Continuação da "A viagem 2"

Um pedido inesperado

Os cinco caminham mais um pouco e encontram uma praça na qual estava bem movimentada. A chuva dera uma trégua e eles encontram um banco menos molhado possível. As meninas comentaram brevemente sobre a igreja localizada do outro lado da praça, grande e de aparência antiga, como todo o resto histórico do centro da pequena cidade turística.

- Um dia quem sabe eu me case numa igreja dessas... – Nayara diz pensativa olhando para os detalhes da paróquia. Guto a olhou buscando entender se era algum tipo de indireta ou apenas um desejo da sua amada. Sorriu, sem saber por que, mas sorriu e afagou a mão dela em seu colo. Nayara sorri para si mesma por imaginar toda a cena tão bem em sua mente e achar que nunca acontecerá isso em sua vida.

- Quem sabe. – Ele sussurra em sua orelha e deposita um beijo na altura da sua cabeça.

- Hã? – A castanha pergunta confusa.

- Quem sabe um dia você case em uma igreja dessas, não foi isso que você falou agora? – Ele perguntou um pouco receoso.

- Eu falei isso? – Ela pergunta assustada, afinal era para ser apenas um pensamento. Guto faz que sim com a cabeça e Nayara sente seu rosto esquentar de leve.

- Que foi amor?

- Nada não amor... É que eu sempre sonhei com essas coisas e a gente começou a namorar hoje, não era pra você saber disso agora. – A castanha fica toda vermelha.

- E por que não?

- Ah... – Ela fica sem palavras. – É que é... Ah sei lá Guto, vamos trocar de assunto. – Ela desvia seu olhar do dele e morde o lábio.

- Você fica tão linda quando esta nervosa. – Ele sorri e vira o rosto dela selando seus lábios.

- Mew, como esses dois conseguem ser tão melosos assim? – Ralf pergunta do banco ao lado do casal indignado por perder seu companheiro de zuera.

- Larga de ser mala Finho, os dois estão apaixonados ué. – Tatiane diz repreendendo o irmão.

- Apaixonados? Pelo amor de Deus! Eles se conheceram há alguns dias só.

- E daí? Às vezes o amor chega assim de surpresa. – Bianca diz olhando nos olhos do loiro, que fica um pouco sem jeito e desvia a atenção.

- Eles não são fofos? *-* - A morena pergunta toda boba com a cena do casal se beijando apaixonadamente.

- São sim... Será que vamos dar sorte um dia desses Bia? – Tati pergunta rindo de si própria pela piada sem graça.

- Claro que vamos amiga, não seja pessimista numa hora dessas né?!

- Não é pessimismo amiga, mas você mesma um dia me disse na escola que hoje em dia nenhum menino presta de verdade. – Ela relembra a conversa que as duas tiveram no terceiro bimestre quando Tati resolveu confessar que gostava do amigo do grupo, Victor.

- Nenhum não, UM menino presta pra você né Tati? – Ela ri lembrando-se da cena.

- Aff não vem não.

- Pera ai, eu entendi bem? A Tati é afim de alguém? – Ralf entra de bicão na conversa das duas.

- Alguém falou com você? Acho que não Finho, cai fora. – Ela olha feio para o irmão.

- Não senhora, agora eu quero saber dessa história ai. – Bianca olha a amiga sem saber o que fazer.

- Ignora ele Bia, e vamos mudar de assunto. – A loira da às costas para Ralf, Bianca encontra o olhar do loiro e sorri de lado.

- Bom o fato é que nunca teremos certeza se vamos ou não encontrar nossos príncipes encantados... – Tati comenta como um suspiro.

- Às vezes a gente já encontrou só não sabe se é o certo ou o errado né? – A morena diz disfarçando um olhar para Ralf que saboreava com algumas caretas a bebida que a pouco compraram.

- É...

As duas prosseguiram a conversa com outros assuntos, às vezes Ralf participava outras não. Ele definitivamente não estava contente por estar sem seu primo Guto. Porém o jovem não podia negar que conversar com a irmã e a amiga dela não era lá uma coisa tão chata. Dava para suportar.

