Asas Dela

Informações:

Autora: Juliana.

Classificação: +16

Avisos: Álcool, Heterossexualidade, Linguagem Imprópria, Nudez, Sexo, Violência.

Perfil da autora no Nyah! Fanfiction: https://fanfiction.com.br/yuki_snow

_____________________________________________________________

Sinopse: Ser um anjo da guarda é muita responsabilidade, ainda mais de um guri que é um rejeitado. Como sera que Sophia cuidará disso tudo?? Eu tenho uma dica, só lendo para saber...

_____________________________________________________________

Prólogo

Phoenix, Arizona.

Julho 2011

 

   Cara, minha vida estava indo de mal a pior cada dia que se passava. Meu nome é Mathew Joshua, tenho 16 anos e estou na pior fase da minha vida. Onde ninguém me escuta ou sempre me ignoram.

Estava tudo muito bem, quando me mudei de Nova Iorque para Phoenix. Eu tinha amigos, namorada, uma vida.

   Abandonei tudo por causa do trabalho da minha mãe. Sou filho único de mãe solteira. Então eu não tenho muita escolha. 

   Meu pai nos abandonou quando descobriu que eu iria nascer. Desde então, é só eu e minha mãe Naomy. Moramos em um pequeno subúrbio, em uma pequena casa, com dois pequenos quartos. Quer dizer, minha mãe dorme no quarto e eu no sótão com o telhado tão baixo que eu não posso ficar de pé direito. Como se isso fosse necessário, já que eu só fico com o meu grande amigo desde que cheguei nessa cidade de merda. Meu computador com 5 giga de memória e com o meu amado HD de 900 gb.

Ir para a escola cheio de caipira é um saco. Ainda por que eu não uso aquelas botas e chapéus de caipira cafona! Mas vamos, tem cada gata aqui! Loiras, morenas, magras, gordas, peitão, peitinho, bundão, bundinha (ok! bundinha e peitinho não são minha praia ok?!). Mas como eu sou o nerd (como se eles soubessem o que é nerd) da escola, não fico e nem fiquei com ninguém desde que cheguei. Porém tô tranquilo. Quero só ver quando alguma gata vier falar comigo, eu vou dizer "vai com os teus caipiras sem computador e wi-fi".

Cara, mas sabe o que mudou minha vida? A chegada de uma garota nova. Ela é a guria mais linda que eu já vi em toda a minha vida! Seus cabelos loiros caiam em suas costas até a cintura. E que cintura meu irmão. Seus belos olhos azuis me conquistaram. Sua boca fina e delicada formava o mais belo sorriso que já se existiu na história dos mais belos sorrisos. Magra e alta como uma atriz de cinema. Mas não tão alta quanto eu. Pois tenho 1.90 de altura (minha mãe disse que meu pai é alto, por isso sou grande, por que se fosse por ela eu iria ser um anão). Eu acho que vou parar por aqui, por que se não vou ter um infarto de tanta beleza. E o melhor de tudo. Quase que eu me esqueci de contar. Ela não falou com ninguém quando chegou. Só COMIGO! Vê se pode uma coisa dessas?!

 

 

Capítulo 1

Além, Céu.

Abril, 2011

Estava no meu quarto arrumando as penas da minha asa depois de um longo voo pela Itália, quando alguém bate na porta. Aaah que saco! Justo agora quando estou arrumando minhas penas! Pensei mesmo sabendo que todos os anjos mesmo sendo mensageiros podem ler mentes.

Abro a porta e me deparo com Gabriel com a respiração acelerada quase morrendo, como se tivesse acabado de sair de uma maratona.

- Desculpe-me Sophia, mas o Sr. Metraton quer falar com você! Agora! - fala ele ofegante.

- Meu anjo! Gabriel respire. - o peguei por debaixo do braço e levei até minha cama de nuvens. - O que Metraton quer uma hora dessas?

Ele inspira e responde:

- Ele quer que você retorne para o trabalho de anjo da guarda na Terra dos mortais. - fala ele ainda um pouco com a respiração acelerada.

Como é? Anjo da guarda depois de tudo que aconteceu? Esse velho só deve estar doido! Não me contive e falei:

- Esse velho escroto só deve ter fumado um daqueles baseados mortais né? - grito.

Gabriel ri, mas depois para quando olha para a porta do quarto que eu deixei aberta. Viro-me e vejo Metraton parado, com os braços cruzados e sua insuportável sobrancelha levantada me olhando com raiva súbita.

Tento ler sua mente para ver o que ele vai fazer comigo. Mas como é o príncipe mais próximo de Deus, nunca da pra se lê o que tem dentro dessa cabeça dura.

- Sophia, seu descanso acabou, Deus quer que você cuide de um jovem que esta com a vida em jogo na Terra. - falou ele irritado.

- Como? Se depois que eu cuidei do ultimo mortal, ele morreu em minhas mãos?

- Isso foi por que anjos caídos estavam atrás dele por ele ser um Nephilim! - ele olhou para Gabriel que estava todo encolhido com as palavras dele. Mas a mim não atingiu.

- E o meu trabalho de anjo da guarda não seria protegê-lo? - ele ficou quieto - Viu, nem você tem explicação para isso. Seu frouxo.

- Você só não quer voltar por que você o amo! - gritou ele. - E Deus só não lhe arrancou as asas por que tem dó de ti.

Suas palavras me atingiram de forma incomum. Ninguém tinha me tido isso, mesmo sendo verdade.

Eu amei sim, meu ultimo anjo menor. Meu humano. Eu ainda não estava pronta para um próximo.

 - Até quando você vai se culpar por uma coisa que você não fez? - falou ele docemente.

- Até a minha morte! - gritei indignada.

- Ah! Isso vai demorar muuito Sophia... - murmurou ele.

- Estão espere. - retruquei.

Um trovão corta a nossa discussão e a voz de Deus enche meu quarto de medo.

- ANJO DA GUARDA SOPHIA DAEMON! - me agachei com suas palavras e fiquei de joelho. - VOCÊ IRÁ PARA TERRA QUERENDO OU NÃO! EU ESTOU MANDANDO COM TODO MEU AMOR E CARINHO QUE LHE CONCEDI AGORA ME RETRIBUA.

Ele se foi e nos deixou com as pernas tremendo mais do que bambu em dia de vendo forte.

Eu não poderia recusar depois de tudo que Deus fez por mim.

Olhei para Metraton que estava limpando sua túnica e me olhando com desdém.

- Vou arrumar minhas coisas para descer. - ele sorriu e saiu do quarto saltitando parecendo uma criança.

- Soph, você é minha heroína. - falou Gabriel aparecendo depois de ficar escondido debaixo da minha cama de nuvens.

- Fora Gabriel! - apontei para a porta sem olha-lo - Ou eu mesma irei tirar você daqui!

Ele não demorou muito e desapareceu.

Merda, merda, merda! Por que isso sempre me acontece? Pensei.

Peguei minha bolsa e coloquei todas as minhas roupas humanas nela.

O bom de ser um anjo é que sua bolsa é maior do que tudo já visto. Ela não tem fim!

Depois de arrumar tudo para levar para aquele mundinho estupido, olhei para meu quarto da porta e dei tchau para toda a minha vida de anjo, e agora irei viver como uma humana normal de 16 anos pra proteger um pirralho.

 

Capítulo 2

 

Junho, 2011

Sophia

Cheguei a uma cidade que eu nunca tinha visitado antes. Seu nome é Phoenix, credo que sem graça.

Cidade imunda, cheio de caipiras, e de caras que acham que arrasam com suas caminhonetes americanas podres e toda enferrujada.

Fui andando pelo meio da cidade e sujei toda minha roupa. É eu sou obrigada a comprar mais calças jeans se não eu não vou ter roupa que aguente nessa cidade! Pensei.

Senti uma mão no meu ombro e me virei bruscamente. Levei um susto pra nada.

- Ai Gabriel, quer me matar do coração? - falei com a mão no peito e com a respiração ofegante. - E o que você faz aqui em baixo? O Metraton não deu um chilique de bichona? - nós rimos

- Calma aí Soph, - falou ele se rendendo - eu vim aqui para te mostrar onde você vai ficar, por que você saiu tão rápido que ninguém lhe avisou sobre sua nova moradia, e que a gente está sem grana para bancar um hotel.

- O dólar está afetando até o Além? - eu perguntei ironicamente espantada.

Ele ficou sério e foi andando e me guiou para o outro lado da avenida central para que nós ficássemos de baixou de uma tenda próximo a um café.

- Você vai ficar na casa de uma senhora.

Olhei para ele para ver se ele estava zuando com a minha cara, mas ele estava mais sério do que o normal.

- Ok... A onde eu irei ficar? - perguntei

- Bom, a casa dela é bem próxima à casa do seu anjo menor, - uma sensação estranha passou por mim - é essa eu também senti - falou ele abraçando os cotovelos.

Ele olhou para os lados e parou olhando para mim. Olhei discretamente por cima do meu ombro. O meu anjo menor estava também me olhando. O maldito estava na mesa atrás da nossa.

Olhei para Gabriel que estava pasmo de tão rápido que nós o encontramos.

Meu anjo menor, eu não diria que era feio, não, feio ele não é. Ele é muito gato por sinal!

Gabriel bufou!

- O que foi? - perguntei. Ele me olhou com cara de insignificante - Quem mandou ficar na minha mente. Vasa daqui meu irmão - falei dando tapinhas na minha cabeça.

- Ok, ok! - ele se rendeu - Só se você não ficar com ele também. - ele cruzou o braço e levantou a sobrancelha que nem o Metraton.

- Aaah para de me olhar que nem o Metraton. Tu pareces uma bichona. - nós rimos e ele colocou sua mão em cima da mesa, mas ainda me olhava com cara de insignificante - O que foi? - falei e ele virou a cabeça levemente apara o lado como um cachorro - Tu estás com ciúme?

- Não é isso Soph. - agora fui eu que cruzei o braço no peito - É que eu não quero que você sofra de novo.

Abaixei minha cabeça e refleti.

Ele estava falando a verdade. Se o meu anjo menor não morre por outra pessoa, morre de velhice. E como eu sou um anjo da guarda eu nunca envelheço, nunca irei morrer. Só se eu for jogada no inferno. Aí sim eu iria morrer. Por que meu pai está lá e ele é um saco. E como eu tenho uma sorte do karalho, ele só é o Rei do Inferno, Lúcifer. Que até umas cinco décadas atrás era o braço direito de Deus. E quer pegar o lugar de Deus. E também, depois da morte de minha mãe, quer por que quer que eu vá lá pra aquele calor. Que vai acabar com o meu cabelo.

Gabriel riu dos meus pensamentos.

 - Cara! - gritei - Vai dar uma volta vai.

Ele tirou um envelope do bolso e deixou na mesa. Olhei para o envelope e depois fui me despedir, mas ele não estava mais lá.

Gabriel é como um irmão para mim. Nascemos no mesmo dia, mas como ele é homem ele ficou mais próximo de Deus mais rápido. E eu mulher me dei mal. Só posso trabalhar como anjo da guarda.

Virei-me para olhar meu anjo menor, que ainda me olhava embasbacado quase babando. Sorri e ele ficou vermelho. Não, vermelho não, roxo de vergonha. Eu ri e ele piscou para mim.

Consegui capitar seus pensamentos e comecei a lê-lo.

"Cara ela está olhando para mim! É a primeira guria que me olha nessa cidade de merda! Olha só aquela bunda..." Seus pensamentos eram perversos. Safado!  Pensei comigo mesma rindo.

Bom, pelo menos já sei que ele não gosta dessa cidade tanto quanto eu. Então ele deve ser do tipo nerd. Se ele é um nerd, que perigo ele deve esta correndo? Ele é só um adolescente com um computador. Isso, computador! Pensei.

Eu posso conhecê-lo pela internet. Com uma identidade falsa é claro. Não quero que ele fique caidinho por mim tão rápido. Mas eu acho que isso não vai acontecer. Olhei de volta para ele, é ele já esta caidinho por mim! Isso é um problema, ele olhou para outro lado, mas isso não o deixou menos roxo que já estava.

Levantei-me, peguei o envelope que o Gabriel deixou para mim e minha bolsa.    

Dei uma ultima espiada para o meu anjo menor e segui em direção ao ponto de ônibus mais próximo.

 

  Capítulo 3

Junho, 2011

Sophia

Sentei no ponto, peguei o envelope que Gabriel me deu e abri.

Soph queria te mostrar a cidade, mas você pode se virar né? Bom, a casa da senhora que lhe falei fica no Subúrbio Ethan Willians, ao norte de Phoenix. Você pode pegar o ônibus 196 norte que ele vai parar bem na entrada do subúrbio. Então você pega a primeira direita e logo você vai ver uma casa verde clara, de dois andares. É bem fácil de encontra-la. Ah e fala que você é minha irmã, por que então ela vai deixar você ficar hospedada.

Beijos, Gabriel.

Ele ainda não falou com a velha? Meu deus né! Como ele quer que eu vá para a casa de alguém que eu nem conheço? Tinha que ser o Gabriel mesmo.

Um ônibus se aproximou. Era o que o Gabriel falou. Levantei do banco e entrei no ônibus que só tinha um casal gótico, um senhor que estava dormindo com a boca aberta. Isso foi nojento, por que a dentadura está quase caindo da boca dele, credo.

O ônibus quase que andou, mas parou e o motorista abriu a porta.

- Valeu cara - agradeceu um menino.

Espera ai! Era o meu anjo menor. Que estava lindo com seu cabelo preto um pouco comprido, os olhos castanhos profundos e sentimentais. Sua forma atlética. Ele era alto, gosto de caras altos. Sua blusa larga, de como quem não quer nada com a vida. Sua calça jeans batida. E seus all star bem usado, estavam formando um cara gostoso pra caramba. Sophia nada de namorar o anjo menor, ele não, ele não! Pensei.

E pra melhorar ele senta bem atrás de mim. Sinto que ele não para de olha para mim. Aaah guri lindo do inferno! Pensei.

Capturei seus pensamentos e me conectei neles.

"Será que eu falo com ela? Não, não. Ela vai me ignorar. Esbarro nela quando eu sair do ônibus está. Já estou chegando mesmo. cara aqueles peitos me seduzem..." É os pensamentos dele é muito demais para minha cabeça.

Não deu muito tempo, o ponto onde eu iria sair estava chegando.

Levantei-me e fui pra porta do ônibus. Como o guri mora também no subúrbio, ele veio atrás de mim.

O ônibus parou e nós saímos. Virei silenciosamente à direita. Passos ainda vinha atrás de mim. Esse guri mora a onde? Pensei.

Avistei a casa verde e fui em direção a ela. Os passos ainda estavam atrás de mim. Até que chego a frente à casa verde e dou uma bela olhada para a casa que parecia mais velha do que minha vó morta. E olha que faz tempo.

Os passos pararam. Olhei para trás, para ver a onde ele morava. Olhei pra direita, nada do guri. Olhei para a esquerda, nada do guri. É ele deve estar no meio do mato me espiando.

Capitei seus pensamentos. Não estavam muito longe.

"Gata, olha pra frente. Ela nunca vai me ver nesse banco..." Olhe pra frente, ele estava na casa de frente a onde eu iria ficar sentado no banco.

O Gabriel poderia ter avisado que o meu anjo menor era meu vizinho de porta né! Pensei.

Escuto a porta atrás de mim se abrir me viro bruscamente e avisto uma senhora simpática, cheia de vida, me olhando.

Caminhei até ela cuidadosamente para não assusta-la.

- Você não é humana! - sussurrou a senhora antes de eu me apresentar.

Fiquei tão espantada que deixei a minha bolsa cair aos meus pés.

- Um anjo da guarda... - sussurrou ela novamente.

O que essa mulher NÃO sabia? Pensei.

- Olá senhora, - falei educadamente - meu nome é...

- Sophia Daemon, anjo da guarda amiga/irmã de Gabriel... - Interrompeu-me ela.

- Tem alguma coisa que a senhora não saiba sobre mim? - perguntei com raiva.

Essa mulher sabia coisas demais! Como ela sabe meu nome? Que eu sou amigona do Gabriel...

- O que o Gabriel lhe contou? - perguntei fula

- Tudo! - respondeu ela sinceramente.

Eu queria me esconder dentro de um buraco! Como assim tudo? O que deu no Gabriel pra ele contar tudo para uma mortal qualquer? Isso não era contra as normas? Só se...

- Senhorita Grace... - sussurrei boquiaberta.

Grace foi o único amor do Gabriel desde seu nascimento. Ele nunca amara ninguém na vida até aparecer a Grace. Gabriel me contou tudo sobre ela. Sobre seus encontros as escondidas. Por que sendo um anjo muito importante no Além, ele não pode se distrair com absolutamente nada. Mas nada vai o fazer esquecer seu amor por Grace.

Seus olhos castanhos ainda permanecem brilhantes como ele falou. Seu sorriso continua gracioso. Uma senhora com seus cabelos grisalhos e suas roupas largas e confortáveis. Ele ainda a amava, do mesmo modo que ela o amava.

- Gabriel falou que eu poderia vir me hospedar por aqui durante um pequeno prazo. – olhei dentro dos seus olhos, agora eu entendi o que ele viu neles, traziam uma paz.

Ela me olhou curiosa de cima a baixo. Um sorriso formou em seu rosto que eu fiquei até aliviada.

- Tudo o que o Gabriel falar é uma ordem que deve ser comprida. – Ela pegou minha bolsa com uma das mãos e me puxou para dentro da casa com a outra. – Então... Como está o meu querido e amado Gabriel?

Olhei para ela. A senhora Grace que era muito fofa, simpática e educada me guiou até sua bela sala de estar. Colocou minha bolsa na mesa de centro. E me mostrou a onde eu poderia sentar.

- Gabriel está muito bem. Fazendo muita coisa ainda para Metraton. – Grace bufou e riu ao mesmo tempo – Eu acho que o Gabriel deveria pegar o cargo dele não achas Srtª Grace?

- Concordo plenamente minha querida. Você quer um café ou um chá? – ela perguntou mudando de assunto.

- Eu aceito um chá se a senhora me acompanhar! – falei docemente.

- Me chame apenas de Grace. E sim acompanharei a senhorita em um chá que eu acabei de preparar! – ela falou e entrou por uma porta que tinha nos fundos da sala de estar.

Essa sala era maior do que aparentava de fora. Dois grandes sofás ficavam um de frente pro outro. Uma grande lareira a direita da onde eu estava. E a esquerda duas grandes poltronas. Tudo isso em madeira bem escura. Com o tecido em vermelho. As paredes eram vermelhas também. Com o rodapé e madeira da mesma cor dos moveis. Quadros enfeitava a grande sala de estar. Em cima da lareira porta retratos.

Levantei-me e fui olha-los. Gabriel aparecia em todas elas. Sorrindo como eu nunca tinha visto em toda a minha vida de anjo. Um sorriso verdadeiro de felicidade. Não era forçado. Era natural.

E ao lado dele uma bela jovem com cachos saindo por debaixo de seu chapéu com creme. Um vestido mais diferente e elegante a cada foto.

Os dois se amavam. E muito.

Um barulho na porta por onde eu entrei soou.

