Guto por ser maior que Ralf ficava em desvantagem. Seu primo socava sua barriga e ameaçava dar uma rasteira. Guto não deixava ser passado para trás, justamente por ser mais alto conseguia encaixar seu braço no pescoço dele e imobilizá-lo por alguns instantes. Nesse vai e vem de socos, empurrões, eles estavam se direcionando para o rio. Guto já planejará o que faria, agarraria Ralf pelo pescoço novamente, puxaria seu braço pelo punho contorcendo-o e puxando o braço para trás e com toda sua força o empurraria para dentro do rio. Ralf também planejava. Como último recurso pisaria fortemente no pé do seu primo, cabecearia a barriga dele e enquanto este a segurava lhe daria um soco bem na cara e o empurraria para dentro do rio. Incrivelmente ninguém estava vendo o que acontecia. As meninas deitadas para o outro lado não viam e também não escutavam nada, já que conversavam tão entretidas. Na verdade, as únicas pessoas que tiveram noção do que estava acontecendo eram os rapazes que as jovens comentaram, mas nada fizeram. Apenas estavam assistindo a um show inédito de luta bem ali.
Agora eles estavam bem ao lado do rio, apenas a alguns passos de caírem lá dentro. Ralf daria início a sua estratégia. Pisou com tudo no pé de Guto, cabeceou sua barriga, mas não conseguiu dar o soco na cara dele. Guto não era besta e mesmo sentindo dor não deixou se distrair. Segurou a mão do Ralf, torceu ela para o outro lado fazendo o jovem cair no chão. Chutou sua barriga e abaixou-se para derrubá-lo no rio. E quando o empurrou Ralf o agarrou de imediato pelo braço e os dois foram parar dentro do rio.
O rio não tinha uma correnteza muito forte, mas tinha muitos galhos de madeiras e sujeiras. Os dois jovens começaram a pedir socorro; Guto porque estava sendo puxado para o fundo por um galho que enroscou em seu pé e estava sendo levado pela correnteza e Ralf porque seu desespero não conseguia manter o ritmo do seu nado. Os rapazes vendo que eles não estavam de brincadeira correram na direção de onde eles estavam e com uma corda bem grossa para cada um jogaram na direção dos dois, que felizmente conseguiram segurar. Guto mergulhou várias vezes para soltar seu pé até que na última tentativa conseguiu. Ralf controlou seu desespero e ajudou o rapaz que o puxava nadando. Nesse meio tempo estão se perguntando “Mas as meninas não escutaram nada?”, bom sim. Tatiane ficou desinteressada pelo assunto das duas amigas e começou a apreciar o lugar. Notou que os rapazes sem camiseta saíram correndo e os seguiu pelo olhar. Ao perceber que eles berravam “Eles estão se afogando!” levantou-se de imediato, chamou as duas e correrão para ver o que era. Quando elas se aproximaram virão que era Guto e Ralf dentro do rio e começaram a berrar feito loucas. O que eu não faço a menor idéia, berros de mulher ninguém nunca entende. Por fim, conseguiram retirar os dois da água, atenderão com alguns primeiros socorros e os dois pareciam bem.
- Mas que merda foi essa Ralf? – Tatiane foi a primeira a falar. Ajoelhou-se ao lado do irmão passando a mão em sua testa.
- Guto? Guto, você esta bem? – Nayara perguntou agachando perto dele.
- Guto, você esta vendo quantos dedos aqui? – Perguntou Bianca mostrando dois.
- Para de ser besta Bia, isso só funciona nos filmes. – Resmungou Nayara. Guto estava bem, mas ao perceber toda aquela atenção sobre ele resolveu tirar proveito.
- Aaaii... Meninas... Não estou me sentindo legal.
- Como assim? O que você ta sentindo?
- Uma dor aqui... – E apontou com o dedo a sua boca.
- Aaaaaaah, vá para o inferno seu idiota. Tá sentindo nada!! – Nayara deu-lhe um tapa no braço, levantou-se e voltou para a casa.
- Nossa Guto, o que você fez que a deixou tão furiosa assim? – Bianca perguntou assustada. Ele nada respondeu, apenas levantou e verificou se tudo estava ok.
- Alguém pode me explicar o que houve aqui? – Tatiane agora estava brava.
- Ah Tati não foi nada não... – Ralf olhava seu primo com raiva.
- É prima, não rolou nada não...
- Se ninguém me falar o que aconteceu aqui vou ligar para o meu pai buscar todo mundo e levar de volta! – Essa ameaça mexeu com eles.
- Depois a gente explica pode ser? – Agora Ralf estava olhando para os rapazes ao fundo que os ajudarão.
- Ai brothers, valeu por nos salvar. – Se aproximou e estendeu a mão.
- Não foi nada, vocês deviam tomar cuidado com esse rio. Ele não é o melhor para praticar luta livre. – Sorriu de lado e apertou a mão do loiro.
- É, deu pra sacar. Vocês quem são?
- Eu sou Pedro, este é o Henrique e aquele ali é o Paulo. Somos conhecidos como PHP e ajudamos o pessoal a reformar a margem do rio. E vocês?
- Deixa que eu apresente... – Ofereceu Bianca. – Eu me chamo Bianca, a loira ali é Tatiane, a menina que saiu furiosa é a Nayara e estes dois bestas ai são o Guto – Aponta para ele. – e o Ralf – Aponta para o outro. – Estamos aqui como viagem de formatura. – Disse finalizando a apresentação.
- Bom legal conhecer vocês. Espero que os dois estejam bem, mas temos de voltar ao trabalho. Se perceberem que não estamos em nossos lugares, nem falo nada... – Os três caminham em direção a construção quando são parados por uma oferta.
- Vamos dar um pulinho no Bar da Feiosa mais tarde para jogar bilhar, se não estiverem ocupados demais passem lá. – Sorri.
- Tá bom. Tchau. – E se retiram.
Os jovens retornaram para a casa. Os dois rapazes mal se olhavam e a única expressão que via em seus rostos era de derrota. Tatiane apressou-se em perguntar de novo o que houve ali e parecia bem nervosa.
- Olha Tati a gente apostou que quem jogasse o outro no rio era o verdadeiro rei, foi uma aposta estúpida e completamente retardada... Foi mal. – Ralf abaixou a cabeça e estava arrependido. Quase mata seu primo e a si mesmo.
- É prima, foi mals... Não sei onde estava com a cabeça... Ralf – Chamou – Desculpa primo, quase te perdi por tão pouca coisa. Uma posição que sinceramente nem existe né? Sempre fomos os melhores, pegamos as melhores gatinhas, estamos de igual para igual no patamar dos reis. – Guto sorria com aquela cara de zoação. Estendeu a mão para Ralf que hesitou.
- Tá certo Guto... – E apertou a mão dele seguido de um abraço. – A culpa é mais minha que sua, mas vamos esquecer tudo isso né? – Todos concordaram felizes por nada de ruim ter acontecido com eles. Voltaram para a casa rindo e conversando normalmente.
Nayara estava sentada na cadeira da mini sala comendo o brigadeiro que acabara de fazer.
- Caramba, o bate-papo foi demorado hein. – Comentou com desdém.
- Você não devia ter saído de lá Na... Sabe os bonitões sem camisa? Já sei os nomes deles, o que fazem e os convidei para jogar bilhar conosco daqui a pouco. – Disse num leve entusiasmo.
- Não se anima muito não Bia porque eles não prometeram comparecer. – Alertou Tatiane.
- Ah, não vem você estragar a minha esperança ok? Ela é a última que morre. – Sorriu.
- Vamos torcer para que eles apareçam né? – Nayara lançou um sorriso especial e pediu para que a amiga lhe contasse os detalhes. Tatiane não pode fazer muito se não sentar ao lado delas e acompanhar. Os rapazes nada felizes de não receberem mais a atenção subiram para o quarto.
- Você viu isso? Quase morremos afogados agora pouco e já não se importam conosco. – Comentou Ralf caindo na cama.
- Isso não é o pior? Viu o sorrisinho que a Nayara fez quando a Bia falou deles? Aquela safada tá interessada em um deles. – Seu olhar era de raiva.
- Eita Guto, o que é isso? Com ciúmes dela é? – Com os braços atrás da cabeça ficou olhando o alto rapaz a sua frente com cara de zombaria.
- É lógico que não, fala sério! Por mim ela pode dormir com quem quiser, ficar com quem quiser que eu não vou dar a mínima. – Fez uma cara de “to nem aí” e deitou na cama completamente exausto.
- Você reparou numa coisa?
- O que?
- Estamos molhados e deitados na cama?
- Putz, pode crê! – Os dois caem na risada.
- Nossa... O que aqueles insanos estão fazendo lá em cima para rirem desta forma? – Perguntou Nayara.
- Depois de hoje, não consigo imaginar mais nada. – Respondeu Bianca.
- Meu, isso que eles fizeram quase me matou do coração. Já pensou se um deles morrem ou sofre algum machucado? Deus me livre! Meus pais e os pais do Guto me matariam... – Comentou Tatiane aos calafrios por imaginar o pior.
- Relaxa Tati... Tudo esta bem. Eles estão bem e ninguém vai ficar sabendo disso ok? – Bia tranqüilizou a colega.
- Oh não sei vocês, mas acho que já esta na hora de nos arrumarmos e ir para o bar da Feiosa. – Nayara avisou.
- É mesmo né? Temos que tomar um banho dos deuses e ficar maravilhosas para aqueles maravilhosos nativos desta cidade. – Bianca respondeu imaginando o resultado final da sua produção. Um tapa foi parar atrás de sua cabeça.
- Se toca Bia. – Tati falou brincando. – Mas sim, temos que ficar estupendas.
- Então mãos a obra!
Enfim a grande hora chegou. Como era de se esperar as meninas estavam deslumbrantes. Bianca vestia um vestido azul celeste, na altura de sua coxa com um belo decote valorizando seu busto. O cabelo estava solto, a não ser por uma mecha de sua franja presa numa presilha prata em formato de rosa. Nayara usava um short curto, uma bata vermelha com detalhes em preto e um decote em V, valorizando seu busto também. O cabelo estava preso num simples rabo de cavalo e optou por passar seu batom vermelho, agora todo zuado, de leve nos lábios. Nada extravagante, apenas para dar um up. Tatiane, a mais recatada como podemos observar, escolheu um short não tão curto quanto o da sua colega, uma camiseta regata branca com detalhes em rosa. Seu cabelo por ser bem liso não precisava de nada, ficou solto e bonito como sempre. Os acessórios delas estavam limitados, mas todas usavam colares variados e brincos na escolha delas.
Os meninos não têm nem o que comentar né? Ralf escolheu uma camiseta pólo branca com alguns desenhos em preto, sua bermuda preta e chinelo. O cabelo ficou bagunçado, mas era seu típico charme. Guto optou por uma regata branca, bermuda verde e chinelo. Seu cabelo também não era necessário ficar penteado. Mas jogado de lado como preferia.
E assim todos estavam “devidamente” arrumados para simplesmente jogarem bilhar. O bar da Feiosa era conhecido assim apenas pelo pai de Bianca, pois este considerava a dona do estabelecimento feia. Interessante vocês não acham? Pois bem, o lugar não era grande coisa. Como se pode esperar de um bar, era sujo, mal cuidado, um balcão com alguns doces, uma máquina de música e algumas mesas. No outro cômodo estavam as mesas de bilhar. Duas, na verdade. Os jovens pediram algumas fichas e uma garrafa de refrigerante. Só para constar, Tatiane não permitia nenhuma bebida alcoólica; ela realmente era a mala do grupo, mas foi melhor assim.
- Esse lugar poderia ser pelo menos limpado de vez em quando né? – Bianca comentou olhando em volta com cara de nojo.
- Poderia Bia, mas não é então não reclama. – Resmungou Ralf.
- Valeu hein Ralf! – Todos riram.
- Então, vamos fazer duplas e alguém fica para a próxima rodada? – Perguntou Guto.
- Podem jogar vocês, eu não quero. – Tatiane já logo avisou e sentou na cadeira.
- Credo Tati, como você é... Depois você vai jogar sim senhora! – Intimou Nayara.
- Ok... Ok...
- Então, quais são as duplas? – Todos se entreolharam e Nayara fez uma careta ao encontrar o olhar de Guto. Bianca percebeu a situação e para colocar lenha na fogueira exclamou.
- Eu o Ralf!
- Que? – Perguntou Nayara assustada.
- Algum problema Na? – Guto perguntou próximo a orelha dela deixando-a arrepiada.
- Na-não... – Gaguejou.
- Então borá começar!
Ajeitaram as bolas coloridas e bem numeradas no centro da mesa. Guto se ofereceu para iniciar e logo deu uma grande tacada espalhando bem as bolas. Bianca foi a próxima. Mirou seu taco, com um pouco de dificuldade por não saber manusear aquilo direito, na bola branca em direção da vermelha que estava próxima ao buraco. Bateu e não conseguiu colocar a bola dentro da caçapa. Então foi a vez de Nayara jogar. Seu pai já tivera em outros tempos um bar. Chique, não esses botequins de esquina. Um espaço grande, limpo e bem arrumado. Repleto de mesas de bilhar e sinuca. Concluímos então que ela sabe jogar certo? Certo. Como querendo impressionar os demais, posicionou o taco sobre sua mão, mirou com muita calma na bola preta número 8 e após respirar fundo bateu. Sem muita força e sem muita lerdeza a bola branca correu pela mesa e tocou na preta. Esta por sua vez seguiu em direção a caçapa e então o susto!
- Bela atacada senhorita! – Disse o robusto jovem atravessando a porta seguido por mais dois jovens altos e atléticos igual a ele.
- PHP, vocês vieram! – Exclamou Bianca do outro lado da mesa. Faltaram fogos de artifícios e alguns confetes para completar a sua enorme alegria em vê-los. Ela não notou, mas com exceção dos rapazes que acabaram de chegar todos estavam rindo dela.
- É... Fomos dispensados mais cedo do trabalho hoje e resolvemos passar aqui pra ver vocês. – Respondeu Pedro.
- Arraam... – Nayara fingiu estar limpando a garganta. Afinal, não tinha sido apresentada a eles.
- Meninos, esta aqui é a Nayara, a bravinha. – Todos riram.
- Bravinha uma ova sua mala, só que tem certos fulanos por aqui que nem comento. – A jovem metralhou Guto ao seu lado com um simples olhar.
- Ela me ama, sabem como é! – Guto cruzou os braços, encheu o peito de ar e fez pose de galanteador. Recebeu um belo soco na barriga dela que agora desejava matá-lo a pauladas.
- Tá bom, tá bom! Acho que já deu vocês dois né? – Tatiane interveio.
- Depois dessa cena toda... Bom, vamos jogar meninos? – Perguntou Bia.
- Será que dá? – Henrique observava o espaço a volta e já tinha muita gente ali.
- Bom, dar não dá né? Mas acho que nossos amigos aqui deixaram vocês jogarem conosco no lugar deles, né meninos? – Bianca cutucou discretamente com o taco o pé do Ralf que a olhou feio.
- Ow, que isso, não precisa não... Podemos aguardar vocês terminarem e depois a gente joga, que tal?
- Fechado.
E assim o jogo continuou. Não é de se surpreender que a dupla Nágila e Guto ganhasse, já que Nágila encaçapou a maior parte das bolas. O trio PHP ficou surpreso ao ver o potencial da jovem, mas alertaram que eles também eram bons. Como ÓTIMOS cavalheiros que Guto e Ralf eram deixaram Pedro e Henrique formarem dupla com as meninas. Porém desta vez o jogo ia ser mais acirrado. Paulo e Tatiane formariam a terceira dupla. Como não havia mais espaço entorno da mesa Guto e Ralf sobraram e tiveram de ficar sentados com caras de tacho assistindo eles se divertir. E realmente foi uma grande diversão. A química que rolou com os casais foi imensa, estava óbvio em cada risada, em cada gesto e até o olhar. Pedro diversas vezes posicionava-se atrás da Bia e a “ajudava” a segurar o taco corretamente. Henrique tentava disfarçar as passadas de mão na cintura de Nayara como se fosse passar para o outro lado, mas ela sabia que não era isso e estava gostando. Bom, Tatiane como sabemos é muito tímida e não percebeu as investidas que Paulo lhe lançou, mas ele não ia desistir. Na verdade, ele gostaria de estar a sós com a loira para puxar um papo, conhecê-la melhor.
A tarde se arrastou rapidamente e logo a noite chegou. Por incrível que pareça Guto só se levantou da cadeira para ir ao banheiro e Ralf cochilou na mesa. Os dois largados de lado como trapos velhos de roupa. Enfim a diversão acabou. Por ali.
- Caramba, essa foi a melhor partida de bilhar que já joguei! – Exclamou Nayara a todos.
- Eu também gostei muito. Achava esse jogo muito tipo... Argh! Mas até que é bem legal. – Tatiane comentou rindo.
- Você pode se surpreender bastante por aqui Tati... – Paulo falou olhando bem seus olhos verdes.
- Huuuuuuum, olha o clima pintandooo!! – Brincou Nayara. Tatiane nada falou, estava envergonhada demais para isso.
- Bom garotas, vocês vão fazer o que agora? – Henrique perguntou.
- Voltar pra casa né? – Disse Guto intrometendo-se na conversa. As três não notaram a pergunta de Guto e logo responderam.
- Agora agora não vamos fazer nada. No mínimo cozinhar alguma coisa e ficar batendo papo. Por que meninos? – Nayara perguntou.
- Porque conhecemos um lugar bem legal para ir, topam? – Elas se entreolharam. Ficaram em dúvida na verdade. Mal os conheciam, eram ingênuas apesar de tudo. Mas tinham os meninos. Eles poderiam cuidar delas caso alguma coisa desse errado.
