Capítulo 6

10/06/2013 17:39

Caminhando pelo saguão do hotel acabei encontrando a noiva do meu pai. Cristina. Era bonita com os cabelos ruivos e corpo levemente rechonchudo, mas era insuportável.

_Onde você estava?_Ela disse arrogante.
_Na praia. Dã.
_Seu pai está te procurando.
_E onde ele está?_Ela apontou na direção do bar do hotel. Dei um acenosinho antipático e fui até lá. Meu pai tomava um suco no bar, conversando com o garçom. Parei ao lado dele._Chamou?
_Sim. Se divertiu na praia hoje?
_Arran.
_Isso é bom…_Ficamos em um silencio desconfortável por alguns segundos. Impaciente, resolvi quebrar o silêncio.
_Pai, porque não fala logo o que tem a dizer?
_Certo._Ele respirou fundo. Como sempre fazia quando iria dizer algo que me aborreceria._ Queria saber se você se importaria se eu fosse jantar com a Cristina no restaurante no centro da cidade.
_Só vocês dois?_É, estou vendo que eu ainda não me acostumei com isso. Sendo deixada em segundo plano. Mesmo assim, me calei.
_É.
_Tudo bem, pode ir.
_Obrigado. _Ele sorriu, não sorri de volta._Você tem certeza? Não quero te deixar sozinha e…
_Pai. Eu adoro ficar sozinha. Não se importe.
_Devia ter convidado alguma amiga pra vir com você, assim não ficaria tão sozinha.
_Elas foram viajar com as mães… _Meu pai fez uma careta. Eu também. Mas procurei deixá-lo mais a vontade._Não se preocupe. Estou ótima. É sério.
_Então tudo bem. Vou trazer algo do centro pra você.
_Perfeito._Ele esfregou meu braço em um gesto de carinho raro e rápido._Hãn, vou subir para tomar um banho e guardar essas coisas, certo?
_Espera. Toma o dinheiro._Ele me esticou algumas notas._Carlos está aí, vá jantar com ele.

Carlos era o irmão mais novo de Cristina. Tinha 25 anos e era quase tão insuportável quanto a irmã.

_Não, obrigada. Eu me viro.
_Nada de sair por aí a noite sozinha.
_Pai… Por favor, né? Sou bem grandinha já. Bom jantar pra você.
_Obrigado._Virei as costas e subi pelo elevador calmamente. Parei no meu número, mas não pude deixar de olhar para a porta ao lado. Balancei a cabeça confusa e girei a maçaneta. O quarto estava bem organizado, então para mudar um pouco, joguei as sacolas na cama e fui para a minúscula varanda que tinha. Olhei para o lado.

Havia outra varanda igualmente minúscula. O espaço que as separavam era, razoavelmente, pequeno. Imaginei o tal de Igor no quarto ao lado. Com certeza eu não me livraria dele. Voltei ao quarto, tomando um banho.

Saí bem mais relaxa e despreocupada depois do meu show, suuper badalado no banheiro. Eu cantando no chuveiro é um arrazo! Fui até a mala e com preguiça de vasculhar algo para vestir, peguei apenas um vestidinho leve até os joelhos, roxo e uma sandália preta. E decidi descer para comer alguma coisa.

Fui pelo elevador e encontrei nele o carinha que havia dito ‘hey’ para mim enquanto jogava vôlei. Como tinham cinco pessoas junto conosco no elevador ele se limitou a sorrir. Ele era bonito, alto, forte e com dois grandes olhos azuis. Feito bolinhas de gude. Ele sorriu para mim e sem graça olhei para o teto.

Quando a porta do elevador se abriu, eu saí dele rapidamente. Tentando me esquecer do carinha no elevador. Sem me conter olhei para trás, uma garota o tinha parado logo na frente do elevador, abraçada a sua cintura. Mas ele ainda olhava para mim. Típico galinha.

Andei pelo hall, com o dinheiro na minha bolsinha de lado. Sem saber o que fazer, resolvi dar uma volta. Saí para rua, andando devagar. Observando como só parecia ter casais no caminho. É dia dos namorados e eu não estou sabendo? Estamos em pleno novembro!

Quando cheguei em uma rua razoavelmente vazia comecei a sentir passos atrás de mim. Gelei na hora, apressando o passo. Querendo encontrar logo alguém. Não me atrevi a olhar para trás, mas comecei a sentir pânico. Me controlei para não correr, até que senti os passos ainda mais rapidamente. Então, sem poder me conter, comecei a correr. Senti que a pessoa atrás de mim começava a correr também. Uma mão me girou, me puxando para uma parede e me prensando nela. Soltei um grito agudo.

_Bu!_Uma voz gritou e depois desatou numa risada escandalosa. Respirei aliviada, apertando os braços e controlando o medo ainda. Depois comecei a sentir raiva e dei tapas a torto e a direito. Até ele se encolher, ainda rindo.
_Seu idiota!_Igor ainda ria, esfregando o braço onde eu tinha batido._ Quer me matar de susto?
_Sua cara foi hilária!
_Não foi hilária. Eu poderia ter morrido! E se eu tivesse morrido, você também estaria morto. Porque eu iria te matar._O que foi que eu acabei de dizer mesmo? Que merda… Mas ele começou a rir, esperei ele parar de rir:
_Estamos vivos, aleluia! Deixe de ser melodramática. Você só se assustou um pouquinho…_Então ele fez uma careta de pânico, talvez tentando me imitar. Acabei soltando uma risadinha e bati novamente no braço dele.
_Estúpido._Cambaleei, começando a andar. Ele começou a andar na minha frente, ainda soltando risadinhas. Maldito! Realmente me assustou…_Porque estava me seguindo?
_Eu não estava te seguindo…
_Imagina!
_Certo. Eu apenas vi você saindo do hotel sozinha e vim perguntar se você gostaria de companhia. Isso não é seguir.
_Se eu disser que não quero companhia, você vai ir embora?
_Nop._Ele me cutucou com o cotovelo e eu revirei os olhos.
_Você gosta de ser chutado, é isso?
_Claro que não! Só que o difícil me atrai._Ele começou a andar a minha frente, virado na minha direção.
_Você não desiste fácil, não é?
_Com certeza, não._Chegamos em uma rua mais movimentada. Paramos, ele me encarando. Esperando o que eu iria dizer. Suspirei, derrotada:
_Certo. Vamos comer! Que tal o…
_Mc Donalds?
_Você aprende rápido._Mordi o lábio e ele me puxou pro Mac.

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