- Mãe, cheguei... – ele se calou quando me viu.

Um cara gato parado na frente da porta me olhava encantado. E eu por ele. Nunca tinha visto tanta beleza em minha vida.

Sim, meu anjo menor era bonito. Mas nada se comparava ao cara que estava na minha frente.

Seu belo cabelo castanho avermelhado chegava à orelha e faziam uma voltinha que davam um charme. Seus pelos olhos verdes matavam qualquer um. Inclusive a mim. Sua bela forma estava apertada em uma camisa azul. E sua calça jeans preta era novinha em folha. E sua bota Doc Martens preta estava limpinha. Como alguém desse porte poderia viver em uma cidadezinha chinfrim como essa? No meio do nada!

- Quem é você? – perguntou ele sorrindo maliciosamente para mim e se aproximando.

- Eu sou Sophia e você? – perguntei estendendo minha mão.

- Jack você chegou cedo hoje meu filho. – falou Grace entrando na sala com duas xícaras de chá.

 

 Capítulo 4

Junho, 2011

Mathew

Ela entrou na casa da dona Grace. O que será que ela é da senhora? Deve ser neta, ou sobrinha. Mas se ela não for nada disso, ela vai ficar com aquele merda do Jack.

Eu sei que ele esta na faculdade e tal. Mas isso não o faz melhor do que eu. Ou faz?

Não! Eu vou conquistar ela primeiro.

Fiquei vendo ela entrar na casa, da minha varanda. Ai ai, que perfeição. Parece até um anjo caminhando.

- Filho o que você faz ai fora? - perguntou minha mãe me tirando dos meus pensamentos.

- Eu, hum... Mãe a Srtª Grace tem mais uma filha? - perguntei mudando de assunto, quanto mais eu saber sobre aquela deusa, melhor.

- Não que eu seja uma fuxiqueira nem nada. Mas eu acho que ela só tem o Jack como filho. - ela olhou para a casa verde e depois voltou para mim - Por que Math? Você viu alguém estranho entrando? - perguntou ela interessada em uma nova fofoca.

- Bom, entrou uma garota lá. - muito linda por sinal. Pensei - Eu acho que ela deve ser sobrinha ou neta da Srtª Grace né mãe?

- Eu não sei de nenhuma sobrinha, ou neta. Ela só tem o Jack como filho, então neta não pode ser. E a Srtª Grace não tem irmã. - ela me olhou desconfiada - Deve ser amiga do Jack.

Assim ela não me ajuda. Pow, tô caído pelo uma gata, e ela com certeza é mais velha e nunca vai ficar comigo. Mas o que custa tentar.

Subi para meu quarto e ignorei minha mãe que esperava por uma resposta. Peguei meu binóculo, abri minha pequena janela que ficava de frente para a casa onde a gata entrou e virei o binoculo pra lá.

Já estava escurecendo e a luz da sala acendeu. Mirei meu binóculo pra lá.

Na sala estava a gata loira e a Srtª Grace. Elas conversavam sobre alguma coisa. A Srtª Grace saiu da sala e a gata loira ficou lá olhando de um lado pro outro admirando a sala. Ela se levantou e foi olhar os portas retratos.

Um carro chega e estaciona na frente da casa. Jack sai do carro e segue em direção a casa.

Porra! Justo agora que ele chega.

Jack abriu a porta e entra. A gata e vira num espanto e fica babando pro idiota.

Eles não se conhecem ainda? Pensei.

Ele fala alguma coisa e ela sai de transe. Ela estica sua mão e se apresenta. Ela fala mais alguma coisa. Só deve ter falado sobre seus músculos. Eu também sou forte. Ou então sobre sua roupa limpinha. Beleza, uma coisa que eu nunca vou ter é uma Doc Martens limpa e uma calça jeans nova como a dele. Que custa mais caro, do que eu ganho quando trabalho de babá por um mês! BABÁ! Cumulo da pobreza. Enquanto ele ganha mais do que a minha mãe.

A Srtª Grace entra na sala com uma bandeja, pelo que parece era um chá, pra cortar o barato dele. Minha heroína.

Eles se entreolham. E sentam no sofá e ficaram conversando.

Eu tenho que fazer alguma coisa para impedir de eles se aproximarem.

Pensa Mathew, pensa Mathew!

Já sei! Vou para a rua e chamar atenção deles. Mas o que eu posso fazer?

Desço as escadas e vou à cozinha. Dou uma olhada pra ela. Isso! Peguei uma faca. Vou pra calçada e sento nela. Ficou olhando pra faca e pra casa verde. Como eu vou chamar a atenção deles?

Não, eu não vou me matar. Se eu me mato ela nem vai me conhecer e vai ficar com o merdinha do Jack. Corto minha perna? Ou meu braço? O dedo? Não o dedo não, isso é coisa de frouxo.

Peguei a faca olhei pra ela. Vi se estava afiada com a ponta do dedo.

- Ai - sussurrei depois de ter cortado o dedo.

Sim ela esta bem afiada. Miro a faca na minha perna direita. Fecho os olhos.

Aaaaaaaaaaaah isso vai doer pra caralho! Pensei ainda de olhos fechados.

Um barulho veio da casa da frente. Abro os olhos e a faca não estava mais na minha mão. Procuro por ela. Olho para o lado e vejo a gata loira ofegante me olhando preocupada.

- O que você pensa que esta fazendo? - gritou ela.

Perco-me no fundo dos teus olhos. Cara como ela tem esse poder sobre mim?

- Alôôô, terra chamando! - grita ela estralando os dedos na minha cara.

- Ah... Eu queria ver ser... - não consegui terminar minha frase.

- Ver o que? - ela cruza os braços ainda segurando a faca - Se ela esta afiada? - ela pegou a faca e corto a mão. SIM cortou a mão. Sangue começou a escorrer.

Levantei-me bruscamente, rasguei minha blusa e tampei a ferida. Minha mão ficou em cima da dela. Ela não tirou a minha mão da dela, então ficamos ali parados olhando um pra cara do outro.

Como nada era perfeito. Aparece o merda do Jack atrás dela.

- Tira suas patas imundas dela pirralho! - gritou ele puxando ela para seus braços.

Jack era menor do que eu. Mas do que eu tinha de tamanho ele tinha de musculo... Isso não é bom.

Ela saiu dos braços dele educadamente e veio em minha direção.

- Nunca faça mais isso anjo, estou de olho em você! - ela falou no meu ouvido, beijou minha bochecha e foi pra dentro da casa verde com a faca na mão.

O Jack tentou abraça-la, mas ela saiu de perto, não o suficiente pra magoa-lo.

Em compensação eu ganhei um beijo. Bom, não foi um beijo na boca com língua nem nada. Mas foi um beijo no rosto.

Dei um pulo tão alto de felicidade. Subi as escadas na minha varanda, olhei para trás para vê-la entrando na casa. Ela também estava me olhando.

Eu sorri pra ela e ela me deu seu maravilhoso sorriso.

Jack a puxou para dentro da casa e fechou a porta.

Levantei a minha mão a onde ela tinha me beijado. Sua boca era suave e leve.

Em todos os beijos que eu já dei e já recebi, esse foi o melhor de toda a minha vida.

Capítulo 5

Junho, 2011  

 

Sophia

 

Grace vê que rolou muito mais do que uma química entre mim e Jack e sem mete no meio.

Ela é uma senhora legal, mas eu não preciso de ajuda nos meus relacionamentos, se é que eu vou ter um relacionamento com esse gato.

- Vejo que já se conheceram - a interrompe -, Jack, Sophia é amiga/irmã do meu amado Gabriel...

Quando o nome do Gabriel foi mencionado, Jack ficou desconfortável. Ele se sentou no sofá e ficou me olhando curioso.

Fiquei nervosa com toda a situação. Será que ele sabe que eu sou um anjo da guarda? Não posso duvidar de nada. A velha (com todo respeito) me reconheceu antes mesmo de eu falar alguma coisa. Pensei.

Se bem que, todo anjo, sendo ele da guarda ou não, tem a pele mais saudável, viva.

Mas só quem sabe disso são os anjos em si e seus protegidos (anjos menores).

- Você é mesmo irmã do Gabriel? - perguntou ele me fuzilando curioso.

- Irmã de maternidade, como vocês humanos dizem - dei um sorriso que logo desmanchei.

Grace sentou no sofá na frente do Jack e acenou para que eu sentasse ao seu lado.

- Mãe então ela é...? - perguntou ele desviando seu olhar de mim para a mãe.

- Sim meu filho. - falou ela seca.

- Uau que incrível! - exclama ele admirado.

Bom uma coisa eu já sei. Essa família toda já sabe sobre a existência de anjos. Pensei.

- O que tem de tão incrível? - perguntei como se não soubesse do assunto deles.

- Você é um anjo da guarda! - exclamou ele se levantando e veio para o meu lado e sentou no braço do sofá e colocou um de seus braços em meu ombro - Se você é um anjo da guarda. Quem é o seu anjo menor? É assim que vocês chamam né? - perguntou.

Será que eu posso falar? Eu nunca fiquei em uma situação tão desconfortável na minha vida!!!  Não, eu não posso lhe contar. Esse é um segredo que deve ser mantido guardado a sete chaves.

Eles ainda me esperavam responder.

Levantei-me e fui pra janela. Olhei pra rua, um menino estava sentado na calçada, parecia que ele falava consigo mesmo. Até que vi que o que ele estava na mão era uma faca de chef enorme. Ele levantou o rosto e senti uma pontada no estomago. Meu anjo menor. Senti uma dor insuportável na minha mão. Olhei pra ela e tinha um pequeno corte na ponta do dedo. Olhei de novo para meu anjo menor que estava levantando a faca. Não seu besta. Na perna nããão!

Saí da casa e corri em direção a ele que estava prestes a cravar a faca na perna. Tiro sua faca da mão e encaro-o.

Ele abre o olho e procura pela faca que já estava longe do seu alcance.

- O que você pensa que está fazendo? - gritei irritadíssima.

Ele me olha com cara de babaca e não me contenho

- Alôôô, terra chamando! - grito estralando meus dedos em sua cara pra ver se ele acorda de seu sono profundo. Parece até a bela adormecida porra!

- Ah... Eu queria ver ser... - ele não conseguiu terminar a frase. Muito bundão mesmo.

- Ver o que? - cruzo os braços no meu peito - Se ela está afiada? - Numa decisão de ultima hora, corto minha mão para comprovar que estava afiada.

A dor subiu até meu ultimo fio cabelo. Continuei forte do jeito que estava. Um pouco de sangue saiu. Mas não me preocupei, logo logo vai cicatrizar sozinho.

O meu anjo menor se levanta bruscamente e rasga um pedaço da blusa dele. Cuidadosamente ele tampa minha ferida quase toda cicatrizada. Sua mão quente continua sobre a minha. Dava uma sensação de tranquilidade ficar ali. Olhando para seus profundos olhos castanhos. Sua face perfeita, do mesmo jeito que tinha cara de adolescente, ele parecia um homem formado. Pelo fato de ele ser alto, me dava à vontade de aninhar-me em seus braços...

Jack aparece e me tira dos meus pensamentos.

- Tira suas patas imundas dela pirralho! - gritou ele puxando-me para seus braços.

Ok, vamos combinar que ser disputada por dois caras, era muito maneiro. Mesmo eu não podendo ficar com nenhum dos dois...

Sai dos braços de Jack educadamente e fui em direção ao meu anjo menor.

- Nunca faça mais isso anjo, estou de olho em você! - sussurro em seu ouvido. Antes de me afastar, beijo seu rosto da forma mais sedutora possível.

Viro-me e vou em direção à casa da Srtª Grace.

Jack abraça meu ombro com uma das mãos, mas me afasto dele um pouco. Não quero ficar muito intima com ele. Ainda.

Jack vai à minha frente para abrir a porta e aproveito para dar uma ultima olhada no meu anjo.

Ele estava pulando de alegria. Ele subiu as escadas e me deu seu sorriso juvenil. Sorri de volta sedutoramente. Vi que ele ficou todo sem graça.

Jack abre a porta e me "ajuda" a entrar na casa verde.

Olho para ele que estava roxo de raiva por saber que eu era o anjo da guarda do "pirralho" da frente.

Grace olha para minha mão que ainda estava com o tecido da blusa do meu anjo menor e fica espantada. Ela vem em minha direção e tira o tecido.

Uma fina linha de tinha formado na minha mão, que ainda estava um pouco suja ainda pelo sangue seco que ali escorrera.

- Nunca me acostumo com essas cicatrizações rápidas, Gabriel sempre disse para não me assustar por que estava sempre tudo bem... - ela sorri, mas seu sorriso logo desaparece ao olha para Jack, que olhava pra mim com muita raiva - Oooh, você é o anjo da guarda do nosso pequeno Mathew não é mesmo?

Então esse é o nome do meu anjo menor, Mathew.

Assenti olhando para o pequeno tecido que estava na ponta dos meus dedos. Mathew...

Capítulo 6

Junho, 2011

 

Sophia

 

 

Ainda penso no seu toque caloroso, na forma que ele me encheu de energia com apenas um toque na mão. Imagina todo o corpo! Aaah aqueles olhos, aquele sorriso. Não Sophia, pare de pensar nele!

Grace me mostrou o quarto onde eu poderia ficar. Que por sinal era do lado do quarto do Jack.

Vou até a cama e sento nela. Não é a melhor cama do mundo, mas é boa. A melhor do universo são as de nuvens Mikal. Isso sim é que é cama confortável.

Jack bate na porta e abre uma fresta para ver se eu estava lá.

- Posso entrar? – pergunta ele solitário.

Afirmo com a cabeça. Dou uma batidinha no colchão ao meu lado para ele sentar e ele veio.

Ficamos um tempo sem falar nada. O que eu vou falar com ele. Por que pelo o que ele sabe, ele não deveria ficar chateado com o meu anjo menor, não sou eu que escolho. Em primeiro lugar eu nem queria esta aqui.

Esses pensamentos me deixaram nervosa. Minhas asas que estava acomodada nas minhas costas se atiçaram, quase saindo de dois pequenos buracos na minha blusa.

Jack olha pra mim. Nossos olhos ficam colados um no outro. Mesmo que eu quisesse, eu não conseguia virar a cabeça.

Ele chegou mais perto, e mais perto, e mais perto, até que eu já sentia sua respiração no meu rosto.

- Jack eu não... – ele me interrompe colocando o dedo na minha boca.

Depois que ele tira o dedo, sua boca cola na minha. Ele estava me beijando tão carinhosamente que eu não resisti e me entreguei a ele. Não por inteiro é claro. Mas o suficiente para ele deitar-se em cima de mim e passar a mão na lateral no meu corpo.

Minha mão também não se controla e vai para a barriga dele. Aaah tanquinho... Mas mostro pra ele que nada irá passar disso.

Mesmo por que Grace vê todo ocorrido na fresta da porta que Jack deixou.

Coloco a mão espalmada no seu peito e me sento com dificuldade do seu peso sobre meu delicado corpo.

- Mãe! – fala Jack olhando acusadoramente a mãe que estava maravilhada com toda a situação. – O que você faz aqui?

- Ora, essa é a minha casa e eu posso entrar e sair de cada cômodo quando bem entender. – falou ela rindo da cara do filho que estava ainda muito puto.

 Ele se calou e abaixou a cabeça. Grace começou a rir e desceu as escadas para sala.

Senti que sua mão estava na minha coxa, ela começa a subir para minha virilha.

Levanto e tento sair daquele quarto. Mas ele segura meu pulso e me puxa pra ele.

- Estou apaixonado por você... – sussurra ele no meu ouvido, fazendo um caminho de beijos no meu pescoço indo para meu ombro.

Como assim apaixonado? Conhecemo-nos não faz nem duas horas!

- Jack... - tento empurra-lo para longe de mim, mas ele é mais forte e me segura.

- Nunca saia dos meus braços – fala ele percorrendo o caminho para minha boca.

O que deu nele? Isso nunca me aconteceu... Um cara ficar apaixonado por mim. Isso é impossível.

Capturo seus pensamentos.

“Ela me faz sentir o que eu nunca senti na minha vida. Sinto-me vivo, energizado, excitado... Eu a amo, mas como poderei falar o que sinto se eu não sei se ela me ama?... Aaah duvida cruel...” Seus pensamentos me incomodam.

- Jack eu não... – tento falar, mas sua boca já está na minha.

Um beijo quente e excitante começou a rolar. Beijei de volta. Sua boca carnuda, sua mão pelo meu corpo, seu corpo colado ao meu, deixava tudo muito melhor.

Deito-me em cima dele e beijo mais forte. Ele começa a levantar minha blusa e tira ela. Faço o mesmo com o dele. Ele começou discretamente a tirar meu sutiã e eu deixei. Nunca fiquei tão excitada. Mas o que deu em mim? Ele tenta tirar minha calça, mas recuo.

- O que foi Soph? – perguntou ele carinhosamente.

Pego minha blusa que esta no chão e coloco-a.

- Eu... Não quero isso agora... – falou pausadamente.

Ele se levanta e me abraça. Desvio meu olhar do dele.

- Eu te espero Soph... – ninguém me chama de Soph, só o Gabriel! - Só irie fazer o que você quiser e quando quiser na hora certa. – ele pega meu rosto entre a mão e me obriga a olha-lo – Soph... E-eu...

- Eu já volto – falou interrompendo.

Saio daquela casa e vou dar uma volta pelo subúrbio no meio da escuridão da noite.

Acho um banco e sento nele. Abaixo a cabeça e começo a chorar. Por que isso sempre acontece comigo? Ele não deveria me amar... Eu não gosto dele, eu não o amo... A única coisa que me agrada nele é seu corpo. Aaah e que corpo!

Grito e olho pra cima. Que diabos aconteceu comigo?

Alguém senta do meu lado e fica em silencio. Olha pra pessoa e levo um susto. Não tinha só uma pessoa, mas sim cinco delas. Gabriel, Raphael, Mikael, Haniel e Camael.

- Ai que susto seus merdas! – grito olhando-os acusadoramente.

- Hey Soph, calma aí. – fala Gabriel me abraçando.

- É mesmo – fala Haniel rindo da minha cara com o Mikael.

A raiva sobe até minha garganta. Odeio que riem de mim. Mas Raphael é o único que fica apenas me olhando.

Ele faz crescer uma flor em suas mãos e me entrega.

- Uma flor para minha querida Sophia... – ele me entrega a bela rosa azul e me da um abraço forte.

- Oh Raphael quanto tempo meu querido amigo – falo retribuindo o abraço. Ficamos sem nos ver a duas décadas.

- Ei nós também queremos um abraço Sophia – fala Mikael apontando para ele e Haniel.

Levanto-me e dou um curto abraço neles.

- E você Camael não vais dar-me um abraço? – pergunto encarando curiosa. O que deu nele?

- Não tenho nada de errado minha cara amiga... – ele da um curto sorriso e me abraça, um longo abraço por sinal.

Até que Gabriel limpa a garganta e Camael se desgruda de mim.

Eu e Camael já namoramos durante um tempo. Eu terminei com ele, só que ele não aceitou e foi um GRANDE drama. Mas eu ainda gostava dele, como amigo é claro. Não tem como ficar sem nos falar, somos todos irmãos de maternidade. Mas o único com quem eu mantive contato foi Gabriel.