- Bom... – Nayara ia responder, mas Bianca foi rápida.
- Topamos sim meninos! Claro que sim! Não conhecemos nem um lugar bom por aqui e três guia turísticos como vocês são muito bem vindos. – Sorriu.
- Então perfeito.
A última partida terminou bem. Guto e Ralf estavam bufando de raiva. Estavam sendo completamente ignorados pelas meninas, parecia que eles nunca tivessem existido. Só quando Tatiane, a mais sensata “perguntou” (intimou na verdade...) a eles se iriam junto para cuidar delas percebeu a presença dos rapazes. Mas tudo bem, Henrique chegou perto deles e disse para eles não ficarem tímidos, que aonde eles iriam teriam meninas para conhecer. Isso os animou. Pagaram os gastos e lá foram todos para o tal lugar legal que Henrique falou. Acho que legal é apelido... Enfim.
O lugar pareceu ser incrível. Tudo indicava que era uma balada, mas um dos PHP dissera que não. Olhando de fora os jovens puderam perceber poucos detalhes. Espaço fechado e um som abafado que atravessava as paredes. Vozes e música. Parecia ser pequeno, mas não subestimaram.
- E aí Jon, tudo beleza? – Pedro cumprimentou um cara enorme vestido de preto parado na porta. Parecia ser o segurança do lugar. Alguns minutos conversando, os outros meninos também se enfiaram na conversa. Risada, algumas trocas de olhares para as meninas e enfim a liberação.
- Vamos meninas? – chamou Pedro. Elas entraram. Quando foi a vez dos meninos o grandalhão os barrou.
- Só convi...
- A relaxa Jon, eles estão conosco. Foi mal... Esqueci de falar sobre eles. – Paulo sorriu sem graça por ter se esquecido deles. Jon os fitou do alto com cara feia, mas permitiu a passagem dos dois.
- Porra meu, o que era aquilo? O Godizila? – Só Guto e Ralf riram.
- Olha como fala dele meu. Aquele cara é meu tio. – Os dois se calaram na hora. – To zuando meu! KKKKKKKKKK. Mas ele é meu tio mesmo. – Que senso de humor, pensou Guto. Mas não falou nada.
Como haviam imaginado. Um gigante quadrado dividido em uma pista de dança, um bar razoavelmente grande e algumas mesas num outro lado. A música era uma mistura de sertanejo com eletrônico. Uma coisa horrorosa para os ouvidos deles, menos o grupo PHP que parecia gostar.
- Pe, não é querendo te contrariar sabe... Mas vocês curtem esse tipo de música? – Seus pés estavam nas pontas e a pergunta foi feita próxima a orelha do rapaz. A principio ele olhou sem entender, mas depois sorriu e coçou a cabeça.
- Vocês não costumam ouvir esse tipo de música?
- Ah, sabe como é né... Não somos tão ligados nessa sintonia. Gostamos mais só da parte eletrônica. É agitado e dá espaço para dançar. – Bia não sabia, mas enquanto falava seus olhos estavam dengosos e sua boca terminava cada palavra com um biquinho. Pedro achou aquilo inusitado, algo que realmente não esperava. Riu.
- Tenho uma idéia. Que tal você dar uma oportunidade de conhecer algo novo? Pode se surpreender assim como você me surpreende. – Piscou e abriu um largo e encantador sorriso no ponto de vista da morena. Ela não soube o que responder e corou.
- Tá bom... – Pedro segurou sua mão e a levou para o centro da pista.
- Nossa eles já vão dançar? – Nayara seguia o casal com o olhar e logo foi interrompida por Henrique.
- Pedro vai ensinar ela a dançar na batida do sertão. – Riu. – Tenho certeza...
- Sertanejo? Mas a Bia nem curte...
- Por isso mesmo. Vai fazer ela mudar de idéia, fica vendo. – Fez um gesto com a cabeça em sinal de onde o casal estava. Nayara olhou e não resistiu. Começou a rir. Bianca tropeçava nos pés de Pedro que tentava guiá-la.
- Não dá para acreditar... – Dizia aos risos. – Vamos ver se ele vai conseguir. – Sorriu e olhou para baixo deixando sem querer seu cabelo castanho cair. Henrique se apressou em tirá-los do seu rosto. Nayara o olhou parecendo estar sem jeito, em seus pensamentos a única coisa que lhe ocorria de pensar era “Mas que diabos esta acontecendo comigo?”. Seus olhos se fitaram por um longo minuto até que Paulo, que estivera conversando com Tatiane até o momento estalou os dedos no meio deles.
- Hey, estão por aí ainda? – Perguntou tentando ser engraçado. Ninguém riu. – É... Então, vocês vão fazer o que?
- Vou levá-la para o balcão e pedir algo para bebermos e vocês?
- Bom, a Tati prefere ficar lá fora. Vou levá-la no restaurante aqui do lado. Depois vamos voltar aqui certo? Qualquer coisa da um toque no meu celular. – Paulo fez um toque com Henrique e saiu. Tatiane olhou para a amiga e sorriu. Nayara muito discreta fez um jóia e piscou. A loira revirou os olhos, mas sorriu e sumiu.
** - Agora somos nós. Vamos ali beber alguma coisa.
- Claro... – Henrique pegou sua mão e a guiou até o lado mais vazio do balcão. Puxou um banco e esperou Nayara estar sentada para levá-lo de volta ao lugar. Ajeitou-se ao seu lado e chamou o garçom.
- Gostaria de beber o que senhorita? – Seus olhos brilhavam. Talvez pelo fato de que tinha um globo giratório no centro da pista de dança, mas isso não fazia com que o encanto daqueles olhos deixasse Nayara hipnotizada. – Alô-o?
- Hã? Oi? Ah desculpa... Estava distraída. – A jovem abaixou a cabeça e puxou o cabelo para trás da orelha. Henrique logo puxou seu rosto para o alto.
- Por mais que isso seja louco não gosto que abaixe a cabeça. – Sua expressão estava serena e firme.
- Está bem... – Ela semicerrou os olhos deixando ele um pouco nervoso, mas logo a tensão sumiu e ela começou a rir. – Te peguei né? KKKKK. Estou brincando. – Sua cabeça pendulou e duas covinhas surgiram com seu sorriso fechado.
- Que lindo... – Ele ergueu sua mão até elas e acariciou o lado inferior de sua bochecha.
- Obrigada... – Seu rosto ficou quente e ela sabia que estava vermelha. Para quebrar o constrangimento perguntou: - Ãnn.. Você havia me perguntando algo?
- Sim, o que gostaria de beber?
- Sprite com limão.
- Só?
- Sim, por quê?
- Você não bebe álcool?
- Não.
- Acredita que é a primeira menina que me diz isso? – Riu.
- Isso é bom ou ruim? – Seu olhar estava sério. Não era uma piada ela não beber álcool.
- Calma linda... Só estou surpreso. É que por aqui as meninas bem cedo já bebem e você... me surpreendeu. – Alisou o braço dela.
- Sério? – Nayara se espantou. – Mas por que elas bebem cedo?
- Tradição. – Deu de ombros. A castanha não compreendeu muito bem e assim surgiu um assunto que a interessava.
Enquanto isso na pista de dança Bianca lutava contra a falta de coordenação de seus pés. Perderá a conta de quantas vezes pisou no pé do coitado do Pedro. Mas ele conseguiu obter alguns resultados, ela já conseguia seguir o passo básico da dança; dois pra lá dois pra cá. Tudo soava com risadas e algumas instruções e reclamações.
- Você tá pegando o jeito Bia. Com algumas aulas particulares e você ficará fera. – Sorriu e a rodopiou devagar. Passou sua mão na cintura dela e a puxou contra seu corpo, eles colidiram de forma suave e Bianca corou.
- Desculpa... – Ela ia começar a dizer, mas ele a impediu ao selar seus lábios com os dele.
O abraço que a envolveu foi carinhoso e firme. Os lábios dele se encaixaram perfeitamente nos dela e ambos perceberam. O passo ficou calmo e Pedro a guiava para um canto um pouco vazio. Bianca percebeu a mudança apenas quando suas costas se chocaram contra a parede e ele apressou as passadas de mão na cintura dela. Se fosse há um tempo atrás isso a incomodaria, mas esse tempo esta preso com o seu passado. O presente era o que ela era e o que passaria a ser. Por que não ser livre esta noite? Perguntou-se enquanto mordia o lábio dele. Sim, ela seria. Pousou suas mãos no rosto dele e parou o beijo. O olhar de Pedro estava confuso e quando ele ia perguntar alguma coisa Bianca tapou sua boca com o dedo e aproximou seus rostos voltando a se beijar, agora com mais intensidade. Ousou as passadas de mão levando-as do alto das costas musculosas de Pedro até a bunda dele dando uma apertadinha. Ele riu entre o beijo, mas não questionou. Brincar de mão boba iniciou e eles curtiram a ficada de um jeito muito gostoso.
Tatiane e Paulo escolheram uma mesa do lado de fora do restaurante. Pediram sucos para beber e uma porção de batata frita até o prato principal chegar. Iniciaram a conversa como algo casual; perguntas sobre o que gostavam, o que faziam, sonhos, coisas deste tipo. Paulo, de vez em outra colocava sua mão sobre a de Tati, mas ela ainda estava ansiosa sobre o que poderia acontecer e retirava. Isso não o incomodava, na verdade o motivou a conquistar aquela linda loira dos olhos verdes.
- Nossa Tati, você quer fazer arquitetura? Que legal, eu também penso em fazer sabia? Tanto tempo trabalhando com construções, na verdade civis né, mas construções acabei pegando gosto pela coisa. – Ela riu.
- É, eu gosto muito. Tenho bilhões de idéias para pôr em prática, mas primeiro preciso ser graduada né? – Sorriu e apoiou o queixo sobre a mão. Seus olhos buscaram um horizonte qualquer naquelas ruas com pouca iluminação. Paulo a observou e se admirou por estar ao lado da mulher mais linda que já vira. Poderia falar a ela como tudo estava encantando-o, mas ficou com medo de assustá-la mais ainda.
- Ahn... Tati. – Falou. Ela tornou a olhá-lo.
- Sim?
- Acho que você já percebeu que estou tentando de alguma forma me aproximar de você né? – Essa pergunta ela não esperava e ficou parada ali sem saber o que responder. – Calma, não precisa entrar em pânico ou sei lá o que... – Sorriu nervosamente. – É que... Eu quero ficar com você Tati, sério. Nunca quis tanto ficar com uma menina como quero por você. Tipo, você é incrível, a cada coisa que descubro sobre você fico mais surpreso e isso é maravilhoso. Não quero parecer atirado demais ou com segundas intenções, mas realmente to afim de você. – Paulo finalizara sua declaração. A loira olhava Paulo assustada. Percebera que suas mãos estavam suando. Depois de uns minutos esperando uma resposta o rapaz falou.
- Fui rápido demais né? Desculpa Tati, eu realmente não queria assustá-la desta forma... Esquece ok? Eu não falei nada e vamos continuar como estávamos antes pode ser?
- Paulo... Você me pegou de surpresa. – Enfim ela conseguiu dizer. – É que... Não é sempre que se escuta umas coisas assim né? – Sorriu. – Vai ser muito ruim se eu falar que também penso o mesmo de você? – Abaixou a cabeça, olhou para os lados e começou a balançar a perna. Ela estava muito nervosa.
- É claro que não Tati. – Ele riu e aproximou sua cadeira da dela. Pegou sua mão e continuou. – Pelo contrário, vai ser muito bom. Você não imagina a felicidade que me deu ao dizer isso. – Paulo relaxou o corpo sobre a cadeira e ergueu o rosto dela. – Você é linda sabia? – Ela fez uma cara tipo “Não...” e ele sorriu. Levou seu rosto até o dela e a beijou. Parece história de conto de fadas né? Eu também acho. E se eu disser para vocês imaginarem fogos de artifícios explodindo atrás deles, sim estarão fazendo a coisa certa, porque foi o que Tatiane sentiu ao beijá-lo. Vou confessar a vocês uma coisa, mas mantenham em silêncio ok? Ela era BV. Sim, podem acreditar. Primeiro beijo sempre dá essa sensação, lembro do meu... Mas foco na história hã? Rs.
A madrugada estava apenas no começo, mas todos estavam muito bem acompanhados. Já no embalo do romance e sedução. Guto e Ralf ficaram com duas jovens, que ninguém viu. O fim da balada prometeu caminhos diferentes para cada um deles, caminhos que tornariam o fim da estadia deles naquela pequena cidade turística um marco em suas vidas.
Nayara buscava algo lá fora para ver, mas tudo estava escuro demais e logo desistiu. Henrique dirigia o carro tranquilamente pelas ruas desertas de Paraty. A mão dele sobre a coxa dela deixava uma sensação de calor. Apesar de estar super interessada nele e de já saber o que iria acontecer ao chegar a casa dele não se atreveu a se insinuar. Ele era um cara legal, diferente que merecia mais dela do que uma simples noite de sexo como havia feito com Guto noite passada. Enfim chegaram.
- Espere aí Nayara. – Henrique sai rapidamente do carro e abre a porta para ela. – Por favor... – Diz oferecendo a mão. Nayara se surpreendeu.
- Uau... – Sorriu e pegou a mão dele. – Que cavalheirismo... É natural de todos nesta cidade serem educados desta forma?
- Vou entender esta pergunta como um elogio. E sim, somos todos deste jeito. Na verdade a cidade é muito histórica e com ela as tradições passadas. Existem muitas. – Sorri.
- Vou querer conhecer mais delas, estou adorando saber. – Nayara pede com um enorme sorriso nos lábios.
Ao abrir a porta, Henrique acende a luz. Nayara não se surpreendeu muito com a moradia do rapaz. Tudo normal. Exceto pelos quadros lindos pendurados na parede. Comentou algo com o jovem sobre eles e se sentou no sofá. Henrique ligou o som colocando uma música ambiente serena, romântica.
- Que bela escolha Ricky. Adoro esses tipos de músicas, relaxam bastante né?
- Aham. – Disse olhando a castanha profundamente nos olhos. – Você é linda.
- Obrigada... – Sorri e olha para suas mãos.
- O que foi que eu te disse? – Ele falou levantando o rosto dela.
- Ah é, desculpa.
- Não precisa se desculpar. – Falou se aproximando aos poucos. – Apenas deixe seu rosto levantado para melhor eu apreciá-lo. – A última palavra saiu com um soprou quente e provocante na face dela. Por um momento fechou os olhos, aquele hálito era algo incrível.
Seus lábios encontraram com os dela em um instante. Ambas as bocas estavam quentes e o choque que fez arrepiou Nayara por inteira. Suas mãos não estavam com pressa. Encaixavam-se em cada contorno do corpo dela acariciando. Nayara por sua vez estava paralisada, não sabia o que fazer. Deixou se levar. Em questão de minutos o ar ficou cada vez mais quente e seus corpos borbulhavam. Devagar, Henrique ergueu a bata vermelha que a jovem escolhera para a ocasião e sussurrou em seu ouvido.
- Sabia que vermelho combina perfeitamente com sua cor de pele? Te deixa tão mais sedutora... – Morde a orelha dela com carinho e faz uma trilha de beijos pelo seu pescoço até chegar em seu busto. – E estes seios? – Desabotoa o sutiã pela frente e fica admirado ao ver seios tão bonitos. Redondos, durinhos e do tamanho certo. – Eles são lindos...
Assim os beija. Cada cantinho recebia uma intensidade diferente. Surpreendeu-a ao mordiscar de leve o mamilo, porém ela sorriu e pediu por mais. Ele obedeceu. Nayara mergulhou num mar de prazer. Um prazer diferente de todos que já sentira em sua curta vida sexual. Ele tinha alguma coisa que a deixava sem fôlego, algo que superava todas as suas expectativas e estava disposta a recompensá-lo por isso.
- Ricky... – Sussurrou no pé da orelha dele.
- Sim? – Seu olhar encontrou com o dela e aquele castanho cor de mel penetrou fundo em sua alma e quase que Nayara ficou perdida neles. – Algum problema Na?
- Ah... Desculpa, é que...
Afastou o jovem encostando-o na outra beira do sofá. Ele a fitou tentando imaginar o que ela faria e fechou os olhos ao sentir o toque da mão um pouco fria em seu abdômen passar por baixo da sua regata. Nayara ergueu-a aos poucos até tirá-la daquele corpo que a pouco ansiava ver. Encontrou um peitoral definido, coberto de músculos, pincelado por uma cor bronzeada que provavelmente ganhará trabalhando debaixo de sol. Sua barriga era um tanquinho perfeito; os quadradinhos, a firmeza. Suas mãos buscaram conhecer cada centímetro daquele paraíso proibido. Deitou-se sobre ele e tornou a beijar aqueles lábios envolventes. Enroscou seus dedos nos cabelos dele e puxava de tempo em outro. Aspirou ao aroma floral que fugia de seu pescoço que embriagou seus sentidos. Já não mais em seu ombro abaixou seus lábios até o peito dele. Rodopiou a língua sobre o mamilo e prosseguiu seu caminho até o umbigo. Pensou que encontraria um caminho da felicidade agressivo, mas o que visualizou foi um sereno traço de pelos dourados não muito longo e nem muito grosso. Por mais que isso pareça estranho, Nayara ficava encantada com os caminhos da felicidade. Já vira vários: peludos, depilados, crespo ou liso. Porém o de Henrique era o mais belo. Beijou toda a circunferência de seu umbigo e chegou ao lugar esperado.
- Você esta me deixando louco... – Gemeu baixinho. A jovem percebera que seus braços estavam arrepiados. Estava conseguindo dar toda a sensação que queria lhe proporcionar. Agora seria a hora do prazer.
