– Juliana? Juliana? MENINAS! A JU DESMAIOU! – Gritava desesperada Veiga que havia acordado com os berros de Juliana – JU?
– Oque acontec... – Dizia Godoi, que ao olhar Juliana caída no gramado começou a gritar – MERDAAA! JUU??? PAMELA! LIGA O CARRO!
– OQUE HOUVE? – Gritou Pamela de dentro da casa.
– A JU DESMAIOU! É A SEGUNDA VEZ NESSA SEMANA! – Berrou Veiga – LIGA A PORRA DO CARRO!
– JÁ LIGUEI! TRAGAM ELA PRA CA, OU TENTEM ACORDA-LA! – Berrou Pamela, que estava muito nervosa.
– JULIANA SNACKT!!!! ACOOOORDA! – Berrou Godoi.
– Não adianta! Vamos, me ajude a pega-la, temos que leva-la ao carro. – Disse Veiga.
Veiga e Godoi pegaram os braços de Juliana, colocaram pelos ombros e foram ate a garagem, Pamela abriu a porta para elas colocarem Juliana deitada atrás, acharam melhor alguém ir junto com Juliana atrás caso ela acordasse e precisasse de alguma coisa, Veiga foi atrás e colocou a cabeça de Juliana no colo. Pamela foi dirigindo já que Godoi era uma péssima motorista. Chegaram ao Hospital Antoine de Saint-Exupéry 30 minutos depois, Godoi desceu do carro e foi correndo chamar alguém pra ajudar, Pamela foi pegar agua por que estavam com sede, e Veiga ficou no carro junto a Juliana que não mexia sequer um dedo.
Godoi chegou três minutos depois acompanhada de três enfermeiros, dois deles traziam uma maca. Godoi abriu a porta do carro, Veiga desceu devagar dois enfermeiros pegaram Juliana e a colocaram na maca, os seis foram para dentro do hospital. Juliana foi atendida e Pamela, Veiga e Godoi ficaram na sala de espera esperando noticias. Um moço jovem usado um jaleco saio do quarto em que Juliana estava e foi em direção as meninas.
– Foram vocês que trouxeram a paciente, sim? – Perguntou o homem, que de acordo com seu crachá preso ao jaleco se chamava Bento F. Arnin.
– Sim doutor. Ela esta melhor? – Perguntou Pamela, que pelo tom da voz ela estava muito nervosa.
– Bom, a paciente acordou. – Disse ele, as meninas deram sorrisos de alivio – Mas preciso falar com alguma de vocês sobre o estado da paciente.
– Não pode ser todas? - Perguntou Pamela.
– Bom, ate pode, mas... – ao ver a cara de manhosa das três ele virou os olhos e continuou – Esta bem, pode ser todas. Me acompanhem por favor.
O doutor as levou ate seu escritório, pediu para as três sentarem e começou:
– Bom, eu queria saber, alguma de vocês viu a paciente desmaiar?
– Não... estávamos todas dormindo... – Começou Pamela.
– Entendo – dizia ele pegando uma prancheta e uma caneta e anotando sei lá oque – E quem foi socorre-la primeiro?
– Bom, fui eu. – Disse Veiga
– Entendo – disse ele anotando mais alguma coisa – Mas, você estava aonde quando a encontrou desmaiada.
– Bom, ela acordou antes de todas nós, e saio da barraca, eu comecei a ouvir gritos lá do terraço e sai correndo para ver oque era, e quando cheguei lá, vi ela caída sobre o gramado, com... com uma garrafa de vinho na mão. – Disse Veiga pensativa – Veja bem, Juliana teve uma vez problemas com bebida oque quase a levou a morte, ela se recuperou e tudo, mas se ela tomar muita bebida alcoólica ela acaba com dores e etc.. Mas ainda assim, quando encontrei ela com a garrafa, a garrafa estava cheia, ela não chegou a beber. Depois de ver isso comecei a chamar as meninas, Godoi me ajudou a leva-la ao carro enquanto Pamela preparava o carro para virmos aqui.