- Soph, por que tu estavas chorando quando a gente chegou? – Perguntou Camael sentando no banco e me puxando para sentar ao seu lado.

- Bom... – O que eu poderia dizer? – Tipo... Eu estava na casa da Grace então eu conheci o Jack... – Gabriel me olha curioso, perturbado, animado e triste ao mesmo tempo. O que deu nele? – Bem... O Jack é um cara BEM atraente e tal... – Camael abaixa a cabeça. – Então... Hum... A gente se beijou nos pegamos e tal... – todos me olhavam com curiosidade, só Haniel parecia excitado com toda e situação. – Aí para de me olhar assim. Não aconteceu nada demais, a gente só quase chegou lá...

Eles me olhavam boquiabertos. Gabriel estava muito irritado com o que eu acabei de contar. Camael se levanta abre suas majestosas asas brancas e voa para o céu fulo da vida. Fazer o que? O cara era um gato!

- Não era para você fazer isso Soph – grita Gabriel ao meu lado.

Olho surpresa por sua reação. – O que deu em você Gabe? – perguntei assustada.

Ele fecha a mandíbula. Olha para Raphael, Haniel e Mikael e da um comando para que eles vazassem daqui.

Ele inspira e espira o ar inúmeras vezes.

- O que há de errada Gabe? Por que você ficou assim? Ele é só um cara – olha pra ele, mas ele insiste em evitar o contado com os olhos, pego ele pelo ombro e obrigo-o a me olhar – Ele é só um cara Gabe! Ele é só filho da Grace...

Foi aí que caiu a ficha. Grace só amou um homem na vida. E ela nunca iria trair Gabriel. Gabriel nunca a traiu, ele sempre a amou. Mas ele nunca me contou o verdadeiro motivo para se separar dela. Agora eu sei.

- Gabe, Jack é seu filho? – perguntou olhando nos seus profundos olhos verdes.

 

Capítulo 7

Junho, 2011

Sophia

Gabriel me olha e vira a cabeça. Sempre prometemos em nunca esconder segredos, muito menor ler nossas mentes, mas ele não me da opção.

"Se eu não responder agora, ela vai me encher o saco o resto da minha vida... Mas conta-la que eu tenho um filho, não vai ajudar muito...”.

Arfei demais o ar e ele percebeu.

- Você esta na minha mente né Soph? - perguntou ele olhando bem nos meus olhos. Ele deixa uma lagrima cair dos seus olhos - Eu nunca quis guardar esse segredo de você, mas prometi para mim mesmo e para Grace que deixaria ver o que acontecia com o tempo passando... - abraço meu amigo e começo a chorar junto com ele - Mil desculpas Soph... E-eu... - sua voz morreu.

- Shhh, não estou brava contigo, eu só estou... estou... - Eu não sei o que eu estou sentindo no momento... Raiva? Felicidade? Indignação? Medo? Compaixão? Ciúme? Angustia? Culpa?

Ele se separou do meu abraço, me deu uma ultima olhada, esticou suas asas e saiu noite a fora.

- Gabriel! - gritei, ele me olhou ainda no ar - Grace te ama ainda e sempre vai te amar... - ele sorri e eu retribuo o sorriso.

Eu aceno e ele desaparece na escuridão.

UOU, Jack filho do meu irmão? Loucura cara. E eu fiquei com o filho dele!

Olho para os lados, pra ver se não tem ninguém me olhando e grito para o céu.

Por que tudo é muito injusto?

 

Mathew

 

- Mãe eu vou dar uma volta... - falei saindo de casa

- Não volta tarde! - grita ela sem tirar os olhos da tv.

Abri a porta e a brisa da noite me encheu de arrepios. Abraço meus cotovelos e começo a andar por aí.

Escuto um grito de uma mulher e começo a correr em direção e ela. Ela estava no banco olhando para o céu. Parecia muito indignada. Aproximo-me dela cuidadosamente para não assusta-la. Não consegui ainda identifica-la, mas aqueles cabelos loiros são tão idênticos aos da...

A gata loira estava sentada no banco. É a mesma gata que me deu um beijo. A mesma que tirou a faca da minha mão e disse que estava de olho em mim.

Agora mesmo que eu me aproximo. Cheguei sorrateiramente no banco. Fico lá quieto. Olho pra ela. Mas ela não está nem aí pra mim. Fico quieto até ela falar:

- O que você quer Camael? – perguntou ela num sussurro virando a cabeça para me olhar. Quando seus olhos capturam o meu, ela se assusta – Ai garoto! Que susto! - Eu começo a rir – O que você esta rindo?

- O que você esta fazendo aqui sozinha? Nesse escuro? – pergunto mudando de assunto.

 Ela volta a olhar para frente. Vejo que ela andou chorando. Seu nariz ainda está vermelho, sua maquiagem esta um pouco borrada. Mas mesmo assim, ainda esta muito bonita, encantadora, uma deusa.

Ela me olha agora com desprezo.

- O que você está fazendo aqui? – perguntou ela.

- Eu acho que o mesmo que você – ela ainda me olhava, só que desta vez ela estava mais tranquila. – Limpar a mente dos problemas... Esquecer que temos uma vida... Esquecer as pessoas...

Uma começa a chorar de novo. Estico o braço para que ela receba um abraço. Ela vem e se encaixa nos meus peitos. Uma sensação de paz passou por mim. Uma gata estava nos meus braços, chorando, triste, emocionada. Não sei mais o que fazer ao não ser ficar ali abraçando aquela deusa.

Vejo que ela para de chorar e fechou os olhos. Sua respiração ficou mais pesada e mais lenta. Ela dormiu nos meus braços. Parecia tão indefesa, delicada, meiga. Limpo cuidadosamente, para não acorda-la de seu sono, seus olhos borrados. Ela estremece ao meu toque. Do mesmo jeito que eu ao encosta-la nos meus braços.

E agora? O que eu faço com ela? Não irei até a casa da senhora Grace com o Jack lá para leva-la. Vou levar para minha casa.

Pego ela no colo e começo a andar em direção a minha casa. Ela ficou encaixada nos meus braços perfeitamente. Era tão leve como uma pena.

Chego em casa e subo direto para meu quarto. Minha mãe já estava dormindo no dela, então não tive problemas. Tento colocar minha deusa na cama, mas ela se recusa a sair dos meus braços.

- Hum, não, eu não quero ir... – murmurou ela sonolenta. – eu não que sair daqui.

E agora? Se eu deitar com ela, ela vai me estranhar? Só vou deita-la na cama depois eu saio.

Deitei junto com ela na cama. Seu corpo ao meu era tão bom, mas se ela acordar vai ficar puta comigo.

Tiro seus braços do meu pescoço e tento sair mais uma vez, só que ela pega pelo meu colarinho e não solta.

- Não me deixe aqui... – murmurou ela de novo.

Tiro seus dedos, um por um da minha blusa. Afasto-me dela e admiro sua beleza. Se bem que eu poderia dar um beijo nela né? Ela nem vai saber de nada! Aproximo-me de seu rosto para dar um selinho, ela se meche e eu me afasto tão brutalmente que para do outro lado do quarto. Ela só se virou de lado seu cabeção!!! Vou de novo pra perto dela. Estava a poucos centímetros de sua boca, mas hesito, beijo sua testa e saiu do quarto. Vou para a sala e durmo lá.

 

Sophia

 

Abro os olhos assustada. O que aconteceu ontem? Olhos para o quarto onde eu estava. O que eu estou fazendo aqui? Olho para a cama onde eu estou deitada. Essa cama não é a minha! Olho para o lado e vejo um porta retrato. Uma mulher estava nele com um homem ao seu lado. Ele me lembra de alguém. Mas quem? Esse cabelo escuro, esses olhos castanhos... Mathew!

O que eu estou fazendo na casa dele? Como... Lembro-me que ele se aproximou do banco ontem, eu comecei a chorar, ele me abraçou, fiquei nos seus braços por um bom tempo e depois eu dormi.

Mas por que ele me trouxe aqui? Na casa dele?

Escuto um barulho e me encolho para a cabeceira da cama.

Mathew abre a porta e me olha. Ele sorri e traz uma bandeja nas mãos.

- Pensei que você não iria acordar nunca... – fala ele inocentemente.

 

Capítulo 8

Junho, 2011

 

Mathew

 

 

Acordo cedo. Olho para os lados e me lembro do que aconteceu ontem à noite.

Vou ao meu quarto para ver se a loira ainda estava deitada na minha cama. Abro a porta e vejo-a ainda deitada, enrolada no meu cobertor, dormindo profundamente.

Desço as escadas e vou para cozinha preparar alguma coisa pra a gente comer. Faço um café, suco de laranja, preparo algumas torradas com manteiga e corto uma maçã ao meio pra nós.

Demorei exatamente 30 minutos só pra fazer essa pequena refeição. Coloco isso tudo em uma bandeja de prata que minha mãe ganhou de presente do trabalho dela.

Subo cuidadosamente para não derrubar nada e para não acordar ninguém. Abro a porta do meu quarto com um pouco de dificuldade.

Vejo que ela já acordou. Ela estava toda encolhida na cabeceira da cama com medo. Seu cabelo bagunçado parecia que tínhamos feitos muitas coisas na noite passada. Eu ri da minha própria piada e falei com ela.

- Pensei que você não iria acordar nunca... – falei com cuidado para não assusta-la.

Ela ainda me olhava incrédula, já eu fiquei tranquilo.

Entrei no quarto e coloquei a bandeja em cima da cama. Seus olhos seguiram todos meus movimentos. Fiquei tão sem graça, que senti meu rosto esquentar. Isso não é bom.

- Bom... – comecei a falar para quebrar o clima – Dormiu bem?

Ela não falou nada, só assentiu com a cabeça. Balancei a cabeça também.

- Eu não sei se você gosta de café ou de suco, então eu fiz os dois... – falei olhado da bandeja pra ela, que ainda me olhava sem demonstrar quais quer emoção.

Ela ainda não se moveu, não falou, o que eu poderia fazer para com que ela faça alguma coisa?

- O que aconteceu ontem, quando eu vim pra cá? – me assustei com suas palavras, foram ditas tão docemente que fiquei um pouco sem fala.

- Eu te trouxe, por que se fosse por você ainda estaria no banco deitada, - uma sobrancelha levantou mais do que a outra, mas continuei – te coloquei na minha cama e você dormiu aqui sozinha o tempo todo.

- O tempo todo? E o que você fez? Dormiu a onde? Sua mãe está em casa? – ela foi soltando um monte de perguntas que eu tive que reformular tudo.

- Calma aí! – falei me rendendo – Sim, você dormiu aqui e eu lá no sofá...

- Você não deveria ter feito nada disso – interrompeu-me ela indignada.

- Por quê? – perguntei encarando a torrada que já estava ficando mole.

- Por quê? – perguntou ela levantando a voz - Deve ser por que eu não moro aqui, não deveria esta aqui, e você nem me conhece direito!

- E você também não me conhece direito! – falei um pouco indignado.

Ela virou o rosto pra janela evitando o contato com os olhos. O que ela esta escondendo?

- Olha só Mathew...

- Como você sabe meu nome? – perguntei interrompendo-a.

- Isso não vem ao caso... – falou ela se levantando e indo para frente do meu computar. Segui, com meus olhos, ela. – Mathew, aconteceu mais alguma coisa ontem? – perguntou ela pausadamente

- Que tipo de coisa? – perguntei sem jeito.

Se ela souber que eu quase a beijei, ela iria ficar irritada comigo!

Ela me olhou incrédula, como se acabasse de ouvir meus pensamentos.

- Você não me beijou né?

- Não... – falei rápido demais, droga!

Ela frisou os olhos e virou a cabeça de lado não acreditando nas minhas palavras.

- É sério ok? – ela ainda não acreditava, o que eu faço?

“Conte a verdade!” Falou uma voz na minha mente.

Espantei-me. Balancei a cabeça para ver se eu estava alucinado. Bêbado eu não estava. Muito menos drogado! Eu sei que nós escutamos vozes em nossas mentes, mas essa não foi a minha voz!

- Eu não fiz nada com você. O máximo que eu fiz foi dar um beijo na sua testa de boa noite, só isso – finalizei a frase em um sussurro.

O que posso fazer com que ela acredite em mim? Essa é a mais pura verdade, droga!

- Ok, - falou ela – eu acredito em você...

Ela ficou olhando minhas coisas, canetas, blocos de notas, desenhos, até que... Droga meu caderno de poesias! Eu sei que isso parece ser gay, mas eu sou muito bom no que faço.

- O que tem aqui? – perguntou ela. Arregalei os olhos quando a vi abrindo o caderno. – Posso ler?

Levantei correndo da cama e peguei o caderno de suas mãos.

- NÃO! – gritei e guardei o caderno na ultima gaveta da minha estante.

Ela me olhava espantada. Fiquei sem o que falar. Eu sei que fui grosso, mas o meu caderno de poesias é como um diário para mim.

- Isso era o seu diário? – perguntou ela quase rindo. Ela botou a mão na boca para disfarçar, mas que nada, dava pra ver que se der uma brecha, ela vai começar a rir e não vai parar mais.

- Não, de novo! – falei recusando a olha-la. Aaah que raiva!

- O que era então? – perguntou docemente, mas ainda estava pra rir.

- Meu... caderno.

- Não parecia ser um caderno qualquer... – falou ela cruzando os braços.

- Mas é sim! – olhei para ela pra vê se ela parava com esse dialogo chato. Vi que ela não se convenceu, e cai no encanto dela – É meu caderno de...

- De...?

- Poesias... – sussurrei tão baixo que até eu não ouvi.

- Eu não escutei direito... – falou ela com um sorriso de uma orelha a outra.

- Poesias ok?! – gritei

Ela deu um pulo. Abaixei a cabeça de vergonha. Que droga, agora ela vai pensar que eu sou um gayzão! E eu não poderia deixar ela, essa gata... QUE EU AINDA NÃO SEI O NOME!

- Como é o seu nome? – perguntei timidamente.

Ela riu pela cara que eu fiz.

- Bom, meu nome é Sophia... – falou ela sorrindo.

Um sorriso caloroso, gostoso, que faz qualquer coração derreter. Seu corpo me deixava sem reação de tão bonito que era. Suas medidas eram todas certas, nada demais e nada de menos. Cabelos loiros e um pouco ondulados parecendo às ondas do oceano. Seus olhos azuis claros, mas com a cor destacada. Raro. Seu toque em minha pele dava tanta calma que às vezes parecia que eu estava drogado. Eu acho que estou drogado de amor.

Sophia ficou tensa e começou a andar pelo quarto. Ela parou na frente da janela e ficou olhando a rua. Fui para seu lado pra ver o que ela via.

Um casal estava aos amassos no banco que tinha em frente à casa da Srtª Grace.

Vi que ela ficara triste com a visão em sua frente. Silenciosamente coloco a mão em seu ombro. Uma carga negativa passou para mim.

Ela me olha, lagrimas cai de seus olhos, abraço-a e fico com ela em meus braços. Como eu queria que ela ficasse comigo eternamente...

 

Capítulo 9

Junho, 2011

 

Sophia

 

 

Fiquei nos braços do meu querido anjo menor até a hora que a mãe dele acordou e entrou no quarto. Quando ela viu o seu filho abraçado com uma estranha, ficou muito estressada.

- O que essa... essa... VAGABUNDA está fazendo na minha casa? – gritou ela, alarmando todos da rua.

- Mãe, acalme-se – falou Mathew, tirando-me de seus braços quentes e fortes. Fazendo-me quase cair de joelhos no chão, me apoitei no para peito da janela para ficar firmemente de pé. – Ela é minha amiga, - ele me olhou – o nome dela é Sophia, ela... ela... – ele pensou, e pensou até que teve uma ideia – Ela estuda comigo nas aulas extracurriculares de verão no colégio... – ele olhou para mim e arregalou os olhos para com que eu concordasse.

- I-isso mesmo Srtª Joshua – gaguejei, mas encontrei firmeza na voz e continuei – Eu faço aula de... – agora fui eu que pedi ajuda dele arregalando os olhos.

- De... Poesia! – falou ele com satisfação. Eu sou horrível em poesia! – Ela faz aula comigo de poesia, na escola, hum, na minha escola, ham, de poesia – quanto mais ele falava, mais a mãe dele ficava confusa. Eu acho que ele fez isso de propósito.

 Ela acenou com a cabeça e saiu do quarto. Soltei a respiração que ficara trancada desde que a mãe dele tinha-me xingado. Nós começamos a rir.

A campainha toca fazendo-nos parar. Alguém falava muito alto.

- Você viu uma loira... Alta... Muito bonita? – perguntou uma voz masculina, Jack!

A mãe de Mathew fala alguma coisa, e passos começaram a vir da escada. Jack entra no quarto do Mathew, ele estava vermelho de tanto chorar. Ele vem em minha direção e me abraça. Fico tão imóvel que parece que morri ali.

- Sophia, meu amor, pensei que tinha te perdido. Nunca faça mais algo assim – ele me sufocava nos seus braços.

Mathew estava atrás do Jack, do jeito com que eu possa vê-lo. E o que eu vi não me agradou nadica de nada. Mathew olhava com raiva pra Jack, eu já sabia que Jack e Mathew nunca se deram bem. Mathew deixa uma lagrima cair de seus olhos belos olhos. Ele viu que eu o olhava e virou o rosto para a janela a sua direita.

Empurrei - com um pouco de dificuldade – Jack de mim. Consigo sair e vou o mais rápido possível para perto de Mathew. Ele se recusava a me olhar, pegou seu rosto com as mãos, e ele me olha.

- Você ainda será o único! – sussurro para que só ele ouça. Beijou seu rosto e vou até Jack que me olhava estranho. Pego sua mão e saio daquela casa que não me pertencia.

Estávamos quase entrando em casa quando Jack para na porta. Olho para ele desconfiada de sua próxima reação. Eu não esperava que fosse ser uma das melhores. Ele coloca a mãos nos meus ombros e me olha no fundo dos olhos.

- Minha mãe... está um pouco preocupada... com você... – uma sensação de desespero dele passou para mim. Meu corpo começou a tremer. – Fique tranquila. Ela esta bem... Ela esta só um pouco estressada.

O que será que aconteceu com minha querida anfitriã? A amada do meu irmão? Céus proteja essa pobre mulher... Ela ainda tem muito do que viver!

Minha respiração estava acelerada. Se eu ficasse mais de um minuto naquela varanda sem ver o que – de verdade – Grace tinha, eu teria um ataque!

Abri a porta e encontrei a sala calma, muito calma pro meu gosto. Jack olhou para a escada que levava ao segundo andar – onde ficava o quarto de todo mundo – e segui-o escada a cima, ainda segurando sua mão quente.

Ele para na frente da porta do quarto e hesita em entrar. Não me aguento e abro a porta. Encontro-a deitada na cama, não muito bem como ele disse.

 

Gabriel

 

Fico pensando mais e mais, no meu filho, na minha amada que eu tive que deixar na terra. Aaah que vida difícil a minha! Eu só me lamentava... Por que tudo o que eu mais amo, não pode ficar nos meus braços? Comigo? Ao meu lado?