Desabotoou a calça dele, mas foi pega de surpresa. Henrique a pegara pelos braços e a carregou no ombro até seu quarto. Deitou-a na cama e partiu para cima dela. Sem perder tempo tirou todos os panos que o impedia de deslumbrar aquele corpo. Descobriu um corpo dos deuses. Cheio de curvas, sem nenhuma marca, todo bem esculpido.
- Você é verdadeiramente linda Nayara. – E beijou o pé direito dela. Subiu mais um pouco e encontrou o tornozelo fino e delicado. Prosseguiu os beijos até a coxa que apertou com prazer e a jovem suspirou.
Nayara pensou que ele iria de encontro a sua intimidade, mas o que Henrique fizera fora roçar seus lábios sobre a lateral da coxa dela e ir em direção a sua barriga. Colocou sua língua pra fora e traçou um caminho no meio do seu corpo até pousar sobre o queixo dela. Selou seus lábios por um segundo e a fitou. Os minutos se passaram e ele não fez nada a não ser mirá-la. Enfim a jovem quebrou o silêncio estranhando.
- Aconteceu alguma coisa Ricky? – Seu semblante era de preocupação.
- Não, por quê? – Estranhou a pergunta.
- Você parou do nada, esta me olhando... – Parou por um segundo e continuou. – Se arrependeu né?
- Que? Arrependi do que Na? De estar aqui com você? – Ela assentiu. – É claro que não. – Riu. Ajeitou-se melhor nos braços dela e repousou a cabeça no travesseiro ficando face a face com a jovem. – Por que acha isso?
- Bom você pareceu estar todo empolgado e do nada puf! Parou. – A ponta de seu dedo acariciava a bochecha dele e ziguezagueava todo o seu rosto.
- É que eu me dei conta de uma coisa...
- O que?
- Não posso fazer isso contigo. – Puxou a boca de lado como se não quisesse ter dito aquilo.
- Por quê? – Seus olhos ficaram estreitos.
- É que... – Suspira. – Não sei se devo te falar. Não é o tipo de coisa que se diz num primeiro encontro.
- Não custa nada tentar. – Insistiu.
- Acho melhor não... Vai ficar chateada comigo? – Henrique estava ansioso por escutar a resposta. Tinha um bom motivo para fazer aquilo só que não era justo contar a ela assim tão do nada. No fundo, o que ele mais queria mesmo era ficar deitado ao lado dela sentindo o seu calor, o seu perfume e aguardar.
- Não... – Murmurou. Nayara não compreendia o que ele estava fazendo. Queria muito poder descobrir o que se passava na mente de Ricky, mas não tinha o direito de exigir que ele lhe contasse. Afinal, mal se conheciam estavam apenas curtindo. Estamos apenas curtindo... Né? Pensou para si mesma.
Nada mais fora dito aquela noite. Os dois se abraçaram em meio às cobertas e aos poucos pegaram no sono. Nayara deitada no braço de Henrique com a mão envolta da sua cintura e ele com a mão sobre o braço dela e a outra entre os seus cabelos.
A balada acabou 4 horas da manhã. Bianca e Pedro curtiram aos beijos até o último minuto de música. Depois de darem uns amasso no canto da pista de dança retornaram para ela mais animados do que nunca. Beberam alguns drinks e acabaram-se de dançar. Bia conseguiu enfim tomar jeito nos passos da dança sertaneja e envolvida pelos grandes e fortes braços de Pedro remexeu o corpo deliciosamente.
- Uau! – Disse ofegante ainda. – Que doidera! Nunca dancei tanto na minha vida. Se meus pais descobrem isso me matam. – Ri ao imaginar a cena.
- Por que te matariam? – Pedro perguntou enquanto abria uma garrafinha de água para eles.
- É que sou evangélica sabe? Minha igreja não permite algumas coisas, mas estou cansada disso. Essa viagem é tipo minha liberdade entende? Quando eu voltar não serei mais a mesma Bianca de antes. – Sorri e passa a mão no cabelo.
- Eita, que bom hein! Mas vai deixar as crenças de lado?
- Não. Só porque vou mudar minha atitude não significa que vou abandonar a religião. Amo Deus acima de tudo e sei que ele quer a minha felicidade. Não vou virar uma piriguete ou esses tipos de meninas... Vou me respeitar curtindo a vida. – Da um gole na água e respira fundo. – E saiba que você esta fazendo parte dessa mudança. – Aperta a mão dele.
- Ah é? Que bom saber que estou colaborando para a sua felicidade. Mas até mesmo a felicidade tem limites né mocinha? Olha que horas são! Quase 5 horas da manhã. – Pedro se assusta ao ver as horas e a olha esperando alguma resposta.
- Sério? Putz. Você pode me levar até o condomínio?
- Claro, vamos lá.
Os dois saem de mãos dadas e caminham pelas ruas desertas e um pouco escuras até o destino final. Agora livres da bagunça sonora eles puderam conversar melhor, conhecer um ao outro e dar boas risadas com fatos passados. Enfim chegaram ao portão do condomínio.
- Então é isso ai, esta entregue. – Pedro diz sorrindo.
- Aham... Muito obrigada pela noite de hoje Pe, eu adorei muito. – Automaticamente Bia coloca as duas mãos na frente do corpo e as une.
- Que isso Bia não precisa agradecer. Eu é que agradeço por ter feito com que esta noite tenha sido muito bacana. Há tempos não me sentia solto assim. – Estica os braços e ergue a cabeça. Risos.
- Não foi nada. Vai trabalhar hoje? Já é de manhã mesmo né kkkk.
- KKK é sim. Vou sim, na verdade vou trabalhar as 8 então vai ser daqui a pouco.
- Eita Pedro! Por que não me disse que iria trabalhar cedo? A gente teria ido embora mais cedo. – Bia se sentiu culpada.
- Não, nem se preocupe Bia. Já to acostumado há dormir um pouco tarde e acordar cedão. – Deu de ombros.
- Isso tá errado Peeee. Você perde toda a energia e depois fica sem condições físicas para trabalhar. Quer entrar e descansar aqui mesmo? Aí já fica ao lado do trabalho. – Sorri atenciosamente.
- Acho melhor não... Tem os seus colegas e tudo mais, vai pegar mal pra você.
- Deixa de ser bobo... – Pega a mão do jovem e o arrasta para dentro do condomínio até a porta da casa onde estava com os demais.
- Acho que não tenho escolha né?
- Acertou!
Assim Bia e Pedro param na porta. Antes de entrar a jovem queria ter um último momento romântico com ele. Não sabia o que iria acontecer depois e no dia seguinte iriam embora. Queria aproveitar cada minuto daquela noite inesquecível. Aproximou-se dele e ficando na ponta dos pés o beijou. Ele a abraçou e ficaram se enamorando por um tempo. Sem nenhum deles esperar um facho de luz surgiu por detrás das árvores do outro lado do rio e os iluminou em cheio parando o beijo.
- Nossa que inesperado. – Bianca comenta.
- É verdade. Parece até que o sol fez isso de propósito né? – Os dois riram.
- Então vamos entrar? Você toma um banho e depois descansa. – Estendeu a mão para ele que pegou sem hesitar. Os dois entraram e levaram um susto.
- Eita porra que susto vocês me deram! – Bianca berrou com a mão no peito.
- E ai Paulão. – Pedro sorri e olha com cara de sem vergonha para o amigo.
- Calma Bia é só a gente. – Tatiane levanta da cadeira e pega a panela preta da mesa. – Querem brigadeiro? – Todos caem na gargalhada e sentam-se à mesa.
- Esta aqui desde que horas Tati?
- Já faz um tempo. Jantamos depois ele me levou para conhecer a praça histórica da cidade e viemos direto pra casa. Estava com vontade de comer brigadeiro e fizemos.
- Só isso? – Bianca a olhou seriamente, mas só o suficiente para deixar a loira totalmente vermelha e sem graça.
- Claro que sim.
- KKK relaxa Tati estou brincando com você. – Bia sempre brincando.
- Então levou ela pra conhecer a praça, Paulão? Lá é um lugar bonito Bia, se hoje a tarde sobrar um tempo e você quiser ir posso te mostrar. – Ofereceu Pedro.
- Adoraria Pe. Não venho muito para cá e quando venho só fico aqui dentro, nunca saio para conhecer melhor a cidade.
- Então tá combinado. – Todos comiam alegremente o brigadeiro. Bianca até esqueceu-se de lembrar ao Pedro se ele queria tomar banho ou descansar. Mas ele parecia tão bem, todos estavam tão bem que nenhum se queixou de cansaço.
- Mas ai Tati você sabe da Na? Ela não apareceu por aqui ou ligou?
- Não. Estou um pouco preocupada. – A jovem olha para os dois rapazes na esperança deles terem uma idéia de onde ela poderia estar com o amigo deles.
- Relaxem meninas, nós conhecemos bem o Ricky e ela esta em boas mãos.
- Imagino que boas mãos ela esteja. – Riram.
Papo vai papo vem. Todos estavam felizes. Mas nem tudo é perfeito, a hora dos rapazes irem embora se aproximou.
- Aaah meninos!! Seria tão bom se vocês não precisassem ir trabalhar hoje. – Resmungou a morena.
- É verdade. Pra ter uma noção estou sem sono e a conversa com vocês esta tão gostosa. – Tati acrescentou.
- Nós também gostaríamos de ficar, de verdade. Mas se não formos estaremos muito ferrados.
- Tá bom então né. Querem pelo menos tomarem um banho rápido?
- Pode ser.
Bianca subiu as escadas sem pressa. Até então se esquecera completamente de Guto e Ralf. Com o Pedro e o Paulo ao lado dela e da Tati quem se lembraria deles? Ao pisar no último degrau se deparou com uma cena deplorável. Guto agarrado a uma menina nua na primeira cama de casal e Ralf com a perna sobre a menina enrolada no lençol com a bunda de fora. Extremamente grotesco. Desceu as escadas contendo o riso.
*
- O que foi Bia? Cadê as toalhas?
- Você não vai acreditar Tati!
- Diz logo.
- Os meninos estão lá em cima...
- Ah, que bom. Eu não subi lá desde a hora que cheguei então nem sabia.
- Ainda bem que você não foi. – Agora o riso estava impossível de ser contido.
- Por quê? – A loira ansiosa por querer saber o que era ameaçou subir as escadas.
- Não vai lá! – Bianca a puxou pelo braço.
- Então fala logo meu.
- Eles estão acompanhados... – rindo – e estão numa situação hilária. – Pedro e Paulo apenas assistiam a conversa.
- Como assim? – Abaixando o som da risada e da própria voz Bianca sussurrou.
- Eles estão nus, todos eles! O Ralf então KKKKKKKKK.
- Você tá brincando? – A loira arregalou os olhos.
- Sério. Você não pode subir lá de verdade. Vai ser um choque.
- Putz que droga meu. – E não agüentou, a jovem também começou a rir.
- Que tal nós sacanearmos eles e depois assustá-los hã? – Pedro sugeriu.
- Uma ótima idéia, mas como?
- Meu celular tira foto, a gente sobe tira umas fotos e depois pega alguma coisa que faça muito barulho e chega armando a baderna lá em cima. – Todos se entreolharam pensativos. A idéia não era ruim, seria bem legal ver os quatro pulando sendo pegos no pulo do gato.
- Topamos! – As jovens disseram ao mesmo tempo.
Os rapazes sugeriram algum tipo de legume, cenoura, pepino, mandioca, o que tivesse na casa. Felizmente Bianca encontrou algumas cenouras na gaveta da geladeira e entregou aos rapazes. Com exceção das meninas, só os dois jovens subiram. Afinal, Tatiane não gostaria de encontrar o irmão e o primo naquelas condições e Bianca já vira o suficiente. Pedro segurava o celular e Paulo as cenouras. Sorrateiramente eles se aproximaram primeiro da cama onde Ralf estava com a bunda de fora. Cuidadosamente, o robusto moreno segurou duas cenouras juntas para dar a impressão de serem bem grossas, apoiou um joelho na cama e fez uma posição de estar enfiando os legumes no traseiro peludo do loiro. Pedro tirou várias fotos do Paulo fazendo careta de estar enfiando outras como se estivesse gostando, só putaria. Depois foram para a cama onde Guto estava. Para o azar do jovem adormecido, ele estava com o rosto bem próximo a beirada da cama e com a boca um pouco aberta babando. Tudo que o Paulo precisava para encenar um boquete feito por Guto. Mais uma vez o moreno se ajustou na frente dele, acertou as cenouras em suas mãos grandes e aproximou os legumes o suficiente para parecer tal situação. Pedro sentia-se o fotógrafo pornô tirando as fotos mais comprometedoras da sua vida. Enfim terminaram com toda a palhaçada e desceram rapidinho.
- Pronto meninas o estrago foi feito. – Informou o jovem de pele um pouco mais clara, porém bronzeada.
- Aaah eu quero ver passa o celular ai. – Pediu Bianca.
- Você quer mesmo ver? Ficou muito tenso.
- Ah deixa logo eu ver isso daí vai. – E a morena retirou o aparelho eletrônico da mão de Pedro.
Acessando a galeria de fotos encontrou imagens completamente nojentas, porém muito engraçadas. Tatiane queria muito poder ver as fotos, mas fora proibida. Apenas olhou algumas que Guto aparecia, não eram tão tensas quanto à do seu irmão. Depois de darem muitas risadas com a humilhação desconhecida pelos modelos fotográficos cada um pegou uma panela ou um objeto que fizesse muito barulho e subiram as escadas.
- Quando eu contar três pode começar ok? – Avisou Bianca. Todos assentiram. – Um... Dois... E três!
Um barulho infernal se iniciou agudos estridentes, sons mais estrondosos, mas todos bem altos e irritantes. Os quatro belos adormecidos despertaram no tranco. Ralf deu um pulo empinando a bunda, que Paulo já havia coberto depois das fotos, Guto capotou no chão e as meninas deram um berro patético e logo puxaram as cobertas para se protegerem.
- Vamos acordar todo mundo! Vamos vamos, seus safados! – Berrada Pedro socando a colher de pau na panela.
- Porra meu dá pra parar com isso ai? – Reclama Ralf, com a cara toda enrugada esperando seus olhos se acostumarem com a luz do sol atravessando a janela e iluminando todo o cômodo.
- Mas que caralho vocês estão fazendo? – Agora era Guto quem estava questionando. Levantou-se devagar segurando a coberta entorno da sua cintura.
- Estamos despertando os pombinhos oras, não deu para perceber? – Comentou Bianca com tom de sarcasmo e cessando a barulheira.
- Putz que dor de cabeça... – Ralf comenta colocando a mão na mesma e apertando as têmporas para aliviar a dor.
- E ai Finho, não vai nos apresentar as acompanhantes? – Tatiane perguntou. No fundo estava um pouco decepcionada pelo vexame que ele fizera passar inconscientemente, mas também um pouco vingada e entusiasmada por finalmente ter conseguido fazer alguma coisa errada.
- Aff... Vocês são fodas. Esta aqui é a Michelle e... Qual é o nome da sua amiga ali?
- Luana. – Disse a ruiva aparentemente baixinha e claramente assustada.
- Oi... – Luana parecia não se importar com tudo aquilo no fundo estava até curtindo. O sorrisinho que lançou para Pedro após dizer oi mostrou isso. Ninguém notara o ocorrido porque só Pedro a olhava.
Depois das formais apresentações o quarteto fantástico se retirou para que os casais fantásticos se arrumassem. Bianca pediu a Pedro enviar as fotos através do Bluetooth antes de saírem correndo para trabalhar. A farra fora tão engraçada que acabaram se esquecendo do compromisso e saindo da casa em cima do horário, mas chegaram a tempo.
Tati e Bianca preparavam o café da manhã quando os quatro desceram as escadas. As duas se entreolharam contendo o riso e apenas continuaram pondo a mesa. Ralf logo foi para a pequena cozinha e procurou alguma coisa rápida para beber na geladeira. Havia uma batida de morango na parte inferior e se abaixou para pegar. Bianca sem querer esbarrou a mão na bunda do loiro que olhou para trás desconfiado. A morena não percebera o incidente e continuou a pegar as coisas no armário e passar para a irmã dele. O rapaz, achando que Bianca fizera de propósito, ficou um pouco surpreso com a atitude dela e tendo pegado a bebida encostou-se ao armário ao lado fitando-a discretamente, como quem não queria nada. Michelle que de esguelha percebera o comportamento do loiro não se importou e continuou conversando Guto e Luana.
Com tudo organizado na mesa, os três jovens que ainda permaneciam em pé se juntaram aos que estavam sentados e todos se serviram de um delicioso café da manhã acompanhado de vários assuntos.
Sem pressa, Nayara despertou do seu sono confortável e tranqüilo. Levantou-se devagar e olhou a sua volta procurando em sua memória algo que lhe fizesse sentido. Então se recordou da noite passada, a conversa que tiveram o curto passeio de carro até a sua casa e a atitude inesperada da parte dele.
Ricky. Olhou rapidamente para o lado e o encontrou deitado virado para ela ressonando profundamente, lhe parecia um bebe. Por um instante sorriu, mas logo sua expressão ficou séria. A imagem que surgiu em sua mente foi a da noite retrasada que dormira com Guto. A forma como Henrique estava deitado e até o jeito de respirar lembrava-lhe o rapaz pelo qual se encantará no momento em que o viu descer daquele ônibus. E sentada na poltrona perto da janela, Nayara ficou assistindo o viver do mundo lá fora e pensando em Guto pela primeira vez desde que pusera em sua mente a raiva que estava dele por causa da brincadeira de mau gosto que fizera pra ela. Seus pensamentos estavam tão profundos que nem percebera Henrique se aproximar dela.
