Caminhando pela rua serpente, como os jovens acabaram chamando-a, eles conversavam animadamente. Aos poucos moradores daquela rua discretamente saiam de dentro de suas casas para ver o que era tanto barulho e descobriam ser turistas. Novidade para eles, já que presenciavam isso sempre. E como se já não bastasse os tratores e a construção da ponte de dia né? Enfim, lá estava a ponte em reforma e a rua de terra, buraco e materiais de construção. Havia um detalhe nisso tudo que eles não tinham percebido ainda. Paraty apesar de ser uma cidade litorânea ela sofria mudanças de tempo muito rapidamente. A tarde tinha sido de um Sol caloroso, mas a noite nuvens cinza e aparentemente carregadas foram se apoderando do céu estrelado e uma chuva prometia para aquela sexta feira. Porém ninguém notou.
- Quer uma ajudinha pra passar pela taboa Bia? – Ralf se ofereceu ao perceber que a morena estava com medo de atravessar a gambiarra que os construtores fizeram para passar por uma grande fissura no chão.
- Se você não me zoar depois tudo bem. – Ela disse rindo estendendo a mão para Ralf.
- Uma pena não ter encontrado o Paulo para convidá-lo também, pelo menos não ficaria de vela. – Tatiane reclama com uma cara de tacho enquanto seguia atrás de Guto para atravessar a madeira no chão.
- Para Tati, você esta entre amigos não tem essa de vela. – Nayara dizia enquanto ajudava a amiga a atravessar com segurança.
- Tá eu sei Na, mas vocês vão ficar conversando em duplas e eu moscando entre os quatro. – Seus braços gesticulavam no ar e sua expressão era de não estar nada contente com a situação.
- Bianca! – Nayara berra para chamar atenção da morena que já estava quase no meio da ponte. Ela olha pra trás. – Vem cá.
- Que foi? Mudaram de ideia? – Ela perguntou enquanto se aproximava e percebia a tensão na cara das duas amigas. – Eita alguém se machucou?
- Não, mas a sua amiga aqui esta de frescura aqui.
- O que foi Tati? – A morena cruza seu braço no braço da amiga.
- Nada não Bia, a Na que fica inventando história.
- Não é nada disso Bia, a Tati esta reclamando que vai ficar sobrando só porque estamos em duplas e ela não, pode uma coisa dessa? – Nayara falava recriminando a loira.
- Aff... – Tati resmungava e a essa altura Ralf e Guto pararam um pouco depois das meninas ignorando o assunto e conversando entre eles.
- Vamos fazer o seguinte senhorita Tatiane, nós vamos encontrar um cara bonitão e você não vai ficar sozinha! – Bianca exclamou.
- Ótima ideia Bia! – Nayara apontou o dedo para a amiga demonstrando a genialidade da ideia da amiga.
- Quer saber? Esqueçam! Eu não quero saber de mais nada não, finjam que não escutaram as minhas reclamações... – A loira se desgrudou e seguiu em direção ao irmão e ao primo. Chegando perto ela sussurra. – Bem que vocês podiam me ajudar né? Po Finho será que você não sabe cuidar da sua irmã direito não? Olha a tortura que aquelas duas estão fazendo. – Os dois apenas riram.
- Para de ser besta Tati, elas estão certa você tem que curtir, sempre ficou em casa sem fazer nada. Toda tímida, tá na hora não acha?
- Concordo com o seu irmão, e pensando melhor nós vamos te ajudar a encontrar um cara maneiro falo? – Guto disse apertando de leve o braço da prima.
- Conseguiram convencer ela? – Bia e Nayara perguntaram.
- Aham, agora vamos logo? Estou morrendo de fome. – Ralf falou e todos riram.
Antes de todos começarem a atravessar a ponte definitivamente, uma coisa surpreendeu cada um. Gotas começaram a cair em seus rostos e um clarão surgiu ao longe. Nessa hora eles finalmente perceberam como o tempo havia mudado e antes que tivessem a chance de procurar um lugar para se abrigarem um grosso lençol de água os acertaram desesperando as meninas que faziam com que os meninos gargalhassem ao máximo.
- Aaaaaain temos que sair dessa chuva, pelo amor de Deus! A minha chapinha já era!! – Bianca gritava colocando as mãos sobre a cabeça como se de alguma forma fosse proteger seu cabelo.
- KKKKKKKKKKKKKK eu adoro quando isso acontece! – Ralf exclamou zombando de Bianca.
- Vai à merda Ralf, você diz isso só porque tem um cabelo liso. – Bianca retrucou com a maior cara de tacho do mundo.
- Olhem ali! Tem um restaurante, vamos pra lá! Rápido! – Guto falou chamando os amigos com a mão e já caminhando em direção ao restaurando com Nayara embaixo do seu outro braço.
Ralf num instinto normal puxou Tati de um lado e Bianca de outro tentando inutilmente proteger ambas, não obteve tanto sucesso, mas o gesto foi fofo. Ao pisar na entrada do restaurante, todos que ali estavam tranquilamente jantando pararam e olharam com muita suspeita aqueles cinco jovens molhados.
- Posso ajudá-los? – Um rapaz trajado de colete preto e camiseta social branca os olhava um pouco surpreso.