Lembro-me de quando estava no parque com Grace, tão linda com seus belos cabelos cor de mel, olhos castanhos brilhantes, sua forma delicada, sua graciosidade.

 

Flashback on

 

Eu tenho que conta-la... Mas como? Oooh que duvida cruel...

- Gabriel meu querido, o que lhe perturba? – pergunta Grace inocentemente, olhando nos meus olhos.

Estávamos sentados no grama. Eu apoiado em uma árvore e Grace sentada no meu colo abraçando-me.

- Minha querida Grace. - pausei vendo que a veia de seu pescoço ficou tensa com o “minha querida” – Eu... Não possamos ficar mais juntos. – falei rapidamente.

Ela se vira um pouco de frente para mim, fazendo o possível para com que seu rosto fique de frente para o meu.

- Oras, por quê? – grita ela já com lagrima no canto dos olhos.

- Metraton, não quer que fiquemos juntos minha cara amada – olho para frente, onde tinha belas flores no parque, impossibilitando nosso contado visual.

Ela já sabia o verdadeiro porquê. Mas isso não impediu que ela chorasse e me abraçasse, deixando lágrimas molharem meu terno.

Sinto que também não iria aguentar muito tempo. Lagrimas caíra dos meus olhos em poucos estantes.

Ficamos a tarde inteira chorando um no ombro do outro. Impossíveis de ficar sem seus grandes amores.

 

Flashback off

 

Senti uma pontada no peito, que me fez cair no chão de joelhos. Eu já sabia o que era. Todos nós anjos sentíamos isso quando alguém muito importante está para morrer. Nosso grande amor. Grace...

Alguém entra no meu pequeno quarto. Haniel entra no quarto e me segura por debaixo dos braços.

- Te peguei Gabe – fala ele com dificuldade.

Deito na minha cama e me contorço de dor.

- Aaah – grito alto, muito alto – Meu coração esta se desfazendo...

- Calma meu irmão... – fala Camael entrando no quarto e sentando ao meu lado.

- Faça isso parar... – grito novamente com lagrimas nos olhos.

Ninguém se mecheu. Raphael entra no quarto correndo e se senta ao meu lado dando pequenas batidinhas no meu ombro.

- Por favor... – choro novamente – Alguém...

- Não podemos fazer nada Gabe – fala Mikael já entrando no quarto com Metraton ao seu lado.

A dor me fazia em cacos, meu corpo agora estava todo doído. Não consigo abrir os olhos de tanta dor. Começo a tremer, suar frio e perco as sensibilidades dos meus dedos das mãos e dos pés.

Metraton começa a sussurrar alguma coisa para Mikael, que sai voando do quarto rapidamente.

- Calma meu irmão. – fala Camael novamente, só que mais docemente.

- Não aguento mais – sussurro. Meu corpo começou a ficar mole e eu quase não escutava ninguém

- Aguente firme Gabe, - falou Haniel – Mikael está trazendo ajuda...

Depois disso adormeci um sono tão profundo, que quando acordei parecia que eu estava no paraíso (e olha que eu já fui lá).

Abri meus olhos lentamente e não encontrei foco de primeira. Sinto que meu corpo não doía mais. Tento levantar, mas algo me segura na cama.

- É melhor você não levantar... – fala uma voz feminina, tão doce e pura, que fui obrigado a obedecer.

Olhei ao redor para ver se encontrava o paradeiro da voz, mas não a encontro. Meus olhos começaram a se acostumar com a claridade intensa. Uma sombra aparece em cima de mim. Olho para ele e levo um susto.

- Calma aí irmão! – fala Haniel se rendendo – Eu sei que não sou tão gato assim, mas, ah, quem queremos enganar, eu sou muito gato sim meu! – fala ele rindo da própria piada.

Ele viu que eu ainda não estava bom para piadinhas e ficou na dele. Metraton aparece na minha visão e coloca – eu acho – a mão no meu ombro.

- Pensávamos que tínhamos te perdido. – fala ele gentilmente.

Forço um pequeno sorriso, mas nada sai. Ainda estou muito fraco. Ele vê o meu esforço e deu leves tapinhas no meu ombro.

Passou uma energia tão boa na hora, que fique bem mais disposto. Tento me levantar novamente, mas alguém – de novo – me empurra em direção à cama.

- Você é teimoso né?! – falou a mesma voz de quando eu acordei.

Viro minha cabeça em direção à voz e encontro uma pequena jovem, com roupas brancas e com luvas descartáveis na mão, encarando-me furiosamente.

Ela era um anjo ajudante. Enfermeira, como diz na terra. Seus olhos castanhos escuros brilhavam mais do que estrelas. Seus cabelos castanhos vinham até metade de suas costas. Não podia se dizer que era liso, liso, pois tinha leves ondulações neles. Uma franja tapava metade de sua testa. Sua boca em forma de coração estava frisada de raiva. E sua mandíbula estava trincada ao máximo.

Eu não sabia sua altura, pois estava sentava em uma cadeira, mas eu não diria que ela tinha mais que 1.60 de altura.

Kamael entra na minha visão e olho para ele.

- Gabe você vai ficar bem, depois... – ele se cala e olha para o lado, onde não tinha nada de interessante – Lizza vai cuidar de você por enquanto.

Lizza era a garota mal-humorada? A sim! Vou me sentir muito melhor com alguém mal-humorado ao meu lado.

- Ei, eu escutei tudo que você pensou! – falou ela indignada, cruzando o braço no peito e fazendo biquinho.

- Que bom... – murmurei para mim mesmo. Mas acho que ela escutou, por que ela se levantou e saiu do quarto correndo.

- Nossa Gabe, que insensível – falou Haniel.

Revirei os olhos. Ah droga!

- Chama lá ela Hani – bufei.

Ele deu um sorriso que eu tive até medo. Saiu do quarto e logo voltou com Lizza no seu braço. Não sei por que, mas aquilo me incomodou um pouco. Hani estava sorrindo muito, mas muito mesmo!

Ele olhou para todos da sala e deu um sinal para que deixassem o quarto só para mim e Lizza. Estranhei o comportamento dele. Oooh não! Desgraçado. Cupido fdp! Já saquei tudo.

- Bom... – falou Lizza envergonhada, por eu estar ali na frente dela só de calça e sem camiseta. – Você quer alguma coisa?

- Hum... Não... – ela assentiu e se virou para sair do quarto, já que eu não queria nada mesmo – Espere – ela parou e se virou rapidamente -, eu gostaria da sua companhia... Você me daria à honra? – perguntei sem graça.

Ela corou na hora e assentiu.

Bati no lado da cama para que ela sentasse. Ela veio e sentou. Ficamos tão sem graça, que até eu corei.

- Fiquei sabendo que Sophia é uma grande amiga sua né? – perguntou ela puxando papo, por que olha, a coisa estava o ó.

- Bom, hum, a Sophia é como uma irmãzona pra mim sabe... – ela assentiu.

Procurei seus olhos, mas estava por debaixo da franja e não encontrei. Com cuidado para não assusta-la, tirei sua franja do olho e coloquei atrás de sua orelha. Minha mão acariciou seu rosto macio, delicado. Estava tão relaxada, que aceitou meu carinho. Ela virou seu rosto para beijar minha mão.

Levantei-me, peguei seu queixo para que ficasse de frente para mim e selei sua boca com um beijo. Doce e romântico. O mais romântico que já dei.

 

Capítulo 10

Junho, 2011

 

Sophia

 

 

Entrei correndo no quarto da Grace e abracei-a. Ela estava branca, seus lábios tinham perdido a cor, seus olhos quase não se mantinham abertos, e estava coberta por suor.

Aí meu Deus, o que será que minha amiga Grace tem? E Gabriel? Coitado de Gabe... Por que ele ainda não compareceu? Onde ele está? Gabe... Escuta-me...

- Sophia... – falou Grace sem forças, atraindo minha atenção – Fale para o Gabriel, que eu sempre o amei, e quando eu morrer ele pode ficar com quem ele quiser... Mas não se esqueça, eu sempre o amei... – ela tossiu e saiu sangue de sua boca.

Apertei mais ela nos meus braços, tentando passar energias positivas para seu corpo. Lagrimas começam a brotar dos meus olhos. Querida Grace...

Jack não tinha entrado no quarto, ele ainda estava na porta, olhando-nos espantado, sem reação.

Senti a dor dele no meu coração. Eu sei como é perder uma mãe, já perdi a minha, e sei seus sentimentos.

Mais lagrimas cai dos meus olhos. Comecei a soluçar.

Grace estava ficando mais fria. E mais fria. Sentia seu coração bater com dificuldade.

Por que isso aconteceu justo agora? Acabei de chegar! Isso é tudo culpa minha... Sou uma atração para a morte, só pode ser isso!

Olho para Jack que ainda não mostrou nenhuma reação e grito:

- CHAMA A AMBULANCIA, SEU BANANA! – estava tão triste, mas triste até do que Jack, pelo que parecia.

Ele pegou com dificuldade o celular do bolso e ligou para a emergência.

- E-eles já estão c-chegando... – gaguejou ele.

Lagrimas escorria pelo seu belo rosto angelical. A ponta do seu nariz está vermelha. A boca inchada. Como eu nunca me toquei que ele é um meio-anjo? Um Nephilim! E está correndo perigo! Quem será seu anjo da guarda? Toda a família do Gabe está prestes a morrer... E eu não posso fazer nada, por que minha prioridade é Mathew... Mas eu estou gostando tanto do Jack... Seu amor – estranho – por mim, parece contagioso...

 O pulso da Grace começa a cair e eu fico mais preocupada. Onde está essa ambulância que não chega?

Jack corre e se ajoelha ao lado da mãe que perdia a vida aos poucos. Ele me olha nos olhos pedindo socorro.  Balanço a cabeça negativamente. Mando uma mensagem telepaticamente para ele.

[Não posso fazer nada... Sinto muito, mas sou anjo da guarda do Mathew e não da Grace, se eu interferir perco minhas asas...]

Ele assentiu e apoia sua cabeça nas mãos fracas e brancas da mãe.

Grace abriu os olhos, e falou pela ultima vez:

- Sophia, cuide bem do meu menino... – sua voz ficou fraca e ela deixa sua cabeça cair para o lado.

Não me aguento e choro muito, muito mesmo.

Vejo que seus olhos continuam abertos e o fecho com cuidado.

Sirenes começam a soar fora da cada. A porta se abriu bruscamente, passos vêm da escada. Quando os paramédicos chegam e olham para Grace com os olhos fechados, eu e Jack chorando que nem bebês, abaixam a cabeça e andam devagar em nossa direção.

Um dos dois chega mais perto e sussurram para mim e Jack, que não deu ouvido:

- Senhorita, você tem que deixar à senhora, para que possamos leva-la... – ele coloca sua mão fria no meu braço.

- Não... – falo entre lagrimas. Olho para ele, que chama seu colega para ajuda-lo. – Não! – grito.

Ele se assustou com meu grito e recuou um pouco, mas acabou voltando.

Seu colega tira Grace à força dos meus braços.

Jack não sabe o que faz e fica ali parado, de joelhos, me olhando com o rosto inchado e os olhos vermelhos.

Abraço-o e puxo-o para cama, para que ficasse comigo, chorando.

Acabamos dormindo na cama da falecida, abraçados.

 

Mathew

 

Sirenes tocam e enche nossos ouvidos. Olho pela janela e vejo que é na casa da Grace, onde Sophia está.

Corro escada abaixo e me esbarro com minha mãe na entrada chorando disfarçadamente.

- O que foi mãe? – pergunto abraçando ela.

- A Grace morreu filho! – falou ela entre soluços.

Aquelas palavras me atingiram de um jeito tão estranho, que eu não consigo descrevê-lo. Olho para minha mãe e ela me olha. Vejo que ela sofre muito. A Srtª Grace, foi nossa melhor vizinha, sempre que precisávamos de alguma coisa - ou ela também - era só pedir, e era ganho sem preocupação. Uma pessoa tão boa com todos, é uma pena perder alguém tão solidária, carinhosa, e fofa! Uma fofa de pessoa... Aaah Grace, sentiremos sua falta...

E Sophia? Como será que ela esta?

- Mãe... O Jack deve esta lá dentro né? – perguntei desviando do seu olhar preocupado para a casa de Grace.

- Eu acho que sim filho... Mas o que você quer com o Jack, vocês nunca se deu bem com ele... Por que esse interesse? – ela refletiu. E antes que eu pudesse responder ela fala: - Você não é gay é? – ela perguntou arregalando os olhos assustada com suas palavras.

Começo a rir: - Claro que não mãe! – falo rindo – Só quero saber se ele quer uma força pra superar a barra com a morte da mãe... Por que se eu perdesse minha amada mãe eu iria ficar muito triste – falo piscando rapidamente para ela, que da um sorriso e me da um beijo na bochecha.

- Vai lá vai filho... – ela da um leve empurrão para a casa da Grace. Quando eu estou indo, ela da um tapa na minha bunda que me fez dar um salto.

Olho para ela que só ri. Vejo que ela não só ri, mas como também, começa a chorar novamente.

Entro sorrateiramente na casa e subo as escadas silenciosamente. Olho para os dois lados do corredor e não vejo ninguém. Abro a primeira porta que me aparece e encontro Sophia chorando muito com Jack em seus braços. Abaixo a cabeça e fecho a porta.

Ela deve estar bem melhor nos braços dele...

 

Sophia

 

Acordo suada, com Jack ainda me abraçando. Olho para ele, pelo visto chorou a tarde toda.

Era noite ainda. Olho para o relógio e me assusto com a hora, era 02h20min da madrugada!

Levanto-me e vou tomar um banho no banheiro do corredor. Deixo a agua correr pelo meu corpo por um grande tempo, alguém bate na porta.

- Sophia... Esta viva? – pergunta Jack sonolento

- Sim... – falei desligando o chuveiro.

Enrolo-me na toalha e saiu do box. Procuro minhas roupas, mas não acho. Droga! Esqueci em cima da cama. Do outro lado do corredor! Por favor, que Jack não esteja por perto.

Abro a porta com cuidado, olho para os dois lados, e nada do Jack. Vou até meu quarto correndo. Meu cabelo ainda molhado faz rastros atrás de mim. Meu pé ainda molhado faz com que eu caia de bunda no chão.

Sou muito azarada mesmo!

Uma mão aparece ao meu lado. Jack estava de toalha também e todo molhado. Pego sua mão e me levanto com muita vergonha.

- O-Obrigada – gaguejo e coro. Saio correndo e entro no quarto.

Tranco a porta e escorrego até o chão apoiada na porta e fico ali, sentada no chão frio.

Que vergonha! Ainda bem que a toalha não subiu! Mas mesmo assim, vergonha... Imagina se fosse a Grace me ajudando a levantar... Lagrimas começam a cair dos meus olhos de novo. Grace...

Jack bate na porta do quarto.

- Soph... Estou saindo, queres alguma coisa da rua...? – pergunta ele.

Abro a porta e ele se assusta: - Ainda de toalha?! Assim você vai ficar gripada... – ele se cala ao lembrar que eu não fico doente. – Bom, hum, você vai querer alguma coisa da rua? – pergunta ele indiferente.

- Você vai a onde? – pergunto preocupada.

- Vou à faculdade, trancar a bolsa... – ele abaixa a cabeça.

- Ei – chamei e ele demorou a me olhar -, Grace não iria querer isso pra você... Não tranque a faculdade por causa do que aconteceu...

- Você não entende Sophia... Eu acabei de perder minha mãe e não estou com cabeça pra isso! – fala ele com lagrimas nos olhos.

- Sei sim ok? – gritei – Eu sei como é perder uma mãe... E você não vai fazer isso pra você! Eu não admito! – olho para ele que me encarava assustado.

Fecho a porta do quarto e me troco rapidamente. Jack começa a bater na bota.

- Soph, eu não sabia que você tinha perdido sua mãe... – gritava ele – Me desculpe... Por favor!

Abro a porta e desço as escadas e vou em direção à porta. Jack vem atrás de mim.

Ele pega no meu punho, fazendo com que eu involuntariamente sou jogada contra seu peito.

- A onde você vai? – pergunta ele.

- Eu vou... – A onde eu vou? Gabe! – Dar uma volta!

- Posso ir com você? – ele pisca rapidamente.

- Esse é o tipo de passeio que você não pode ir...

- Como assim... – ele refletiu e depois de um tempo caiu à ficha dele – Aaah sim... Eu te espero!

Beijo sua bochecha e vou para o jardim. Olho para a rua para ver se não tem ninguém por perto. A barra está limpa. Abro minhas asas em silencio. Aaah como é bom esticar as asas... Começo a bater devagar para ganhar altitude e consigo. Quando já estou em uma altura boa para voar tranquilamente, olho para baixo e vejo que o único me vê é Jack.

Olho para cima e vou em direção ao Além.

 

Capítulo 11

Junho, 2011

 

Sophia

 

Voo devagar em direção ao trono de Deus. Vejo que ele estava pensativo e me aproximo silenciosamente. Ele abre os olhos e espera eu falar.

- Deus... – falo olhando nos olhos dele, se é que podemos falar de olho. – Por que agora? Não poderia deixar para mais tarde? E Jack, onde está o anjo dele? O garoto é um Nephilim! E eu ainda não vi o anjo dele! Se você...

- Calma Sophia... – interrompe-me ele. – Grace era velha, com a saúde frágil, já estava tudo certo para a morte dela, você é que foi pra lá em uma hora inconveniente... Bom, e Jack... O anjo dele já esta sendo providenciado!

- Agora eu é que sou inconveniente? – murmuro para mim mesma. – E quem é esse novo anjo? Por que, pelo o que eu saiba, estamos com a cota fechada já de anjos...!

Ele tira os olhos de mim e olha para a porta que rangi. Por ele passa um adolescente da minha altura, com os olhos castanhos, cabelo preto e um sorriso muito carinhoso.

- Aqui está o nosso anjo, o anjo do Jack. Bruno. – fala Deus querendo me convencer.

Olhei estupefata para o pirralho ao meu lado.

- Um adolescente? – fala olhando para o Bruno.

O garoto fechou a cara.

- Ele tem a mesma idade que você Sophia... – falou Deus. – E eu sei que você vai ajudar ele a se acostumar com os humanos...

A claro! Com todo prazer...

- Ótimo! – falou Deus rindo. Ele fechou a cara. – Agora saiam daqui, tenho muita coisa para fazer.

Olho para o garoto que sorria muito. Viro-me em direção a porta e saiu daquela sala. Bruno vem atrás de mim. Paro no hall de entrada, em frente à fonte de ouro que tinha bem no meio. Bruno para ao meu lado.

- Olha só garoto, - comecei rolando os olhos e parando olhando para ele que sorria que nem um babaca. – eu não sou uma pessoa muito paciente, então vamos fazer o seguinte. Jack, seu anjo menor...

Ele me olhava sem entender nada. Novato.

- Você nunca foi um anjo da guarda? – perguntei.

- Hum, não. – sussurrou ele desviando seu olhar.