– Entendo... – Disse ele anotando tudo em uma prancheta – Quando perguntei a paciente oque havia acontecido, ela me disse que acordou muito cedo e foi “pegar um ar”, fechou os olhos, respirou fundo e teve uma lembrança de sua infância, quando abriu os olhos lhe veio uma dor de cabeça que ela disse ser, angustiante, e então ela disse que logo após disso, a ultima coisa que se lembra é de ver o verde do gramado se aproximar de seu rosto e depois tudo ficar escuro.
– Ela lembrou da infância? – Perguntou Godoi surpresa.
– É exatamente oque eu ia perguntar a vocês, quando ela me disse que se lembrou da infância eu achei estranho, mas ela ainda esta fraquinha e diz que sente dor de cabeça ao tentar lembrar do que aconteceu antes de desmaiar, por isso vim perguntar a vocês, – Disse ele que parecia finalmente ter chegado ao ponto que queria – como ela disse que se lembrou da infância, é obvio que ela não se lembrava de sua infância, a questão é, por que ela não se lembra?
– Assim doutor, quando a Juliana ainda tinha o problema com as bebidas, morávamos em Paris ainda né? – Perguntou Veiga para as meninas que concordaram – Ela um dia saio do trabalho muito estressada e foi, “aliviar a tensão”, como ela nos disse. Bom, ela foi a um bar perto de nosso apartamento e começou a beber, e naquela época, ela não tinha o menor controle sobre a bebida, então ela ficou muito bêbada mesmo, de acordo com o dono do bar. O noivo dela na época, o Tulio, havia ligado para ela e eles haviam discutido, ai ela saio como o senhor deve imaginar, estressada magoada e queria ir ate a casa dele, pegou o carro, só que Tulio morava na cidade ao lado, então ela teria que ir na estrada, completamente bêbada, bom, ela sofreu um acidente feio, e bateu um lado da cabeça que afetou a memoria dela, ela não lembra de nada antes dos 18 anos dela, e sempre que ela tenta lembrar, ela diz sentir muito dor na cabeça. O medico que ela frequentava, que Deus o tenha, disse que ela não deveria mais forçar a memoria, que a memoria voltaria aos poucos. – Depois de falar tudo isso, Veiga tomou um longo gole de agua.
– Entendo... – Disse o medico novamente anotando algo na prancheta. – Por curiosidade, o medico que ela frequentava, morreu então, mas, qual era o nome dele, a senhorita se lembra?
– Era... puts, não me lembro.. – Disse Veiga de olhos fechados tentando lembrar o nome.
– Era se não me engano, Paulo, uma coisa assim, mas não lembro o sobrenome. – Disse Pamela.
– Paulo? – Disse o medico arregalando os olhos – Seria Paulo Fontini?
– Acho que sim, era algo assim mesmo... – Disse Godoi – mas, porque quer saber?
– Ah, bom vejam bem, Paulo Fontini era meu pai. – Disse o doutor.
– Serio? Ele era muito querido... – Disse Godoi – Meus pêsames.
– Obrigado. – Disse o medico.
– Hum hum! – Disse uma enfermeira a porta da sala – Doutor Bento, a paciente do quarto 21 deseja falar com o senhor.
– Já vou Clarissa. – respondeu o doutor – Bom licença, parece que Juliana quer falar comigo, podem esperar na sala de espera? Qualquer coisa as chamo.
– Sim, sem nenhum problema, doutor – Disse Godoi.
As três se levantaram e foram ate a porta, Godoi estava saindo quando o doutor falou:
– Am, Thais?
– Oi? – Disseram Veiga e Godoi juntas.
– As duas são Thais? Bom, é a loira, sim? – Disse o doutor um pouco vermelho.
– Oi, é , pode me chamar de Godoi se quiser. – Disse Godoi jogando charminho.
– Bom, preciso falar com você rapidinho. – Disse o doutor.
– Te esperamos lá fora! – Disse Veiga rindo.