- Bom dia, linda... – Saudou-a com um beijo no pescoço tirando-a completamente do transe.
- Bom dia Ricky. – Olhou para ele e sorriu.
- Esta acordada faz muito tempo? Por que não me chamou? – Perguntou sentando na cabeceira da poltrona preta.
- Não, acordei faz uns dez minutos. Você estava tão fofo dormindo que resolvi não acordá-lo. – Disse olhando em seus olhos buscando entender por que estava ali com ele e não com Guto.
- Que linda... – Ricky leva suas mãos até o rosto dela e acaricia suavemente. – Vamos tomar café?
- Vamos sim. – Nayara levanta-se e é pega de surpresa quando ele estende a mão para ela segurá-la. Hesitou um pouco, mas logo a pegou.
De dia a casa de Henrique era bem iluminada pela luz do sol. Tudo ganhava uma imagem nova e Nayara concluiu que ele tinha uma bela residência para um rapaz. Geralmente todos os meninos que a convidavam para ir a suas casas assistirem um filme ou fazer um trabalho da escola, amigos e ficantes, seus quartos eram uma grande bagunça. Nenhum deles tinha um quarto ou uma casa tão bem arrumada e organizada como esta.
A cozinha recebeu uma decoração esplêndida, na opinião da jovem. Os armários eram de madeira pura pincelados por uma tinta que dava um brilho ao tom marrom escuro. No centro havia uma mesa redonda de vidro acompanhada por quatro cadeiras também de madeira. No canto abaixo da janela estava a pia de mármore e ao lado um fogão branco de quatro bocas e do outro uma geladeira de tamanho médio também na cor branca.
A jovem logo se sentou na cadeira e mirou o rapaz pegar aos poucos tudo que seria utilizado para o café da manhã.
- Você gosta de tomar o que de manhã Na?
- Leite puro.
- Leite puro saindo no capricho. – Disse enquanto despejava o leite em um copo. – E vai querer comer o que? Pão, bisnaguinha, bolacha?
- Eu quero pão. Tem presunto e queijo para acompanhar? – Perguntou sorrindo feito criança.
- Opa, é claro que tenho. – E num instante ele colocou em cima da mesa dois potes. – Vai querer esquentar no microondas?
- Pode ser. – E bebeu um gole de leite. Em dois minutinhos seu misto quente estava pronto e os dois tomavam um café da manhã gostoso.
- Então, dormiu bem essa noite? – Henrique fala puxando um assunto.
- Dormi. Acordei bem tranqüila. E você?
- Eu não dormi do jeito que eu gostaria de ter dormido... – Ele olha pra baixo disfarçando a intenção que a frase tinha.
- Como assim? – A pergunta fora ingênua, mas o que Henrique fizera para mostrar a ele o que realmente queria dizer não foi tão ingênuo assim. Deixando o copo sob a mesa ele leva o corpo um pouco mais perto do dela e apóia a mão na coxa da jovem, alisando de cima a baixo e parando-a bem perto da virilha. – O que você pensa que esta fazendo? – Nayara perguntou levantando-se com pressa e assustada.
- O que foi linda? Você se assustou? – Ele perguntou já de pé e caminhando na direção dela.
- É lógico que sim. Ontem você recusou qualquer coisa entre nós e agora faz isso do nada? – Não mais assustada ela estava parada, tecnicamente enfrentando ele.
- É que eu gosto de brincar assim. – Seu tom de voz soou malicioso e sua mão já segurava o braço de Nayara.
- Ei, me solta Henrique! – Ela exige enquanto puxa o braço.
- Vem cá linda, vamos ficar agora que tal hein?
- Sai Henrique, você esta sendo um cara totalmente diferente do que conheci ontem a noite. – Caminhava calmamente de costas indo em direção a sala.
- Mas é claro que sou aquele mesmo cara, a única diferença é que de manhã eu tenho muito mais fome do que a noite. – Pisca.
- Só que eu não tenho fome de manhã e eu quero voltar pra casa. – Parou e o encarou com raiva.
- Então me dá só um beijinho Nayara? Seus lábios são tão atraentes. – Agora seu tom de voz estava mais tranqüilo e a malícia foi embora.
- Você não vai me atacar feito leão faminto? – Ela desconfiou.
- Mas é claro que não.
- Tá, então eu deixo. Mas que seja o nosso último beijo. – Ela falou um pouco mais descontraída. Ele se aproximou sem pressa e a puxou carinhosamente pela cintura. Selou seus lábios nos dela e eles deram o último beijo naquele dia.
O susto que Nayara tomou com a atitude de Henrique a deixou um pouco insegura na hora de irem embora de carro. Ele mostrou ser um cara totalmente doce e gentil na noite anterior e agora estava sendo atirado e sem vergonha? Cogitou a ideia de ele ser um bipolar ou um tipo de maníaco sexual que gosta de fazer jogos. Fazia sentido até. De noite ele é uma ovelha dócil e gentil que não aceita fazer sexo na mesma hora. E no dia seguinte é um lobo feroz que assusta sua presa e ataca sem dó nem piedade. A única peça que não se encaixava naquele momento era ele não ter persistido até conseguir o que queria. Não que ela estivesse querendo que isso acontecesse, mas ele estava sendo bom demais. Temeu por sua vida naquele momento e pensou em alguma saída rápida caso acontecesse alguma coisa.
***
A pousada permanecia tranqüila e aconchegante. Ralf e Guto acompanharam as jovens até um ponto de ônibus próximo dali e se despediram das meninas. Segundo o que me contaram eles não trocaram número de telefone e nem ficaram de beijos, mas vai saber né.
Tatiane e Bianca colocaram os biquínis e foram para a piscina aproveitar o último dia naquele lugar belíssimo. No dia seguinte o pai da loira chegaria na hora do almoço para levar todo mundo embora, menos Guto que retornaria para Taubaté de ônibus.
- Ai ai Tati... Nem dá para acreditar que já se passou a semana e amanhã vamos voltar. – Suspira a morena com o corpo voltado para cima sendo banhado pelo sol de 30º.
- Nem eu, amiga. Foi tão gostoso esses dias... Claro que tirando as palhaçadas que aconteceu né? Kkkkk. Mas foi demais, ano que vem temos que fazer isso de novo. – A loira estava sentada com o corpo levemente inclinado para trás sendo sustentado por seus braços. No rosto seu óculos de sol marrom e um sorriso de satisfação.
- Ah com certeza vamos sim... Só não vamos trazer seu irmão e seu primo né? Não tem graça eles aqui, tinha que ser uns amigos hã hã. – Seu tom de voz era de menina danada junto com uns cutucões na amiga ao lado.
- Olha Bia, eu não sei o que aconteceu com você pra ter ficado tão assanhada assim, acho que tá amiga demais da Na.
- Iiiih, o que eu to vendo aqui, uma pitada de ciúmes? – A loira não respondeu. - Para Tati, a Na é tão amiga minha quanto você, poxa eu adoro vocês duas. E se eu to assim é porque eu quero e não porque ela me influenciou, nem parece que me conhece. – Bianca fez uma careta e colocou o braço direito sobre o rosto.
- Ah Bi, não vai ficar brava comigo né? Olha que eu vou te atacar.
- Você não ousaria fazer isso Tatiane Schumacher! – E sem esperar a loira atacou Bianca enchendo-a de cócegas na cintura, o ponto crucial da sensibilidade da jovem. Todos sabiam disso.
- Ai, para Tati, KKKKKKKKK para, por favor! Eu vou chorar aqui, para KKKKKKKKKK!
Não se sabe por quanto tempo Bianca sofreu do ataque de cócegas da amiga, mas ela realmente chorou de tanto rir. Depois as duas pularam na piscina e curtiram a água geladinha. Sem demorar muito Guto e Ralf voltaram. Avistaram as duas meninas na piscina, mas foram diretamente para a casa. Definitivamente eles estavam cansados e Ralf um pouco enjoado. Não era do seu costume beber muito e noite passada ele exagerou um pouco. Guto só ria da cara do primo por estar de ressaca e preparou um “salva-ressaca” como costumava chamar.
- Ai primo, não é por nada não, mas você não acha estranho a Nayara não estar aqui? – Guto perguntou entregando um copo com alguma bebida dentro que eu não cheguei a conhecer.
- É eu também to achando estranho ela não ter chegado aqui. A menos que ela esteja curtindo ainda com aquele cara KKKKKKK
- Ow meu não fala isso não, é sério. Acho que ela deveria ao menos ter avisado as garotas caso fosse ficar mais um tempo com o cara lá. – Ele faz carranca quando menciona o “cara lá”.
- Se as meninas estão tão de boa lá na piscina ela deve ter ligado então. – Ralf da de ombros.
- Vou dar um pulinho lá pra verificar e já volto. – Sem esperar uma resposta Guto sai da casa e se aproxima da piscina.
- Hey! Tati! – A loira o avista e nada até a beira da piscina.
- Fala Guto.
- A Nayara ligou?
- A Na? Ainda não por quê?
- To achando muito estranho ela não ter aparecido ainda e muito menos ter ligado. Não era para estarmos preocupado?
- Ah acho que não Guto, o Paulo me disse que o Henrique é gente boa e costuma ter idéias legais pra passar o tempo – Guto a olha estranho. – calma, não é nada disso que você ta pensando. Ele disse que ele poderia levá-la para passear pela cidade.
- Hum... Não sei não, se ela não aparecer aqui até meio dia acho melhor ligarmos pra ela.
- Ok então. – Tati deita a cabeça para trás mergulhando o cabelo na água. Retorna e diz mais uma coisa. – E que preocupação toda com a Na é essa ein primo? – Ri.
- Mais uma pra encher minha paciência... – Ele faz um gesto de “deixa pra lá” com a mão e volta para a casa.
Guto parou para refletir por um segundo toda esta preocupação e cogitou a ideia de que realmente não havia necessidade de se preocupar com a jovem, afinal ela não tinha nada a ver com ele. Não tinha né? Ficou um pouco confuso com tudo que tinha acontecido nos últimos dias e resolveu esquecer um pouco. Entrou na casa novamente.
- E ai? – Ralf quis saber.
- A Tati disse que ela não ligou, mas que o tal amigo do cara disse que ele é de boa e que “tem idéias legais para passar o tempo” – Encenou as aspas com os dedos na hora de falar a frase. – Sei qual é o passatempo dele.
- KKK você tá se preocupando demais. – O rapaz riu, porém logo parou. Colocou a mão sob a barriga e fez uma careta.
- Que foi primão? – Guto se aproximou e apoiou a mão sobre o ombro dele. Ralf nada disse apenas correu para o banheiro e vomitou. Aquele clássico barulho de vomito. – Eita... Esse ai tem estomago fraco mesmo. – Riu.
Henrique dirigia o carro descontraído. O som do sertanejo saindo pelas caixas de som do carro irritando a cabeça da jovem. Nayara não via a hora de ficar o mais longe possível deste cara. Isso que dá confiar em desconhecido que se mostra prestativo demais. Definitivamente ela teria que parar de confiar nas pessoas desta forma.
Seu olhar estava mais uma vez preso a paisagem do lado de fora do carro. Imaginou sua vida depois desta viagem louca e do quanto ela sentiria falta disso tudo. A falta de responsabilidade, compromisso com nada, apenas curtir o que a vida tem de melhor. Claro, sem se meter com caras maluco feito o Ricky.
Tudo parecia bem. A jovem pegou seu celular para verificar as horas e se havia alguma mensagem. “10h30min, hum. Acho que vou mandar uma mensagem pra Tati avisando que já estou indo.” pensou. Clicou em criar mensagem e começou a digitar “Oi Tati, to saindo da casa do Ricky agora, logo estarei por ai. Bjs.”
- Ta mandando mensagem pra quem? – Ricky a assusta com a pergunta.
- E é da sua conta Henrique? – Respondeu ríspida.
- Nossa Nayara, pra que toda esta agressividade? Relaxa um pouco linda... – Aperta a coxa dela.
- Hey! Já disse pra não tocar em mim.
- Calma leoa, não vou te estuprar se é o que esta pensando.
- Não duvido nada.
- Ah então você esta pensando nisso Nayara? Caramba achei que a gente estivesse tendo um lance legal ontem. – Seu tom de voz estava calmo, porém Nayara manteve a guarda.
- Disse certo, ontem! Antes de você vir com um papinho furado hoje de manhã me agarrando sem o menor respeito. Até parece que você tem dupla personalidade. – Henrique deu uma risada alta e acariciou o rosto da jovem.
- Tudo bem linda, não vou mais te aborrecer com o este assunto ok? Nós só vamos dar uma passadinha num lugar e depois te levo diretamente pra sua casa.
- Hã? Como assim? Não senhor, eu quero estar em casa primeiro. – A jovem ordenou.
- Quem esta dirigindo o carro? Eu, então sem reclamações.
Nayara não respondeu mais nada. Ficou calada, com a cara emburrada pensando em como gostaria de ser salva por qualquer milagre. De vez em quando Ricky ousava fazer uma carícia no braço dela, ela apenas retribuía com um olhar estilo metralhadora e ele sorria. No fundo tudo aquilo estava sendo uma diversão para o rapaz, jamais passara por tamanha situação com uma menina. Suas intenções nunca foram más para com a jovem, queria apenas a surpreender, conquistar os seus desejos. Com outras meninas tudo dava certo, elas até gostavam da iniciativa inesperada dele, mas com ela não. A única possivelmente.
Enfim ele parou o carro. Nayara nunca se sentira tão ansiosa e amedrontada como naquele momento. O que iria acontecer depois? Era a pergunta que mais atormentava o seu cérebro. Henrique saiu do carro e foi abrir a porta para ela. Estendeu a mão para ajudá-la a sair do carro, mas Nayara hesitou por uns segundos.
- Tá desconfiada é? – Ele insistiu.
- Era para se estar né? – Pegou na mão dele e o mesmo sorriu. – Por que estamos aqui de novo?
- Tenho que pegar umas coisas pra levar pros meninos lá no trampo. Vamos. – Ele caminhou em direção a grande porta do local onde passaram a noite anterior na maior curtição.
- Vamos? Eu não vou entrar não Henrique, vou ficar aqui fora esperando mesmo. – Ela encosta-se ao carro.
- Pra depois você roubar o meu carro e fugir? Não sou retardado. Com toda essa sua doidera ai não posso esperar menos. – Sem que ela lhe responda, ele pegou sua mão e a arrastou a força para dentro do salão.
Nayara berrou e esperneou para que ele a soltasse, mas não aconteceu. Gritou socorro e fez o maior escândalo antes de entrarem no lugar. Ninguém deu atenção. Enfim desistiu e o acompanhou sem resistir. Henrique deixou-a no balcão, sentada no mesmo banco da na noite anterior e saiu. Ela cruzou as pernas e ficou a balançar o pé. As mãos repousadas sobre o colo batucavam a própria coxa. Seus olhos estavam ligeiros e prestavam atenção em toda e qualquer movimentação que surgisse. Do nada, matando a jovem de susto, as luzes se apagaram e um globo de discoteca começou a rodar e a deixar todo o salão colorido. Um som de fundo começou a tocar, era uma música sertaneja, claro e Henrique saiu da sala na qual entrara há poucos minutos. Nayara cerrou os olhos e ficou atenta.
- Vem. – Ele chamou do meio do salão bem embaido do globo.
- Não.
- Vem Na.
- Por que eu iria?
- Porque eu quero dançar com você.
- E quem pode garantir que você não vai me atacar de novo?
- Ninguém, você precisa confiar.
- Cansei de confiar em quem não merece.
- Quem vê pensa que somos um casal de mil anos de namoro. Deixa de ser boba, vem aqui.
- To legal. – Ela insistiu.
- Então tá. Se você não vem até a mim, eu vou até você. – Dito isso Ricky caminhou até ela e a puxou delicadamente pela mão.
Nos primeiros minutos Nayara permaneceu rígida e sem nenhuma possibilidade de relaxar, mas Henrique a tratou tão bem e parecia estar sendo tão sincero que ela acabou por se convencer de que tudo era paranóia da sua cabeça e se deixou levar pela dança. Na noite anterior eles não tiveram a oportunidade de dançarem, ficaram só no bate papo e depois foram para a casa dele. Nada fora dito, eles apenas curtiram o gostoso momento da dança e como tudo parecia perfeito. A música durou uns quatro minutos, mas para eles pareceu uma eternidade. Nayara repousou a cabeça sobre o ombro do rapaz e acabou por abraçá-lo. Henrique ficou feliz pela atitude da jovem e a abraçou de volta.
- Adorei este momento... – Ele sussurrou no pé da orelha dela.
- Eu também... – Ela sorriu. Ricky ergueu sua cabeça e a mirou nos olhos.
- Você é uma menina especial Nayara, nunca se esqueça disso.
- Você também é um cara especial Guto.
- Guto? – Ele se assustou.
- Que?
- Você me chamou de Guto.
- Não, eu te chamei de Ricky. Não chamei? – Ela parou pra pensar no que havia dito.
- Não Nayara você me chamou de Guto. – Ele estava sério.
- Me desculpa Ricky, não foi por mal. Não faço a menor ideia porque te chamei assim. – Ela estava confusa.
- Tudo bem Na, imagino que esse tal Guto seja aquele cara alto que esta com vocês na pousada né?
- É, é ele sim... – Ela respondeu, mas com os pensamentos lá longe.
- Você tem alguma coisa com ele? – Arriscou perguntar.
- Não, não! – Apressou-se a responder. – Não tenho nada com ele...
- Parece que não, seus olhos dizem o contrário. Não precisava ficar tímida pra falar Nayara, não vou te “matar” se houver. – Ele sorriu.
- Sinceramente eu não faço a menor ideia Ricky.