- Bom, vai ser bem difícil então você viver na terra... – pensei comigo mesma. – Ok! – ele olhou para mim novamente – Você já sabe que é anjo da guarda do Jack né – ele assentiu. – Você sabe como conviver sem suas asas? – ele se espantou. – Ei! Calma. Não vou cortar suas asas... – eu ri. – Você consegue manter suas asas “coladas” no corpo? – ele franziu o cenho. Rolei os olhos novamente. – Assim... – Minhas asas foram para o meu corpo, quase desaparecendo.

- Eu nunca fiz isso! – falou ele espantado.

- Como assim? – agora eu que franzi o cenho. – Você dorme com suas asas a onde?

- Elas é que me cobrem durante a noite... – falou ele sem preocupação.

Isso eu nunca tinha ouvido falar na minha vida. Como alguém pode dormir coberto pelas asas durante a noite? Não dói?

- Não! – falou ele empolgado.

Vou ter que controlar meus pensamentos perto do pirralho.

Ele abaixou a cabeça. Crianças... Coloco a mão no seu ombro capturando sua atenção.

- Você vai ser meu irmãozinho de agora em diante, ok? – perguntei alegre.

Não quero ninguém chorando.

- Ok. – falou ele animadíssimo.

- Vamos mostrar você para meu amigo. – falei olhando nos seus olhos – Você conhece o Gabriel?

- Quem não conhece o Gabriel? – perguntou ele irônico.

- Esse é meu maninho! – falei abraçando-o. – Vem... – peguei ele pela mão e puxei em direção aos quartos masculinos.

O corredor estava vazio. Pareci na frente da porta do Gabe e senti uma vibração estranha dentro do quarto. Abri um pouco a porta e olha a procura do Gabe.

Aquela cena me deixou de queixo caído. Não pode ser... O que o Gabe? E quem é ela?

- Lizza, enfermeira! – sussurrou Bruno no meu ouvido.

Tinha até esquecido que ele estava do meu lado.

Gabe estava em cima da tal Lizza, aos beijos! Como isso aconteceu e eu não soube de nada? Aaah esse Gabriel me deve uma explicação!

Limpei a garganta e entrei no quarto, fazendo a maior cena, como se não tivesse visto eles.

- Gabe! – falei olhando nos seus olhos espantados dele. – Aaah, você esta ocupado... Eu volto outra hora.

Viro-me e vou em direção à saída. Gabe corre atrás de mim e me segura pelo braço.

- Não é o que você esta pensando. – falou ele, preocupado.

- Você nem sabe o que eu estou pensando! – Cachorro, canalha, traidor, a Grace da uma ultima respirada e você já vai agarrando as outras assim! Me solta seu filho da mãe! Se você não me soltar eu vou te dar um soco no seu nariz, e você sabe o que aconteceu com o ultimo que eu dei um soco, não se lembra?

Ele me soltou e colocou a mão em frente ao rosto.

- Como você pode pensar uma coisa dessas de mim? – pergunta ele.

Pensando oras!

- Eu não tive nada a ver com o que rolou naquele quarto! – falou ele em defesa.

Alguém começa a chorar atrás dele. Olhamos para o choro feminino. Lizza. Ela sai correndo, pula de uma janela e sai voando.

Nunca tinha visto uma asa tão bonita como a dela. Era um branco meio rosa. Suas penas eram pequenas e indefesas. Delicadas e macias. A asa não passava de 1.60 de cada lado. Pareciam asas de coruja real.

- Estou apaixonado... – sussurrou Gabe.

- O QUE? – grite. – E A GRACE?

- Morreu! – falou ele olhando nos meus olhos. – E você sabe muito bem!

- Não acredito que você falou isso... Como você pode estar bem depois da morte dela? – lagrimas começaram a brotar em ambos os olhos.

- Você acha que eu não sofri? Eu quase morri ali dentro daquele quarto! – gritou ele apontando para o quarto, onde ele estava de amassos com a Lizza – E foi graças aos meus amigos que eu consegui sobreviver... Diferente de você que só quer se esfregar com o meu filho!

Não acredito que ele disse isso!

Dei um tapa forte na cara dele. Tão forte que ele chegou a virar o rosto. As lagrimas começa a molhar minha blusa.

- Nunca. Mais. Fale. Assim. De. Mim. – falei com a mandíbula fechada – Você entendeu bem?

Ele começa a chorar. Olha nos meus olhos e balança a cabeça. Capturo seus pensamentos.

[Não acredito que você me bateu Soph! Eu nunca toquei em você... E agora você bate no meu rosto?].

Ele se vira e vai atrás da Lizza.

Quase caio no chão. Sorte que o Bruno, que presenciou toda a discussão, me segurou por debaixo dos braços.

Abraço meu novo irmãozinho e choro mais.

 

Mathew

 

Acordei cedo hoje e fui para o banheiro tomar banho. Quando sai, levei um susto. Meu quarto não parecia o mesmo.

Primeiro: Ele estava todo arrumado. Segundo: Tinha alguém de costas pra mim, de frente pra janela. Terceiro: EU SÓ ESTOU DE TOALHA!

Ela se vira e me vejo nos seus belos olhos castanhos, quase pretos. Cabelo escuro com a escuridão, com cachos nas pontas. Seu corpo escultural. E um sorriso de conquistar qualquer um.

Ela começa a rir de mim. Toquei-me que minha toalha tinha caído nos meus pés. Corro para o banheiro e me tranco lá. Porra, justo agora?

Ela bate na porta.

- Hey, eu paro de rir, se você sair do banheiro. – ela para e solta uma gargalhada gostosa.

Saio ou não saio?

- Só saio se você sair do meu quarto! – falei abrindo um pouco a porta.

Ela ri e sai do quarto. Entro nele, e me troco rapidamente. Abro a porta para que ela entre e me apresento.

- Eu sou Mathew Joshua e você? – perguntei estendendo a mão.

- Georgia Córdova – falou ela sorrindo.

 

Capítulo 12

Junho, 2011

 

- O que você faz na minha casa? – pergunto tirando minha mão da de Georgia.

- Sou sua nova vizinha... Mudei-me ontem, daí, minha mãe me falou que tinha um menino aqui nessa casa, que tinha minha idade e que fazia aula de poesias extracurriculares, e que era bonitinho... – ela sussurrou no fim. E corou.

Fiquei de cara com que ela disse. Bonitinho... Eu?

- Bom, hum, você é uma poetisa? – perguntei indiferente.

- Eu não diria que sou uma poetisa, faço poemas apenas por diversão – ela sorriu e eu não pude deixar se sorrir junto.

- Você vai fazer aula nessas férias?

- Eu não sei... – ela abaixou a cabeça e levantou logo em seguida – Só se você fizer junto comigo!

Espantei-me com sua energia positiva, o que não era o meu caso. Assenti com a cabeça e ela se jogou nos meus braços. Fiquei sem reação no começo, mas abracei-a.

 

Sophia

 

- Bruno... – o chamei, mas não me escutou – Bruno! – gritei novamente, batendo forte na porta.

Ela se abre e o Bruno aparece com os olhos semifechados.

- Que foi? – perguntou sonolento.

- Vamos embora! Já estamos aqui há dois dias, era para eu estar na terra! – empurrei a porta e entrei no quarto.

Era muito organizado para um quarto de um menino. Tudo muito bem alinhado, roupas, sapatos, tudo arrumado. A cama era a única desarrumada, pelo fato de ele ter acordado agora.

Virei-me para Bruno que me olha espantado. Agora que eu percebi que ele estava só de cueca. Que vergonha!

- Posso me vestir? – perguntou ele tímido.

- Hum, claro... – sai do quarto e me sentei no corredor ao lado da porta.

Deu dez minutos e ele saiu com uma mochila nos ombros.

- Pronto para a pior experiência da sua vida? – perguntei e ele arregalou os olhos – Calma, ser anjo da guarda é legal... Mas é muito trabalhoso!

- Okay, vamos nessa! – falou ele animado.

 

Chegamos à cidade, ainda no ar. Olhei para o Bruno pra ver o que ele sentia. Capturei seus pensamentos.

[Que legal! Nunca vim tão baixo... Tô louco pra pegar umas gatas...].

Ele viu que eu lia seus pensamentos e ficou vermelho. Peguei na sua mão e, juntos, descemos em direção à casa do Jack.

Antes de pousar, demos uma conferida, para ver se não tinha ninguém por perto. Não tem ninguém, vamos descer!

Descemos e paramos no jardim de trás da casa. Bruno ainda tinha que se acostumar a colocar suas asas no corpo. O que foi um pouco trabalhoso no inicio. Mas conseguimos colocar ela no corpo.

Estranhei um pouco o silencio da casa. Mas o silencio foi quebrado.

Jack aparece na sala sorrindo. Ele corre quando me vê e me abraça. Se Bruno não limpasse a garganta, teríamos ficado lá por um bom tempo.

Saí do seu abraço e coloquei meu braço no ombro do Bruno.

- Jack, esse é o Bruno... Meu irmão. – falou olhando do Jack pra Bruno.

Não fala nada pra ele, que ele é seu anjo menor! Ele sabe da existência dos anjos da guarda... Então bico fechado!

O Bruno assentiu, o que deixou o Jack um pouco sem entender.

- Eu estou com fome! – falei chamando a atenção deles.

- Eu comprei pizza, hum, vocês querem? – perguntou Jack.

- Sim! – Bruno e eu falamos juntos.

 

Depois da nossa refeição, fomos para a sala e nos sentamos no sofá de barriga cheia.

- Minha barriga dói – murmurou Bruno.

- Quem manda comer muito, moleque... – fala Jack descontraído.

Nos rimos e conversamos, até que eu me toco, que já esta bem tarde.

- Bruno, vamos dormir. – falo olhando nos seus olhos.

Ele assentiu e se levanta. Jack nos seguiu e quando estamos no topo da escada ele me puxa para seu quarto.

- Jack o que... – falei.

Mas não adiantou muito. Sua boca já estava na minha, doce e serena. Uma mão na minha cintura e a outra na minha nuca intencionando mais o beijo.

Paramos para pegar ar.

- Jack eu... – ele me para colocando seu dedo na minha boca.

- Senti sua falta... – ele falou maliciosamente – E-eu...

Ai não!

Consigo me separar dele e corro para o meu quarto, onde estava o Bruno sentado na cama me esperando quase caindo de sono.

- Então você tem um caso com o meu anjo menor! – não foi uma pergunta e sim uma afirmação.

- Isso não é da sua conta! – falei me deitando na cama.

- É sim! Eu estou protegendo ele, e tenho que saber se ele vai pegar AIDS! – fala ele convicto do que disse.

Olho abismado ele. Como uma criança pode falar isso?

- Eu não sou uma criança! – ele fez biquinho e se deitou ao meu lado.

Eu dei uma gargalhada e logo parei percebendo que ele já tinha dormido.

Crianças...

Cubro-o com o cobertor e tiro seus tênis. Saio do quarto com um travesseiro e um lençol e vou para a sala. Deito-me no sofá e durmo.

Acordo com um beijo na boca. Levando-me no susto e bato com a minha cabeça na de Jack.

- Aiii! – fala ele rindo e passando a mão na cabeça - Bom dia meu amor!

Ele me beija de novo, que é interrompido com Bruno descendo a escada.

- O que você esta fazendo aqui Sophia? – pergunta os dois ao mesmo tempo. Eles começam a rir.

Rolo os olhos e me levanto. Passo por eles e vou direto para o banheiro. Escorrego apoiada na porta, até o chão.

Lembro-me do que aconteceu com o Gabriel. Por quê? Nunca brigamos, e agora, só por causa de uma guria!

[Sophia, sai do banheiro, eu preciso de ajuda, estou com um pressentimento estranho...] Pensou Bruno, do outro lado da porta.

Ok!

Levanto e lavo meu rosto rapidamente. Abro a porta e corro para o quarto para me trocar.

Bruno me esperava na sala. Ele estava muito tenso. Sua expressão era de ódio e irritação.

- Por que demorou tanto? – pergunta ele muito mais irritado do que parecia. Ele se levantou e veio para o meu lado.

- Estava me trocando! – falei me virando para ele – O que tem de tão importante?

- Eu acho que... – ele olha para os lados e depois olha para mim - Tem um demônio pela região! – sussurrou ele aproximando a cabeça.

Um demônio? Eu nunca vi e senti nada antes de eu sair...

- Vamos dar uma volta! – pego a mão do Bruno e saio da casa.

- Eu tô sentindo... – ele olha para os lados, mas para na casa da frente. A casa do Mathew. – Aquela casa está com as vibrações negras...!

Arregalo os olhos. Como isso? Eu nunca percebi que tinha vibrações negras naquela casa...?

- Por que elas se apoderaram do local há pouco tempo. – falou Bruno super sério, parecia até um adulto.

- Eu sou um adulto! – falou ele me olhando. Não, você não é! – Você é que pensa...

Ele foi caminhando em direção à casa do Mathew. Corro atrás dele, não vou deixar esse pirralho sozinho!

Paramos na frente da porta e tocamos a campainha.

 

Mathew

 

- Georgia, você quer alguma coisa para comer? – pergunto abrindo a geladeira, procurei alguma coisa de bom, mas não tem nada!

- Só se for você! – fala ela maliciosamente.

Virei-me tão bruscamente que bati com a cabeça na geladeira. Ela estava só de lingerie! Na minha cozinha! Calcinha e sutiã! Só!

Fico nervoso e percorro meus olhos no seu corpo. Nossa, que corpão!

Ela ri da minha cara e se aproxima de mim. Ela sobe no balcão que tem no meio da cozinha e começa a dançar sensual.

Olho para os lados, para rua, pra ver se ninguém está olhando. Não tinha nada e ninguém em ambos. Que sorte!

Olho para Georgia que me encara. Ela desce da bancada e vem ao meu encontro. Começa a passar a mão no meu corpo. Por de baixo da minha blusa. Quando eu vejo minhas calças já estão sendo abaixadas. Meu coração começa a disparar tão rápido, que eu acho que ele vai sair do meu peito. Minha mão começa a suar. Ela começa a descer minha cueca.

A campainha toca.

Droga!

Vejo que Georgia também não fica feliz.

 - Deixa que eu atendo. – fala ela.

Georgia vai em direção à porta, mas volta e me beija calorosamente. Com mãos correndo pelo corpo. Separamos apenas por falta de ar. Se não, não teríamos parado nunca. Pego minha blusa e entrego a ela, que coloca e abre a porta.

Arrumo minhas calças e meu cabelo, como se me importasse com a aparência. Mas vai que é minha mãe. Ela não iria gostar de sua cozinha com cheiro de sexo!

Escuto alguém falando muito alto na porta. Vou até lá e vejo o que eu queria no momento.

 

Sophia

 

Uma garota, com só uma blusa enorme, abre a porta. Impossível! Seus cabelos e olhos escuros, não eram mais familiar do que eu já vira em toda a minha vida.

- Georgia? – pergunto irritada e quase me avançando nos cabelos negros daquela desgraçada.

- Sophia? – ela retruca assustada.

Georgia tenta fechar a porta, mas consigo segura-la com a mão. Uma coisa pode ter certeza, anjos da guarda sempre serão mais fortes do que sugadores de almas.

- Pode parando aí sua cachorra! – empurro a porta tão forte, que ela cai no chão, mostrando sua lingerie preta de renda.

Aqui me enfureceu até a ultima célula do meu corpo! Vou para cima dela, mas Bruno me segura pela cintura e não consigo chegar nela.

- O que você está fazendo aqui? – pergunto olhando nos seus olhos, que não traziam quaisquer emoções.

- Vim pegar o que é meu de direito! – fala ela se levantando e se aproximando de mim até que fiquemos a poucos centímetros rosto a rosto. – MEU pai, falou que eu poderia vir para a terra comer algumas almas, me alimentar de almas, faz bem para o meu corpinho sexy... – ela passa a mão pela lateral do corpo e faz uma dança sensual.

Bruno limpa a garganta e olha para o lado. Eu sei que ele não é tão inocente assim, dava para ouvir seus pensamentos a distancia.

[Como eu queria joga-la na cama e rasgar suas roupas... fazer loucuras até o amanhecer do ano que vem...]

Continuo olhando Georgia, que se diverte com os pensamentos do Bruno. Consigo sair dos braços dele e empurro Georgia contra a parede.

- Você não vai fazer nada com o Mathew! – sussurro pausadamente. – Se você ousa colocar suas patas imundas de sugadora de almas, DEMÔNIO, no Mathew, eu corto sua garganta!

Dou um soco na parede atrás dela. Georgia se assusta e se encolhe no chão. Começo a gargalhar ali. Todos ficam em silencio. Só paro quando Mathew chega e me afasta de Georgia. Ele se abaixa até ela e a abraça.

- O que você fez com ela? – pergunta ele desesperado.

- Eu? Nada! – falo irônica – Eu só estava falando com a minha... – respiro fundo e solto – Irmã!

 

Capítulo 13

Julho, 2011

 

Mathew arregalou os olhos, mas para ele ainda não entrava que ele estava de “rolo” com a minha irmãzinha.

Nunca me entrou também. Meu apareceu há três décadas com essa coisa no colo. Nunca me esqueço.

 

Flashback on

 

Estava indo para o inferno por pedido do meu pai, ele disse que era algo muito importante. Não pude deixar de comparecer.

Cheguei naquele calor dos infernos. Vou direto para o escritório do meu pai. Muitos mortos rodeavam sua mesa. Espremo-me entre eles e deparo com o que eu nunca iria creditar se não estivesse vendo.

Me pai vê que eu cheguei e contorna a mesa para ficar de fronte a mim.

- Soph, sua irmãzinha! – fala ele com um sorriso macabro. E olhos brilhantes.

Ele me empurra aquela coisa para meus braços. Se eu não tivesse pegado ela no colo, ela teria caído no chão.

Pequenas plumas de cabelo contornava a cabeça da menor. Olhos incrivelmente escuros. Boca em formato de coração. Não podia dizer que não senti um carinho por ela, mas... Ok! Estou delirando.

Mas só de pensar, que meu pai não ama mais minha mãe – morta! –, eu fico pra baixo.

- O que te aborrece minha filha? – pergunta meu pai colocando uma mão em meu ombro, enquanto olha para o bebe.

- Como se você se importasse! – gritei repugnada. Entreguei o bebe para ele e sai do inferno sem olhar para trás.

 

Flashback off

 

Foi a ultima vez que eu o vi.

Bruno pega meu braço.

[Está tudo bem?].

Sim...

[Não foi convincente.].

Eu sei.

Olho para ele, que estava preocupado. Balanço a cabeça e vou em direção a Mathew. Vou colocar a mão e seu ombro, mas encontro o vazio.

Ele ainda me encarava cheio de ódio.

Olho para a vadia em seus braços, que é a melhor atriz que eu já vi em total a minha vida! Poderia até trabalhar na Broadway.

 

Flashback on

 

- O que vós estais fazendo aqui Georgia? – pergunto encarando a criança no meio da guerra.

Uma bomba atinge a árvore ao nosso lado. Ela se abaixa chorando, eu fiquei imóvel.

Ela começa a chorar incontrolavelmente, me agacho até ela e coloca uma mão em seu ombro.