Nayara ainda tímida por ter comentado seu sonho em voz alta mirava os belos olhos castanhos do seu amado. Ainda estava difícil de acreditar que horas antes fora pedida em namoro por ele, um rapaz que conheceu há poucos dias atrás e que nem sabia que existia se não fosse pela sua amiga Tati ter a ideia de convidar o primo para viajar com elas. Guto não estava muito longe dos mesmos pensamentos da jovem. Penetrado no doce olhar dela refletia sobre a sua beleza, interior e exterior. Nunca encontrará uma mulher que pudesse completá-lo em todos os aspectos; conversas legais, bom humor, romântica, carinhosa, sexy, gostosa, perfeita em tudo. Ele lutava pra encontrar um defeito qualquer em toda essa perfeição, mas era obrigado a assumir que ela é era única.

- Nayara... – Ele disse.

- Sim? – Ela respondeu engolindo em seco pela expressão repentinamente diferente, toda séria.

- Eu acho que cometi um engano. – Ela diz com a voz mais rouca e seu olhar mais duro.

- U-um engano? – Ela gagueja. – Como assim?

- Eu não podia ter te pedido em namoro. – Ele diz sem hesitar. Nayara arregala os olhos assustada.

- Vo-você se arrependeu, é isso?

- Não me arrependi só que não fiz a coisa certa. – Nayara não podia acreditar no que estava ouvindo e vendo. Guto estava realmente falando a verdade, sua expressão muito séria não negava.

- Então?...

- Então que agora eu vou fazer o certo.

- Aff dá pra você falar logo que vai terminar comigo Augusto? Fica de joguinho com a minha cara não tem graça. – Nayara perde a linha e despeja sua raiva sobre ele.

- Ei, calma ai! Quem disse em terminar?

- Você!

- Lógico que não, por que eu faria isso? – Guto pergunta segurando a risada, afinal ele conseguira o que queria. Assustar Nayara.

- Porque você é um mulherengo e sempre vai ser. – A castanha cruza os braços e vira para o outro lado do banco.

- Eita o que esta acontecendo ali? – Tatiane pergunta para Bia, que vira-se para olhar o casal.

- Eles estão brigando? – A morena pergunta surpresa.

- Eu sabia que não ia dar certo, haha. – Ralf comenta todo entusiasmado.

- Não pode ser, o que será que aconteceu? – Bianca pergunta para si mesma.

Guto se prepara para seguir com o plano em diante. Depois de respirar fundo e organizar seus pensamentos ele se levanta. Nayara percebe a movimentação do jovem, mas permanece na mesma.

- O Guto vai embora? – Tati pergunta.

- Sei lá.

As duas se questionam o motivo da situação entre o casal estar estranho. Enfim Guto se meche e para enfrente a castanha. Nayara olha para cima com a expressão triste, por alguma razão ela não sentia vontade de chorar, mas tudo estava muito abalado dentro de si. O sereno que a poucos minutos antes dera uma trégua agora estava de volta. Naquele momento Guto não se importou com mais nada, se ajoelhou na calçada de paralelepípedos diante de Nayara, pegou a mão da jovem e fixou seu olhar no dela.

- Nayara, quando eu disse que não tinha feito a coisa certa eu quis dizer com a pergunta que lhe propus hoje. – Ela permanece muda. Os três sentados no outro banco só observavam a cena, Bianca e Tatiane já se manifestando em comentários. – Por um lado foi certo, claro, é assim que começa. Mas você me abriu os olhos para o que realmente tem de ser feito. – Nayara engole em seco temendo pelo que viria em seguida. – É fato que eu gosto muito de você, que te amo, estou sendo tão feliz ao seu lado que não resta dúvida alguma sobre nosso futuro. – Ele respira fundo, sorri para ela e um pouco tímido por terminar de falar o que tem de ser dito ele abaixa a cabeça. Com a outra mão livre ele joga o cabelo para trás e enfim a coragem lhe enche o peito e ele ergue a cabeça. – O que eu quero dizer com tudo isso é que eu te quero pra sempre ao meu lado... Você... Aceita se casar comigo Nayara? – Guto enfim pergunta apertando suavemente a mão da amada sem desviar um milímetro seu olhar do dela. Nayara por sua vez teve seu coração paralisado, a respiração travada e não conseguiu expressar nenhuma reação. – Amor?

- Ahn... Que?

- Aceita se casar comigo?

- Você esta falando sério? – Ela pergunta ainda confusa.

- É lógico que sim Nayara, aceita logo pelo amor de Deus! – Bianca berra. Tatiane dá um tapa no ombro da amiga para ela se calar. Nayara não contem uma risadinha.

