Capítulo 20

10/06/2013 17:49

_Anda, Malu!_Alexandre gritou pela nonagésima vez. Prendi os cabelos em um rabo de cavalo alto. Estavam na hora de cortar novamente. Suspirei, não gostando da imagem abatida no espelho. Saí do banheiro, me deparando com Alexandre lendo uma revista velha.

_Já estou pronta._Murmurei, fazendo pose. Ele jogou a revista de lado.
_Huum, ta gatinha. Vem cá…_Ele disse, levantando da cama e indo até mim. A expressão brincalhona.
_Cala a boca!_Ri baixo, ele me puxou pelo braço._Aonde vamos?
_Não sei. Não decidi ainda._Descemos a escada de braços dados. Quando chegamos à sala demos de cara com Ceci e minha mãe assistindo novela. Fechei a cara. Ceci analisou Alexandre da cabeça aos pés e notei aquele olhar de curiosidade perigosa dela.
_Oi, Alexandre.
_Oi, Ceci.
_Como foram as férias?
_Legais.
_Alexandre? Quero ir logo. _Sussurrei no ouvido dele.
_Certo._Ele sussurrou de volta, agorando olhando minha mãe._ Vamos dar uma volta, não vamos chegar tarde.
_Juízo crianças._Minha mãe sorriu. Ela era louca pelo Alexandre.
_Claro, mãe._Sorri, puxando Alexandre pelo braço.
_Malu… Eu fico parecendo muito idiota perto dela?
_Você fica idiota de qualquer jeito.
_Obrigado._Ele passou o braço pelo meu ombro enquanto andávamos. Umas duas ruas depois da minha casa encontramos Henrique, com seu skate. Henrique até que era bonito, 17 anos, cabelos escuros, olhos verdes, magro e aquele estilo de skatista bem charmosinho. Há alguns anos atrás implicávamos muito um com o outro. Claro que depois que vim mudar pra casa da minha mãe as coisas meio que mudaram. Ele passou a me chamar pra sair e ser gentil comigo. Acho que é pelo fato de que agora eu tenho seios.
_Hey, pessoas.
_Oi.
_Onde estão indo?_Ele olhou para o braço de Alexandre em meu pescoço e acabei ficando desconfortável.
_Dar uma volta.
_Com o Alexandre você vai dar uma volta, né, Malu?_Sorri sem graça.
_É que eu tenho uma coisa que você não tem.
_Cérebro?_Comecei a rir baixinho e Alexandre me beliscou de leve.
_ Exclusividade._Então ele beijou minha bochecha e Henrique fez uma careta.
_Ele ta tirando uma com a sua cara, Henrique. Relaxa…_Sorri convidativa, fazendo com que ele sorrisse também._Então… Onde você vai?
_Encontrar o André e alguns caras pra andar de skate. Falando nisso…Faz tempo que você não anda com a gente.
_Amanhã talvez eu vá.
_Ótimo. Então…Até lá?
_Até._Ele sorriu para mim antes de virar as costas, parecendo bem mais animado agora.
_Ele gosta de você, devia sair com ele._Alexandre comentou tentando parecer inocente.
_Nem começa._Tirei seu braço do meu ombro, fazendo uma careta.
_Seria legal…
_Alexandre, meu tapado. Pense. O que duas pessoas fazem depois que saem juntas?
_Dão uns amassos.
_Você me disse que eu sou quase como a sua irmã. Tudo bem pra você ele dar uns amassos em mim? _Alexandre sempre foi supeprotetor comigo e até mesmo ciumento. Ele se comporta praticamente como meu irmão mais velho._Porque pra mim, tudo ótimo. Ele é bem bonitinho e tal…
_Pensando dessa forma…_Ele me olhou sério, a expressão concentrada._Nunca mais chegue perto dele, ele é um tarado.
_Sabia que você ia mudar de ideia._Eu disse, rindo.
_Malu…_Ele disse, depois de alguns momentos de silêncio.
_O que é?
_Promete que vai ser solteira pra sempre? Aquilo que você me disse não sai da minha mente e acho que não consigo dormir pensando em você pegando outros caras. É muito… nojento.
_Eu já fiz isso antes sabia?_Eu ri, sorrindo irônica pra ele._ E ainda faço de vez em quando.
_Maria!
_Vai dizer que não sabia? Alô. Terra chamando Alexandre.
_Acho que sou um cara muito inocente…
_Acho que você é um cara muito idiota, isso sim._Ele riu, me puxando pro caminho que dava para praia. Morar no litoral e ainda mais perto da praia tinha suas vantagens. O vento bateu no meu rosto e eu suspirei, tranquila. Acabamos encontrando alguns amigos de Alexandre e ficamos batendo papo. Eles era legais, e bem receptivos.
_Ei, Malu…_Alexandre disse, me chamando de lado._Ta com fome? Porque eu estou. A gente podia ir em um restaurante e tal.
_Vambora._Nos despedimos dos amigos dele, indo até o restaurante do outro lado da rua que dava para a praia.

Entramos rindo naquele local familiar e nos sentamos em uma mesa razoavelmente afastada. Tudo estava indo muito bem, tínhamos acabado de fazer nossos pedidos. Alexandre estava bem humorado e cheio de histórias da praia para contar. A tarde estava sendo bem divertida. Até que olhei para a porta e vi Ceci entrando no restaurante sorridente, junto com… ele.

_Só pode ser perseguição…

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