Draco saiu do carro e entregou as chaves ao manobrista. Estava sendo esperado. Não gostava de se atrasar, mas tinha tido uma pequena emergência. Entrou no luxuoso restaurante e avistou a moça morena que o esperava com um brandy sidecar nas mãos.
- Me desculpe, Andrômeda – disse Draco se sentando.
- Nenhum problema, querido... Como andam as coisas? – perguntou ela displicente.
- Está tudo sobre controle. Quando você vai me contar realmente o que aconteceu com os meus pais? – perguntou ele impaciente.
- No dia em que você me encontrar e não me perguntar nada a respeito. – disse ela de maneira suave e imponente.
- Eu detesto essas respostas vagas – disse ele pouco a vontade.
- Eu sei disso, mas ainda não é o momento.
- Nunca é o momento.
A discussão foi interrompida com a chegada do garçom trazendo o cardápio. Draco olhou para a mulher que estava a sua frente. Aparentava ter seus 50 anos, mas ao certo ninguém sabia. Ela era provavelmente a única que sabia como sua família simplesmente desaparecera por completo, sobrando apenas ele e mais ninguém.
- Eu vou partir, Draco – disse Andrômeda.
- Para onde? – perguntou Draco a encarando.
- Para algum lugar da Europa.
- Isso não resolve muita coisa...
- Não ficarei muito tempo longe.
- Esse “não ficarei muito tempo longe.” é quanto?
- Isso eu já não posso dizer, nem eu mesma sei ao certo. Apenas é o que posso lhe informar, querido.
Draco odiava ser tratado como criança, mas perto daquela mulher qualquer homem se sentiria um nada. Devia ter sido realmente bonita quando mais jovem, lembrava dela apenas daquele jeito, com algumas pequenas rugas que tinham aumentado de forma acentuada nos últimos meses.
- Andas muito estranha, Andrômeda – disse Draco tomando um gole de vinho.
- Impressão sua, querido – disse ela mexendo o brandy com a azeitona.
- Se achas, então não lhe contrariarei, tia – disse ele de modo seco. – Não posso me demorar hoje...
- Por quê? – perguntou ela com interesse.
- Tenho que conhecer a nova designer que contratamos – disse ele displicente.
- Hermione Granger, não é?
- Como sabe?
- Palpite – disse ela sorrindo.
- Eu detesto isso, Andrômeda.
- Você detesta muitas coisas, querido. Sei disso, mas tem certas coisas que não devem ser faladas, se é que me entende...
- Não, realmente eu não entendo. As coisas sempre foram estranhas na minha vida.
- Pode até ser, quando estiver preparado saberá. Agora não tenho muito tempo, terminemos de almoçar logo.
- Por que a pressa? – perguntou desconfiado.
- Embarco ainda hoje.