? – Olhou para Guto e Nayara. Todos riram.
- Larga de ser besta Bia, é lógico que a piscina esta ok. Nem chegamos perto dela. – Risos maliciosos foram trocados.
- Bom, sendo assim então ok. Vou pegar meu biquíni. – A jovem retira de sua mochila um biquíni azul celeste enfeitado com uma estampa rosa clarinho.
-Espera ai Bia, também vou pegar o meu e vamos juntas. – Tati fez o mesmo. Seu biquíni era marrom e bege. Desceu junto a ela deixando para trás apenas Ralf, Guto e Nayara.
- Er, acho que já vou indo pra piscina então. – Ralf se levantou e saiu. Guto levantou-se do chão e sentou ao lado da jovem na cama.
- Então, acho que você percebeu a mesma coisa que eu de ontem à noite né?
- Sim... – Olhava para suas mãos.
- Acha que vai acontecer alguma coisa?
- Estive pensando e temos 50% de chance.
- Como assim?
- É que falta apenas 4 dias pra descer pra mim entende? E uma vez eu li num site que cinco dias antes de descer o risco de engravidar é baixo, mas pode ocorrer. – Seu olhar buscou outros pontos do quarto para se distrair. Guto deitado ao seu lado a observava.
- Vamos procurar uma farmácia e você toma a pílula do dia seguinte. – Sugeriu.
- Ah não sei não Guto... Uma colega minha já tomou essa tal pílula e sabe o que aconteceu depois?
- Hã?
- Ela perdeu a capacidade de engravidar. A pílula tem muito hormônio e o sistema dela era muito fraco, daí houve esse desastre. Ela nunca mais vai poder ter um filho. – A última frase soou com um pequeno choramingo. Guto percebeu.
- Olha Na eu não vou te obrigar a tomar ela se não quiser, - Fala enquanto pega a mão dela e a acaricia. – Mas saiba que eu não vou assumir, de jeito nenhum, essa criança caso ela exista. – Seu olhar era frio, Nayara percebeu que ele falava a verdade e não podia acreditar nisso.
- Como você ousa? – Retira bruscamente sua mão da dele. – Na hora de querer ter esse corpinho ao seu dispor você aceitou, sem pensar nas precauções, e agora que pode ter conseqüências você fugirá? – Um tapa voou pelos ares acertando em cheio o rosto do rapaz.
- Porra meu, por que você fez isso? – Perguntou enquanto alisava a bochecha vermelha e dolorida.
- Vai tomar no seu cu Augusto! Você é um nojo de homem. – Cuspiu as palavras com muito desprezo. Levantou-se da cama e ia descer as escadas, mas isto não foi possível já que Guto segurou fortemente seus braços a puxou de volta para a cama.
- O que...? – Sua boca foi calada pela dele e algo iria acontecer.
E de repente Nayara acorda com seu coração disparado toda suada e trêmula percebendo que tudo fora apenas um horrível pesadelo, menos a parte em que ela realmente transou com Guto. Este estava deitado ao seu lado nu, iluminado pela Lua que se preparava para retirar e deixar o Sol chegar. “Meu Deus que pesadelo. Foi tão real... Puta merda, a camisinha! Será que usamos essa merda? Ufa aqui esta. Melhor sair logo daqui antes que alguém apareça.” Após refletir sobre tudo vestiu sua roupa e foi para a casa deixando Guto lá mesmo.
Sem fazer barulho deita ao lado da amiga que dormia sozinha e retornou ao seu sono profundo.
POV Guto
Um facho de luz forte batia em meu rosto deixando meus olhos irritados com aquilo. Abro-os e encontro-me pelado deitado no chão, sozinho.
- Caramba, to quebradão! Pêra aí era pra Nayara estar aqui... – Pensando sobre o que havia ocorrido a memória volta fresca e sinto aqueles lábios macios tocando-me por inteiro. – Safada! Deve ter ido embora durante a noite me deixando aqui nessa situação, mas ela vai ver só. – Levanto, coloco minhas roupas e trago comigo a camisinha. Segurando ela como se fosse algo qualquer sinto uma coisa umedecer minha palma. – O que é isso? Vish, que merda meu! Meu próprio sêmen sou uma anta mesmo. Esquecer de dar o bendito nó é foda. – Resmunguei por mais um tempinho.
Deduzo serem umas 7 horas da manhã. Abro a porta discretamente, subo as escadas e vejo-a deitada do lado de minha prima parecendo um anjo. Anjo nada, essa aí é uma diaba. E que diaba... Enquanto limpava minha mão lá fora do incidente tive uma brilhante, e confesso idiota idéia. Mas brilhante. Subo ao quarto novamente, retiro da bolsa dessa danada o batom que exibiu com tanto prazer ontem para minha prima e a Bia. Aproximo bem perto dela e sorrateiramente passo a ponta do batom vermelho sangue no seu rosto. Sempre parando quando começa a se mexer. Continuo o processo passando um pouco no seu braço, na sua perna e onde seu corpo estivesse exposto. A obra prima estava realizada. Hehehe. Trabalho feito. Desço as escadas com minha mochila no ombro e vou tomar um banho.