- Bom, seja lá o que for que esteja rolando entre vocês sugiro que tome logo uma atitude, não fique esperando cair do céu algum milagre você tem que agir se caso gosta dele.
- Caramba, da onde você veio ein Ricky? Todos os caras realmente são assim como você aqui nesta cidadezinha? – Nayara estava surpresa com o que acabara de escutar e mais surpresa ainda por ter descoberto uma coisa que não havia percebido.
- A maioria recebeu a mesma educação então suponho que sejam, KKKKKK.
- Vou ter que voltar e morar aqui, porque vocês são tão... Perfeitos, acho que esta é a palavra.
- Aff, lógico que não. Isso ai não existe, ao contrário de você as mulheres aqui não dão importância pra este nosso jeito.
- Caramba, elas são todas umas loucas.
- KKKK, então tá né. Vamos voltar pra pousada então?
- Vamos. – Ela sorriu e num impulso o abraçou. Ele retribuiu e depositou um beijo nos lábios dela.
- O último. – Piscou.
Os dois voltaram para o carro, cada um com um sorriso no rosto. A conversa surgiu com tamanha felicidade e os dois trocaram números de telefone para futuramente entrarem em contato novamente, agora apenas como amigos. Nayara se sentiu totalmente tola por ter agido de tal forma e pediu desculpas. Henrique riu e disse que não precisava, até que ele pareceu mesmo um maníaco, afirmou em seguida. Em meio a um intervalo da conversa Nayara se pegou pensando coisas sobre ela e Guto. "Era só o que me faltava! Estou gostando do Guto e só fiquei com ele uma vez." Sua mente ia a mil por hora e aceitando os fatos imaginou o que faria assim que o visse.
Depois do trágico momento que Ralf passara, ele e Guto decidiram jogar um futebolzinho. Porém, ao procurarem alguma bola na casa perceberam que não havia e a única que tinha era de vôlei. Sem muita escolha eles a pegaram e foram jogar vôlei.
- Cara faz tempo que eu não jogo vôlei ein! A última vez foi... Acho que foi em julho quando os primos de São Paulo vieram, você não pode vir lembra Guto? – Ralf se preparava para lançar a bola.
- Ah é, pode crer. Eu tive que ficar lá estudando pra recuperar algumas notas vermelhas da escola. – Dá risada. – Foda.
- Você é um vacilão Guto, perdeu de ver as gatinhas que ficaram nas casas de temporada lá do recanto. Nem falo nada... – O loiro expressa uma cara de quem esta lembrando algo e sem reparar leva uma bolada na cabeça.
- Ow, presta atenção ai se não vai falar que eu to sacaneando você. – Guto reclama.
- KK foi mal primão estava só lembrando. – Respondo o loiro. Ele pega a bola e saca de volta.
- E ai meninos, nós podemos jogar? – Pergunta Bia com a Tati se aproximando deles.
- Vamos ai. – Chama Guto.
- Beleza. – As duas sorriem. Tati fica ao lado de Guto e Bia ao lado da Tati com o Ralf do outro lado. Os quatro formavam um circulo.
- O Tati, fala ai, a Nayara já ligo?
- Ainda não – Responde rapidamente enquanto rebate a bola para seu irmão. – Tenho que verificar se ela não mandou alguma mensagem, geralmente ela envia mensagens. O Finho segura a bola ai rapidão. – A jovem pega o celular e verifica a caixa de entrada e lá estava uma mensagem da amiga. – Eita ela enviou uma mensagem faz mais de uma hora. Caraca eu nem escutei o barulhinho tocar. – Todos se aproximam.
- O que ta escrito? – Pergunta Bia.
- Pera ai ta abrindo a mensagem... “Oi Tati, to saindo da casa do Ricky agora, logo estarei por ai. Bjs.” Só isso.
- Ela enviou que horas mesmo?
- Era 10h33min. – Respondi à jovem.
- E que horas são agora? – Guto estava insistindo muito.
- São 12h06min...
- Porra meu, fiquei tão assim que nem parei pra reparar na hora, não acham que deveríamos ir procurá-la? Sei lá. Tem como ligar do seu celular pra ela Tati? – Guto perguntou.
- Nem, to sem crédito.
- Eu também. – Diz Bia adiantando sua resposta.
- Ralf?
- Foi mal primo, mas só tenho bônus pra torpedo.
- Porra viu. Vou lá dentro pegar meu celular pra ver se tem algum crédito, faz um século que não sei o que é colocar crédito. – Diz o jovem já se retirando.
- Ué, mas como ele fez pra mandar mensagem pra mim quando tava chegando aqui em Paraty? – Ralf perguntou pensativo depois dele já ter saído.
- Dããa, ele também deve ter bônus só pra mensagem. – Bianca da um pedala no Ralf.
- Hey! Tá ficando abusadinha hein! – O rapaz ri. – Agora você vai ver. – Ele se aproxima dela e estica as mãos mexendo os dedos. A morena se afastava conforme ele se aproximava e já sabia o que ele queria fazer.
- Nem se atreva Ralf, eu vo ficar muito puta se você fizer isso! – Ela ameaçou.
- E eu me importo? – Ele respondeu com uma cara de sem vergonha. – Vem aqui Bianca! – Ele berra agora correndo atrás dela.
- Meu Deus, será que só eu é que não sou criança aqui? – Tati pergunta para si mesma. Pega a bola de vôlei e vai se sentar num banquinho.
Guto pegou sua mochila e jogou em cima da cama. Rapidamente procurou o seu aparelho eletrônico e o encontrou no fundo da mochila. Ligou-o e já discou os números para consultar o seu saldo. “Seu saldo é R$2,15.” Mostrou a mensagem na tela do seu celular. “Será que isso vai ser o suficiente pra ligar pro celular dela?” Pensou enquanto descia as escadas e saía da casa novamente. O jovem avistou sua prima sentada ali perto e foi até ela.
- Tati tenho dois reais e quinze centavos será que... – Ele é interrompido por um berro.
- PARA RALF PELO AMOR DE DEEEEEEEUS! KKKKKKKKKKKKKKKKKK – Era Bianca morrendo de dar risada. Ela estava caída no gramado com o Ralf por cima dela fazendo cócegas.
- Esses dois são malucos né? – Tati perguntou olhando para eles.
- Aham... Mas o que eu ia dizer é que será que esse saldo dá pra ligar pra ela?
- Dá, mas você só vai falar alguns segundos. O seu é Claro não é? – Ele afirma com a cabeça. – Então o dela é TIM ai vai gastar mais rápido.
- Tudo bem, me passa o numero aí.
Tatiane passa o número para Guto que já disca e escuta o tuuu da chamada. “Tá chamando” ele fala para a prima. Chama várias vezes, porém Nayara não atende. Guto tenta mais três vezes só que a ligação só cai na caixa postal.
- E ai?
- Só tá dando caixa postal, será que isso é motivo para nos preocupar com ela?
- Acho melhor sim. Se alguma coisa acontece vamos estar completamente ferrados. – A loira muda sua expressão para de preocupação.
- Mas como vamos procurá-la?
- Não faço a menor ideia. A gente poderia ir procurar o Paulo e o Pedro pra ver se eles imaginam onde eles estariam, que tal?
- Aham. Mas onde estes manés ficam?
- Acho que é aqui ao lado, vamos procurar.
Assim os dois saíram em direção ao rio do lado direito. Caminharam um pouco pela parte da construção e não avistaram ninguém. Guto berrou o nome dos dois rapazes, porém ninguém apareceu.
- Estranho não é? Paulo disse que eles estariam aqui hoje.
- Aff vocês acreditam demais nestes caras, como se eles fossem mega santos. – Guto reclama.
- Ué se uma pessoa te diz uma coisa geralmente você acredita no que a pessoa diz, ainda mais se ela parece estar sendo tão sincera. Eu não achei que ele estivesse mentindo sobre estar trabalhando aqui hoje, pra que ele faria isso?
- Vai sabe. – Respondendo dando de ombros. – O fato é que não dá pra confiar em ninguém muito menos nesses caras esquisitos. Um deles está com a Na e sabe-se lá o que ele pode estar fazendo com ela. – Ele fala bravo.
- Você acha mesmo que ele pode fazer algum mal a ela? – Tati pergunta com certo receio na voz.
- Melhor a gente não pensar no pior. Vamos lá chamar aqueles dois e pensar em alguma coisa.
Os dois caminharam até onde para a surpresa deles encontraram Bianca e Ralf se beijando encostados na mureta da casa da piscina. A princípio eles se entreolharam e ficaram sem graça de interromper eles, mas naquele momento o mais importante era saber o paradeiro de Nayara.
- Oh dois ai! – Guto chama a atenção. Sua voz saiu mais roca do que o normal.
- Ops! – Bia deixou escapar. Os dois por serem brancos ficaram visivelmente vermelhos de vergonha.
- Não é por nada não oh pombinhos inusitados, mas a Nayara pode estar com algum problema e precisamos descobrir aonde ela esta. Venham. – Todos perceberam quanto Guto estava sério.
- Cara parece que você levou um tiro! – Ralf exclama após o momento constrangedor.
- Dá pra parar de graça? Temos que pensar em alguma coisa.
- Falo então Super Hero, o que você pretende fazer?
- Acho que devemos procurar pelos lugares que conhecemos primeiro e depois voltamos pra cá. – Ele diz ainda pensando no plano.
- Bom eu acho que devemos esperar mais um pouco. A Na deve estar se divertindo e esqueceu-se do horário só isso. – Bianca comenta sem esquentar a cabeça. Guto a olha um pouco bravo, mas não responde.
***
- Mas pra esfriar um pouco a cabeça do Romeu aqui – Ralf fala dando uns tapinhas no ombro de Guto – vamos procurar aqui por perto então. – Todos erguem seus ombros e as mãos e fazem a mesma careta “Então tá né.”
Mesmo tendo ajuda de má vontade Guto ficou mais aliviado por estar indo procurá-la. A cada passo dado ele percebia uma coisa inesperada acontecer; ansiedade, preocupação, medo, tudo isso por ela, que ficou apenas uma única vez. O que estaria acontecendo com ele era seu frenético pensamento depois de onde ela poderia estar.
O primeiro lugar que eles procuraram foi o bar da Feiosa. Perguntaram da jovem pro atendente e ele respondeu que não fora nenhuma menina com outro garoto ali. Isso não afetou bruscamente Guto já que ele esperava não a encontrar por ali. Os jovens prosseguiram rumo ao centro da cidade. No meio do caminho tiveram alguns probleminhas. A rua em questão estava sendo reformada e máquinas transitavam pela mesma dificultando a passagem de todos. A solução encontrada foi de passar pela beira da margem do rio, na guia que já estava acimentada. Em fila indiana todos conseguiram passar pela rua e chegar à ponte sã e salvos.
Ralf e Bianca conversavam animadamente e às vezes trocavam alguns selinhos, que ao ver Tatiane ficava um pouco assustada. Guto se quer prestava atenção no que acontecia, sua atenção estava toda voltada para as ruas, bares, lojas, tudo que houvesse gente dentro.
- Guto você tá gostando da Na? – A pergunta o pega de surpresa.
- Hein?!
- Você tá gostando da Na? Tipo afim dela?
- Ahn, é, ah Tati sei lá. Por que a pergunta?
- É que parece um pouco óbvio o seu imenso interesse por ela. – Tati fala com um tom de sarcasmo.
- Aaah fala sério, você me conhece Tati, meu interesse é passageiro, nunca fiquei com uma menina mais do que alguns meses. Só acho que vocês deveriam se preocupar mais com a amiga de vocês, caso contrário tá todo mundo fudido aqui. – Ele tenta parecer o mais sincero possível.
- Não vejo razão alguma para haver tanta preocupação. Com certeza a Na sabe se cuidar e se tivesse rolado algo de errado já saberíamos. Você não a conhece, por isso tá agindo assim. – Tati joga verde pra tentar colher maduro. Em seus pensamentos se Guto ficasse curioso para saber como a amiga é ele de fato estaria afim dela de verdade.
- Independente do jeito que ela seja alguém aqui tem que ser o responsável e já que vocês não são maiores de idade ainda eu vou assumir, então não enche o meu saco ok? – Guto apesar de ser um pouco criança às vezes não era de todo lerdo assim. Conviveu todas as férias escolares da sua vida com os dois primos e de certa forma conhecia o jeito deles. Quantas vezes Tati já tentou fazê-lo falar alguma coisa nos jogos? Era típico da prima.
- Oow, ok então. Não precisa ser o grosseirão comigo não tá? – A loira fica emburradinha.
- E ai meu, vocês estão brigando? – Bianca pergunta ao perceber o clima dos dois ao seu lado.
- Relaxa Bi, eu sei o que tá rolando e aposto que um dos dois perdeu alguma coisa ali, KKKKKKK. – Ralf descontraiu o ambiente e todos voltaram a ficar de boa.
- Aiiin olha ali Tati, aquela loja. A bolsa vermelha, que lin-da!! – Exclamou a morena.
- Onde Bia?
- Ali ó, depois da locadora.
- Ah é mesmo! Nossa, linda mesmo, vamos lá dar uma olhadinha? – A loira nem esperou a amiga responder já a pegou pela mão e as duas foram animadamente ver a bolsa na vitrine.
- Ei ei ei, temos que procurar a Nayara, voltem aqui! – Berra Guto.
- Vixi primão, esquece, elas não vão voltar nem se a sua amada aparecesse aqui. – Ralf brinca.
- A minha o que?
- Nada não to zuando.
- Sei. – Faz cara de desconfiado.
- Ow relaxa Guto, não rolou nada com a Nayara, ela tá bem. Será que você não sacou que só você tá preocupado? Borá, vamos deixar elas se divertirem com essas frescurites de mulher e vamos sentar ali naquele barzinho. – Ralf passa seu braço no ombro do primo e o guia até o lugar desejado. Ambos se sentam.
- Cara sei lá o que tá havendo comigo. – Desabafa o jovem alto.
- Isso se chama paixão meu caro amigo. – Ralf responde como se acabasse de descobrir um mistério. Estilo Sherlock Holmes.
- Para de sacanear Ralf, to falando sério. Nunca fiquei desse jeito por garota nenhuma. Nem pela Júlia que namorei por seis meses. – O rapaz passa a mão no cabelo e a para na nuca.
- A Júlia era só fogo de palha Guto, eu sabia que tu não estava afim dela. Fala aí, estava com ela só por que era gostosa né?
- Era. – Os dois riram. – Sinceramente, não faço a menor ideia de como consegui ficar tanto tempo com ela assim. O menina chata, puta merda.
- Ainda bem que essa ai eu não conheci se não teria feito muita maldade. – Ele ri e cutuca Guto. Este já sabia do que ele estava falando.
- Então você acha que eu to apaixonado, é isso?
- Com certeza.
- Merda.
- Po cara pensa pelo lado bom, não é tão ruim assim. - Ralf tenta conter o riso. Guto o estapeia. - Ow isso dói... - E continua rindo.
- Com licença, os dois vão querer alguma coisa? - Um garçom surge ao lado do loiro já segurando um bloquinho e uma caneta para anotar o pedido.
- Na verdade eu vou querer sim, manda pra mim uma certeza bem gelada falow? E de preferência Skol.
- Desculpe-me senhor, mas não temos Skol.
- Porra, era só o que faltava... Então me ve a Brahma. - Ralf pede com certo desgosto pela escolha.
- E o senhor?...
- Eu não quero nada, valeu. - O garçom se retira. Guto olha para Ralf um pouco assustado. - O que foi isso ai Ralf?
- O que? Só pedi uma cerveja, não posso?
- Pode, mas por que ficou bravinho com a falta da Skol? - Agora quem estava contendo o riso era Guto.
- Aaaah não vem não Guto... - Seu primo sem uma resposta fica quieto.
- Ih, olha lá, elas compraram a bolsa. - Guto aponta para o lado oposto da rua.
- Espero que tenha sido a Bia, porque se for a Tati alguém aqui vai ficar encrencado. - Ralf comenta.
- Oi meninos!
- Oi...
- Olha só Ralf que bolsa linda! Ela foi feita a mão acredita? - Bianca mostra com entusiasmo a bolsa para o loiro.
- Aham, uma gracinha. É sua ou da Tati?
- É lógico que é minha, a Tati ficou sem opção para comprar. - Bianca responde sem perceber o que falara tamanho o entusiasmo em ter comprado a bolsa.
- Finho, não tem a menor possibilidade pra eu comprar também?
- De jeito nenhum! O papai vai ficar uma fera se souber que você comprou uma bolsa de... Qual é o valor mesmo?
- R$ 55,00. - A morena responde.
- Porra! - Guto e Ralf falam ao mesmo tempo. - Ela foi feita com o que? Couro de animal? - Ralf questiona.
- Ela é de um tecido finíssimo tá? Por isso que é tão cara.
- E eu sou feito de madeira, fala sério ein... - Nesse momento o garçom aparece colocando sobre a mesa a bebiba e o copo.
- Mais alguma coisa? - Ele pergunta olhando para as novas companhias.
- Olha, eu vou querer um suco de laranja natural sem açúcar e com dois cubos de gelo.
- Sim senhorita. - Ele fala anotando o pedido.
- Pra mim nada, obrigada. - Ele assente e se retira.
- E ai desistiram de procurar a donzela em perigo? - Tati pergunta com tom de ironia.
- Caralho vocês vão infernizar a minha vida até o final dessa viagem né? Puta que pariu. – Guto da um soco na mesa causando um barulho alto.
- Hei ei ei, calma ai bonitão. Só estamos zuando, qual é? A Nayara tá mexendo mesmo com a sua cabeça né? Nunca foi de explodir assim com brincadeiras. – Ralf argumenta estranhando a atitude do primo.
