Capítulo 10

10/06/2013 17:42

Eu e Igor continuamos juntos pelas duas semanas seguintes. Nossa situação não estava resolvida, digamos assim. Nunca paramos para conversar sobre namoro, claro que o assunto surgia diversas vezes, mas eu logo cortava Igor. Eu tinha medo de que ter um relacionamento, cheio de cobranças, iria acabar nos afastando. O fato é que eu não queria que isso acabasse, não queria que eu e Igor nos preocupássemos. Eu só queria, uma vez na vida, não fazer planos, deixar rolar… Sem me preocupar, agora, com as conseqüências.

Nosso tempo juntos nos últimos dias tinha diminuído significativamente, Igor e seu amigo, Pablo, haviam começado o trabalho voluntario no planetário, então ele passava suas tardes lá. Hoje eu iria visitar o lugar, logo de noite, porque como ele disse “tudo se tornava mais bonito”. Me arrumei no espelho, querendo ficar bonita. Difícil, eu nunca me considerei muito bonita. Eu nunca me achei sequer bonita. Eu era feia. Olhos cor de mel, cabelos compridos e escuros. Me limitei a esquecer a aparência. Se Igor, lindo do jeito que era, estava comigo era por que eu devia ter algo atrativo, oras!

Desci as escadas cantarolando, extremamente animada e feliz. Acabei esbarrando em Carlos no caminho.

_Aonde você vai?
_Isso não é da sua conta._Tentei contorná-lo, ele não deixou. Limitando-se a ficar parado a minha frente._Vou dar uma volta.
_Aonde?
_Não enche, Carlos.
_Percebi que anda saindo muito com um garoto aí.
_Aff. Para de querer tomar conta da minha vida.
_Seu pai ia gostar de saber.
_Olha Carlos, não sei porque ta pagando de preocupado. Não enche ta legal?_Passei por ele rapidamente, deixando-o irritado para trás. Carlos andava com essa mania de achar que eu devia algum tipo de satisfação para ele. Saí do hotel satisfeita por não topar com mais ninguém. A pequena conversa com Carlos já fora suficientemente desagradável.

~*~

Acompanhei as pessoas de uma excursão pelo planetário. Era um lugar extremamente interessante. Com maquetes gigantes e extremamente bem feitas do universo. Havia também telescópios que causavam curiosidade e assombro. Admirada com todo o lugar não toquei em nada, me limitei a olhar, entendo agora porque Igor gostava tanto desse lugar.

Parei em frente a uma tela gigante, que tomava toda a parede, em que mostrava o sistema solar e depois uma grande chuva de meteoros. Parecia que se eu esticasse as mãos, poderia tocar as estrelas. Eu sorri boba, sentindo como se estivesse fora de órbita.

_Gostou?_Dei um pequeno pulo, sendo tirada brutamente da minha pequena divagação. E me deparei com um Igor sorridente, ainda usando o uniforme do lugar.
_Que susto!
_Desculpe.
_É tão… maravilhoso.
_Você acha?
_Óbvio.
_Vem, quero te mostrar um lugar._Ele segurou minha mão, que eu apertei com força e passos por alguns corredores e depois subimos algumas escadas. Entramos numa sala extremamente grande, com um telescópio bem no centro, o maior que eu já vira.
_Quer ver?
_Posso?
_Claro._Ele me guiou até o telescópio e o arrumou para que eu pudesse ver. O céu a essa hora já estava escuro, então eu pude distinguir as estrelas bem demais. Eram tantas estrelas que foi como se eu tivesse vendo-as perto demais.
_Uau!
_É lindo não é?
_Muito!_Então ele começou a explicar sobre as estrelas, que eu mal escutei. Concentrada demais em como elas pareciam bonitas. Percebi que Igor parara de falar e tirei os olhos do telescópio, agora concentrada em sua expressão.
_O que foi?
_Você.
_O que eu fiz?
_Tudo, você fez tudo.
_Não estou entendendo nada.
_Como não? Você mudou tudo, tudo para mim. Fez com que eu me sentisse o cara mais sortudo do mundo em um momento que eu nunca pensaria que isso aconteceria.
_Algum de nós tem que fazer a diferença, não é?_Eu disse, irônica. Mas sentindo-me mais do que feliz.
_Metidinha._Ele disse, me puxando para um abraço. Passei os braços pelo seu pescoço, que logo foi beijado levemente._Meu pedido se realizou, sabia?
_Que pedido?
_Pedi, há algum tempo atrás, alguém para amar, de verdade._Fiquei em silêncio, sentindo o coração quase arrebentar de tanto sentimento._No final, aconteceu mesmo.
_Eu te amo._Sussurrei.
_Eu te amo mais.
_Você é o primeiro que diz isso: Eu te amo._Deitei a cabeça em seu peito, aproveitando o momento.
_Quer dizer que nenhum cara te disse isso?
_Até disseram… Mas você é o único que eu acreditei.
_É porque é verdadeiro.
_Espero que seja mesmo.
_Está duvidando?_Olhei para ele, que tinha as sobrancelhas unidas.
_Não, quer dizer… Não sei.
_Sabe por que vamos ter certeza que é verdadeiro? Porque não vai acabar. Eu não vou deixar acabar, não vou deixar de te amar.
_Sem promessas._Não quero me machucar, pensei. Na verdade, promessas sempre pareceram serem feitas para serem quebradas. E eu não queria isso, de jeito nenhum.
_Estou prometendo a mim mesmo.
_Você não existe, sabia?
_Existo. Existo por você.
_Adoro quando você fica meloso assim._Mordi o lábio e ele fez uma careta adorável.
_Cala a boca e me beija logo, sua metida._Beijei-o, sem pensar duas vezes, sem pensar em mais nada.

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