Nem a pizza, nem o refrigerante, nem a chuva foi o suficiente para aquietar esses cinco jovens pelo centro da cidade pacata de Paraty. Caminhando pela praça principal eles conversavam exageradamente e sempre paravam para tirar fotos, totalmente aleatórias. Encontraram a parte mais histórica da cidade, casas da época colonial que foram transformadas em lojas de artesanatos ou restaurantes e bares. Ralf e Guto não perderam tempo e logo selecionaram alguns bares para experimentar ou re-experimentar algumas bebidas. As meninas por não serem mais velhas ficavam do lado de fora aproveitando o sereno e jogando conversa fora. Mas eis que Ralf surge com uma caipirinha na mão e uma ideia brilhante.
- Eis que eu tive uma ideia de gênio, não é Guto? – Ele diz surpreendendo as meninas que não esperavam sua presença. Guto aparece atrás dele e se junta a Nayara.
- Concordo.
- Então fala ai. – Bianca diz.
- Vamos conversar em inglês? Nos fingir de gringos? – Ele fala entre risos e Guto não se agüenta e cai na gargalhada.
- Como assim Finho? – A loira estranha o comportamento do irmão e do primo.
- Vocês não estão fazendo curso de inglês? – Elas concordam. – Eu e o Gutão já manjamos um pouco. Vamos fingir que somos gringos e sair por ai falãndou assim, que tau? – Ele usa o tom de voz e a forma de falar como se fosse estrangeiro tentando dizer uma palavra em português.
- Sério? – Bianca pergunta.
- Eu to dentro. – Nayara logo concorda e deposita um selinho demorado em Guto.
- Acho que vai ser divertido. – Tati diz concordando e Bianca faz que sim com a cabeça.
E assim eles começam a diversão. Com a caipirinha na mão e a recém namorada enroscada em seu braço Guto puxa um assunto com Ralf, que caminha ao seu lado. Tatiane e Bianca acompanhavam Nayara do outro lado e mesmo presa ao musculoso braço dele conseguia conversar algumas coisas com as meninas.
Os rapazes desembestaram a entrar em outro bar e Nayara dessa vez acompanhou. Eles puxaram assunto em inglês com o balconista.
- Quanto custa a caipirinha?* - Ralf pergunta.
- 8 reais senhor.
- Me vê duas.
- É pra já.
- Ei, Ralf... – Nayara se aproxima do loiro. – Eu ouvi ele dizer pra um outro cara ali que era 6, será que ele esta passando a perna em você?
- Sei não, mas vamos ver. – Ele faz psiu chamando a atenção do balconista. – Meu amigo aqui entende um pouco de português e ele mencionou que existe outro valor pra caipirinha. Você esta me roubando? – Ralf finge estar ficando bravo e olha o balconista sério.
- N-não senhor! – O rapaz gagueja em inglês. – O valor é 8 reais mesmo.
- Então por que para os brasileiros você faz 6? Pensa que eu sou trouxa? – Ele olha de esguelha para Guto, que prestava muita atenção na cena tentando não rir. Faz um sinal com o olhar e simula dar um soco no balcão. Guto compreende e segura o braço dele evitando o soco.
- Calma Sr. White, o rapaz aqui sabe que o senhor não é trouxa. – Ele falava fingindo evitar o pior.
- Eu faço de graça senhor, não precisa ficar bravo. – O balconista tremia e entregava de imediato o copo ao loiro.
- Muito obrigado rapaz, você evitou o pior hoje. – Guto falou em português dramatizando a cena.
- E-eu que agradeço por ajudar.
Os dois se retiram do bar com Nayara logo atrás sendo puxada pela mão de Guto, chamam as meninas e se afastam do lugar. Do nada uma explosão de risos ecoa por um beco um pouco vazio e Bianca e Tatiane se assustam.
- Eita o que houve?
- Vocês perderam KKKKKKKKKKKKK.
- Falem logo caramba!
- O Ralf Bia, ele começou a fingir que estava furioso e assustou o balconista do bar, KKKKKKKKKKKKKKKKK. – Nayara dizia engasgando-se com a risada.
