_Namorada? Do Igor?
_Sim, sou._Olhei para Igor, perdida._É sua amiga, Igor?
_Igor… Ela é sua namorada?_Ele não negou, só soltou as mãos da tal garota. Senti as lágrimas cegando meus olhos, pisquei. Sentindo uma profunda dor no peito. O vento balançou meus cabelos._Você mentiu.
_Eu não menti!
_Mentiu! Você mentiu._Balbuciei, confusa. Tudo se juntando na minha cabeça._ O tempo todo você mentiu…
_Igor… Como assim mentiu?_A garota se intrometeu._Me explica.
Ela podia pedir satisfações, ela era a namorada dele. Eu me sentia tão estúpida, tão… enganada. Dei alguns passos para trás e virei as costas. Senti um par de braços me puxando.
_Malu… por favor.
_Você mentiu. Me fez dizer tudo aquilo e… Oh. Me solta, não agüento olhar pra sua cara. Esquece.
_Só me escuta.
_Não importa o que você diga! Eu não me importo, eu não quero saber. Eu nunca vou te perdoar Igor, nunca mais. Esquece as últimas semanas, esquece tudo, esquece de mim. Esquece… _Puxei meu braço com força e desatei a correr pela praia, me afastando. Sentindo as lágrimas molharem meu rosto. Sentei na areia, próxima a algumas pedras, sentindo a maré baixa molhar as pontas dos meus dedos. Comecei a chorar, lembrando das hesitações, de quando seu humor mudava bruscamente. Ele tinha namorada! Era esse o motivo dele me olhar daquele jeito, com culpa, amargura, medo… Que droga de amor que nada! Eu fui um passatempo, um passatempo até a namorada chegar.
Fiquei lá não sei por quanto tempo, água agora molhando os meus pés, eu não me importei. Estava meio insensível e soluçava; sem poder controlar as lágrimas. Traída, humilhada, enganada. Era assim que eu me sentia.
Sentei alguém se sentando ao meu lado, me encolhi mais ainda. Olhei pelo canto do olho, visualizando a camisa de Pablo. Olhei para cima, sem vergonha das lágrimas que escorriam pelos meus olhos. Os grandes olhos castanhos extremamente claros de Pablo me trouxeram lembranças e vi que ele sentia pena.
_Você sabia, não é?
_Ele é meu melhor amigo. Eu sei tudo sobre ele.
_Então você mentiu pra mim também.
_Ele não mentiu para você, ele… omitiu.
_Uma namorada? Como alguém omite uma coisa dessas? Ele estava ficando… comigo! Ele me devia algo, não é? Eu nunca pensei na possibilidade de ele ter alguém, ele quase me pediu em namoro. Argh!
_Escuta, duvido que você entenda. Nem eu entendo, é complicado demais. Igor e Mônica são… compatíveis, até demais, e por serem tão iguais, eles vivem brigando. Eles namoram há muito tempo, eles brigam também, sempre. Eles tiveram uma briga e deram um tempo, não exatamente um tempo. Ela não queria que ele viesse pra cá e ele veio. Ficaram sem contato por vários dias e Igor considerou aquilo um término. Talvez pra ela não tenha sido a mesma coisa.
_Então, a alguns dias ela ligou pra ele, dizendo que queria voltar. Ó, que simples! Então… É só me dar o fora e tudo fica bem…
_Não foi bem assim. Você ta certa em partes, ela começou a ligar, ele ignorou por que… ele estava com você. Mônica nunca achou que eles terminaram, só perderam o contato. Ela sempre foi… egoísta. Ela sempre pensa no que é melhor para ela. Com essas ligações, ele se sentiu culpado e confuso, por que… Ele gosta de você e gostou dela por muito tempo.
_Se ele gostasse de mim, tinha me contado tudo.
_E você entenderia?
_Entender que ele gosta de uma garota há muito tempo, quer esquecer então dá em cima da primeira idiota e engana ela durante semanas? Não, eu não entenderia, eu não entendo. Eu não quero entender. Eu só… Quero fingir que ele não existiu.
_E você vai conseguir?
_Eu tenho que conseguir. E só uma droga de amor de férias, isso passa. Sempre passa.
_Quantos garotos você já amou e quantas vezes você já superou?
_E quem disse que eu o amo? Eu não o amo, não posso amar alguém tão egoísta.
_Está na cara que você ama ele. Vocês dois são egoístas, mas gostam demais um do outro.
_Vai embora, Pablo. Não preciso ouvir isso.
_Malu, eu sinto muito.
_Eu não preciso disso. Não preciso de alguém dizendo que sente muito. Realmente não preciso._Me levantei, pegando minha sandália e começando a andar de volta ao hotel. Minha cabeça latejava por causa das informações e pelo tanto que eu acabei chorando. No caminho vi Igor sentado no banco, naquele lugar que nos beijamos pela primeira vez.