Veiga e Pamela saíram e foram para a sala de espera.
– Doutor? – Perguntou Godoi.
– A, a senhorita poderia me dar seu numero, para, bem... caso precise falar com a senhora sobre a paciente. – disse ele vermelho.
– Claro, pegue meu cartão, tem o telefone do meu trabalho também, é que nem sempre posso atender o telefone. – Disse Thais pegando um cartão da bolsa.
– Advogada? – Disse o medico lendo o cartão – Interessante.
– Bom, vou indo que elas devem estar me esperando, - disse Thais se levantando e indo ate a porta, aonde parou e disse – Ate mais breve, Bento.
– Até mais. – Disse o medico.
Godoi foi ate a sala de espera aonde encontrou Veiga e Pamela rindo.
– Háá safadinha! Pegando o medico da Juliana agora? – Perguntou Veiga rindo.
– Ele só queria meu telefone caso precisasse falar sobre ela – Disse Godoi vermelha.
– Claro, pra isso ele precisa ficar apenas com você na sala! – Disse Pamela caindo na gargalhada.
– Caladas vocês! E Thais, não fale nada, se não vou falar com o Doutor R – Disse Godoi rindo também.
– Am, vocês três? – disse a enfermeira Clarissa parando na frente das três. – A paciente quer falar com vocês.
– Quarto 21? – perguntou Veiga retomando a caria seria.
– Sim, - Disse a enfermeira, que se virou para Godoi e disse – Espere um pouco, preciso falar com você.
– Esta bem... – Disse Godoi olhando nervosa para Veiga.
– Fique bem longe do Bento, entendeu? – Sussurou Clarisse para Godoi.
– Meus interesses no doutor Bento são apenas profissionais! – Disse Godoi, que entrou apressada no quarto 21.
– Meninaas! – Disse Juliana muito baixo, não conseguia falar. – Quero ir embora!
– Calma! Oque você esta sentindo? - Disse Veiga.
– Vontade de ir pra casa! – Disse Juliana impaciente.
– Oque o medico disse? – Perguntou Godoi.
– Que já posso ir pra casa, mas não poderei trabalhar hoje – disse ela fazendo cara de desanimada.
– Epa! Tu??? Tu querendo ir trabalhar? – Disse Veiga fazendo todas rirem
– É, eu ia adiantar aquela papelada e ia sair mais cedo passear com o Renan! – Disse Juliana com cara de manhosa. – Falando no Renan, vocês ligaram pra ele?
– Não... esquecemos! – Disse Veiga.
– Ainda bem, se não ele faria um escândalo e ia achar que eu voltei a beber... – Disse Juliana pensativa.
– Mas bem que deveríamos ter ligado! Liga agora Godoi – Disse Pamela.
– Melhor não meninas... –Dessa vez quem disse foi Veiga
– Mas por que? – Perguntou Godoi incrédula.
– Ele vai vir aqui, perguntar por que não cuidamos dela, fazer aquele escândalo de sempre..., Melhor não. – disse Veiga.
– É o namorado da Juliana, ele tem que saber – Disse Pamela aumentando o tom da voz.
– Não! Não precisa! Se vocês ligarem, vou ficar brava! – Disse Juliana
– Vamos fazer o seguinte, quando você voltar para casa, você liga pra ele esta bem? – Perguntou Godoi.
– Tá bom – Disse Juliana virando os olhos – Agora, vamos que não aguento ficar deitada mais nenhum minuto!
– Vamos! – Disse Veiga ajudando Juliana a se levantar.
Juliana, Veiga e Pamela voltaram para o carro e esperaram Godoi voltar.
– Aonde que foi aquela criatura? –Perguntou Juliana impaciente.
– Disse que precisava falar com o medico que cuidou de ti. – Disse Veiga. – “falar” hahaha.
– Imagino o quanto eles estão “falando”- Disse Juliana fazendo todas rirem.
Godoi voltou cinco minutos depois, as meninas brincaram com ela e foram para a casa de Veiga pegar as roupas e tudo o mais.