Capítulo 2

10/06/2013 17:36

Definitivamente eu estava arrumada com a minha melhor roupa. Ok, eu estou mentindo. Nenhum garoto valia tanto esforço. Eu simplesmente estava com um shorts jeans e uma bata comprida e confortável. Nos pés, um chinelo. Bem largada mesmo. E ai de Ceci se reclamasse. Desci as escadas, com o livro da mão e me joguei no sofá. Logo percebi que não conseguiria ler mesmo. No andar de cima eu podia ouvir a algazarra de Karol no banheiro, na cozinha minha mãe cantarolava e infelizmente, ela não tem uma voz muito doce… E Ceci andava de um lado para outro pela casa.

_Dá pra pelo menos ficar parada? Ou eu vou pregar seus pés no chão!

_Você parece irritada.

_Se eu estivesse irritada, você não estaria entre os que são desse mundo. Traduzindo, morta.

_Minha vida tornou-se emocionante desde que você veio morar conosco, as ameaças me emocionam.

_Também te amo irmãzinha._Voltei a ler o livro.

_Malu…?_Olhei para ela._Estou atrapalhando?

_Imagina._Disse irônica.

_Sorte a minha._Ela sorriu._Tudo bem, leia seu livro em paz.

_Obrigada._Voltei a ler. Então percebi que Ceci batia o pé no chão ritimadamente._Ta legal! Fala logo o que você quer.

_Ahhh obrigada!_Ela sentou-se no sofá. Abracei s joelhos. Preparada para o tédio, ou não._Ele é perfeito.

_Eles normalmente são.

_Não, ele é diferente. Realmente diferente. _Pude ver como seus olhos brilharam. E meio que me assustei com isso._Ele é engraçado, sexy, trabalha pouco, ganha muito dinheiro. É bonito… E o que importa mesmo é a beleza interior.

_Pera, não está trazendo um cafetão aqui pra dentro certo?

_Malu!_Ela começou a rir, bem humorada. É, eu estar arrumada surtia efeitos bons no humor dela.

_Ele trabalha com a tia.

_Em que?_Ela fez uma careta._Vai saber que não sabe?

_Quando ele pagou tudo que comemos no passeio que fizemos ao shopping, eu só queria que ele me beijasse.


_Hum, está namorando um Brad Pitt da vida._Não me admirava ele ser ‘perfeito’. Ceci normalmente pegava os caras mais legais. O problema é que chutava eles depois de algumas semanas. Eu a achava meio insensível. Mas havia cansado de discutir com ela sobre relacionamentos. Eu era ignorante nessa matéria.

_Você acha mesmo que estou exagerando?

_Acho.

_Foi uma pergunta retórica._Ela fez careta, parecendo aborrecida.

_Desculpe._Eu ri de leve. Olhei para ela, que olhou para a porta pela milésima vez._Tudo bem, entendi. Você gosta mesmo dele. Prometo me comportar.

_Sem piadinhas sem graça?

_Eu nunca conto piadas sem graça.

_Era uma vez um pato que nunca ria. Aí um dia ele tropeçou e rachou o bico._Ela ficou séria olhando para mim. E sem querer eu desatei a rir, muito alto! Logo ela estava me acompanhando. Me recuperei depois de alguns minutos.

_Sem piadas sem graça?

_Promete?

_Fala sério, Ceci. Não duvide de mim, ok?

_Obrigada._A campainha tocou, então ela arregalou os olhos. Olhei para trás do sofá e vi uma silhueta parada na porta, mãos no bolso. Cabeça baixa. Antes que Ceci se levantasse Karol desceu correndo as escadas, os cabelos castanhos claros úmidos e o vestidinho levemente amassado. Ceci tentou impedi-la, mas ela abriu a porta.

_Ei, você é o namorado da minha irmã?_Ouvi uma risada grave e paralisei.

_Sim._Não. Não pode ser. Impossível!

_Vamos, entre._Ceci chamou. Olhei para baixo, para o livro. Ouvi quando Ceci apresentou ele, a porta ainda aberta para Karol e minha mãe. _Ei, Malu. Venha cá.

Com as pernas tremendo me levantei. Me convencendo que eram só vozes parecidas e nomes parecidos. Caminhei ainda de cabeça baixa para perto da porta. Então levantei os olhos. Eram eles, aqueles mesmos olhos castanhos. Vi que ele espelhou a expressão do meu rosto. Assustado, incrédulo, perdido. A garganta secou, sem saber o que fazer continuei parada.

_Vocês já se conhecem?_Ceci perguntou, desconfiada.

_Não! Claro que não!_Dissemos em sincronia. Logo nos olhando assustados novamente. Senti o rosto corar e vi que suas bochechas também coravam sob a pele bronzeada.

_Certo…_Ceci sorriu, animada. Agarrou o braço dele, o puxando para perto._Igor, esta é minha irmã Malu. E Malu este é o Igor, meu namorado.

Engoli em seco. Sem saber conseguir assimilar tudo. A única coisa que eu conseguia pensar enquanto Ceci me olhava orgulhosa e mostrava Igor era horrível, era insano. Tudo o que eu conseguia pensar era quando eu o chamava de meu.

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