- Agora sim a diversão começou...
Fim do POV Guto
A cama estava ficando desconfortável e Bianca resolveu acordar de vez. Olha para o lado e vê o roxo na cara de Ralf. “Coitado” pensou. Espreguiçou-se e caminhou até a outra cama. Balançou o pé de Tatiane.
- Tati, acorda amiga. Tá na hora. – Virou-se e fez o mesmo no pé de Nayara. – Vamos Na, você também. – Coçando os olhos encontrou sua mochila e desceu.
Tatiane ergueu-se pegou seu celular e analisou as horas. “10h15min, caraca.” Separou a roupa do dia e foi se trocar. Nayara desperta aos poucos, sem nada perceber. Como de costume direciona-se para frente do espelho, uma forma de começar bem o dia vendo-se. Sua visão estava um pouco embaçada, e enquanto se direcionava ao espelho ajeitou o cabelo num simples rabo de cavalo, limpa os olhos e passa a mão no rosto. Porém, neste momento, notou que algo estava errado com sua pele. Contornou toda sua face com os dedos e concluiu que algo fora passado nela. Correu para frente do seu querido aliado e seu rosto estava completamente vermelho. Notou também que seu braço, suas pernas, tudo estava marcado de vermelho.
- Mas que porra é essa meu? – Sem perceber uma sombra surge atrás dela.
- Não se recorda o que seja isso Nayara? – Guto sussurrou em seu ouvido assustando-a.
- Caramba Guto quase me matou do coração. Cara, que diabos é isso no meu corpo? Você tem uma idéia do que possa ser Augusto? – Seu olhar indicou que era culpa dele.
- Ah, talvez isso possa te ajudar a lembrar. – Disse erguendo o batom. Os olhos de Nayara ficaram arregalados e sua boca abriu.
- Você não fez isso comigo... – A raiva ficou visível em sua face. Empurrou fortemente Guto tirando-o da sua frente. Desceu a escada furiosa e entrou no banheiro batendo a porta.
- Eita, o que a Na tem? – Bianca perguntou para Tati.
- Não sei não. Às vezes ela é estranha mesmo. – Deu de ombros. Guto em seguida desceu as escadas e sentou na cadeira como se nada tivesse acontecido.
- Ei Guto o que houve com a Na?
- Ela se assustou com o resultado do novo batom que comprou. – Sorriu maliciosamente. – Bom, eu vou dar um mergulho na piscina, falo? – Deu um tchauzinho para elas e saiu.
- To falando que aqui só tem gente estranha Tati. – Brincou Bianca.
- Pois é. – A loira caminhou até o começo da escada e berrou. – FINHOOO! Acorda, já tá ficando tarde. O Guto tá lá na piscina.
- Pô Tatiane avisa quando for berrar assim, dei um pulo agora. – Bianca reclamou. Tati nem se importou ficando aos risos.
A porta do banheiro enfim se abriu e Nayara saiu com o rosto avermelhado. Olhando com uma cara de tacho para as amigas sentou perto da mesa e comeu o que ali tinha.
- Na tá tudo bem? – Bianca perguntou evitando rir da cara da amiga. Esta a olhou com os olhos semi-serrados.
- Não se intromete ok?
- Olha o coice. – Tati comentou por alto.
- HAHA, fica quietinha você também. - As duas caíram nos risos e Nayara não conteve e riu junto.
Duas e meia da tarde e todos estavam na piscina aproveitando o maravilhoso dia que Deus lhes proporcionou. Guto e Ralf competiam entre si na água, algo muito típico de idiotas e as meninas tomando um banho de Sol na beirada.
Nada prometia para aquele dia, apenas tranqüilidade e descanso.
As meninas
- Nossa, se eu pudesse ficava aqui pro resto da vida. – Comentou Nayara.
- Concordo. Mas só se comigo estivesse um loiro de 1,85 de altura, olhos claros e corpo definido. – Acrescentou Bianca.
- E eu pensando que a tarada aqui era a Na. – Brincou Tati recebendo em troca um leve tapa da amiga ao lado. Risos.
- Haha, engraçada você ein Tati. Mas sabemos que no fundo você também curte.
- Curtir é uma coisa ser assanhada é outra. E vocês duas são muito assanhadas.
- Não diria exatamente assanhadas, talvez ‘interessadas’ fosse a palavra correta né Na?
- Positivo. – Sorrisão.
- Falo nada pra vocês. – Ao terminar de falar Tatiane troca de posição ficando de costas para o Sol e de frente para o rio que passava ao lado do condomínio. As duas amigas repetiram o movimento.
- Ei, ei... Olhem ali! – Exclamou discretamente Bianca.
- Hã, o que? – Perguntou Nayara.
- Ali ó, uns meninos na be