- Calma Ge... Eu estou aqui... – abraço ela e coloco sua cabeça no meu ombro.

Georgia começa a soluçar.

- Shhh, calma mana. Nada vai acontecer contigo enquanto eu estiver aqui...

- Mas com você vai... – sussurra ela no meu ouvido.

Depois disso, meu abdome começa a doer. Tudo fica escuro.

 

Flashback off

 

 

Georgia provou naquele dia, que não era confiável. Meu pai não aguenta mais ela. Isso eu tenho certeza.

Teve um ano que ela infernizou a vida de todos no inferno. Meu pai me chamou, mas eu me neguei em comparecer.

- Mathew, se você me ama, tire-a daqui... – falou Georgia em meio de lágrimas, chamando a atenção de todos. – Ela só quer me ferir...

Mathew estava muito confuso, dava para ver na sua cara. Ele olhou para mim e para Georgia várias vezes.

Capitei seus pensamentos.

[O que eu escolho? Georgia que me ama, eu acho; ou Sophia, que um dia disse que ainda seria minha. Eu acho que vou aproveitar o momento...]

- NÃO! – gritei e todos me olharam confusos. – Mathew, você não pode cair na dela... Ela só quer te usar... Por favor!

- Como você sabe que eu iria escolher ela? – perguntou ele.

- É Soph, por quê? – perguntou ironicamente Georgia.

- Por que... Está na sua cara, que você só vai ficar com ela, para tirar sua virgindade! – falei um pouco confusa. Quando terminei de falar, me toquei que fiz uma burrada.

Ele ficou vermelho. Georgia sorriu e virou o rosto dele para ela e deu um beijo caloroso, na sua boca.

Fiquei meio sem reação. Bruno me puxa para fora da casa e me guia até a da frente.

Ele me coloca no sofá bruscamente.

- O que deu em você? – perguntou ele.

Jack apareceu na sala, secando a mão em uma toalha de mesa.

- O que está acontecendo? – pergunta ele.

- A Sophia quase se divulgou para o anjo menor dela! – fala Bruno olhando nos meus olhos.

Me irritava muito o seu jeito de olhar. Falar. Andar. Aaah garoto irritante!

- Sophia, eu te tirei de lá, para você não fazer nada de errado... – fala ele calmamente.

- Como assim? O que tem de ruim lá, para ela ficar assim? – pergunta Jack.

- Georgia... – sussurro abaixando a cabeça.

 

Flashback on

 

Estava em um campo grande, quando na minha frente aparece Georgia. Grito de susto.

- Eu sempre farei você gritar... – ela começa a gargalhar.

- O que você faz aqui em cima? – pergunto cruzando o braço.

- Vim comer algumas almas... – ela olha para a unha e faz aparecer do nada uma lixa.

- Você não pode fazer isso Georgia! Isso é errado. – falei começando a me irritar.

- O meu pai deixou... Já o seu, eu não sei... – no “meu pai” ela olha para mim e me lança um olhar que me deu um medo.

- Você só está fazendo isso, por que ele me ama mais do que você e sua mãezinha do inferno! – cutuquei forte e ela foi um passo para trás de desequilíbrio.

Mais uma vez, ela me lança seu olhar mortal. – Isso nunca vai acontecer! NUNCA!

 

Flashback off

 

Depois daquele dia eu nunca mais a vi. Ela era menor, por isso que estranhei – no começo – ela na casa do Mathew.

- Quem é Georgia? – pergunta Jack sentando-se ao meu lado.

- Minha... – engulo alto – Irmã.

- Eu não sabia que você tinha uma irmã. – fala ele assustado.

- Só o Gabriel sabia... – sussurrei.

Ele ficou rígido ao meu lado. Mencionar Gabriel em uma hora dessas, não é a melhor coisa a se fazer...

Gabriel... Meu melhor amigo, que eu perdi por mera incompetência! Que droga, por que tudo é tão difícil?! Preciso dele.

- Vou dar um volta. – anuncio saindo da casa.

[Eu vou com você]

- Não... – grito sem me virar, sabendo foi Bruno que pensou.

 

Voo em direção ao quarto do Gabe. Será que ele está lá? Abro a porta. Ele estava de costas para mim, com Lizza no colo.

Limpei a garganta e eles se viraram em um susto.

Preciso falar com você.

- Não. – responde ele frio.

Por favor, Gabe...

Ele olha para Lizza que estava encolhi no seu colo. Ela assentiu, se levantou e deu um beijo rápido nele. Depois disso ela pula pela janela e sai voando.

Posso entrar?

- Você só vai ficar falando em pensamentos? – perguntou ele sorrindo.

Meu Gabriel voltou.

Eu não sei como minha voz vai sair...

- Apenas tente...

- Ok... – ela saiu um pouco rouca, mas se ajeitou. – Me desculpa Gabriel-

Ele me interrompe. – Não precisa se desculpar, eu fui grosso com você e... – ele se cala.

Gabriel da uma batida na cama ao seu lado, para eu sentar. Vou até ele e sento. Ficamos em silencio. Mas ele quebra.

- Nunca ficamos bravos... Por que agora? – ele pergunta para si mesmo.

- Eu não sei - começo a rir -. Sempre nos piores momentos... Justo agora que eu tenho um anjo menor, que minha irmã volta para a terra-

- O QUE? – ele me interrompe novamente – Georgia esta na terra? – eu assenti – Ela está com quem Soph?

- Mathew... – sussurrei.

- Você só pode esta louca de deixar ela com ele! – ele se levantou e me puxou para a janela. – Vamos pegar ela!

Pulamos pela janela e chegamos muito rápido no jardim do Jack.

Bruno sai pela porta da cozinha e nos encontra.

- Pensei que você não ia chegar nunca! – fala ele desesperado. – Temos um problema! Oi Gabriel.

- Oi... – fala Gabe.

- Que problema? – pergunto revirando os olhos para Gabe.

- É com o Mathew. – fala Bruno pausadamente.

 

Capitulo 14

Julho, 2011

 

Mathew

 

Georgia estava muito mais selvagem depois que a Sophia saiu com aquele cara da minha casa. Ela me levou para a sala e pegou uma garrafa de uísque na prateleira de bebidas da minha mãe. Eu nunca tinha bebido. E o uísque desceu rasgando minha garganta. Uma virada com a cabeça para o lado eu já fiquei tonto. Georgia parecia estar acostumada. Entre um beijo e outros, mais goladas de uísque. Fiquei muito mal depois que acabamos com a garrafa.

- Tire minha roupa – falou em no meu ouvido, bêbada.

Comecei tirando minha blusa dela. Ela se virou para eu poder tirar seu sutiã preto de renda. Eu via duas Georgia na minha frente. Dois sutiãs. Duas cabeças. Depois de muito tempo, achei o fecho e abri-o.

Depois disso não me lembro de mais nada. O uísque fez muito mal pra mim. Tudo que eu via estava em dobro.

 

Acordo na sala nu. Georgia nos meus braços nua também. Pelo visto a noite foi boa, eu ri sozinho. Georgia se meche nos meus braços. Seu corpo escultural colado ao meu, suado. Meu corpo inteiro doía, mas o que mais doía era meu amigo. Levanto-me e vou para o banheiro tomar um banho. Deixo a agua correr pelo meu corpo dolorido.

A porta é aberta. Abro o box, para ver quem era. Georgia estava com a cara sonolenta. Ela entra no box comigo e começa a me beijar. E tudo começa de novo.

 

Sophia

 

- O que tem ele? O que aquela desgraça fez com ele? – perguntei com lagrima nos olhos.

- Calma Soph. – fala Gabriel me segurando pelo ombro.

Nada pode acontecer com o meu anjo menor. Se algo acontecer com ele, vou direto para o inferno, por espontânea vontade. Vou cuidar dos mortos que não fizeram bem para a sociedade.

Gabriel e Bruno tremeram com meus pensamentos.

- Sophia, nada vai acontecer com o Mathew – fala Gabriel.

Você me irrita guri!

- Eu sei!

Sua mão ficou tensa no meu ombro. Ele olha para a casa, sigo seu olhar. Jack estava na porta incrédulo de ver o pai da mesma idade do que ele, na sua frente.

Eu tinha me esquecido totalmente do Jack. Era a primeira vez que os dois tinham se visto. Isso devia ser muito significativo para eles.

A mão do Gabriel estava cada vez mais me apertando.

- Aiii – gritei e tirei meu ombro da mão do Gabriel.

- Jack... – sussurra Gabriel.

Ele da um passo em direção ao Jack. Bruno segura o ombro do Gabriel.

[Ele não quer que você se aproxime.] Pensa Bruno.

{Mas eu sou o pai dele!} Pensa Gabriel.

Ele está certo Gabe. É a primeira vez que vocês se veem, ele ainda está um pouco assustado.

{Mas eu sou o pai dele... Meu filho Sophia!} Gabriel me olha com lagrima nos olhos.

- O que você faz aqui? – pergunta Jack, com o punho serrado.

Bruno segura o Jack.

Bruno foi até ele e ficou do seu lado.

Gabe, por favor, depois resolvemos isso. Você ainda terá muito tempo com seu filho! Por favor.

Peguei fortemente seu braço e o apertei. Ele tirou minha mão do seu braço e correu em direção ao filho.

Droga!

Bruno se pôs na frente do Jack. Mas vi que ele não iria segurar os dois sozinhos e corri até eles.

- Hey vocês! – gritei empurrando Gabriel.

- Por que você o trouxe aqui Sophia? – perguntou Jack.

- Por que... por que... Eu não sei! – falei. – Gabriel, temos um assunto importante para resolver.

Ele não escutou nenhuma palavra que eu falei. Parecia que estava em transe. Seus olhos escorriam lagrimas e mais lagrimas.

O que eu faço meu deus?

[Eu vou levar o Jack lá pra dentro, e você vai verificar o Mathew junto com o Gabriel, agora Sophia!] Pensou Bruno.

Ele fez o que disse. Gabriel tentou passar por mim, mas segurei ele.

- Gabe! – chamei. – Gabe? GABRIEL! – grite e parece que ele saiu do transe.

Ele balançou a cabeça, e me olhou. – Era meu filho Sophia? – perguntou ele sussurrando.

- Sim...

- Eu posso falar com ele? – perguntou tímido.

- Gabe, - peguei seu rosto com as mãos – Mathew está em perigo, temos que ajuda-lo.

- Ok, ok! – ele olha da uma ultima olhada na casa.

Pego sua mão e corro em direção à casa do Mathew. Toco a campainha, mas ninguém atende. Começo a tocar freneticamente.

- Vamos arrombar – fala Gabriel.

Ele da um chute, e mais um chute e a porta se abre. Entramos na sala. Roupas pelo chão, sapatos, e... Camisinha?

- Pelo menos ele se preveniu. – ele falou chutando e rindo da camisinha jogada no chão.

- Para de rir. – ele parou.

Começamos a vasculhar a casa no andar de baixo.

Alguém grita no andar de cima. Olho para Gabriel, e vejo que não foi minha imaginação. Esse grito não foi um “grito” de verdade, foi um gemido. Arregalo os olhos e Gabriel me acompanha.

- Credo! – murmuro subindo as escadas.

- Soph, o que você pensa que vai fazer? – pergunta Gabriel segurando meu punho. – Você acha que chegar lá e separar os dois no meio do sexo, vai fazer com que ele se separe dela de verdade?

- Não vai? – franzi o cenho.

- Claro que não Soph! – ele bufou e sorriu – Vamos com calma, esperamos eles terminar e...

- Esperar eles terminar? – o interrompi. – E se eles só terminarem tarde da noite? Eu não estou a fim de escutar os gemidos da minha irmã!

Ele ri do que eu falei. Ele riu!

- Calma Sophia. O garoto é novo ainda, você não pode interromper a primeira vez dele. Isso é muito significativo para nós homens!

Cruzo o braço no peito e sento na escada.

- Muito bem! – fala ele e bagunça meu cabelo.

Dou um tapa na mão dele, que saiu longe.

Mais um gemido ecoou pela casa. Bufei e revirei os olhos.

Gabriel ficava se mexendo desconfortável do meu lado. Limpou a garganta e coçou a cabeça. Olhei para ele.

- O que foi Gabriel...? – minha pergunta não se completou. Ele estava excitado com os gemidos da minha irmã. – Aiii credo cara! – virei o rosto. – Sai daqui Gabe!

Ele saiu correndo, sem graça.

Uma hora se passou e nada de eles saírem do banheiro.

Duas horas se passaram e nada.

Depois de três horas, eu quase dormindo na escada, a porta do banheiro se abre.

Risadas ecoavam pelo local. Georgia aparece no alto da escada e deu um beijo no Mathew, que retribuiu. Os dois estavam em apenas uma toalha.

Levanto-me bruscamente. Eles percebem meu movimento e se desgrudam. Mathew fica de costas para mim e de frente para Georgia.

- O que você faz na minha casa Sophia? – pergunta Mathew virando a cabeça para me olhar.

Seus olhos... Estão mais negros. O que ela fez com o meu inocente Mathew?

Gabriel aparece e fica do meu lado. Georgia se assusta com o Gabriel e se encolhe nos braços do Mathew.

- Calma meu amor, nada vai acontecer com você... – sussurra Mathew, o suficiente para nós escutássemos.

- Mathew, você não me conhece, mas eu te conheço...

- Você estava com a Sophia no café – interrompe Mathew, ele franziu o cenho e não tirava os olhos de mim.

- Sim, eu estava com ela no café. – Gabriel olha para mim e eu assenti para ele continuar. – Mathew, essa mulher – ele apontou para Georgia -, é muito perigosa. Ela mata pessoas...

Mathew olha para o corpo grudado a ele. Georgia tremia a cada palavra dita por Gabriel. Ela olha para ele com medo. Ele vira o rosto novamente para nós.

- Como eu posso acreditar em vocês? – ele franziu o cenho novamente – Vocês arrombaram minha casa. E eu não dei permissão para você entrarem! E se vocês me derem licença, eu quero me trocar.

- Mathew! – falei pela primeira vez. Georgia semicerra os olhos. Mathew me olha desconfiado. – Você tem que me escutar...

- Você não pode fazer isso com o nosso amor – interrompe-me Georgia. – Sua invejosa!

- Georgia, por que ele? – perguntei.

- Você sabe muito bem! – ataca ela.

- Se você me falar eu até posso saber!

 

Bruno

 

Jack estava muito agitado. Ele andava de um lado para o outro. Sua respiração acelerada me irritava.

- Oh Cara! Calma aí. A Sophia já deve estar de volta... – falei tentando tranquiliza-lo.

- Não... – ele negou com a cabeça. – Não! Isso não... Por que agora?

- Ela já vai voltar...!

- Não é isso Bruno! – ele se aproxima de mim e me segura pelos ombros. Minha reação foi trancar a respiração. O que eu faço? – Meu pai Bruno, o que ele faz aqui? – ele arregalou os olhos.

- Bom... Isso eu não sei lhe explicar. – sussurrei abaixando a cabeça.

Ele solta meu ombro e vai para o segundo andar. Sigo-o até o quarto, mas levo uma porta na cara. Começo a bater na porta.

- Hey Jack! Abre aqui cara!

Ele não responde.

- Jack!

Nada. Ele deve ter deitado... Sento-me no corredor. A esperança de ele abrir a porta cada vez diminuía. De minuto em minuto, eu batia na porta.

- Oh Jack! – me levanto e estranho seu comportamento. Sophia disse que ele não era assim.

O barulho de pneu arrancando no asfalto surge. Corro até a janela do corredor e vejo o carro do Jack indo em direção ao centro.

Droga de pirralho!

Pulo a janela e caio de pé no jardim. Abro minhas asas pela primeira vez que desci do céu e voo atrás dele.

O carro do Jack entra em uma rua não muito movimentada. Ele para em frente do que parece, uma boate. Paro em cima de um prédio próximo. Jack sai do carro e entra na frente de todo mundo. Pessoas começam a questionar e ele levanta a mão e mostra o dedo do meio para todos, que se calaram na hora. Desço em um beco do lado da boate. Encolho minhas asas no meu corpo com um pouco de dificuldade. Eu entro na fila? Ou faço que nem o Jack? Isso era uma emergência, passei na frente de todo mundo, mas o segurança me barrou.

- Aqui não é a loja de brinquedos não criança. – fala ele irônico.

- Estou acompanhando o Jack. – Uso minha voz mais séria. Aponto para dentro do recinto. – O Jack é meu irmão.

- Eu não sabia que ele tinha irmão... Ah! E ele não tem! – falou ele rindo da minha cara. – Vasa daqui pirralho.

Vai ter que ser do jeito difícil.

- Olha só companheiro, eu vou entrar nessa porra, você deixando ou não! Isso é um caso de vida ou morte. – falo entufando o peito.

O segurança, que era o dobro do meu tamanho, de inclinou para mais perto de mim.

- Caso de vida ou morte é garoto... Um caso de morte vai surgir se você continuar aqui na minha porta! – falou ele rude.

- Então chama o Jack aqui para te mostrar que ele me conhece! – inclinei para perto dele.

- Você é muito chato pirralho, mas para você para de me encher, vou chamar o Jack. – ele se vira para a caixa e sussurra alguma coisa para ela. Ela se levantou e o segurança bateu na bunda dela. Revirei os olhos. Depois de 10 minutos, Jack aparece na porta.

- O que tu estás fazendo aqui Bruno? – pergunta Jack irritado.

Virei-me para o segurança, que estava espantado que Jack me conhecesse. – Eu disse que ele me conhecia! – falei. Voltei para Jack que ainda esperava pela minha resposta. – Cara, nós precisamos sair daqui.

Olhei para a fila que espera impacientemente. Casais góticos, riquinhos, patricinhas, cowboys, e nerds!

- Eu não vou sair daqui até que o meu pai saia da cidade! – falou ele cruzando o braço no peito e fazendo biquinho.

- E eu que sou criança agora?! – murmurei – Vamos embora daqui, agora Jack!

Peguei-o pelo braço e arrastei até o carro. Ele bateu com tudo no mesmo. Jack se virou para me olhar.

- Desde quando você tem essa força pirralho? – perguntou ele com os olhos arregalados.

- Você se esqueceu da onde eu vim? – levantei uma sobrancelha e mudei de peso para a perna contraria a que eu estava antes.

- Aaah... – murmura ele.

Entramos no carro e fomos para casa.

 

Mathew

 

A Sophia estava muito estranha. Primeiro vem com esse papinho que de “Eu ainda vou ser sua e blá blá blá”. Segundo, ela beija o Jack. Terceiro, ela quer que eu me afaste de uma super gata, que transou comigo, tô nem aí que ela mata pessoas. Ela é GOSTOSA!

As duas começam a discutir. Eu fico boiando total lá. Pelo o que eu vi, o tal Gabriel também.

- Você não pode fazer isso com o nosso amor – fala Georgia. – Sua invejosa!

- Georgia, por que ele? – perguntou Sophia.

- Você sabe muito bem! – ataca ela.

- Se você me falar eu até posso saber!

Georgia vira meu rosto para olha-la. Seus olhos negros começam a penetrar no meu corpo. Ela ficava cada vez mais perto de mim. Como se qualquer célula não unida, o mundo fosse acabar. Abraço-a mais forte e coloco seu rosto no meu peito. Ela começa a chorar.