- Foi a coisa mais retardada que eu já fiz! – Ralf não sabia se falava ou se ria.
***
- KKKKKKKKKKKKKKKKKK. – Guto apenas conseguia gargalhar.
- Sério? – Tatiane perguntou assustada.
- Com certeza! Mais um pouco e eu estragava o plano todo! – Nayara disse enxugando pequenas lágrimas que escorriam devido as risadas.
- Calma amor, se não você perde o ar. – Guto dizia com as mãos nas costas da jovem querendo ajudá-la de alguma forma.
- Tudo bem amor, já passou. – Ela ri mais um pouco e se controla.
- Ralf você é mais doido do que eu imaginei. – Bianca disse olhando para o loiro sorrindo.
- O que? Achou que eu não era louco a ponto de fazer coisas assim? Viu nada. – Ele dizia se gabando.
- Uhum... – Ela murmurou para si mesma olhando loiro.
- E ai vamos fazer o que agora? Continuar com a brincadeira? – Tatiane perguntou.
- Eu topo, quero rir e aproveitar muito essa nooooite! – Nayara logo foi a primeira a responder totalmente empolgada abraçando seu namorado.
- Opa, demorou! Quem sabe eu não consiga outras biritas de graça? KKKK.
- Aff o outro só pensando em beber. – Nayara disse revirando os olhos.
- Tem alguma coisa a ver com isso? – O loiro respondeu emburrado com o comentário.
- Não sou eu quem ficará ao seu lado quando vomitar, né amor? – Nayara dizia referindo-se ao outro dia quando Ralf vomitou e Guto estava contigo.
- HAHA como você é engraçadinha né minha princesa? – Guto respondeu com ironia, mas logo a selou os lábios.
- Boa sorte viu primão, você esta ferrado com ela. – Ralf dizia lamentando o suposto destino trágico do seu primo.
- Se ela estiver ao meu lado não importa se vou estar ferrado, quebrado, o que for. Ela comigo eu supero tudo. – Ele dizia olhando fundo nos olhos castanhos de sua namorada e na última frase ele sorriu e piscou pra ela.
- Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaawn. – Tatiane e Bianca fizeram o coro fofura.
- Porra Guto o que houve com você? Ela fez uma lavagem cerebral em tu cara? – Ralf dizia segurando a cabeça do seu primo como se estivesse procurando algo. Nayara apenas deu um tapa bem forte no braço do loiro que logo a olhou sério.
- Tá olhando o que besta? – Ela perguntou sustentando o olhar.
- Nayara Nayara... – Ele começou.
- Ow, cai fora Ralf. Você é meu primo, mas não vou deixar você fazer nada com ela não falou? – Guto puxa Nayara para o meio dos seus braços e a protegeu.
- Guto dá pra você parar de ser tão fofo assim? – Bianca disse com cara de choramingo.
- Ah outra, se emocionando. Owwwn. – Ralf disse com tom de zombação.
- Vai se foder loiro aguado. – Bianca respondeu fazendo careta. Cruzou o braço no braço da Tatiane e a puxou para continuarem a andar.
- Onde vocês vão? – Nayara perguntou. – Esta garoando.
- Quem esta na chuva é para se molhar, então por que? Vamos curtir tudo hoje, e não vai ser uma garoa dessas que vai me impedir. – Bianca disse toda determinada.
- Eita... Então tá né? – Nayara da de ombros.
Depois do pequeno fuzuê os cinco jovens retornam ao passeio pelo centro da cidade histórica de Paraty. Eles não eram os únicos turistas a caminharem na chuva, outras pessoas também se banhavam da garoa. Fotos de todos os tipos eram tiradas, línguas de fora, cabelos molhados e arrepiados, abraçados, separados, totalmente uma loucura.
- Vish agora a chuva esta engrossando mais hein? – Tatiane comenta.
- Olha, ali tem um tipo de casinha, vamos pra lá. – Bianca aponta para um coreto pequeno. Todos a seguem e ao se aproximarem da mini casinha percebem já ter um casal ali. Porém isto não foi motivo o suficiente para eles não entrarem. Pouco se importavam se os atrapalharia afinal um recém casal formado estava entre eles.
