Hermione chegou em casa, respirou fundo. Seria um dia complicado. Entrou em sua sala, nenhuma das duas havia chego ainda. Limpou os olhos com um lenço. Jogou-se em sua cadeira.
- Preciso me concentrar em alguma coisa... – murmurou Hermione.
Entrou na sala de projetos e pegou sua pasta. Sentou-se na bancada para continuar a trabalhar na peça que começara, pegou o pequeno alicate e começou a abrir os pequenos aros de ouro que colocaria no colar. Escutou entrarem na sala. Devia ser Gina ou Luna.
- Licença!? – perguntou uma voz grave atrás dela.
Hermione sentiu se sangue subir rapidamente ao rosto. Respirou fundo e virou-se. Não era Draco, mas sim um moço de cabelos tão loiros, quanto os deles. Estava chocada com o que via. Desde quando esse tipo de gente frequentava aquela empresa.
- Pode me informar onde é a sala de Draco Malfoy? – perguntou ele casual.
- É no andar de cima. – disse Hermione.
- Ah... obrigado. – respondeu o moço se retirando.
Escutou um grito e coisas caindo no chão. Hermione se levantou rapidamente e viu Luna sentada no chão com muitos papéis em volta olhando para o cara de cabelos loiros à sua frente.
- Me desculpe. – disse o moço começando a pegar os papéis. – Estava totalmente distraido.
- Eu percebi... mas não tem problema. – disse Luna juntando as coisas rapidamente.
- Desculpa... nem me apresentei. Sou Dário Malfoy. – disse o moço sorrindo
- Sou Luna Lovegood. – disse ela se levantando com alguns papéis na mão.
- Bem... eu já vou. Me desculpa... – disse ele saindo apressado.
Hermione olhava tudo da porta, apenas observava a amiga resmungando. Tinha acordado de um pessimo humor pelo que constatará.
- Tá tudo bem Luna? – perguntou Hermione temendo uma resposta.
- Tá... além de um louco de cabelos azuis me atropelar e derrubar todos os meus projetos no chão... – disse ela arrumando os papéis.
- Já viu ele por aqui antes? – perguntou Hermione.
- Não... por que?
- Sei lá... não achava que gente de cabelos azuis frequentasse aqui... – disse Hermione debochada.
- Nem eu, mas o que ele estava fazendo aqui? – perguntou Luna tirando um projeto da pasta.
- Veio perguntar onde ficava a sala de Draco Malfoy. – disse Hermione sem emoção.
- Aff... – disse Luna. – De onde será que ele conhece esse cara?
- Não sei se conhece... – disse Hermione duvidosa.
- Sabe o que eu não consegui ainda perguntar para Gina?
- Sei... – disse Hermione rindo
- Como sabe?
- Aposto que é o negócio de como ela conhece o Draco não!?
- Acertou... – disse ela rindo
- Eu sei que acertei.
Hermione teve um longo dia de trabalho. Não tiverá tempo de pensar em absolutamente nada. Tiverá sua primeira reunião desde que começara a trabalhar. Pode escolher desde o tipo de ouro com o qual queria trabalhar até peças novas necessaria que ainda não havia.
Respirou fundo antes de entrar em casa. Seria um resto de dia bastante longo. Entrou sem fazer nenhum barulho. Mariana logo veio ao seu encontro.
- Estou preocupada Hermione. – disse a moça.
- O que houve?
- Sua mãe se negou a comer e não quis falar comigo.
- Eu sei... preciso te contar algumas coisas. – disse Hermione jogando-se no sofá. – Sente-se por favor Mariana.
Mariana à olhava com uma curiosidade suspeita. Era um olhar estranho. Hermione não se importou. Pegou um porta-retrato em cima da televisão e abraçou com força.
- Hoje faz um ano que minha irmã e meu pai morreram – disse Hermione fechando os olhos com força.
Mariana apenas a encarou.
- Eles morreram num acidente de carro onde a minha mãe ficou paraplégica. – disse Hermione. – Eles tinham acabado de sair da minha festa de 21 anos quando um caminhão bateu de frente com eles.
As lagrimas escorriam abundantes pelo rosto de Hermione que tentava contelas enxugando um um lenço.
- Minha irmã estava na frente pela primeira vez. Tinha completado 13 anos uma semana antes e minha mãe estava atrás.
Mariana deixava lagrimas grossas escarem de seus olhos. Parecia que aquilo a tinha machucado demais. Era como se tivesse sido com alguem da familia dela.
- Sinto muito Mione... eu não tinha ideia. – disse ela – sua mãe nunca nem mencionou. Não sabia que tinha tido uma irmã.
- Eu devia estar lá, eu tinha que ter morrido em vez da Dorinha. – disse ela chorando. – Ela devia ter ficado viva.
- Você não pode pensar assim Hermione...
- Mas não tem como... a cena do carro todo amassado me passa pela cabeça todos os dias. Meu pai morreu na hora, mas a minha irmã ainda lutou pela vida alguns dias antes de morrer.
- Eu... eu...
- Minha mãe ficou em coma por duas semanas. Quando ela acordou eu não sabia como contar para ela... – disse chorando – Mas eu tive que contar.
- Sua mãe tem alguma chance de voltar a andar?
- Tem... mas a cirurgia é muito cara... – disse Hermione. – Queria poder ter a minha familia inteira junta novamente.
Hermione chorou. Era como se fosse ontem. Seus pais mal tinham ligado o carro e andados poucos metros quando um caminhão apareceu na pista, arrastando-os por metros a fio. A morena tinha certeza de ter visto caminhão ligar ao ver seus pais entrando no carro.
- Queria poder fazer alguma coisa. – disse Mariana.
- As vezes eu acho que esse acidente foi proposital. – disse Hermione.