Junho, 2011
- O que você faz na minha casa? – pergunto tirando minha mão da de Georgia.
- Sou sua nova vizinha... Mudei-me ontem, daí, minha mãe me falou que tinha um menino aqui nessa casa, que tinha minha idade e que fazia aula de poesias extracurriculares, e que era bonitinho... – ela sussurrou no fim. E corou.
Fiquei de cara com que ela disse. Bonitinho... Eu?
- Bom, hum, você é uma poetisa? – perguntei indiferente.
- Eu não diria que sou uma poetisa, faço poemas apenas por diversão – ela sorriu e eu não pude deixar se sorrir junto.
- Você vai fazer aula nessas férias?
- Eu não sei... – ela abaixou a cabeça e levantou logo em seguida – Só se você fizer junto comigo!
Espantei-me com sua energia positiva, o que não era o meu caso. Assenti com a cabeça e ela se jogou nos meus braços. Fiquei sem reação no começo, mas abracei-a.
Sophia
- Bruno... – o chamei, mas não me escutou – Bruno! – gritei novamente, batendo forte na porta.
Ela se abre e o Bruno aparece com os olhos semifechados.
- Que foi? – perguntou sonolento.
- Vamos embora! Já estamos aqui há dois dias, era para eu estar na terra! – empurrei a porta e entrei no quarto.
Era muito organizado para um quarto de um menino. Tudo muito bem alinhado, roupas, sapatos, tudo arrumado. A cama era a única desarrumada, pelo fato de ele ter acordado agora.
Virei-me para Bruno que me olha espantado. Agora que eu percebi que ele estava só de cueca. Que vergonha!
- Posso me vestir? – perguntou ele tímido.
- Hum, claro... – sai do quarto e me sentei no corredor ao lado da porta.
Deu dez minutos e ele saiu com uma mochila nos ombros.
- Pronto para a pior experiência da sua vida? – perguntei e ele arregalou os olhos – Calma, ser anjo da guarda é legal... Mas é muito trabalhoso!
- Okay, vamos nessa! – falou ele animado.
Chegamos à cidade, ainda no ar. Olhei para o Bruno pra ver o que ele sentia. Capturei seus pensamentos.
[Que legal! Nunca vim tão baixo... Tô louco pra pegar umas gatas...].
Ele viu que eu lia seus pensamentos e ficou vermelho. Peguei na sua mão e, juntos, descemos em direção à casa do Jack.
Antes de pousar, demos uma conferida, para ver se não tinha ninguém por perto. Não tem ninguém, vamos descer!
Descemos e paramos no jardim de trás da casa. Bruno ainda tinha que se acostumar a colocar suas asas no corpo. O que foi um pouco trabalhoso no inicio. Mas conseguimos colocar ela no corpo.
Estranhei um pouco o silencio da casa. Mas o silencio foi quebrado.
Jack aparece na sala sorrindo. Ele corre quando me vê e me abraça. Se Bruno não limpasse a garganta, teríamos ficado lá por um bom tempo.
Saí do seu abraço e coloquei meu braço no ombro do Bruno.
- Jack, esse é o Bruno... Meu irmão. – falou olhando do Jack pra Bruno.
Não fala nada pra ele, que ele é seu anjo menor! Ele sabe da existência dos anjos da guarda... Então bico fechado!
O Bruno assentiu, o que deixou o Jack um pouco sem entender.
- Eu estou com fome! – falei chamando a atenção deles.
- Eu comprei pizza, hum, vocês querem? – perguntou Jack.
- Sim! – Bruno e eu falamos juntos.
Depois da nossa refeição, fomos para a sala e nos sentamos no sofá de barriga cheia.
- Minha barriga dói – murmurou Bruno.
- Quem manda comer muito, moleque... – fala Jack descontraído.
Nos rimos e conversamos, até que eu me toco, que já esta bem tarde.
- Bruno, vamos dormir. – falo olhando nos seus olhos.
Ele assentiu e se levanta. Jack nos seguiu e quando estamos no topo da escada ele me puxa para seu quarto.
- Jack o que... – falei.
Mas não adiantou muito. Sua boca já estava na minha, doce e serena. Uma mão na minha cintura e a outra na minha nuca intencionando mais o beijo.
Paramos para pegar ar.
- Jack eu... – ele me para colocando seu dedo na minha boca.
- Senti sua falta... – ele falou maliciosamente – E-eu...
Ai não!
Consigo me separar dele e corro para o meu quarto, onde estava o Bruno sentado na cama me esperando quase caindo de sono.
- Então você tem um caso com o meu anjo menor! – não foi uma pergunta e sim uma afirmação.
- Isso não é da sua conta! – falei me deitando na cama.
- É sim! Eu estou protegendo ele, e tenho que saber se ele vai pegar AIDS! – fala ele convicto do que disse.
Olho abismado ele. Como uma criança pode falar isso?
- Eu não sou uma criança! – ele fez biquinho e se deitou ao meu lado.
Eu dei uma gargalhada e logo parei percebendo que ele já tinha dormido.
Crianças...
Cubro-o com o cobertor e tiro seus tênis. Saio do quarto com um travesseiro e um lençol e vou para a sala. Deito-me no sofá e durmo.
Acordo com um beijo na boca. Levando-me no susto e bato com a minha cabeça na de Jack.
- Aiii! – fala ele rindo e passando a mão na cabeça - Bom dia meu amor!
Ele me beija de novo, que é interrompido com Bruno descendo a escada.
- O que você esta fazendo aqui Sophia? – pergunta os dois ao mesmo tempo. Eles começam a rir.
Rolo os olhos e me levanto. Passo por eles e vou direto para o banheiro. Escorrego apoiada na porta, até o chão.