- É que tá foda meu, já passam das 13 horas e nada dela dar notícias e vocês aí só querendo saber de gastar – aponta para Bianca e sua bolsa vermelha – beber – aponta para Ralf que virava o copo e se servia de um gole – e fazer piadas – aponta para Tati – como se não houvesse nada acontecendo aqui. – Ele para e respira.
- Sabe o que tá rolando aqui? – Ralf fica frente a frente com ele e agora ele estava com o semblante sério. As duas meninas deram mais atenção.
- O que, você pode seriamente me dizer?
- Tá rolando que você esta amarradão na Nayara e tá puto da vida porque ela esta com outro cara nesse momento fazendo alguma putaria com ele e não você. Essa é a verdade. – O loiro se serve de mais um gole, repousa os braços no apoio da cadeira e fixa o seu olhar no outro lado da rua.
- Quer saber? Foda-se o que vocês acham eu vou to voltando pra casa. Fiquem ai se divertindo. – O robusto jovem se levanta todo furioso e vai embora.
- Pra onde você tá indo? – Tatiane grita.
- Pra qualquer lugar. – Ele responde ainda andando.
- Caraca, o Guto tá tenso mesmo né? Achei que fosse só uma coisa de momento... – Bia comenta com os dois a sua frente.
- Até pra gente isso tá sendo estranho, ele não faz essas coisas. – Ralf fala.
- Melhor deixar ele um pouco sozinho... Acho que nem ele tá conseguindo assimilar a ideia dele e da Nayara. – Tatiane acrescente. Ralf e Bianca concordam e começam a conversar sobre outro assunto.
- Ciúmes... – Guto resmunga para si mesmo. – Só me faltava essa... – Ele caminha sem perceber para onde esta indo. – O foda é que eles tem razão, to super afim da Nayara e ela com outro cara tá me matando. – Ele cerra o punho. – Já sei o que vou fazer. Vou voltar pro condomínio e ligar pra ela se não der em nada tomarei providencias.
Determinado Guto apressa os passos e elabora mais alguns pensamentos.
Enfim Nayara e Ricky chegaram ao condomínio. Os últimos minutos que eles passaram dentro do carro foram de pura conversa sincera e amigável. Com certeza depois que Nayara voltar para sua cidade ela manterá contato com Henrique. O carro é estacionado e desligado.
- Então chega de mal entendidos? – Henrique pergunta estendendo a mão.
- Com certeza! – Nayara sorri e aperta a mão dele.
O jovem a puxa para um abraço repentino. Como qualquer reação normal, Nayara buscou se afastar, mas fora impedida, pois Ricky a segurou mais forte. Em meio aos risos ela pedia para ele soltar e tudo acabou virando uma brincadeira. Quem não esperava ver essa cena era Guto, que se aproximava e a assistia. De primeiro momento ele achou estranho e ao chegar perto do carro escutou Nayara gritar para ele a soltar. Num ato impulsivo, o rapaz corre abre a porta do carro e puxa Henrique para fora dando logo em seguida um murro no meio do rosto do rapaz.
- Guto o que você tá fazendo? – Nayara sai do carro e busca afastar Guto do Ricky que se encontrava sentado no chão com a mão onde fora acertado.
- Ele estava te forçando a alguma coisa só salvei tua vida! – Berra.
- Deixa de ser louco, ele estava brincando comigo! – A moça se abaixa para prestar socorro ao jovem caso fosse preciso. – Você esta bem Ricky? – Guto deu uns passos para trás um pouco confuso e observou.
- Tudo bem Na, não foi nada sério.
- Ain, tá sangrando.
- Tá, mas não faz mal. – Ele se levanta com a ajuda dela. Nayara olha séria para Guto na intenção de recriminá-lo. O rapaz simplesmente ignora tudo e entra no condomínio.
- Quer entrar? Eu faço um curativo.
- Não não, valeu Na. Eu já to indo nessa.
- Tem certeza? Eu posso te ajudar, é o mínimo depois da cena de hoje. – Ela sorri encabulada.
- Já disse pra esquecer isso e eu to bem. – Ele insiste.
- Tudo bem então... – Ricky se aproxima da jovem e deposita um beijo em seu rosto seguido de um abraço bem forte. Ele sussurra na orelha dela.
- Vou sentir sua falta... – O ar quente provocou um arrepio na parte esquerda do corpo dela, ponto fraco como ela costumava dizer.
- Eu também vou. – O afasta um pouco e devolve o beijo. – Vê se não vai se esquecer de ligar pra mim, mandar mensagem o que for. Estarei esperando. – Ela pisca.
- Pode deixar senhorita. Se cuida ai com o garotão hein, não vai fazer nada de errado... – Ele a olha com aquela intenção de malícia, Nayara já devia esperar. Acenou ao vê-lo partir.
- Pois é, agora é a hora da verdade. Aiin anjo da guarda me protege hein? – Ela pedia enquanto entrava no condomínio. – Não estava preparada pra isso assim tão do nada. Era só curtição... – Tentava se convencer. Com a cabeça nas nuvens, ela não percebeu que Guto estava deitado na beira da piscina e entrou na casa. – Essa é a hora, você consegue Nayara. Não vai ser tão difícil assim. – Encorajava-se.
Subiu as escadas devagar e ao pisar no último degrau viu que ele não estava no quarto. Pensou aonde ele poderia estar e concluiu que havia um único lugar que ela não tinha visto ainda: a piscina. Aproximou-se da janela e lá estava ele, deitado, mais jogado na opinião da jovem. “Devo ir?” Perguntava-se. Não se sabe como e nem o que aconteceu naquele momento, Nayara apenas sentiu uma força dentro dela que não tinha controle, sem que ela pensasse seus pés já estavam descendo as escadas e saindo da casa. Suas mãos tremiam e sua barriga se revirava. Mas nada disso impediu que essa força estranha parasse seus pés que caminhavam por conta própria.
A uns cinco metros de distância do rapaz ela parou. Ficou o olhando, sem reação, com o coração disparado e a única vontade que realmente sentia a de estar junto dele ali. Não se sabe ao certo por quantos minutos ela permaneceu desta forma, Guto não havia percebido a presença dela ali ainda e por fim a palavra saiu de sua boca.
- Guto... – Ele se assusta e quase cai na água. – Ai meu Deus – Nayara vai até ele para ajudar. Pega sua mão e a deixa como apoio para ele se levantar.
- O que que foi? Ele já te dispensou? – Ele pergunta com ironia ajeitando a roupa que estava com algumas folhas presas a mesma.
- Aff por favor, Guto menos vai. – Ele faz uma careta, mas não diz nada. – E dificuldade, tá louco. – A jovem reclama e vai se sentar na mureta da casinha da piscina deixando-o para trás. Vendo que ele não a seguiu fica a mirá-lo.
- Você ia falar alguma coisa? – Ele pergunta retirando a camiseta. Nayara não sabia se prestava atenção no que ele dizia ou no seu corpo fascinante.
- Eu... Eu ia te falar alguma coisa? – Ela pergunta confusa, já se esquecerá o que ia dizer a ele. As palavras fugirão.
- Parecia, pra ter me assustado daquele jeito. – Comenta. Sem esperar qualquer resposta por parte dela ele mergulha na piscina. Por ser muito alto Guto não precisava voltar à superfície e dar algumas braçadas para chegar à outra borda da piscina, então assim que emergiu já estava na mesma.
- Ótimo mergulho, fez natação? – Nayara perguntou desviando o olhar que Guto lançava para ela, e que se ela mantivesse a altura a prenderia definitivamente.
- Não, foram os anos de surf.
- Você surfa? Não conhecia esse seu “dote”. – Ela ri, mas não o olha.
- Tá me evitando é?
- Hã? Como assim? – Ela o olha rapidamente, mas logo abaixa a cabeça. Guto ri e sai da piscina. De propósito ele sacode o cabelo e as mãos em cima dela para molhá-la. – Aaaah seu maluco, pensa que esta fazendo o que? – Nayara resmungava.
- Estou tentando te molhar, não é óbvio? – Ele faz cara de dã para ela, que acaba rindo. Ele senta-se ao seu lado.
- É, um pouco óbvio sim...
- E ai, como foi a sua noite? – Guto pergunta olhando para as árvores tentando não parecer interessado na resposta.
- Ah foi muito legal. Conversei bastante, dei uns beijos... – Ela se cala. No fundo sabia qual era a origem daquela pergunta e queria provocá-lo.
- Só beijou? KKKKK Achei que você fosse a bambambã. Eu curti com tudo que tinha direito. – Ele diz todo convencido. Ela o olha com uma das sobrancelhas arqueadas desconfiada.
- Aham, sei.
- To te falando, você nem sabe o que aprontaram hoje pra gente. Estava curtindo todas na casa do Ricky. – Diz enfatizando o nome do rapaz.
- O que aprontaram? – Pergunta toda curiosa.
- Sabe como é né, eu e o Ralf trouxemos umas gatinhas pra cá ontem e fizemos a nossa festa lá no quarto. O que não esperávamos era ser acordados com um monte de barulho. Pegaram a gente no flagra. Todo mundo pelado, KKKKKKKKK. – Nayara o olhou, totalmente espantada.
- Sério? Não acredito.
- To falando.
- KKKKK Além de fazerem coisa errada no lugar errado foram pegos. Tem que aprender a ser discreto como eu... – Agora era a sua vez de virar o jogo.
- Coisa errada? Não pareceu ser tão errado assim há uns dois dias... – Ele penetrou seu olhar bem fundo nos olhos dela.
- Cada caso um caso. – Ela defendeu-se.
- Mas você também fez coisa errada, então você não pode me julgar.
- Só que vocês foram pegos e eu não. – Rebate.
- Então você afirma ter feito sexo com aquele cara? – Por um segundo Nayara jurou ver um olhar de fúria brotar em Guto.
- Não sei...
- Tenho certeza que fez você é tão safada quanto eu.
- Só porque transei com você no mesmo dia em que o conheci não me faz ser uma safada, no meu ponto de vista foi uma aventura.
- Que não perde o sentido de ser safada.
- Mas as duas coisas são diferentes.
- Me explica isso então.
- Ser aventureira é aproveitar o momento, a emoção de alguma coisa inesperada, inusitada, que tem um pouco de perigo e ser safada a mulher não ter a menor decência e liberar pra qualquer um. – Nayara se levanta e caminha em direção a piscina. Para diante da mesma e fica a olhar seu reflexo na água azul celeste.
- Então você é as duas. – Concluiu ele. – Ficou comigo por aventura e deu praquele cara por safadeza. – Ela o olhou brava e respondeu.
- Para a sua informação meu querido, eu não dei nada pra ninguém noite passada, ao contrário de você que deve ter fodido umazinha. – Guto sorriu, pois enfim conseguiu o que queria deixá-la enciumada. Ele espera ela voltar a olhar para a piscina e de mansinho foi chegando perto. Antes que ela percebesse sua presença a abraçou pela cintura e colou seu corpo no dela.
- Então assim é ser aventureiro é? – Ele sussurrou no pescoço dela lhe causando arrepios. Descompassada Nayara não conseguiu responder. – Você me deixou louco essa manhã inteira sabia? – Ele provocava e alisava a barriga dela.
- E como? Se eu não estava aqui? – Perguntou baixinho.
- Exatamente por isso, por não estar aqui comigo. Fiquei louco de raiva por saber que você poderia estar entregando esse corpo gostoso – Apertou ela contra o seu corpo. – para aquele idiota sendo que devia estar entregando a mim.
- E por que eu deveria fazer isso? – Agora ela já estava domada e só se entregava as caricias dele.
- Porque você sabe, eu sei que aconteceu com você também. – Essa resposta a tirou do transe e se virou de frente para Guto.
- O que você quer dizer com isso? – Ele não respondeu, mas colocou sua mão sob o peito esquerdo dela bem em cima do coração. Nayara observou o movimento e compreendeu o que ele queria dizer, só não iria falar que sim. – Não entendo...
- Você... – Ele disse se aproximando da orelha dela e parando no destino final. – Aquela noite me deu uma coisa que eu jamais tinha ganhado de uma menina antes.
- Guto... – Nayara ia interromper, porque pelo que ela estava entendendo daquilo, ela tivera apenas sido uma garota excepcional em alguma coisa e ele queria um repeteco, mas fora impedida pelo dedo dele que a silenciou.
- Calma, não terminei. – Posicionou sua mão na cintura dela e a outra no ombro e prosseguiu. – Você deu para a mim o seu amor – Nesse momento a palavra amor atingiu em cheio o seu coração. – a sua essência, todos os seus sentimentos e hoje, hoje eu quero mais do que tudo dar a minha existência para você, porque eu estou apaixonado por você e quero muito que também esteja apaixonada por mim. – Ele a olha e sorri e no mesmo instante ele começa a mexer seu corpo e Nayara naturalmente segue os seus movimentos.
O que se iniciou ali foi uma dança. Uma dança sem música e sem coreografia, que bailava singelamente sobre o chão de mármore e abaixo do Sol caloroso. O vento uivava entre as folhas das árvores e passarinhos cantavam ao longe. Os dois se abraçavam carinhosamente sentindo o coração um do outro. Os dois batiam ao mesmo tempo sinalizando a união que se formará. Nayara se sentiu amada pela primeira vez na vida e Guto sentiu o amor pela primeira vez na vida. Aos poucos ele foi parando a dança sem tirar o seu olhar do dela. Já parados ele propõe uma coisa.
- Vamos mergulhar? – Sorri.
- KKK, claro que vamos! – Ela ri e tira sua roupa sem se importar em ficar de calcinha e sutiã. Guto tira a bermuda ficando de cueca e logo estavam debaixo d’água se beijando apaixonadamente.
E quem numa hora dessas poderia se importar com o mundo a fora? Nayara e Guto só conheciam a eles e a água naquele momento. Os abraços, os beijos, as caricias aconteciam como se fosse a primeira vez que eles estivessem se conhecendo. E o que seus corpos mais ansiavam naquele momento aconteceu. A fusão dos dois acontecerá naturalmente e sem pressa. De minuto em minuto eles retornavam a superfície em busca de mais ar e assim que obtinham retornavam para baixo d’água. Eles se amaram profundamente como se fosse a última vez que estariam juntos. Nayara percorria todo o corpo dele com as mãos e não parava de beijá-lo. Guto por sua vez acaricia os seios da jovem e às vezes seu bumbum também. Era momento intenso, de brincadeira, de amor, de serenidade. Simples assim.
O fim daquela tarde chegou assim para os dois, cheia de descobertas. Depois de se amarem dentro d’água o casal saiu da piscina e foram para a casa. Tomaram banho juntos, que por sinal se amaram mais uma vez e depois ficaram deitados na cama só conversando e curtindo o momento.
Ralf, Bianca e Tatiane voltaram para o condomínio e se depararam com uma cena engraçada: Nayara e Guto deitados na cama cochilando!
- E AAAAAAAAAAI CASAL! – Berrou o loiro bem perto do casal. Esses por sua vez acordaram no susto.
- Caralho Ralf, você tem merda na cabeça é? – Guto perguntou coçando a cabeça e localizando de imediato Nayara.
- Ele é idiota mesmo Be, já conhece. – Nayara responde e deposita um beijo no rosto de Guto.
- Be? – Tatiane e Bianca perguntaram ao mesmo tempo.
- É, Be.
- E que que isso significa? – Bia perguntou um pouco assustada.
- Be de bebe Bia, você sabe disso. – Nayara respondeu estranhando a surpresa das amigas.
- Bebe Na? Mas não to entendendo... – Tatiane ainda raciocinava o que poderia estar acontecendo ali.
- Vou esclarecer pra vocês uma coisa. – Guto começou interrompendo Nayara de dar a resposta. – Minha princesa e eu estamos juntos agora ficou mais claro? – Ele perguntou um pouco estressado e puxou a jovem ao seu lado para um abraço bem gostoso.
- Eita... – Os três fizeram uma cara de espanto, mas logo foram se acostumando a novidade tão repentina.
- Então tá bom! – Ralf quebrou o silêncio. – Mas eu quero saber o que vamos fazer pra terminar essa semana com chave de ouro! – Exclamou.
- É verdade né... Passamos a tarde toda batendo papo no bar que nem paramos pra falar sobre isso. – Bia comentou.
- Vocês ficaram lá mesmo own? – Guto perguntou, já que sabia onde eles estavam.
- É, essas duas ai não paravam de falar caralho... – O loiro resmungou tentando disfarçar.
- Que que você tá falando ai Finho? – Tatiane perguntou se aproximando do irmão com uma cara muito puta.
- Nada não. – Sorriu da forma mais cínica que podia.
- Bom mesmo.
- Isso não vem ao caso pelo amor ¬¬ - Bianca atrapalhou a briga de irmãos.
- Acho que tive uma ideia! – Nayara exclamou depois de pensar em alguma coisa para fazerem que marcasse de fato aquela viagem.
- E o que que você sugere Na?
- Que tal a gente ir comer uma pizza e depois dar um role lá pelo micro centro tem coisas que não chegamos a ver...
- Aaah isso Na? Achei que ia ser alguma coisa de pá! Arrasar. – Tati se lamentou.
- Pensa em coisa melhor nerd! – A jovem deitada a mirou com um sorriso sacana.
- Vai te catar! – A loira retrucou.
- Vamos parar né? Enquanto vocês discutem a gente perde tempo... – Nisso a morena olha para o relógio e se assusta. – Caramba meu! Já são 6:15 da tarde!
- Sério? – Todos perguntaram assustados.
- Aham.
- Quem não tem ideia melhor concorda com a minha? – A castanha perguntou.
- Eu aceito princesa. – Guto logo confirmou e selou seus lábios com os dela.