- Eu estou falando a coisa mais séria em toda a minha vida Nayara. Só depende de você agora.

- Tem certeza?

- Com certeza amor. – Ele afaga a mão dela lhe passando confiança. No fundo o medo de ser rejeitado lhe atormentava então disfarçava com um sorriso. Em seus pensamentos só rezava para que ela aceitasse seu pedido.

- Então... – Ela suspira e faz cara de quem esta decidindo. – Eu já tenho minha resposta. – Ela olha para ela toda séria. Nayara não era boba e percebeu logo depois do pedido que Guto apenas queria assustá-la, e como não deixava passar nada ela resolveu fazer o mesmo. Sim, ela tem um pouco de maldade em seu coração, mas nada que a faça ser alguém ruim.

- E?

- E que... – Ela se cala. O suspense se manteve por dois minutos até Guto perder a paciência.

- Diga logo Nayara, assim você me mata de tanto esperar!

- É assim que você demonstra que me ama Guto? – Nayara faz cara de indignação deixando Guto com a moral lá embaixo.

- Desculpa minha princesa... Mas é que... Eu quero tanto que você aceite e esse suspense esta me matando. – Ele confessa com carinha de bebe. Nayara sorri e acaricia a face do amado.

- Eu aceito me casar com você amor. Claro que eu aceito! – Ela sorri e ele abre o maior sorriso do mundo.

- Você acaba de fazer o cara mais feliz do mundo sabia? – Ele puxa sua amada cuidadosamente e a tira do chão com um abraço super apertado. Aplausos ecoaram ao lado deles e do nada, duas pessoas os abraçaram. Tati e Bia.

- AAAAAAAAAAAAAIN meu Deus! Assim vocês nos deixam caídas e duras nesse chão de pedra! Que lindo *-* - Bianca era a mais entusiasmada e que saltitava feito criança quando ganha presente.

- Meu muito lindo vocês. Foi bem cena de filme. Parabéns Na, vocês vão se casar *-* - Tatiane sorria. Cumprimentou a amiga com um beijo no rosto. – Guto nunca iria esperar uma coisa dessa vinda de você. Parabéns primo. Eu quero ser madrinha ein?

- Claro que você vai ser madrinha amiga, você e a Bia. – Nayara sorri.

- Amor eu vou ali com o Ralf e já volto tá? – Guto deposita um selinho na amada e vai em direção ao primo sentado no banco.

- E ai cara, você tá legal?

- Opa, to sim primão. Por quê? – Ralf pergunta disfarçando o desânimo dando uns goles no copo ainda pela metade.

- Tu ta aí super estranho. Sério. Não esta feliz por mim não brother?

- Claro que eu to Guto, relaxa que não tem nada a ver com isso. Só queria me divertir, curtir alguém também, mas ta osso.

- Ta osso porque tu quer meu, você não tá sabendo colher a pescaria direito. – Guto cutuca o braço do primo.

- Como assim? Joguei meu anzol pra tudo quanto é sereia que passou por aqui e nada.

- Tem uma sereia que já caiu na sua isca faz um tempo e você nem se tocou né?

- Quem cara?

- A Bianca.

- Que?! – O loiro pergunta assustado.

- É cara, ela ta super afim de você. Dá pra ver pelo jeito que ela fica te olhando não reparou não?

- Não cara quando você viu isso?

- Na verdade não fui eu quem reparou primeiro e sim a Nayara. Depois que eu percebi. Ela é legal primo, por que não fica com ela?

- Ah meu sei não. Ela não faz muito o meu tipo.

- Como assim não faz o seu tipo? Ela é inteligente, legal pra caramba, engraçada, bonita.

- Ah não sei não primão.

- Pensa no caso, você tá ai moscando porque quer. Bom eu vou voltar pra minha noiva agora. – Guto sorri todo orgulhoso.

- Parabéns primo, você tem uma mulher incrível.

- Eu sei. – Ele se levanta e volta para o lado de Nayara abraçando a jovem pela cintura.

Ralf reflete sobre a conversa com seu primo e depois de uns minutos junta-se ao grupo animado.

- Ai vocês esqueceram as bebidas comigo, não vão querer mais?

- Opa pode mandar ai Ralf. – Bia sorri para o loiro pegando o copo. – Vamos arrasar nessa última noite aqui!

Dito isso todos concordam com um grito estilo aqueles de guerra e brindam os copos dividindo o líquido entre eles.