- Por um acaso você não teria algumas toalhas disponíveis teria? – Guto perguntou com um sorriso travesso. Todos ali riram inclusive o garçom.
- Toalhas não têm, mas podem tentar se secar com as toalhas de papel do banheiro. – Ele sugeriu e todos concordaram.
Assim todos marcharam até os banheiros e a festa começou. Os meninos de uma sutileza incomparável começaram a atacar bolas de papel um no outro. Guto e Ralf sempre tiveram uma ligação inexplicável, a única coisa que os diferenciavam era a aparência, porque se não fosse eles seriam considerados irmãos. As meninas se comportaram como tais. Claro que demoraram mais para se secar e depois de ter feito isso elas se maquiaram novamente. Tudo pronto os cinco se encontraram do lado de fora e começaram a decidir o que eles fariam.
- Bom eu voto a favor de ficarmos por aqui e pedir algo para comer. – Tati responde apressadamente.
- É eu também sou. Ainda esta chovendo... – Bianca apoiou a loira enquanto observava o tempo.
- Eu não preciso nem responder! – Nayara exclamou erguendo as mãos num gesto de defesa.
- Então fecho! Vamos escolher uma mesa e jantar como adultos. – Ralf disse ironizando a situação. Os demais riram e solicitaram ao garçom uma mesa para cinco.
Mesa para cinco exatamente não tinha, então eles tiveram de improvisar colocando uma cadeira na ponta da mesa atrapalhando de certa forma a passagem dos garçons. E quem disse que eles se importaram? Guto foi quem sentou ali, Nayara ao seu lado e Bianca do dela. Ralf e Tati estavam do lado oposto da mesa. Depois de muito conversarem escolheram uma pizza e refrigerantes para acompanhar.
- Até que aqui não é um mau lugar né? – Nayara comentou enquanto acariciava a mão de Guto.
- Aham é muito aconchegante. Pena que o local é pequeno fica essa coisa desconfortável né Guto? – No mesmo instante que a morena perguntou Guto levou sem querer uma bandejada na cabeça.
- Desculpe-me senhor, não tive a intenção de acertá-lo. Esta tudo bem?
- Não tudo bem cara, pode ficar tranqüilo. – Guto tranqüilizou o garçom que estava pálido de susto.
- Você tá bem Mo? – Nayara se aproximou verificando se não houve nenhum machucado na cabeça de Guto.
- Não tá de boa amor vai ficar só um galo. – Ele riu constrangido.
- Sabe de uma coisa gente? – Tati começou – Vou sentir muita falta dessa viagem, desses momentos que temos vivido nos últimos dias. Só acho que o Van faz falta... – A loira diz com o tom de voz tristonho.
- Também acho. Aquele chato optou por viajar com o pessoal lá do que conosco. Ai que raiva desse Evandro viu... – Bianca resmungou.
- Deixa ele meninas, enquanto ele estiver lá com aquelas metidas nunca vai se sentir completo porque faltará nós para dar uma alegria de verdade. – Nayara filosofou com tamanha simplicidade que todos a olharam surpresos. – Eita que foi?
- Isso foi muito legal de se dizer Na. – Tati falou.
- Que nada é só a verdade...
- Êêêê dá pra deixar esse mané de lado um pouquinho? – Guto murmurou incomodado com a situação.
- Relaxa mo, ele já tem dona, né Tati? – A loira sutilmente fuzilou a amiga por fazer esse comentário.
- Como assim Tati? – Ralf pergunto confuso.
- Nada não, a Nayara esta se fazendo de besta. – Ela dizia olhando seriamente para a castanha, que sorria de volta.
- Bom mudando de assunto, Tati temos que arrumar um menino pra você hoje! Chega de ficar na fossa. – Bianca exclama extravasando os jovens.
- Quer saber? Esquece! Eu não preciso de ninguém, tá muito bom assim. – A loira se esquivar da conversa.
- Não importa o que você diga ou faça Tatiane, depois desse jantar vamos encontrar o cara mais bonito desta cidade e você vai conhecê-lo e quem sabe dar uns beijos também, HAHA.
- Aff cala a boca Bianca. – Tatiane sibilou. Sua vontade era de atacar a primeira coisa que tivesse em mãos: copo, prato, celular...
- É Bia, não vamos encher o saco dela agora, deixa pra mais tarde. – Nayara sorriu maliciosamente. Tatiane queria matar essas duas.
Enfim a pizza chegou e todos aproveitaram o delicioso sabor de frango com catupiry. Conversaram mais algumas coisas e tudo prometia ser a melhor noite de todos. No final da refeição Guto e Ralf inventaram de beber Absinto. As meninas por serem menor de idade, ainda, não puderam desfrutar da novidade, então ficaram só olhando. Guto ajustou a dosagem certa de sal na mão, depositou rapidamente a bebida em sua mão seguida pelo sal e o resultado foi uma careta muito feia. A bebida desceu ardendo em sua garganta e o sal não colaborou muito também, mas como bom homem não fez feio e disse que era muito gostoso. Claro que as meninas riram muito da cara dele, mas não o julgou. Ralf fez e passou pela mesma situação que Guto, tornando tudo engraçado novamente.
Todos dividiram a conta e saíram do restaurante rindo pelos cotovelos. O que pode acontecer agora só Deus sabe.