- Eu também. – Ralf respondeu dando de ombros.
- Por mim... – Tati falou.
- Ah eu quero sim! – Bia respondeu toda animada dando saltinhos, que acidentalmente tropeçou no pé da Tati e esbarrou no Ralf.
- Eu sei que tudo isso é amor por mim, mas não precisa ser em publico né Bia? – Ralf brincou, mas no fundo...
- HAHA engraçadinho. – Bia responde dando um tapa no ombro dele, se ela pudesse...
- Bom pombinhos vamos nos arrumar pelo amor de Deus? – Disse Nayara se levantando e pegando sua mochila.
- Com certeza! A gente vai tomar banho? – Bia perguntou.
- Ah, sinceramente? Eu não vou KKKK. – Nayara respondeu olhando para Guto com cumplicidade.
- Eu também não. – Ele sorriu.
- Bom, eu vou! Estou um caco. – A morena disse com as coisas nas mãos e descendo as escadas.
- Ah, eu não vou. Quando voltar eu tomo banho, estou com uma preguiça. – Tati falou sentando na cama ao lado do seu primo.
- Vai logo Bia eu quero tomar também! – Ralf berrou do alto da escada.
- O.K
- Então vocês podem me explicar o que aconteceu? – A loira perguntou ao ver Guto e Nayara se beijarem.
- Como assim? Não aconteceu nada... – Guto beija Nayara na testa.
- Ah claro! Uma fada do amor passou durante a noite de sono de vocês e puf! Hoje quando acordaram estavam apaixonados! Me poupe. – Tati falou ironicamente.
- É o seguinte: a gente ficou no primeiro dia que o Guto chegou, teve aquela discussão besta e a saidera. Quando eu acordei hoje me deparei com o Ricky deitado do meu lado e como ele tinha as mesmas feições que o Gu aqui e aquilo me despertou uma coisa que nunca tinha sentido antes. – Nayara disse de forma simples, objetiva e carinhosa olhando para Guto.
- UAU! Nunca tinha visto você falar assim Na, e olha que nos conhecemos desde a sétima série. – A loira falou totalmente surpresa.
- Pra você ver como a coisa é séria. – A castanha respondeu arqueando as duas sobrancelhas.
- Tá, muito bonito, mas e você Guto? Justo você, o pegador, o rei.... – Ralf perguntou um pouco incrédulo ainda.
- A primão nem sei explicar... – Ele olha para ela. – Tipo, rolou sabe? Nem se eu conseguisse explicar pra você eu não teria as palavras certas pra dizer. – Dito isso ele segurou o queixo da jovem e a puxou para mais um longo beijo.
- Aaaargh! Ok, já entendemos então. Não sei você Finho, mas eu to indo lá pra baixo colocar a minha roupa e comer alguma coisa, você vai ficar ai?
- Não, to indo junto. Só vou pegar uma camiseta mais foda que eu trouxe. – O loiro a procura em sua mochila e desce as escadas.
- Vocês vão se trocar lá embaixo juntos? – Nayara parou o beijo rapidamente e perguntou assustada.
- Que?! – Os dois irmãos falaram. – Lógico que não Na, que ideia de girico! – Tatiane falou com uma cara de tipo “Como assim?”
- Ah tá, mas como você vai se trocar?
- Eu vou pedir licença pra Bia no banheiro, já o Finho vai ter que se virar HAHA.
- “HAHA”, engraçadinha. Eu me viro mesmo. – Ele fez cara de aff e desceu.
- Fui. – Tati foi logo atrás.
- Agora que estamos sozinhos você vai ter que fazer uma coisinha pra mim Be... – Nayara sussurrou perto da orelha de Guto.
- Ah é princesa? E o que é? – Ele lançou um olhar malicioso.
- Vai ter que ajudar eu a escolher uma roupa! – Do nada ela pulou da cama rindo e abrindo a mochila novamente tirando três vestidos que trouxera.
- Aaah você tá brincando? – Ele perguntou desapontado.
- Não fica assim com esse biquinho pra mim não – Ela falou indo depositar um selinho no biquinho dele. – Mais tarde você vai ver que não foi em vão. – Ela sorriu.
- Huuum, então tá bom. Mostra pra mim.
Assim Nayara ergueu no alto o primeiro vestido. Vermelho com um decote em V e lantejoulas no busto descendo até a lateral direita da cintura. Guto olhou, observou de todos os ângulos possíveis, vermelho era a cor que ele mais adorava nas mulheres, mas nela não era somente sensual, era fascinante e decidiu que não. – Por que não? Achei que tinha gostado! – Ela perguntou assustada. Guto não respondeu, apenas pediu para mostrar o outro e assim ela fez. Ergueu outro vestido, agora branco com um estampado de folhas verdes claro. Não tinha um decote muito aberto, era uma gola V mais comportado. Abaixo do busto uma tira de elástico próprio do vestido dava a sustentação perfeita para os maravilhosos seios da jovem, como Guto achava e de resto o tecido caia solto e com a impressão de que se o vento batesse ali tudo subiria. Neste ele ficou um pouco na dúvida. Estava perfeito nela, mas faltava algo. Nayara pegou o último. Era um preto balonê com o busto de renda verde. Na mesma hora que Guto bateu os olhos nele já se decidirá.
- Nem precisa colocar, é esse ai.
- Caramba, e por quê?
- Porque eu tenho certeza que ele vai ficar ótimo nesse corpo gostoso que você tem. – Ele disse puxando-a contra o seu corpo. A abraçou forte e a beijou serenamente.
- Ok ok ok, então vou me trocar. – Ela interrompeu o beijo e pegou o vestido. Na frente dele mesmo tirou a sua roupa (de forma sensual, que fique claro rs) e colocou o vestido. Pediu a ajuda dele para fechar o zíper atrás. E assim o fez sem evitar de alisar a cintura dele e aperta seus seios. – Bobo... – Ela comentou e se virou.
- Bobo por você. – Ele disse.
- E eu por você amor. – Nayara disse sem se dar conta do que falará.
- Você me chamou do que? – Guto perguntou tentando conter um sorriso.
- De... – E então ela percebeu. – Ops!
- Vai fala, quero ouvir.
- De amor. – E virou o rosto.
- Por que fez isso? – E puxa o rosto dela.
- Ah, não sei... Fiquei sem graça eu acho. – Ri.
- Mas não teve graça. – Ele fala olhando sério.
- Ah, desculpa :x Sabe Gu... Sempre me peguei sonhando em dizer isso a alguém, de verdade e acho que inconscientemente é isso que aconteceu.
- Você acha?
- Sim.
- Tem certeza?
- Tenho por quê? – Se assustou.
- Porque pra mim não é acho, é certeza gatona! – E a abraça forte. – Eu estou doido pra te chamar de amor, de vida, de tudo! – E começa a rir.
- Ah é? *-* E por que tá rindo agora?
- Porque se alguém ouvisse falando isso me zoaria até a morte! A minha fama de pegador é muito forte sabe?
- Aham. – E Nayara emburra a cara.
- Que foi? Não gosta de ouvir sobre a minha fama de pegador? – E troca seu tom de voz pra mais sedutor e a abraça com jeitinho pela cintura.
- Não. – Ela responde com manha.
- Ah é? Agora eu sou seu pegador? – Ele sussurrava na orelha dela causando-lhe arrepios.
- É... – Ela respondia como se estivesse gemendo e Guto só reagiu de uma forma.
Rapidamente ele puxou Nayara para a cama e caiu sobre sem com todo cuidado para não machucá-la. Beijava-a freneticamente e sua mão explorava mais e mais aquele corpo que tanto lhe pertencia agora. A jovem por sua vez não perdia tempo, suas mãos já estavam por baixo da camiseta dele arranhando e apertando suas costas devidamente malhadas. Ainda que o desejo naquele momento para eles fossem de arrancar tudo e se amarem mais uma vez eles sabiam que teriam de parar logo o amasso. Vozes começaram a se manifestar mais alto lá embaixo e logo logo os três iriam subir. Depois de mais uns beijos Guto se levantou e a ajudou a fazer o mesmo. Observou Nayara se produzir e só trocou o chinelo por um tênis. A roupa seria a mesma.
Finalmente a castanha estava pronta. O vestido balonê preto com o busto de renda verde que Guto escolhera uma sandália de salto preta, o seu par de brincos favorito, duas bolinhas de brilhantes, uma maquiagem leve e o cabelo solto.
- É... Definitivamente você esta uma princesa. – Ele comentou.
- Obrigada amor, você também esta fabuloso.
- KKKK valeu por querer me bajular, eu sei que não estou tão bonito assim. – Responde sem graça.
- Que nada Gu, você nem precisa de muita coisa, só essa roupa e essa sua beleza já são o suficiente pra parar qualquer multidão. – Ela sorri e cruza seus braços na nuca dele.
- Mas a única pessoa que eu quero fazer “parar” é você. – E mais uma vez eles se beijaram. Alguns minutos se passam.
- Epa epa, ainda estão nessa melação toda? Vamos nessa! – Ralf parou no último degrau olhando pros dois ainda sem acreditar muito.
- Falo primão, já estamos indo. – Guto o olha com uma cara de “Cai fora daqui” discretamente e Ralf compreende o sinal retirando-se.
- O cara mala!
- KKKKK olha que engraçado, eu também o chamo assim. – Guto comenta e os dois riem. – Bom, mudando de assunto... – Ele segura as mãos dela e fixa seu olhar no dela. – Nayara, hoje você mudou totalmente o meu mundo e eu não quero que a gente saia daqui hoje sem ter uma coisa concreta pra oficializar isso então... – Ele solta as mãos dela e retira do seu pescoço o colar que carregava consigo desde os quinze anos. Uma corrente fina de prata carregando um pingente de prata também no formato de uma prancha. – Eu tenho essa corrente há 4 anos e ela é tudo pra mim, não vou a lugar nenhum sem ela e pra mostrar que o que eu digo é a mais pura verdade eu quero dá-la a você como prova do que sinto por ti e como símbolo do nosso namoro. – A última palavra surpreendeu Nayara que estava num transe devido a emoção.
- Do nosso namoro? Isso quer dizer que... ?
- Você quer namorar comigo? – Ele perguntou enquanto estendia a corrente para prender no pescoço dela. Nayara ficou sem palavras e a única coisa que fez foi se virar para ele fechar devidamente. Guto encosta-se a ela com carinho e sussurra em seu ouvido. – Quer? – E finalmente ela conseguiu dizer que sim. Ele a abraça fortemente e beija seu pescoço. Eles ficam naquele momento por uns minutos até serem interrompidos por um berro.
- Ai porra vocês vem ou não? – Ralf berra e é recriminado por Bianca que diz que ali tem conhecidos do pai dela.
- Você era o sonho que procurava e hoje ta se realizando bem aqui. – Ela falou ao se virar para ele.
- E você é a mulher com quem quero me casar um dia.
Assim os dois se abraçaram e desceram as escadas. Tudo estava se tornando diferente agora e o que era pra ser uma simples viagem se tornou muito mais na vida daqueles jovens.
Caminhando pela rua serpente, como os jovens acabaram chamando-a, eles conversavam animadamente. Aos poucos moradores daquela rua discretamente saiam de dentro de suas casas para ver o que era tanto barulho e descobriam ser turistas. Novidade para eles, já que presenciavam isso sempre. E como se já não bastasse os tratores e a construção da ponte de dia né? Enfim, lá estava a ponte em reforma e a rua de terra, buraco e materiais de construção. Havia um detalhe nisso tudo que eles não tinham percebido ainda. Paraty apesar de ser uma cidade litorânea ela sofria mudanças de tempo muito rapidamente. A tarde tinha sido de um Sol caloroso, mas a noite nuvens cinza e aparentemente carregadas foram se apoderando do céu estrelado e uma chuva prometia para aquela sexta feira. Porém ninguém notou.
- Quer uma ajudinha pra passar pela taboa Bia? – Ralf se ofereceu ao perceber que a morena estava com medo de atravessar a gambiarra que os construtores fizeram para passar por uma grande fissura no chão.
- Se você não me zoar depois tudo bem. – Ela disse rindo estendendo a mão para Ralf.
- Uma pena não ter encontrado o Paulo para convidá-lo também, pelo menos não ficaria de vela. – Tatiane reclama com uma cara de tacho enquanto seguia atrás de Guto para atravessar a madeira no chão.
- Para Tati, você esta entre amigos não tem essa de vela. – Nayara dizia enquanto ajudava a amiga a atravessar com segurança.
- Tá eu sei Na, mas vocês vão ficar conversando em duplas e eu moscando entre os quatro. – Seus braços gesticulavam no ar e sua expressão era de não estar nada contente com a situação.
- Bianca! – Nayara berra para chamar atenção da morena que já estava quase no meio da ponte. Ela olha pra trás. – Vem cá.
- Que foi? Mudaram de ideia? – Ela perguntou enquanto se aproximava e percebia a tensão na cara das duas amigas. – Eita alguém se machucou?
- Não, mas a sua amiga aqui esta de frescura aqui.
- O que foi Tati? – A morena cruza seu braço no braço da amiga.
- Nada não Bia, a Na que fica inventando história.
- Não é nada disso Bia, a Tati esta reclamando que vai ficar sobrando só porque estamos em duplas e ela não, pode uma coisa dessa? – Nayara falava recriminando a loira.
- Aff... – Tati resmungava e a essa altura Ralf e Guto pararam um pouco depois das meninas ignorando o assunto e conversando entre eles.
- Vamos fazer o seguinte senhorita Tatiane, nós vamos encontrar um cara bonitão e você não vai ficar sozinha! – Bianca exclamou.
- Ótima ideia Bia! – Nayara apontou o dedo para a amiga demonstrando a genialidade da ideia da amiga.
- Quer saber? Esqueçam! Eu não quero saber de mais nada não, finjam que não escutaram as minhas reclamações... – A loira se desgrudou e seguiu em direção ao irmão e ao primo. Chegando perto ela sussurra. – Bem que vocês podiam me ajudar né? Po Finho será que você não sabe cuidar da sua irmã direito não? Olha a tortura que aquelas duas estão fazendo. – Os dois apenas riram.
- Para de ser besta Tati, elas estão certa você tem que curtir, sempre ficou em casa sem fazer nada. Toda tímida, tá na hora não acha?
- Concordo com o seu irmão, e pensando melhor nós vamos te ajudar a encontrar um cara maneiro falo? – Guto disse apertando de leve o braço da prima.
- Conseguiram convencer ela? – Bia e Nayara perguntaram.
- Aham, agora vamos logo? Estou morrendo de fome. – Ralf falou e todos riram.
Antes de todos começarem a atravessar a ponte definitivamente, uma coisa surpreendeu cada um. Gotas começaram a cair em seus rostos e um clarão surgiu ao longe. Nessa hora eles finalmente perceberam como o tempo havia mudado e antes que tivessem a chance de procurar um lugar para se abrigarem um grosso lençol de água os acertaram desesperando as meninas que faziam com que os meninos gargalhassem ao máximo.
- Aaaaaain temos que sair dessa chuva, pelo amor de Deus! A minha chapinha já era!! – Bianca gritava colocando as mãos sobre a cabeça como se de alguma forma fosse proteger seu cabelo.
- KKKKKKKKKKKKKK eu adoro quando isso acontece! – Ralf exclamou zombando de Bianca.
- Vai à merda Ralf, você diz isso só porque tem um cabelo liso. – Bianca retrucou com a maior cara de tacho do mundo.
- Olhem ali! Tem um restaurante, vamos pra lá! Rápido! – Guto falou chamando os amigos com a mão e já caminhando em direção ao restaurando com Nayara embaixo do seu outro braço.
Ralf num instinto normal puxou Tati de um lado e Bianca de outro tentando inutilmente proteger ambas, não obteve tanto sucesso, mas o gesto foi fofo. Ao pisar na entrada do restaurante, todos que ali estavam tranquilamente jantando pararam e olharam com muita suspeita aqueles cinco jovens molhados.
- Posso ajudá-los? – Um rapaz trajado de colete preto e camiseta social branca os olhava um pouco surpreso.
- Por um acaso você não teria algumas toalhas disponíveis teria? – Guto perguntou com um sorriso travesso. Todos ali riram inclusive o garçom.
- Toalhas não têm, mas podem tentar se secar com as toalhas de papel do banheiro. – Ele sugeriu e todos concordaram.
Assim todos marcharam até os banheiros e a festa começou. Os meninos de uma sutileza incomparável começaram a atacar bolas de papel um no outro. Guto e Ralf sempre tiveram uma ligação inexplicável, a única coisa que os diferenciavam era a aparência, porque se não fosse eles seriam considerados irmãos. As meninas se comportaram como tais. Claro que demoraram mais para se secar e depois de ter feito isso elas se maquiaram novamente. Tudo pronto os cinco se encontraram do lado de fora e começaram a decidir o que eles fariam.
- Bom eu voto a favor de ficarmos por aqui e pedir algo para comer. – Tati responde apressadamente.
- É eu também sou. Ainda esta chovendo... – Bianca apoiou a loira enquanto observava o tempo.
- Eu não preciso nem responder! – Nayara exclamou erguendo as mãos num gesto de defesa.
- Então fecho! Vamos escolher uma mesa e jantar como adultos. – Ralf disse ironizando a situação. Os demais riram e solicitaram ao garçom uma mesa para cinco.
Mesa para cinco exatamente não tinha, então eles tiveram de improvisar colocando uma cadeira na ponta da mesa atrapalhando de certa forma a passagem dos garçons. E quem disse que eles se importaram? Guto foi quem sentou ali, Nayara ao seu lado e Bianca do dela. Ralf e Tati estavam do lado oposto da mesa. Depois de muito conversarem escolheram uma pizza e refrigerantes para acompanhar.