Sophia se aproxima de mim e me tira Georgia dos meus braços. Elas começam a brigar ferozmente. Nunca vi uma briga de mulher tão intensa. Socos, tapas, chutes. Ambos vindos dos dois lados.

Georgia grita depois que Sophia da um soco na cara dela. Gabriel se aproxima dela e tenta separa-las. Mas algo que Sophia faz, empurra-o para longe.

Uma claridade grande surge e eu apago.

 

Capítulo 15

 

Julho, 2011

Sophia

 

Atingi Georgia muito forte na cabeça com um soco. Tento reanima-la, não queria – nunca – que isso acontecesse. Mas ela não me deu escolhas. Respirei fundo, fechei os olhos e juntei todas minhas energias e dei para Georgia. Querendo ou não, ela é minha irmã. Minha irmã...

Senti-me fraca e cai de joelhos no chão. Olho para os lados e vejo que todos estavam desacordados. Levanto-me com dificuldades e vou para o lado do Mathew. Ele estava branco, respiração fraca, suando frio e nu! Pego sua toalha e cubro-o. Ele não poderia ficar ali. Ele pode ficar resfriado.

Fui até Gabriel que estava encolhido na parede.

- Gabe? – sussurrei e cutuquei-o.

Ele abriu de leve os olhos e meu olhou.

- Todo mundo está bem, né Soph? – perguntou ele ainda com os olhos quase fechados.

Assenti e ajudei-o a se levantar.

- Vamos levar o Mathew para o quarto. Eu não quero que ele pegue um resfriado. Não vai ser bom para ele. – falei indo em direção ao meu anjo menor.

Gabriel o pegou no colo e foi levando ele para o quarto. Fiquei para trás. Georgia poderia acordar a qualquer hora e fugir. Eu não vou deixar! Ela vai vê dessa vez. Eu não estou para brincadeira. Ela se meteu com meu anjo menor!

- Sophia, - chama Gabriel na porta do quarto do Mathew. – você, hum, poderia colocar a roupa nele... Eu não quero encostar no corpo dele, se é que tu me entendes...

Solto uma gargalha, que só para quando chego ao lado do Gabe.

- Fica de olho nela! – falo apontando para Georgia.

Entro no quarto e vou até o armário. Pego uma calça, camiseta preta e uma cueca para ele vestir. Olho para o corpo na cama, coberto apenas por um fino lençol de algodão. Respiro fundo e tiro o lençol do tronco do Mathew. Coloco a camiseta facilmente. Parte difícil a vista... Pego a cueca e coloco em uma perna depois em outra, tudo por debaixo do lençol que só atrapalhava. Ah merda! Irritei-me com o lençol e tiro ele. Fico meio sem reação ao ver seu corpo nu na minha frente. Olho para o lado e termino de colocar a cueca nele. Com muita sorte consegui coloca-la toda e depois a calça também.

Pego a toalha e seco um pouco seu cabelo. Ele era tão bonito de se olhar. Seus cabelos escuros tão provocantes. Passo meus dedos entre eles. Sedosos. Um sorriso escapa da minha boca. Ele parece uma criança indefesa... e é mesmo! Mas é uma criança um pouco grandinha já.

- Soph. – Gabriel interrompe meus pensamentos. Olho para ele. – Pode vir aqui um minuto?

Levanto-me desconfiada. Vou até a porta e paro. Georgia estava acordando. Reparo que ela ainda estava nua. Volto para o quarto e pego a maior blusa que eu encontrei. Ainda bem que o Mathew é alto. Vou até o corredor e jogo a blusa na cara dela. Georgia veste a blusa rapidamente. Sorte que a blusa era grande o suficiente para tampar metade do seu corpo magro.

- Segura ela! – falei rapidamente.

Ele fez o que eu pedi. Georgia se acordou no susto e penetrou seus olhos em mim.

- É melhor você ir para casa Georgia. – falo pausadamente.

- Nunca! – retruca ela, tentando sair dos braços do Gabriel.

- Por quê? – grito.

- Você não faz ideia do quanto você me feriu, trancando-me no inferno! – ela se solta dos braços do Gabriel e para na minha frente. Sentia sua respiração acelerada e forte no meu rosto – Eu NUNCA amei nosso pai! E você ainda me tranca com ele... isso só podia ser uma coisa feita por ti mesmo! Falsa. – ela me empurrou e eu bati com as costas na parede ao lado da porta do quarto onde estava o Mathew indefeso.

Olho para Gabriel que esperava algum sinal meu. Ele sabia que se encostar-se ao Mathew e feri-lo, poderia me ferir também. Ela olha para o Gabriel também. Algo os conectava de uma forma que eu não sabia descrever. Ela voltou a olhar para mim, mais irritada do que antes (se é que isso poderia acontecer).

- Eu te odeio! – falou ela com a mandíbula trincada. Ela me cutucava forte e me empurrava cada vez mais para a parede.

Num movimento rápido, peguei ela pelo ombro e coloquei-a contra na parede.

- Eu nunca fiz nada para você! – retruquei. Franzi o cenho e continuei a olhar nos seus olhos negros.

Fiquei olhando carinhosamente para ela. Mas nada que eu faça vai mudar sua posição de ataque.

Minha raiva estava crescendo cada vez mais. A forma que ela me olhava, irritaria até um monge!

- Georgia? – chama Mathew sonolento.

Olho para Gabriel, acenei com a cabeça para ele ir para o quarto do Mathew, ele vai e fecha a porta.

- Por que eu não posso fazer meu trabalho sem ninguém me interromper? – perguntei para mim mesma.

- Por que eu sou sua irmã, e meu trabalho é infernizar sua vida! – conclui ela.

 

Bruno

 

Esperar por Sophia ficava cada vez mais difícil. Jack queria sair de dez em dez minutos. Ele ficava cada vez mais estressado, o que me afetava também. Sophia era muito importante para Jack. E de agora em diante, para mim também.

Sentei-me na frente da porta para com que ele não saísse. Jack apareceu na sala, irritado.

- Pirralho, sai da frente da porta! – graniu ele.

- Jack, - me levantei – você não pode fazer nada!

Uma explosão de luz veio da rua. Corremos para a janela e não conseguimos ver nada. Jack cai ao meu lado. Sophia se controle! Essa explosão de energia é muito forte para humanos. Tomara que ninguém mais na rua tenha visto. Corro para a porta e vejo umas oito pessoas caídas no chão dormindo tranquilamente. O trabalho sujo sempre fica para mim! Tranco Jack na casa e vou até as pessoas adormecidas. Coloco-as debaixo de uma árvore, como se nada tivesse acontecido. Volto para a casa e pego uma garrafa de vodca e coloco na mão de um deles. Tomara que eles não se lembrem do que aconteceu. Uma das mulheres, eu a coloco no colo de um dos homens, para parecer que eles estavam em uma festa ao ar livre.

Volto para a casa e Jack estava quase acordando. Coloco-o no sofá e espero ele acordar totalmente.

- Sophia? – chama ele abrindo um pouco os olhos, à procura dela.

- Ela esta em segurança. – falo mantendo-o no sofá – Gabriel esta com ela.

Isso foi uma estaca no coração dele. Mencionar o nome do pai era lembrar-se da mãe. Pobre Jack.

 

Sophia

 

Gabriel aparece no corredor pálido.

- Gabe! – falo e solto Georgia – O que aconteceu?

- V-Você tem que c-contar para ele a-agora! – gaguejou ele.

Como assim? Contar que eu sou um anjo? E que sou o anjo da guarda do Mathew? Isso é meio que IMPOSSIVEL.

- Mas vai ter que ser possível.

 

Mathew

 

Abro os olhos e estava deitado na minha cama. Vestindo roupas e sem Georgia ao meu lado. Circulo meus olhos pelo quarto e não acho ninguém.

- Georgia? – chamo sem forças e com muito sono ainda.

Na porta aparece quem eu não queria. Gabriel. Ele tranca a porta atrás dele. Sento-me na cama com medo do que ele vai fazer. Ele se senta na ponta da cama e afasto dele. Sua expressão está tranquila. Como alguém pode estar tranquilo quando vai matar alguém? Ele ri.

- Eu não vou matar você, só para deixar claro. – fala ele ainda rindo.

Como ele sabia o que eu estava pensando?

Gabriel fecha a cara. Caralho! Ele lê mentes!

- Eu não... – ele se cala.

- Você não o que? – pergunto me levantando.

- Eu não... quero te machucar, então senta aí! – fala ele muito irritado.

Fico de pé e cruzo os braços.

- Ou você vai fazer o que? – contra-ataco.

Ele da um passo para frente. Eu dou para trás batendo no criado-mudo. Meu deus, se ele vier para cima de mim, eu tô frito.

- Senta agora Mathew! – fala ele irritado.

Meu ego é maior do que isso. Fiquei rígido de pé.

Ele bufou e sentou na cama.

- O que você espera da Georgia? – perguntou ele sem me olhar.

Pergunta confusa. O que eu espero da Georgia? Um relacionamento? Uma paquera? Uns pegas? Eu ainda não sei...

- Pergunta difícil... – olho para ele – Você sabe responder? – perguntei.

- Sei! – fala ele convicto. – Você só quer curtir... Mas escolheu a pessoa errada!

- Por que ela não seria a pessoa certa?

- Por que... ela não é a pessoa certa.

- Por que não? – perguntei irritado.

- Ela não é e deu.

- Tem que ter uma explicação!

- Ela... matou pessoas.

- Isso não foi convincente e não parece ser verdade!

- Bom... – ele olhou para o lado e saiu do quarto me trancando lá.

Sento na cama. O que esta acontecendo? Eu quero uma explicação. Por que eu não posso ficar com a Georgia? Ela parece que me ama... E eu amo ela? Eu sinto-me atraído por ela, gosto do seu corpo, da sua voz, suas atitudes... mas onde está o amor?

 

Sophia

 

- O que você contou para ele Gabriel? – perguntei me irritando.

- Nada... Mas você tem que falar com ele sobre... – ele olha para Georgia. – Ela!

Olho para Georgia. Um sorriso macabro surge em sua boca. Mas contando sobre ela, ela é obrigada a voltar para o inferno...

Georgia arregala os olhos. Ponto fraco... Acertei!

Pego Georgia pelo punho e levo-a para dentro do quarto do Mathew. Ele nos olha preocupado. Georgia tenta corra para ele, mas eu a seguro. Gabriel entra, fecha a porta e fica do lado do Mathew.

- Você quer saber o porquê de não poder ficar com ela não é mesmo? – pergunta Gabriel apontando para Georgia.

Ela tentava sair das minhas mãos. Mas nada que ela faça vai fazer com que eu solte. Sinto minha mão queimar. Olho para Georgia, ela estava concentrada na minha mão. Fecho os olhos e junto todas minhas energias para fazer com que ela pare. Ela parou e me olhou incrédula. Não pude deixar de sorrir.

- Eu quero saber por que eu não posso ficar com a Georgia... – exclama Mathew.

- Por que ela é um perigo para você – falo ainda olhando nos olhos da minha irmã.

- Mas ela não é um perigo para vocês? Por quê? E como aquela luz me adormeceu?

- Boas perguntas – murmura Gabriel.

Cala a boca!

- Mathew... Você não precisa saber de nada, é tudo para o seu bem meu querido! – olho para ele.

- Eu nunca preciso saber de nada!

A porta no térreo se abre bruscamente. Passos na escada. E para na porta do quarto.

 

Bruno

 

Jack acorda num pulo.

- Vou salvar Sophia! – fala Jack. Ele sai correndo da casa e corre em direção da casa do Mathew. Vou atrás dele e seguro pela nuca.

- Pode ficar aí! – falo.

Ele se vira e me da um soco na cara. Fico desorientado, mas me recupero rapidamente. Ele corre e entra na casa do Mathew. Corro atrás dele novamente. Porra, ser anjo da guarda é muito difícil! Ele sobe as escadas e para na frente da porta. Tapo sua boca e puxo para o banheiro.

- Eu preciso falar com ela Bruno. – fala ele desesperado.

- Agora não.

- Por favor... Eu a amo! – ele começa a chorar.

O que eu faço?

 

Sophia

 

Levo Georgia até a porta comigo e abro cuidadosamente. Não tinha nada e ninguém lá. Fecho a porta novamente e paro em frente ao Mathew. Encaro-o por um longo tempo. Eu tenho que contar... Para o bem dele...

- Mathew, todo que eu lhe contar, tem que ser mantido em segredo, você me promete? – falo pausadamente e com os olhos juntos aos seus.

- Por que todo esse drama? Por o acaso vocês são vampiros? Da CIA? SWAT? Lobisomens? – ele ri do que falou.

Rolo os olhos. Vejo que Gabriel e Georgia também. {É um pirralho mesmo!} pensa Gabriel.

Não fala assim dele!

- Não existem vampiros e nem lobisomens, e se eu fosse da CIA ou da SWAT eu não estaria aqui. – falo. – O que nós temos a tratar aqui é muito mais sério do que você pensa.

Gabriel concorda. Georgia abaixa a cabeça.

- Como eu posso começar... – olho para Gabriel pedindo ajuda, ele só da de ombros. Valeu! Vai ser por minha conta mesmo. – Bom Mathew você conhece os anjos celestiais? – pergunto.

Ele franziu o cenho.

- Como assim? – pergunta ele.

- Os anjos da guarda? – insisto.

- Só conheço o que todo mundo conhece, um tal de... – ele para e refleti - Gabriel! – fala ele sem preocupação.

- Isso mesmo, - ele ainda não tinha entendido. – e você pode me falar sua aparência? – perguntei.

Gabriel franziu o cenho e balançou a cabeça negando. Georgia bufou.

- O que foi? Tens uma pergunta melhor? – perguntei me dirigindo a ela.

Ela rola os olhos e se vira para Mathew.

- O Gabriel que você falou, esta do seu lado seu idiota! – fala ela.

Ele não entendeu de primeira, mas depois olhou aterrorizado para Gabe. Afastou-se dele e me olhou.

- O que vocês são? – pergunta ele.

Eu conto ou você conta?

[Eu conto!] pensa Georgia.

A porta se abre devagar e Bruno esta com Jack no colo ensanguentado.

 

Bruno

 

O que eu faço?

- Eu vou me matar se você não me deixar falar para Sophia que eu a amo! – Jack chorava como um bebe.

- Ela esta ocupada Jack, se acalme! – falo.

Depois disso só vejo ele se lançando contra o box de vidro e se cortando todo. Corro até ele e tento fechar suas feridas com pedaços da minha roupa. Porra que cara idiota!

Ele não poderia se matar agora. Eu mal cuidei dele. Mas o que eu posso fazer?

Pego ele no colo com um pouco de dificuldade, abro a porta do banheiro e depois a do quarto do Mathew.

Todos me encaravam sem entender nada.

- Me ajudem, ele é muito pesado! – falo e tento leva-lo para a cama.

 

Mathew

 

MEU DEUS! O que esta acontecendo? Gabriel é um anjo da guarda? Por que Sophia e Georgia parecem que estão conversando mentalmente? E que diabos Bruno esta com Jack no colo ensanguentado?

Gabriel se meche e ajuda Bruno com Jack. Vou até ele e ajudo a coloca-lo na cama.

- O que aconteceu Bruno? – pergunta Sophia.

- Ele se jogou contra o box de vidro. – fala ele sem olha Sophia.

Ele e Gabriel estavam muito ocupados com os ferimentos. Sophia olhava aterrorizada. Georgia olhava curiosa.

- Você é o anjo da guarda dele? – pergunto para o Bruno.

Todos me olham. Eu sabia. Então quem é meu anjo da guarda? Gabriel? Pouco provável. Georgia? Eu acho que não... Sophia?

- Você é meu anjo da guarda? – pergunto para Sophia.

Ela desvia seu olhar do meu.

- O que é você? – pergunto a Georgia.

Ela também desvia seu olhar do meu.

 

Sophia

 

{Conta para ele!} pensa Georgia.

Eu não!

{Então eu conto}

Não, eu conto. Se eu te soltar, você não vai atrás dele?

{Prometo.}

Não foi convincente.

{Eu sei.}

Solto Georgia e vou até Mathew. Não consigo olhar nos seus olhos. Ele estava muito triste, dava para sentir isso.

- Mathew... – olho para o lado - Hum, eu... – Gabriel abriu um sorriso de motivação para eu continuar - Bom... Sou seu anjo da guarda! – falei e encarei ele.

Mathew arregalou os olhos e se afastou de mim.

- Se você é meu anjo da guarda o que é ela? – ele aponta para Georgia.

- Alguém que você não pode confiar. – falo e olho de soslaio para Georgia.

- Ela é um anjo da guarda também? – insistiu ele.

- Não, um demônio! – falo.

Ele fica com medo e se encosta na parede.

- Nada vai acontecer com você Mathew, - aproximo-me dele – enquanto eu estiver aqui, nada vai acontecer. – assegurei.

- Como você pode ter tanta certeza? – pergunta.

- Por que ela me prometeu que não vai fazer nada com você!

{Não prometi} pensa Georgia.

Eu acho melhor você prometer... Se não vou contar para o nosso pai.

{Então conte}

Agora foi ela que achou meu ponto fraco. Meu pai...

 

Capítulo 16 - Bônus

Julho, 2011

 

Mathew

 

Sabe quando você tem que guardar um segredo e não pode contar para ninguém? Nem para seu cachorro, se bem que eu não tenho cachorro, mas tudo bem. Fico olhando para as pessoas ao me redor. Será mesmo real isso? Ou é um sonho? Só pelo fato de eu ter feito sexo pela primeira vez na minha vida, é um sonho com certeza! Mas... Anjos? Demônios? O que são eles de verdade? Isso existe? Onde eles moram quando não estão aqui? Tantas perguntas, mas nenhuma respondida... Minha vida está cada vez mais confusa.

Sophia pedira para eu não ficar perto de Georgia para minha segurança e eu não a escutei. No primeiro dia que a conheci, ela impediu de eu me esfaquear. Sempre me protegendo e eu nunca liguei. Sinto-me tão culpado. Mas por que justo agora. Que perigo eu corro? Para que eu preciso de um anjo da guarda? Mais e mais perguntas na minha mente, e nenhuma delas respondidas.

Jack gemeu de dor ao meu lado. Bruno tenta conforta-lo. Gabriel fica do lado da Georgia para com que ela não faça nada de errado. Olho para Sophia e a pego me olhando. Retiro meu olhar do seu. Pego a cadeira da minha escrivaninha e sento nela. Meu caderno de poesias me encara. Sinto palavras se formarem em minha mente. Uma poesia se forma. Pego meu caderno e começo a escrever.

 

Quando deus modelou em estatua da mulher

Com argila dos barrancos,

Fez seus seios, morenos,

Ou brancos,

Sem uma mancha sequer...

 

Esses cumes ousados, cor-de-rosa,

Dois alvos para o meu beijo,

Ficaram como as manchas da primeira boca

Faminta de desejo...

 

Por que o teu corpo (como o de todas as mulheres)

Já trazia,

Muito antes de ser beijado,

As manchas indeléveis do primeiro dia

Do pecado.