Lembro-me do que aconteceu com o Gabriel. Por quê? Nunca brigamos, e agora, só por causa de uma guria!
[Sophia, sai do banheiro, eu preciso de ajuda, estou com um pressentimento estranho...] Pensou Bruno, do outro lado da porta.
Ok!
Levanto e lavo meu rosto rapidamente. Abro a porta e corro para o quarto para me trocar.
Bruno me esperava na sala. Ele estava muito tenso. Sua expressão era de ódio e irritação.
- Por que demorou tanto? – pergunta ele muito mais irritado do que parecia. Ele se levantou e veio para o meu lado.
- Estava me trocando! – falei me virando para ele – O que tem de tão importante?
- Eu acho que... – ele olha para os lados e depois olha para mim - Tem um demônio pela região! – sussurrou ele aproximando a cabeça.
Um demônio? Eu nunca vi e senti nada antes de eu sair...
- Vamos dar uma volta! – pego a mão do Bruno e saio da casa.
- Eu tô sentindo... – ele olha para os lados, mas para na casa da frente. A casa do Mathew. – Aquela casa está com as vibrações negras...!
Arregalo os olhos. Como isso? Eu nunca percebi que tinha vibrações negras naquela casa...?
- Por que elas se apoderaram do local há pouco tempo. – falou Bruno super sério, parecia até um adulto.
- Eu sou um adulto! – falou ele me olhando. Não, você não é! – Você é que pensa...
Ele foi caminhando em direção à casa do Mathew. Corro atrás dele, não vou deixar esse pirralho sozinho!
Paramos na frente da porta e tocamos a campainha.
Mathew
- Georgia, você quer alguma coisa para comer? – pergunto abrindo a geladeira, procurei alguma coisa de bom, mas não tem nada!
- Só se for você! – fala ela maliciosamente.
Virei-me tão bruscamente que bati com a cabeça na geladeira. Ela estava só de lingerie! Na minha cozinha! Calcinha e sutiã! Só!
Fico nervoso e percorro meus olhos no seu corpo. Nossa, que corpão!
Ela ri da minha cara e se aproxima de mim. Ela sobe no balcão que tem no meio da cozinha e começa a dançar sensual.
Olho para os lados, para rua, pra ver se ninguém está olhando. Não tinha nada e ninguém em ambos. Que sorte!
Olho para Georgia que me encara. Ela desce da bancada e vem ao meu encontro. Começa a passar a mão no meu corpo. Por de baixo da minha blusa. Quando eu vejo minhas calças já estão sendo abaixadas. Meu coração começa a disparar tão rápido, que eu acho que ele vai sair do meu peito. Minha mão começa a suar. Ela começa a descer minha cueca.
A campainha toca.
Droga!
Vejo que Georgia também não fica feliz.
- Deixa que eu atendo. – fala ela.
Georgia vai em direção à porta, mas volta e me beija calorosamente. Com mãos correndo pelo corpo. Separamos apenas por falta de ar. Se não, não teríamos parado nunca. Pego minha blusa e entrego a ela, que coloca e abre a porta.
Arrumo minhas calças e meu cabelo, como se me importasse com a aparência. Mas vai que é minha mãe. Ela não iria gostar de sua cozinha com cheiro de sexo!
Escuto alguém falando muito alto na porta. Vou até lá e vejo o que eu queria no momento.
Sophia
Uma garota, com só uma blusa enorme, abre a porta. Impossível! Seus cabelos e olhos escuros, não eram mais familiar do que eu já vira em toda a minha vida.
- Georgia? – pergunto irritada e quase me avançando nos cabelos negros daquela desgraçada.
- Sophia? – ela retruca assustada.
Georgia tenta fechar a porta, mas consigo segura-la com a mão. Uma coisa pode ter certeza, anjos da guarda sempre serão mais fortes do que sugadores de almas.
- Pode parando aí sua cachorra! – empurro a porta tão forte, que ela cai no chão, mostrando sua lingerie preta de renda.
Aqui me enfureceu até a ultima célula do meu corpo! Vou para cima dela, mas Bruno me segura pela cintura e não consigo chegar nela.
- O que você está fazendo aqui? – pergunto olhando nos seus olhos, que não traziam quaisquer emoções.
- Vim pegar o que é meu de direito! – fala ela se levantando e se aproximando de mim até que fiquemos a poucos centímetros rosto a rosto. – MEU pai, falou que eu poderia vir para a terra comer algumas almas, me alimentar de almas, faz bem para o meu corpinho sexy... – ela passa a mão pela lateral do corpo e faz uma dança sensual.
Bruno limpa a garganta e olha para o lado. Eu sei que ele não é tão inocente assim, dava para ouvir seus pensamentos a distancia.
[Como eu queria joga-la na cama e rasgar suas roupas... fazer loucuras até o amanhecer do ano que vem...]
Continuo olhando Georgia, que se diverte com os pensamentos do Bruno. Consigo sair dos braços dele e empurro Georgia contra a parede.
- Você não vai fazer nada com o Mathew! – sussurro pausadamente. – Se você ousa colocar suas patas imundas de sugadora de almas, DEMÔNIO, no Mathew, eu corto sua garganta!
Dou um soco na parede atrás dela. Georgia se assusta e se encolhe no chão. Começo a gargalhar ali. Todos ficam em silencio. Só paro quando Mathew chega e me afasta de Georgia. Ele se abaixa até ela e a abraça.
- O que você fez com ela? – pergunta ele desesperado.
- Eu? Nada! – falo irônica – Eu só estava falando com a minha... – respiro fundo e solto – Irmã!