Entrei em casa esbaforida. Minha mãe tinha saído para jantar com seu marido. Então a casa estava completamente silenciosa. Entrei no meu quarto, batendo a porta com força.
_Como ele se atreve a dizer aquilo? Argh!_Fiquei me remoendo. E acabei indo tomar um banho de água super gelada para esfriar a cabeça. Esfreguei os cabelos com raiva excessiva e fui me trocar, colocando uma roupa leve, ao contrário da minha cabeça, que pesava toneladas.
Comecei a pentear meus cabelos úmidos, sem conseguir parar de pensar. Ouvi um barulho de carro chegando e caminhei para a janela, que dava para a entrada na casa. Vi Ceci descendo do carro, com Karol deitada em seus braços, provavelmente dormindo. Igor mantinha a expressão séria. Ceci caminhou para ele e beijou-lhe nos lábios. Aquilo foi… horrível. Não tinha nem como explicar. A raiva foi tamanha que apertei a escova de cabelo até os meus dedos doerem. Percebi que ele se afastou do beijo cedo demais. Ouvi a porta batendo e Ceci entrando dentro de casa. Mesmo assim continuei espiando, até que ele olhou em minha direção. Sustentei seu olhar por alguns segundos, até que não aguentei e fechei a janela com força.
Joguei a escova de lado e passei as mãos pelo cabeça. Irritada comigo mesma. Antes que eu pudesse me recuperar do incidente da janela, antes que eu pudesse me recuperar do que vi. Ceci entrou no meu quarto. Tinha as bochechas vermelhas e seu olhar estava cheio de cólera.
_O que fez com ele?_Ela sibilou. E percebi que ela estava completamente descontrolada. Quando Ceci ficava irritada ela ficava simplesmente insuportável.
_Como?
_O que fez com ele? Eu vi cinco lindos dedos na bochecha dele! _Engoli em seco, sem conseguir pensar em uma resposta boa o suficiente.Você bateu nele?
_Não sei do que está falando.
_Você bateu nele, Malu? Você é doida de fazer isso?
_Eu. Não. Sei. Do. Que. Você. Está. Falando!_Neguei, já começando a me irritar profundamente. Sinceramente… Eu não merecia tudo isso. Não merecia ter que aguentar todas essas porcarias que estavam acontecendo.
_Então como você explica a marca da sua mão na cara dele?
_Sei lá! Você é a namorada, problema seu._Me afastei dela e ela pegou minha mão. Analisando meus dedos, e se deparando com um anel antigo que eu tinha.
_Eu sabia! Sabia! No rosto dele ficou a marca de um anel, a marca do seu estúpido anel. _Puxei minha mão com força. Caminhando para longe dela._Porque você fez isso?
_Eu não fiz nada! Você ta enlouquecendo! Quer saber… Não sou obrigada a ficar ouvindo essas porcarias._Tentei passar com ela, mas ela me segurou e me fez sentar na cama.
_Me explica o que aconteceu AGORA!
_Não tenho nada que explicar! _Rebati, no mesmo tom de voz raivoso.
_Você foi uma vadia e bateu nele, isso eu entendi. Eu quero saber porquê!
_Não enche, Cecília!
_É o MEU namorado. Você não pode simplesmente bater nele. Não pode. É o meu namorado. O meu!
_Caramba! Eu já entendi que ele é o seu namorado. Espero que tenha entendido também que eu ODEIO ele!_Eu disse, começando a perder a cabeça também._ Então faça um grande favor mantendo-o longe. Pensando bem, fiquem os dois longe de mim. Eu não preciso ficar agüentando uma irmã histérica e um namorado imbecil. Eu não preciso!
_Não fale mal dele!
_Eu falo o que eu quiser! E quer saber? Cala a droga da sua boca, Cecília. Porque você não sabe de NADA ouviu? De nada!
_Então porque você não me explica?
_Porque você é egoísta demais pra entender. Só se preocupa com você e seu namorado imbecil. Deixou de ter uma irmã. Meus parabéns por toda sua inteligência em arranjar um namorado tão bom e perder a sua irmã. Agora me faz um favor? SAI DO MEU QUARTO!
_Malu…
_AGORA!
_Não!
_Qual parte do EU NÃO QUERO VOCÊ PERTO DE MIM. Você não entendeu? Sai daqui!_Ela continuou imóvel, me olhando com raiva. Então simplesmente a peguei pelo braço e a empurrei porta fora. Depois fechei a porta com estrondo e a tranquei.
_MALU, ABRE A PORTA. EU NÃO TERMINEI DE FALAR COM VOCÊ!_Ceci gritou absolutamente histérica e batendo na porta com força.
_Pois eu já! Então… CAI FORA E PARA DE BATER NA MINHA PORTA!_Gritei, mais histérica do que Ceci.
_MALU! ABRE A DROGA DESSA PORTA.
_MORRA!_Gritei, me jogando na cama e ligando meu rádio na maior altura. Na esperança de abafar os gritos de Ceci atrás da porta. Caminhei para o banheiro, sentindo que precisava de outro banho, bem gelado.