O Sol raiava bonito entre as nuvens. Todo o gramado do jardim coberto de orvalho. A brisa arrastava o último resquício da madrugada. Passarinhos sobrevoavam os coqueiros e cantavam o hino da manhã.
Tatiane tinha o hábito de acordar cedo com o som de passarinhos. Sua casa ficava num recanto, portanto estava acostumada com o familiar som. Quando ficou de pé deparou-se sozinha na cama. Procurou no restante do quarto e assustou-se ao ver sua amiga Bianca dormindo ao lado do seu irmão Ralf, abraçados.
- Mas que diabo é... – Antes de terminar a pergunta notou que seu primo Guto e sua amiga Nayara não estavam no quarto. – Ahhhhh, essa não! Só pode ser brincadeira. – Puxou a coberta de cima dos dois. – Ralf e Bianca, pra fora da cama agoraa! – Berrou. Os dois saltaram da cama num susto imenso.
- Hãa...? O que houve? – Resmungou Bia coçando os olhos. Ralf sem perceber que estava na beirada da cama foi de encontro ao chão.
- Aaaai, minha testa! – Sentou-se e apoiou a mão na testa.
- Que merda vocês fizeram noite passada hã? E cadê o Guto com a Nayara? Quero EX-PLI-CA-ÇÕES!!! – Seus olhos verdes ficaram vermelhos de tanta raiva. Nenhum deles presenciou tamanho fato extraordinário.
- Calma Tati, quanto stress! Aff. Não aconteceu nada entre a gente, se toca! – Disse Bianca revirando os olhos e descrença do que escutava. – E eu lá vou saber onde estão esses dois? – Levanta-se, pega sua mochila e desce as escadas rumo ao banheiro.
- Você os viu Finho?
- Nem... Só lembro do soco que aquela maluca me deu e do tratamento de rei que recebi depois. – Comentou vangloriando-se.
- Vai à merda Finho, você é muito imaturo. – Desceu a escada preocupada.
- Vai à merda Finho – Imitando a voz da irmã. – Conhecendo meu primo imagino o que ele tenha feito a noite toda, hehe. – Jogou-se na cama novamente.
Tatiane sentia-se na obrigação de manter a ordem das coisas por ali. Nunca fizera algo errado ou permitisse que outros fizessem. E conhecendo sua amiga como ela conhecia há alguns anos algo dizia que nada de muito certo Nayara teria feito com Guto. Pegou a chave da porta, abriu e olhou tudo a sua volta. Fez uma varredura em toda a extensão do condomínio, mas não viu nada. Foi até a portaria e perguntou ao homem de barba branca se teria visto dois jovens ontem à noite. O senhor diz que não e ela agradece retirando-se do lugar. Volta ao jardim, próximo à piscina. Imaginou onde eles teriam se metido.
- Algum sinal deles? – Surgiu Bianca na porta secando o rosto com sua toalha rosa.
- Nada. Muito estranho isso Bia. Temos que encontrá-los.
- Você ao menos já tentou ligar no celular deles?
- Putz! Pior que não. – Riu. – Pera aí... – Retirou o celular do bolso, discou o número da amiga e aguardou. De repente um barulhinho estranho ecoou pelo jardim.
“Singin' I love rock and roll. So put another dime in the jukebox baby…” (8)
- Esta ouvindo isso Bia? É o toque do celular da Na não é?
- É, é sim! Vamos seguir. – E as duas saíram em disparada para localizar o som. Chegaram próximas a piscina e descobriram que o barulho vinha da área de lazer. Porém, antes mesmo que elas se aproximassem o suficiente para confirmar avistaram uns pés no chão. De passo em passo o mistério se resolveu.