Capítulo 3

10/06/2013 17:37

O jantar foi tenso, para mim pelo menos. Igor mostrou-se calmo e controlado, e bem espirituoso, com aquele seu antigo bom humor, fazendo todos da mesa rir, menos eu. Eu apenas tentava me manter concentrada na comida. Percebi que Ceci me olhava com desaprovação, 1uerendo que eu me soltasse mais. Mas eu simplesmente não conseguia, principalmente porque Igor não parava de me encarar.

_Então Igor, no que trabalha?_Minha mãe perguntou.

_D. Betânia eu trabalho…_Ele parou ao ver a cara da minha mãe. Me olhou confuso.

_Ela não gosta de Betânia, se quiser chame de Tia Betty. Nunca Betânia._Expliquei.

_Ah, me desculpe.

_Tudo bem._Minha mãe sorriu, parecia cada vez mais encantada.

_Eu trabalho no planetário no centro da cidade. Minha tia é astrônoma, trabalhou lá por um tempo e arranjou um trabalho para mim.

_Sério? Nossa, que demais. Então faz faculdade de Astronomia?

_Exato._Ele sorriu e olhou para mim._Eu gosto de estrelas.

_Você podia me levar no planetário._Karol se intrometeu, tentando se livrar das verduras._Eu gosto de estrelas também.

_Podíamos ir todos._Ele sorriu para Karol, carismático. Revirei os olhos, bebendo um copo de refri e tentando de todo o jeito não olhar naquela direção. Ninguém percebia como isso era desagradável.

_Parece ótimo. Que tal amanhã?

_Amanhã não._Sem poder me conter, abri minha bocona.

_Por quê?_Vasculhei alguma desculpa boa na minha mente. Infelizmente eu era uma péssima mentirosa.

_Eu vou sair.

_Pra praia? _Ceci se intrometeu, me olhou com um olhar assassino._Você vai todo dia para praia.

_Eu não vou à praia amanhã. Vou a outro lugar.

_Que outro lugar? Que eu saiba todas suas amigas viajaram e o Alexandre também.

_Não conheço só eles, eu tenho várias opções de pessoas e lugares, ta?_Eu não conseguia mentir, então só ficava nessas evasivas.
_Você vai, claro que vai._Minha mãe disse sorrindo, mas eu sabia que ela faria ameaças depois.

_Podemos ir outro dia. _Igor tentou apaziguar as coisas._Aí não tem problema.

_Depois de amanhã!_Ceci disse animada. Senti vontade de desaparecer. Não respondi nada, e eles voltaram a conversar. Assunto? Praia. Eu? Martírio.

_Eu surfo._Igor comentou quando minha mãe perguntou se ele gostava de praias, isso desencadeou mais lembranças e logo a comida não parecia nem comestível para mim.

_Surfa?

_Arran.

_Surfa pra manter a forma?

_Não. Na verdade não. Quando comecei a surfar era bem magrelo e tinha horror a academia, sempre achei chato. Mas eu gostava um pouco de esportes, mas não tinha muito jeito. Mas eu amo o mar, achei a solução perfeita. Aprendi a surfar. Manter a forma é apenas um bônus.

_Você deve ter muitas garotas em cima de você.

_Não. Não.

_Mentiroso._Eu disse baixinho. Alguns pares de olhos viraram para mim.

_Você disse algo?

_Não. Claro que não!_Corei e ele sorriu tristonho. A conversa retornou, minha mãe parecia conquistada. Eu estava já cansada disso. Me levantei.

_Com licença. Vou dormir.

_Já?

_Sim. Estou com dor de cabeça. Boa noite.

_Boa noite._Me virei, sem olhar na direção dele. Subi as escadas correndo e tranquei a porta do quarto. Eu estava superconsciente da minha cabeça latejando, e do meu estomâgo hiper sensível, ainda sentindo a adrenalina pulsando em meu corpo. Fechei os olhos, procurando pensar em qualquer outra coisa. Me concentrei no sangue martelando forte na minha cabeça, dos braços pulsando. E do coração se rebelando. Batendo dez vezes mais forte do que o normal.

_Droga!_Puxei um travesseiro e o apertei junto a cabeça. Fechando os olhos. Lembrei da minha promessa. Sem lágrimas. Sem lágrimas… Difícil. Abri os olhos olhando o teto e tentando pensar em uma forma de fugir ao encontro de depois de amanhã.

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