- Até que aqui não é um mau lugar né? – Nayara comentou enquanto acariciava a mão de Guto.
- Aham é muito aconchegante. Pena que o local é pequeno fica essa coisa desconfortável né Guto? – No mesmo instante que a morena perguntou Guto levou sem querer uma bandejada na cabeça.
- Desculpe-me senhor, não tive a intenção de acertá-lo. Esta tudo bem?
- Não tudo bem cara, pode ficar tranqüilo. – Guto tranqüilizou o garçom que estava pálido de susto.
- Você tá bem Mo? – Nayara se aproximou verificando se não houve nenhum machucado na cabeça de Guto.
- Não tá de boa amor vai ficar só um galo. – Ele riu constrangido.
- Sabe de uma coisa gente? – Tati começou – Vou sentir muita falta dessa viagem, desses momentos que temos vivido nos últimos dias. Só acho que o Van faz falta... – A loira diz com o tom de voz tristonho.
- Também acho. Aquele chato optou por viajar com o pessoal lá do que conosco. Ai que raiva desse Evandro viu... – Bianca resmungou.
- Deixa ele meninas, enquanto ele estiver lá com aquelas metidas nunca vai se sentir completo porque faltará nós para dar uma alegria de verdade. – Nayara filosofou com tamanha simplicidade que todos a olharam surpresos. – Eita que foi?
- Isso foi muito legal de se dizer Na. – Tati falou.
- Que nada é só a verdade...
- Êêêê dá pra deixar esse mané de lado um pouquinho? – Guto murmurou incomodado com a situação.
- Relaxa mo, ele já tem dona, né Tati? – A loira sutilmente fuzilou a amiga por fazer esse comentário.
- Como assim Tati? – Ralf pergunto confuso.
- Nada não, a Nayara esta se fazendo de besta. – Ela dizia olhando seriamente para a castanha, que sorria de volta.
- Bom mudando de assunto, Tati temos que arrumar um menino pra você hoje! Chega de ficar na fossa. – Bianca exclama extravasando os jovens.
- Quer saber? Esquece! Eu não preciso de ninguém, tá muito bom assim. – A loira se esquivar da conversa.
- Não importa o que você diga ou faça Tatiane, depois desse jantar vamos encontrar o cara mais bonito desta cidade e você vai conhecê-lo e quem sabe dar uns beijos também, HAHA.
- Aff cala a boca Bianca. – Tatiane sibilou. Sua vontade era de atacar a primeira coisa que tivesse em mãos: copo, prato, celular...
- É Bia, não vamos encher o saco dela agora, deixa pra mais tarde. – Nayara sorriu maliciosamente. Tatiane queria matar essas duas.
Enfim a pizza chegou e todos aproveitaram o delicioso sabor de frango com catupiry. Conversaram mais algumas coisas e tudo prometia ser a melhor noite de todos. No final da refeição Guto e Ralf inventaram de beber Absinto. As meninas por serem menor de idade, ainda, não puderam desfrutar da novidade, então ficaram só olhando. Guto ajustou a dosagem certa de sal na mão, depositou rapidamente a bebida em sua mão seguida pelo sal e o resultado foi uma careta muito feia. A bebida desceu ardendo em sua garganta e o sal não colaborou muito também, mas como bom homem não fez feio e disse que era muito gostoso. Claro que as meninas riram muito da cara dele, mas não o julgou. Ralf fez e passou pela mesma situação que Guto, tornando tudo engraçado novamente.
Todos dividiram a conta e saíram do restaurante rindo pelos cotovelos. O que pode acontecer agora só Deus sabe.
Nem a pizza, nem o refrigerante, nem a chuva foi o suficiente para aquietar esses cinco jovens pelo centro da cidade pacata de Paraty. Caminhando pela praça principal eles conversavam exageradamente e sempre paravam para tirar fotos, totalmente aleatórias. Encontraram a parte mais histórica da cidade, casas da época colonial que foram transformadas em lojas de artesanatos ou restaurantes e bares. Ralf e Guto não perderam tempo e logo selecionaram alguns bares para experimentar ou re-experimentar algumas bebidas. As meninas por não serem mais velhas ficavam do lado de fora aproveitando o sereno e jogando conversa fora. Mas eis que Ralf surge com uma caipirinha na mão e uma ideia brilhante.
- Eis que eu tive uma ideia de gênio, não é Guto? – Ele diz surpreendendo as meninas que não esperavam sua presença. Guto aparece atrás dele e se junta a Nayara.
- Concordo.
- Então fala ai. – Bianca diz.
- Vamos conversar em inglês? Nos fingir de gringos? – Ele fala entre risos e Guto não se agüenta e cai na gargalhada.
- Como assim Finho? – A loira estranha o comportamento do irmão e do primo.
- Vocês não estão fazendo curso de inglês? – Elas concordam. – Eu e o Gutão já manjamos um pouco. Vamos fingir que somos gringos e sair por ai falãndou assim, que tau? – Ele usa o tom de voz e a forma de falar como se fosse estrangeiro tentando dizer uma palavra em português.
- Sério? – Bianca pergunta.
- Eu to dentro. – Nayara logo concorda e deposita um selinho demorado em Guto.
- Acho que vai ser divertido. – Tati diz concordando e Bianca faz que sim com a cabeça.
E assim eles começam a diversão. Com a caipirinha na mão e a recém namorada enroscada em seu braço Guto puxa um assunto com Ralf, que caminha ao seu lado. Tatiane e Bianca acompanhavam Nayara do outro lado e mesmo presa ao musculoso braço dele conseguia conversar algumas coisas com as meninas.
Os rapazes desembestaram a entrar em outro bar e Nayara dessa vez acompanhou. Eles puxaram assunto em inglês com o balconista.
- Quanto custa a caipirinha?* - Ralf pergunta.
- 8 reais senhor.
- Me vê duas.
- É pra já.
- Ei, Ralf... – Nayara se aproxima do loiro. – Eu ouvi ele dizer pra um outro cara ali que era 6, será que ele esta passando a perna em você?
- Sei não, mas vamos ver. – Ele faz psiu chamando a atenção do balconista. – Meu amigo aqui entende um pouco de português e ele mencionou que existe outro valor pra caipirinha. Você esta me roubando? – Ralf finge estar ficando bravo e olha o balconista sério.
- N-não senhor! – O rapaz gagueja em inglês. – O valor é 8 reais mesmo.
- Então por que para os brasileiros você faz 6? Pensa que eu sou trouxa? – Ele olha de esguelha para Guto, que prestava muita atenção na cena tentando não rir. Faz um sinal com o olhar e simula dar um soco no balcão. Guto compreende e segura o braço dele evitando o soco.
- Calma Sr. White, o rapaz aqui sabe que o senhor não é trouxa. – Ele falava fingindo evitar o pior.
- Eu faço de graça senhor, não precisa ficar bravo. – O balconista tremia e entregava de imediato o copo ao loiro.
- Muito obrigado rapaz, você evitou o pior hoje. – Guto falou em português dramatizando a cena.
- E-eu que agradeço por ajudar.
Os dois se retiram do bar com Nayara logo atrás sendo puxada pela mão de Guto, chamam as meninas e se afastam do lugar. Do nada uma explosão de risos ecoa por um beco um pouco vazio e Bianca e Tatiane se assustam.
- Eita o que houve?
- Vocês perderam KKKKKKKKKKKKK.
- Falem logo caramba!
- O Ralf Bia, ele começou a fingir que estava furioso e assustou o balconista do bar, KKKKKKKKKKKKKKKKK. – Nayara dizia engasgando-se com a risada.
- Foi a coisa mais retardada que eu já fiz! – Ralf não sabia se falava ou se ria.
***
- KKKKKKKKKKKKKKKKKK. – Guto apenas conseguia gargalhar.
- Sério? – Tatiane perguntou assustada.
- Com certeza! Mais um pouco e eu estragava o plano todo! – Nayara disse enxugando pequenas lágrimas que escorriam devido as risadas.
- Calma amor, se não você perde o ar. – Guto dizia com as mãos nas costas da jovem querendo ajudá-la de alguma forma.
- Tudo bem amor, já passou. – Ela ri mais um pouco e se controla.
- Ralf você é mais doido do que eu imaginei. – Bianca disse olhando para o loiro sorrindo.
- O que? Achou que eu não era louco a ponto de fazer coisas assim? Viu nada. – Ele dizia se gabando.
- Uhum... – Ela murmurou para si mesma olhando loiro.
- E ai vamos fazer o que agora? Continuar com a brincadeira? – Tatiane perguntou.
- Eu topo, quero rir e aproveitar muito essa nooooite! – Nayara logo foi a primeira a responder totalmente empolgada abraçando seu namorado.
- Opa, demorou! Quem sabe eu não consiga outras biritas de graça? KKKK.
- Aff o outro só pensando em beber. – Nayara disse revirando os olhos.
- Tem alguma coisa a ver com isso? – O loiro respondeu emburrado com o comentário.
- Não sou eu quem ficará ao seu lado quando vomitar, né amor? – Nayara dizia referindo-se ao outro dia quando Ralf vomitou e Guto estava contigo.
- HAHA como você é engraçadinha né minha princesa? – Guto respondeu com ironia, mas logo a selou os lábios.
- Boa sorte viu primão, você esta ferrado com ela. – Ralf dizia lamentando o suposto destino trágico do seu primo.
- Se ela estiver ao meu lado não importa se vou estar ferrado, quebrado, o que for. Ela comigo eu supero tudo. – Ele dizia olhando fundo nos olhos castanhos de sua namorada e na última frase ele sorriu e piscou pra ela.
- Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaawn. – Tatiane e Bianca fizeram o coro fofura.
- Porra Guto o que houve com você? Ela fez uma lavagem cerebral em tu cara? – Ralf dizia segurando a cabeça do seu primo como se estivesse procurando algo. Nayara apenas deu um tapa bem forte no braço do loiro que logo a olhou sério.
- Tá olhando o que besta? – Ela perguntou sustentando o olhar.
- Nayara Nayara... – Ele começou.
- Ow, cai fora Ralf. Você é meu primo, mas não vou deixar você fazer nada com ela não falou? – Guto puxa Nayara para o meio dos seus braços e a protegeu.
- Guto dá pra você parar de ser tão fofo assim? – Bianca disse com cara de choramingo.
- Ah outra, se emocionando. Owwwn. – Ralf disse com tom de zombação.
- Vai se foder loiro aguado. – Bianca respondeu fazendo careta. Cruzou o braço no braço da Tatiane e a puxou para continuarem a andar.
- Onde vocês vão? – Nayara perguntou. – Esta garoando.
- Quem esta na chuva é para se molhar, então por que? Vamos curtir tudo hoje, e não vai ser uma garoa dessas que vai me impedir. – Bianca disse toda determinada.
- Eita... Então tá né? – Nayara da de ombros.
Depois do pequeno fuzuê os cinco jovens retornam ao passeio pelo centro da cidade histórica de Paraty. Eles não eram os únicos turistas a caminharem na chuva, outras pessoas também se banhavam da garoa. Fotos de todos os tipos eram tiradas, línguas de fora, cabelos molhados e arrepiados, abraçados, separados, totalmente uma loucura.
- Vish agora a chuva esta engrossando mais hein? – Tatiane comenta.
- Olha, ali tem um tipo de casinha, vamos pra lá. – Bianca aponta para um coreto pequeno. Todos a seguem e ao se aproximarem da mini casinha percebem já ter um casal ali. Porém isto não foi motivo o suficiente para eles não entrarem. Pouco se importavam se os atrapalharia afinal um recém casal formado estava entre eles.
- Meu justo no último dia chove, é uma sacanagem isso. – Bianca reclama apertando o cabelo para secar.
- Nem me fale. Mas esta muito legal, fala sério. Essa ideia do Finho foi à melhor que ele já teve até hoje! – Tatiane diz olhando com uma cara pro seu irmão que retribui o olhar sério.
- Aham, até que seu irmão não é tão loiro assim né? – Agora Bianca que olha com uma cara para Ralf que simplesmente ignora o comentário lançando um sorriso irônico para a morena.
- Vocês se cutucam mais que Facebook caramba hein? – Nayara diz após parar de beijar Guto.
- Facebook? Como assim? – Bianca perguntou confusa.
- Aah, o facebook inventou de colocar um negócio chamado ‘cutucar’. Você clica pra cutucar alguém, tipo encher o saco. Aff, uma coisa de idiota. – Nayara responde revirando os olhos e se envolvendo mais no abraço do seu namorado.
- Eu nem sei mexer naquilo então, KKK. – Bianca riu e se surpreendeu ao ver Ralf rir discretamente do que ela dissera.
- Ei! Olhem ali! Aquela barraca ali vende bebida. – Guto comenta olhando para uma barraca razoavelmente grande com diversos tipos de garrafas com frutas variadas dentro delas com um líquido que aparentava ser transparente; pinga.
- Será? E se for só suco? Não parece bebida. – Nayara responde tentando olhar melhor o que as garrafas possuíam em seu interior.
- Só tem um jeito de descobrir isso... – Ralf disse.
- Indo lá. – Bianca acrescentou, mas não percebeu que Ralf a olhou discretamente.
- Então borá? – O loiro pergunta.
- Ah Finho, ainda esta chovendo. – Tati resmunga.
- Quem é a favor de ir levanta a mão. – Infelizmente Tatiane perdeu e teve de ser arrastada pelo braço por Bianca.
- Ei moço o que que é isso que esta vendendo? – Bianca já logo chegou perguntando. Todos se surpreenderam.
- Cachaça, pinga bebida da localidade. Vão querer? – O senhor barbudo de barriga arredondada pergunta encarando os jovens.
- Na verdade acho...
- Eu quero. – Ralf interrompeu sua irmã antes que ela terminasse de falar.
- Finho! – Ela o recrimina.
- Que é? Vai encher o saco por causa disso também é? Já bebi antes Tati, se não quer é só falar. – O loiro a repreende e Tatiane não diz mais nada.
- Eu também vou querer ai moço, a mais forte. – Guto diz e Nayara encara ele assustada, mas depois ri.
- Sendo assim também vou querer.
- Tá, mas quanto tá o copo moço? – Ralf pergunta.
- Seis reais o copo pequeno. Doze o copo grande.
- Porra que facada! – Ralf diz assustado pelo valor. Bianca que estava ao seu lado o cutuca discretamente na intenção de que ele fosse mais delicado com as palavras.
- É esse o valor, se quiser compra, se não podem dar o fora. – O gordo de uma expressão normal mudou para uma expressão carrancuda e parou de dar total atenção ao grupo.
- Ok, então me vê dois copos pequenos da bebida mais forte que você tiver ai.
- A mais forte? – Bianca pergunta extremamente assustada.
- Claro, vou pagar caro pra cassete e vou comprar a mais fraca? To fora! Dois copos vão dar pra queimar a goela, o estômago, até na hora de ir ao banheiro fazer o número dois. KKKKK. – Ralf diz todo divertido pelo ultimo comentário.
- Aff como você é nojento. – A morena revira os olhos.
- Estão aqui. – O senhor diz para chamar a atenção do loiro, que pega as bebidas e passa para Nayara.
- Obrigado.
- Mas já vou logo avisando – O gorducho alerta antes deles saírem. – Essa é a mais forte mesmo.
- Melhor ainda! Falow. – E enfim os jovens se retiram dali. O velho continuou olhando o grupo fazendo um movimento negativo com a cabeça.
ATENÇÃO LEITORES OS CAPÍTULOS CONTINUAM NO BLOCO "A VIAGEM 3"
Data | 13/08/2011 |
De | Diretoria Oficial Oliveira |
Assunto | Capítulo Novo |
CAPÍTULO NOVO NA ÁREA!!!
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Data | 31/07/2011 |
De | Larissa Andrade |
Assunto | quero mais (: |
essa é a melhor web =D muito viciada , mas ainda to querendo que a Nayara fique com o Guto . '
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Data | 29/07/2011 |
De | Larissa Avellar ;* |
Assunto | - Quero maas' |
- Nossa de fato essa é uma das melhores Web que eu jaa lii , ta de parabéns rs' Amando! Posta maas purfaa *-* #VICIADA
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Data | 27/07/2011 |
De | Larissa Avellar ;* |
Assunto | - Amando |
- (aaaa) Eu amo mtmt essa web, posta maas ' *-*'
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Data | 23/07/2011 |
De | Larissa Andrade |
Assunto | Amaaando :) |
a história tá muuito boa. Mas a Nayara tem que ficar com o Guto (:
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Data | 24/07/2011 |
De | Diretoria Oficial Oliveira |
Assunto | Re:Amaaando :) |
Quem sabe né Larissa? Como já sabe a história tem um pouco de realidade e não fujo muito dela. Mas... :P
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Data | 23/07/2011 |
De | Diretoria Oficial Oliveira |
Assunto | Capitulo postado. |
ENFIM POSTADO GENTE!!!
Avisando que este capítulo não esta completo ok?
Ele é muito cumprido para ser postado de uma vez.
Espero que estejam gostando beijooos
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Data | 23/07/2011 |
De | Keeithi. |
Assunto | Re:Capitulo postado. |
Ta cada vez melhor.
Curiosa para saber mais!
*-*
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Data | 22/07/2011 |
De | Larissa Andrade |
Assunto | melhor web ♥ |
ok , desculpa . Esta web é a melhor que tem . Estarei esperando postarem mais .
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Data | 21/07/2011 |
De | Diretoria Oficial Oliveira |
Assunto | Calma gente :O |
Calma gente!! Não é assim pra que começar se não termina D:
Inspiração não é uma coisa fácil e nós compreendemos nossos autores se eles demoram para postar. Sejam pacientes que receberão coisas muito melhores :D