Introversão, timidez ou os dois?

31/05/2013 12:27

 

     Se você é daqueles que prefere ficar longe de multidões, gosta de separar um tempo para si, que prefere um bom filme a uma balada e não fica tão estimulado com atividades em grupo, saiba que você não é o único. E você é introvertido. Mas isso não necessariamente quer dizer que você é uma pessoa tímida. Segundo um livro que estou lendo, intitulado “O Poder dos Quietos” (Susan Cain, 2012), a sociedade hoje está idealizando valores da extroversão como se estes devessem predominar e como se a introversão não tivesse nada útil a oferecer. O pior é quando junta a timidez. A timidez, em minha opinião, acaba sendo pior do que a introversão. A timidez caracteriza-se por um medo à exposição, aos julgamentos, à humilhação; então imagine uma pessoa tímida querendo ter uma vida “normal” em sociedade, é realmente muito difícil.  

     Imagine agora uma pessoa introvertida e tímida. Pronto!, começa uma luta diária para se livrar desse incômodo advindo de um ideal que a sociedade impregnou e que muito raramente leva em conta o lado oposto. E quando me refiro à sociedade, alguns podem entender mal, porque de fato a “sociedade” somos “nós”, mas é uma generalização necessária porque quem tem dificuldade para se impor e mostrar que também pode fazer a diferença – os tímidos, introvertidos, ansiosos, fóbicos, etc -, acabam ficando para trás por conta do que e de quem? Daqueles que deixaram a marca que atualmente domina.

      É óbvio que tímidos e introvertidos já tiveram e tem destaque, porém estes muitas vezes tem que enfrentar barreiras perturbadoras, e nem sempre conseguem porque a pressão é muito grande. Será mesmo que para viver harmoniosamente em sociedade e para ser bem visto e bem quisto todos os que tem dificuldade precisam enfrentar esse medo? Será?! Não deveria haver formas diferentes de inserção? Por que uma pessoa não pode ser inteiramente feliz e satisfeita se não enfrentar os próprios medos? Aliás, medos por que mesmo? Não preciso nem responder. Hoje estamos tão vulneráveis e tão expostos que simplesmente somos obrigados a passar por cima daquilo que inicialmente não faz parte do nosso “eu”. Às vezes isso é ótimo, tem pessoas que querem mudar, mas tem outras que simplesmente gostam de ser assim mas que não veem outra alternativa a não ser tentar se encaixar nesse padrão pré-estabelecido. E o livre-arbítrio de querer ser quem eu sou sem precisar apelar para métodos que não me interessam? Não tem, né? Se eu quero fazer uma faculdade, entrar na área da pesquisa, ou mesmo ir a qualquer lugar sem muitos compromissos, sou obrigado a passar por cima de muitas coisas das quais não gosto. Apresentar trabalho é um verdadeiro terror, por exemplo. E convenhamos, apresentar trabalho para uma turma que não tá nem aí pra você e que tá nervoso para apresentar também, será mesmo que tem utilidade prática? Independente da resposta, tais métodos de avaliação nas escolas e nas universidades continuarão existindo – e frequentemente. E se você quiser passar, terá que apresentar. No final não tem como escapar mesmo, tem o temido trabalho de conclusão de curso (TCC). Tudo bem que é importante expor as ideias, pô-las para avaliação, enfim, mas a questão aqui é: se eu sou assim (introvertido, tímido) e gosto de ser assim (apesar da pressão e das exigências externas) por que não posso ser dessa maneira sem me preocupar c/ os outros? Mais uma vez, a resposta já sabemos.

     Viver é um risco. O ser humano é complexo demais. Estamos o tempo todo expostos e sendo julgados. Solução pra isso: ninguém é melhor do que ninguém (gosto dessa frase), mas agora vai tentar colocar isso na cabeça das pessoas... Tem gente que não vê o outro lado. Tem gente que enxerga somente o próprio mundo e vive como se esse fosse o modelo para tudo e todos. Eu digo então que tudo isso é muito polêmico e complexo de ser discutido e solucionado. Admiro aqueles que não estão nem aí para o que os outros estão pensando e vivem a vida intensamente, vivem os problemas como se todos fossem simples. Essas pessoas vivem bem. Sendo introvertido ou não, vão lá, às vezes enfrentam, às vezes não, mas não estão dando a mínima para o que acham ou deixam de achar. Essa lei infelizmente não é aplicável a qualquer um, porque cada indivíduo tem uma história e uma carga emocional diferente do outro.

     Cabe a mim ou a você, julgar? Jamais.

 

Gabriel de Oliveira

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Data 01/06/2013
De Nagila
Assunto AMEI!

Ameeeeeeei, muito bem redigido. Parabéns amr, esta excelente.

 

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