- Meu justo no último dia chove, é uma sacanagem isso. – Bianca reclama apertando o cabelo para secar.
- Nem me fale. Mas esta muito legal, fala sério. Essa ideia do Finho foi à melhor que ele já teve até hoje! – Tatiane diz olhando com uma cara pro seu irmão que retribui o olhar sério.
- Aham, até que seu irmão não é tão loiro assim né? – Agora Bianca que olha com uma cara para Ralf que simplesmente ignora o comentário lançando um sorriso irônico para a morena.
- Vocês se cutucam mais que Facebook caramba hein? – Nayara diz após parar de beijar Guto.
- Facebook? Como assim? – Bianca perguntou confusa.
- Aah, o facebook inventou de colocar um negócio chamado ‘cutucar’. Você clica pra cutucar alguém, tipo encher o saco. Aff, uma coisa de idiota. – Nayara responde revirando os olhos e se envolvendo mais no abraço do seu namorado.
- Eu nem sei mexer naquilo então, KKK. – Bianca riu e se surpreendeu ao ver Ralf rir discretamente do que ela dissera.
- Ei! Olhem ali! Aquela barraca ali vende bebida. – Guto comenta olhando para uma barraca razoavelmente grande com diversos tipos de garrafas com frutas variadas dentro delas com um líquido que aparentava ser transparente; pinga.
- Será? E se for só suco? Não parece bebida. – Nayara responde tentando olhar melhor o que as garrafas possuíam em seu interior.
- Só tem um jeito de descobrir isso... – Ralf disse.
- Indo lá. – Bianca acrescentou, mas não percebeu que Ralf a olhou discretamente.
- Então borá? – O loiro pergunta.
- Ah Finho, ainda esta chovendo. – Tati resmunga.
- Quem é a favor de ir levanta a mão. – Infelizmente Tatiane perdeu e teve de ser arrastada pelo braço por Bianca.
- Ei moço o que que é isso que esta vendendo? – Bianca já logo chegou perguntando. Todos se surpreenderam.
- Cachaça, pinga bebida da localidade. Vão querer? – O senhor barbudo de barriga arredondada pergunta encarando os jovens.
- Na verdade acho...
- Eu quero. – Ralf interrompeu sua irmã antes que ela terminasse de falar.
- Finho! – Ela o recrimina.
- Que é? Vai encher o saco por causa disso também é? Já bebi antes Tati, se não quer é só falar. – O loiro a repreende e Tatiane não diz mais nada.
- Eu também vou querer ai moço, a mais forte. – Guto diz e Nayara encara ele assustada, mas depois ri.
- Sendo assim também vou querer.
- Tá, mas quanto tá o copo moço? – Ralf pergunta.
- Seis reais o copo pequeno. Doze o copo grande.
- Porra que facada! – Ralf diz assustado pelo valor. Bianca que estava ao seu lado o cutuca discretamente na intenção de que ele fosse mais delicado com as palavras.
- É esse o valor, se quiser compra, se não podem dar o fora. – O gordo de uma expressão normal mudou para uma expressão carrancuda e parou de dar total atenção ao grupo.
- Ok, então me vê dois copos pequenos da bebida mais forte que você tiver ai.
- A mais forte? – Bianca pergunta extremamente assustada.
- Claro, vou pagar caro pra cassete e vou comprar a mais fraca? To fora! Dois copos vão dar pra queimar a goela, o estômago, até na hora de ir ao banheiro fazer o número dois. KKKKK. – Ralf diz todo divertido pelo ultimo comentário.
- Aff como você é nojento. – A morena revira os olhos.
- Estão aqui. – O senhor diz para chamar a atenção do loiro, que pega as bebidas e passa para Nayara.
- Obrigado.
- Mas já vou logo avisando – O gorducho alerta antes deles saírem. – Essa é a mais forte mesmo.
- Melhor ainda! Falow. – E enfim os jovens se retiram dali. O velho continuou olhando o grupo fazendo um movimento negativo com a cabeça.