Quando abri a porta e ele olhou dentro dos meus olhos eu já sabia o que estava acontecendo, e o pior, eu já sabia o que ia acontecer. Encolhi-me em seu abraço e deixei que as lágrimas rolassem. – Quando vocês vão ? – perguntei, com certo medo. – Depois de amanhã. – Ele respondeu, me apertando ainda mais em seus braços.
- Você não precisa ir, agente dá um jeito, quem sabe até... – Antes que eu pudesse terminar, ele tocou meus lábios com o dedo, fazendo com que eu me calasse. Depois, balançou a cabeça e disse: - Não, dessa vez não tem outro jeito.
Então uma lágrima caiu de seus olhos, e choramos juntos. Cada minuto ao lado dele, agora, seriam cada vez mais necessários. Cada segundo que passava se aproximava ainda mais da despedida. Eu ainda não havia pensado em como seria a vida sem ele ao meu lado, mas sabia que seria difícil. Nascemos na mesma semana, quase no mesmo dia. Crescemos na mesma rua. Aprendemos muito um com o outro, fizemos descobertas juntos. Ele estava ao meu lado quando caiu o meu primeiro dente, aprendemos a andar de bicicleta juntos e foi com ele o meu primeiro beijo.
Era difícil acreditar que seus pais resolveram se mudar para tão longe, era injusto tirarem ele de mim desse jeito. No começo tentamos impedir, fazer com que eles mudassem de idéia, mas o pai dele estava realmente disposto a se mudar. E apesar de não aceitar a mudança, ele teria de ir, teria de me deixar.
Tentamos aproveitar ao máximo os nossos últimos momentos juntos, mas era difícil sorrir sabendo que no outro dia eu já não o teria mais ao meu lado. Quem iria caminhando comigo até o colégio só para chegar atrasado e perder o primeiro horário ? Quem telefonaria às cinco da manhã para me mostrar como é lindo o nascer do sol ? Quem, se não ele ? Ninguém, ninguém podia substituí-lo.
No dia da viagem ele bateu cedo lá em casa, ficamos horas sentados na varanda, curtindo os últimos instantes, conversando, fazendo promessas e juras de amor. – Eu vou dar um jeito, arrumo um trabalho qualquer. Vou juntar uma grana e volto para você, juro. – Ele dizia, e eu apenas chorava. Não conseguia entender porque tinha que ser assim. Era demais para mim, tive medo de não agüentar.
Quando o taxi chegou para levá-los ao aeroporto eu fui junto, queria ficar ao lado do meu amor até o último segundo. E quando anunciaram que o vôo dele sairia em cinco minutos, meu mundo desabou outra vez. Eu o abracei com força. – Vou sentir sua falta. – Eu disse. – Também vou sentir sua falta amor, eu te amo.
- Eu também te amo.
E então ele me soltou, e sorriu. Não sei como consegui, mas também sorri.
- Eu volto, prometo. – Ele disse, e depois me beijou. – Vou te esperar a vida inteira se for preciso...
Priscila Santiago
Data | 11/11/2011 |
De | Janine - Autora de MQC |
Assunto | Conto |
Achei este conto muito bonitinho. Partidas e despedidas são sempre tristes ainda mais com alguém que você conhece desde sempree ama tanto quanto os personagens do conto. Parabéns, autora.
Gostei da sua pequena história, a achei meiga e triste...