 

Esse poema me lembrou de Georgia. Tão falsa. Nunca me amou sempre me usou. Como alguém pode ser assim?

 

Capítulo 17

Julho, 2011

 

 

Sophia

 

Fico observando Mathew escrever no seu caderno. Aproximo-me cautelosamente e olho por cima de seu ombro. Leio maravilhada. Ele estava escrevendo uma poesia linda. Só quando eu terminei, entendi o significado do poema. Traição, ódio, Georgia! Sentimento que eu nunca pensei que ele iria sentir, me contagiou.

Olho para ela, que estava mais preocupada em sair daqui do que outra coisa. Jack grita na cama e vou até ele.

- Bruno? – chamo, ele não me escuta. Pego ele pelo ombro e o viro de frente para mim – Bruno! – ele me olha - Você tem que dar energias positivas para ele. Concentre-se, respire fundo e fique mais calmo possível.

Ele fez o que eu pedi. Sinto uma paz no ar. Mas é quebrada quando atinge Georgia. Gabriel olha para ela irritado. Todos da sala têm que ficar em paz, para com que cura os cortes do Jack rapidamente, se não, vai demorar muito e ele pode perder muito sangue. E então... Não gosto nem de pensar.

Jack não era quem eu amava, mas se acontecer alguma coisa com ele, vou ficar muito mal. Eu tenho um carinho especial por ele. Jack...

{Concentre-se Soph!} pensa Gabriel.

Fecho os olhos e fico em paz.

 

Mathew

 

Fechei o caderno e olhe para Jack. Mas o que foi mais entranho, foi que todos estavam de olhos fechados.

A porta no térreo se abriu.

- Mathew? – chamou minha mãe.

Todos abriram os olhos e me olharam. Dei de ombros e fui para a porta do quarto. Sinto alguém atrás de mim e me viro.

- Distrai-a ela para que possamos sair. – Sophia sussurra. Ela olha para o corpo na cama - Com Jack naquele estado não temos como sair pela janela.

Eu assenti e fui ao encontro da minha mãe. Chego à sala e vejo-a irritada. Esqueci-me totalmente das minhas roupas.

- O que aconteceu na minha casa? – pergunta minha mãe.

- Hum... Eu-

- Que cheiro é esse? – interrompe-me minha mãe arregalando os olhos ao ver o sofá todo sujo de esperma. – MATHEW JOSHUA! Que diabos aconteceu aqui? – ela gritou histérica.

- Eu... como posso lhe dizer...? – cocei a cabeça envergonhado.

Minha mãe me fuzilou com os olhos cor de mel. Sou obrigado a encontrar outro ponto para olhar. Fico incomodado com a situação. Se eu tivesse um pai, isso seria muito mais fácil de discutir, mas com uma mãe... A respiração da minha mãe se acalmou.

- Mathew. – ela captura minha atenção – Você transou no minha sala?

Assenti de cabeça baixa.

- Uau! – exclama ela. – Eu não sabia que você já...

- Por que isso é uma surpresa pra você? – questionei irritado.

- Hey calma – ela levanta a mão se rendendo. – Eu só pensei que você...

- Eu o que?

- Era virgem! – fala ela contendo o riso.

Minha mãe às vezes parece uma adolescente. Isso me irrita muito. Já não basta na escola com aquelas frescas. Agora em casa?! Nunca né!

- Mãe, vamos à cozinha? – falei já puxando ela junto comigo.

Deixo minha mãe na cozinha preparando o jantar e vou ao pé da escada. Aceno para Sophia e ela entende o recado. Com passos cuidadosos Bruno e Gabriel levam Jack para o hall, Sophia abre a porta e segura o punho de Georgia. Sophia solta Georgia e pega as roupas dela rapidamente e volta. Nesse meio tempo Georgia só me olhava suplicando perdão. Balancei a cabeça negando até Sophia aparecer e sumir de minhas vistas.

- Mathew? – chama minha mãe.

Vou até a cozinha. Minha mãe já estava fazendo o molho para o macarrão que estava em outra panela. Olha para ela e espero ela falar.

- Filho, eu sei que eu não sou o pai que você queria ter... – ela olha para os lados, desconfortável – Mas eu tento fazer o máximo para com que você seja feliz sem um... – ela para e olha nos meus olhos – Eu te amo Mathew, lembre-se disso meu filho. Lembre-se disso!

Sou obrigado a sorrir. Dou meia volta na bancada, que tinha no meio da cozinha, e dou um abraço apertado nela. Seu cheiro maternal me protegia. Eu também te amo mãe! Com eu queria falar isso para ela. Mas as palavras ficaram entaladas na minha garganta. Sinto minha blusa molhar. Olha para baixo e vejo lagrimas e mais lagrimas da minha mãe.

- Shhh – passei a mão em seus cabelos -, eu estou aqui. Eu não vou deixar nada acontecer com você Mãe!

Essas palavras a atingiram de uma forma incomum. Percebi quando ela começou a chorar cada vez mais e mais. Nem parecia a mãe que tinha me criado, com apenas 17 anos de idade. Sendo discriminada e criticada. Uma vitoriosa. Que conseguiu chegar a onde esta hoje. Sendo a melhor advogada na área. Às vezes eu penso que eu não sou filho dela, e sim pai. Ainda mais agora, que eu cresci um monte! Por fim, sua lagrimas cessaram e eu fiquei com a minha blusa completamente molhada.

- Mãe. – ela me olha. – Eu vou lá à sala recolher minhas roupas e...-

- Pegue esse pano! – ela seca uma lagrima com as costas da mão e empurra o pano em minha direção. Olho pra ele sem entender. – Você acha que eu vou limpar o sofá? Não vou mesmo!

Murmuro um “Ah tá” e vou para a sala limpar a minha “sujeira”.

 

Sophia

 

Bruno e Gabriel colocam Jack no sofá. O bom é que ele estava se curando rapidamente dos seus cortes. Georgia estava inquieta para lá e para cá. Gabriel a segura pelos ombros e da uma chacoalhada, ela balança a cabeça se orientando e se senta no sofá com um bico enorme. Ri de toda a cena. Abaixo a cabeça e vou para a janela. Vejo movimentos na sala da casa do Mathew. Depois de um tempo, vejo que é o próprio que estava na sala. Pelo visto arrumando o mesmo. Por que estava uma bagunça quando saímos. Viro-me e deparo com Jack tentando se levantar. Corro até ele e ajudo-o a se levantar.

- Sophia? – ele mal abre os olhos.

- Estou aqui. – sussurro em seu ouvido.

Abraço-o e sinto que ele fica mais feliz. Olho para seu rosto. Ele estava com um sorriso enorme. Fico feliz também. Só um idiota – como ele – faria aquilo.

- Por que você fez isso Jack? – perguntei com o rosto em seu peito. Seu cheiro era tão diferente. Inovador. Eu acho que pelo fato de ele ser um Nephilim, ele tem um cheiro diferente... Mas quem pode comprovar isso?

- O Bruno não deixou você ficar onde você esta agora – ele sussurra. Olho para ele franzindo o cenho. – Aqui. Nos meus braços.

Sorri e me afundei no seu abraço. Ele arfou e se encolheu de dor.

- Desculpe-me – falo me soltando dele.

- Não, tudo bem! – ele fala. – Seria muito pior se você não ficasse nos meus braços.

Ele me puxa e fico nos seus braços protetores. Se não fosse pelo Gabriel, teríamos ficado por um grande tempo ali. Olhamos para eles.

- Algum problema? – perguntou Jack rude.

- Não... é que... – começa Gabriel – Eu queria passar um tempo com o meu filho...

Jack assentiu meio contraditório.

- Hey, - chamei Jack – você vai ter que aceita-lo mesmo ele sendo o que é!

Jack da um meio sorriso. Assim me matas... Bruno e Georgia riram. Gabriel bufou. E Jack ficou sem entender. Ainda bem!

 

 

Uma semana depois...

 

 

- Mas que merda Georgia! Você não entendeu ainda que seu lugar não é na terra? – pela décima vez na semana, eu e Georgia discutíamos.

Ela ficara na casa de Jack. Junto com Gabriel e Bruno no quarto. Ou seja, mais estresse na manhã de cada dia que passava. Ela queria por que queria um quarto só para ela. Mas não tinha! Enquanto eu ficava com o de Grace, Jack ficava com ele para recuperação e Gabriel, Bruno e Georgia em outro. Eu sei que é um egoísmo meu não deixar ela dormir no ‘meu’ quarto, mas vai que ela me mata durante a noite? Credo!

Para melhor das hipóteses, eu vou deixar ela em um quarto com dois homens fortes e que possam segurar ela, e evitar qualquer morte.

- Sophia Daemon. Eu Georgia Córdova, não vou para o inferno nunca mais! – falou ela pausadamente, mas no fim gritou na minha cara!

- Grrrrrr! – virei-me e fui para a cozinha.

Não aguentava mais a sua voz! Aaah coisa irritante. Insistente. Por que eu fui ter mais uma irmã? Estava tudo muito bem minha vida, sem ela! Mas o papai tinha que ter mais uma filha. Pra que?

Georgia apareceu de soslaio na porta. – Você é que nunca deveria ter nascido!

Reviro os olhos e começo a cozinhar alguma coisa para nós comermos. Abro os armários e não encontro nada para uma refeição digna.

- Bruno? – chamei. Não demorou muito e ele apareceu na porta.

- Oi.

- Vai ao mercado, precisamos de-

- Aaaaaaaaaaaaaaaaaaah! – alguém começa a gritar.

Olho para Bruno. Ele arregala os olhos e corre para cima. Sigo-o e paramos na frente do quarto do Jack. Reparo que não era um grito e sim gargalhadas. Reviro os olhos, ao perceber que eram Gabriel e Jack rindo.

- O que vocês estão rindo? – pergunto indo em direção ao Jack. Dou um selinho nele e me viro para Gabriel.

- O Gabriel, quer dizer, meu pai, estava me contando suas aventuras de anjo da guarda... – vi o brilho nos olhos do Jack. Tão incrível.

- O Gabe, é um sarro mesmo! – vou até Gabriel e desarrumo seu cabelo.

- Hey, eu não sou o único que fez tramoias no Além! – falou Gabriel. Xiii chegou minha hora! – A Soph, já discutiu com deus, chamou o Metraton de maconheiro... Só coisas básicas...

- Meu deus Sophia, não sabia que você era assim... – falou Jack me puxando para seu peito.

- Gente, vamos parar por aqui. – falei. E todos riram. – Temos um almoço para fazer. – Gabriel assentiu e saiu do quarto.

- Você vai ficar bem cara? – perguntou Bruno.

Jack assentiu. Bruno saiu do quarto, deixando eu e Jack a sós. Viro-me para Jack e começo a beijar sua boca aveludada. Sua língua procura passagem e eu dou. O calor começou a subir e minha respiração começou a acelerar. Passo a mão em seus cabelos e puxo-o mais para mim. Ele faz o mesmo. Sento-me na cama e levo Jack comigo. Suas mãos estavam em todos os lugares. Cruzo minhas pernas em sua cintura e deito na cama.

- Sophia? – chama alguém

- Oh merda! – exclamei – Nunca posso ter um tempo sozinha com o Jack?

- Hey calma. Só estou aqui para avisar que, estamos saindo para comprar o almoço. – falou Bruno.

- E por que tu estás aqui ainda? – falei fuzilando seus olhos.

- Não está mais aqui quem falou. – Bruno deu meia volta e saiu de nossas vistas.

Jack me puxou para ele. Mas eu recuei.

- Eu vou ver meu anjo menor. – falei me levantando.

- Porra Sophia... Vem aqui – ele se levanta e me segura pela cintura. Jack começa a fazer um caminho com beijos a partir do meu ombro indo para minha orelha. Sua mão começou a levantar minha bata.

Eu estava gostando, mas o clima já foi interrompido.

- Para Jack. – me virei para ficar cara a cara com ele – Estou na terra para fazer meu trabalho... e não para curtir!

- Sai dessa Soph, eu sei que você me quer... – ele fala maliciosamente.

- Er... Não agora!

Saio da casa e vou para a do Mathew, logo à frente. Bato na porta e espero. Ninguém atende. Bato novamente, mas antes da minha mão chegar à porta, ela se abre. Naomy atende.

- Sophia? Mathew está lá em cima... – fala ela. Naomy deu espaço para eu passar. Estava quase subindo a escada quando ela me chama.

- Sim?

- Foi você que esteve aqui na semana passada? –pergunta ela. Mas eu sei o que ela esta pensando. Se fui eu que estava transando com o filho dela.

- Não... – falei normalmente.

Ela assentiu e eu subi as escadas. Já conhecia a casa como a palma da minha mão. Fui diretamente para o quarto do Mathew. Ele estava com a cabeça baixa, escrevendo no seu caderno.

Mais um poema...

Capturo seus pensamentos.

Ei-la toda de branco. Aos pés, o imenso véu

Como em flocos de espuma, espalhando no chão...

No olhar, dentro do olhar, cabe inteirinho um céu,

E leva um céu maior dentro do coração...

 

Nos lábios... Ah! Os lábios há sabor de mel,

E uma carícia em flor se entreabre em cada mão,

- e que temor no braço, ao deixar no papel

O nome dela, o dele... o dos dois desde então...

 

Quem lhe falou da vida? A vida é um sonho, a vida

É o caminho azul, esse estranho embaraço

De sentir-se ao seu lado amada e protegida...

 

Aos seus pés, como nuvem branca, o imenso véu...

Quem dirá, que ao seguir ao seu braço

Não pensa que caminha em direção ao céu?”

 

Senti lagrimas caindo dos meus olhos. Maravilhosa como sempre. Ele é um poeta incrível. Sem queres bato com o pé na porta e ela se abre bruscamente. Mathew me olha espantando, mas logo abre um sorriso. Entro no quarto e me sento na cama. Ficamos em silencio por um longo tempo.

- Como tem passado? – pergunta ele.

- Eu? Hum, bem, eu acho. – falo e começo a rir. Ele me acompanha. – E você anjo?

- Bem também... – ele sorriso carinhosamente e se senta ao meu lado. – O Jack está bem?

- Sim... – Bem até demais! Viro-me de frente para ele e pego sua mão. – Me prometa que sempre irá me escutar e obedecer?

- Sim... – ele franziu o cenho. – Mas por que eu preciso de um anjo da guarda?

- Boa pergunta... – falo. Olho para a janela e volto para ele. – Deus só manda anjos da guarda para aqueles que precisam de proteção.

- Eu corro perigo agora? – seu polegar acariciava minha mão.

- Agora não. – falo. Dou um beijo na sua bochecha. E olho nos seus olhos castanhos. – Você está comigo...

 

Capítulo 18

Julho, 2011

 

Sophia

 

 

Depois de um tempo na casa do Mathew, vou para casa. Chego à sala e vejo Georgia lendo um livro.

– Ge por que você ainda está por aqui? – pergunto carinhosamente. Ela desvia seu olhar do meu e não responde. – Por favor Ge, você não pertence a esse lugar...!

Ela se levanta e para na minha frente. Ela tenta me tocar, mas eu recuo. Estou parecendo uma grosseira. Mas na ultima vez que eu encontrei com ela, na segunda guerra, e ela me tocou, sai muito ferida. Uma facada no estomago, quase o perfurando. Vejo que ela fica muito triste. Mas não me abala.

– Sophia, eu não posso voltar para aquele lugar! – suplica ela.

– Eu não acredito! – viro a cara e saio pela porta da cozinha, nos fundos.

Ela me segue. Paro em baixo de uma arvore e começo a adentrar nela. Georgia segura no meu braço e segue comigo para o inferno.

 

 

Mathew

 

 

Fico lembrando o seu sorriso. O brilho dos seus olhos. Suas expressões. Mas uma coisa era fato, eu nunca poderia ter ela só para mim.

Desço e vou para a sala. Lá eu me sento no sofá e olho para o local onde eu transei pela primeira vez. Só de pensar que foi com alguém que só queria meu mal, fico muito irritado. Levanto-me e pego uma garrafa de vodca no armário. Quase pego a garrafa, mas me esquivo. Fico com medo se ser pego pela minha mãe. A coragem toma conta do meu corpo e pego a garrafa. Abro e levo em direção a boca.

TRIIIIIIIIIIIIIIM

– Cagaço! – murmurei.

Vou até o telefone e atendo.

– Filho? – minha mãe fala.

– Sim?

– Está tudo bem? – eu assenti e ela prosseguiu – Olha só, hoje eu vou chegar mais tarde... Você se vira com o jantar?

– Sim mãe! – falo e olho para a garrafa na minha mão.

– Okay, beijos, mamãe te ama.

– Também te amo mãe. – coloco o telefone no gancho e me sento no sofá.

Dou outra olhada na garrafa. Devagar e começo a beber o liquido que rasga a minha garganta.

– Aaah! – murmuro depois de um longo gole de vodca.

Começo a beber cada vez mais. Era uma sensação maravilhosa que possuía meu corpo. Cada gota um novo sentimento. Respiro fundo, depois de quase meia garrafa ingerida, e meus olhos embaralham. Começo a rir. Eu vejo tudo em dobro. Olho para o teto e vejo-o se movendo. Começo a rir cada vez mais. Quando vejo uma garrafa já se foi. Jogo ela para o canto da sala e pego outra. Sophia nunca vai me querer... Só aquele puto do Jack! Acho que vou pegar umas vagabundas de esquina mesmo... Levanto-me e vou até a prateleira. Mas quem diz que eu cheguei bem? Demoro uns 5 minutos para alcançar outra garrafa, só que essa era de Absinto. Ela estava escondida por de trás de umas garrafas de vinho, cachaça, tequila e rum. Pelo o que eu sabia, absinto era proibido. Por isso minha mãe escondia. Ela disse que um pouquinho não faz mal a ninguém. E como eu sou um ninguém da vida mesmo, vou beber toda!

 

 

Sophia

 

 

– Sophia não faz isso! – fala Georgia.

– Por que não? – falo no corredor que dava para os dormitórios do prédio principal do inferno.

Ela me para bruscamente.

– Me larga!

– Sophia me escuta! – fala ela irritada.

Ignoro-a e continuo andando. Ela não desiste e para na minha frente. Dou a volta e continuo. Que merda!

– Para Soph! – ela me chama carinhosamente como da ultima vez que ela me atingiu.

– O que você quer? – pergunto me virando.

– Que você me escute! – ela para na minha frente. Coloca a mão no meu ombro e olha no fundo dos meus olhos – Você não pode fazer nada!

– Você nem sabe o que eu vou fazer!

– Sei sim! – cruzo os braços no peito a espera de suas palavras – Papai não esta bem nesses últimos anos... – ela para e eu espero ela prosseguir – Ele... Como eu posso lhe dizer... – ela olha para os lados e depois se foca em mim – Anda irritado. – ela sussurra.

– Novidade! – murmuro e começo a andar.

– Não é esse tipo de irritação Sophia! – Georgia para na minha frente novamente. – Ele esta matando seus sucessores!

Franzi o cenho e cruzo o braço novamente. – Como assim?

– Ele acabou de matar Caim Soph, o Caim! – fala ela.

 

Caim, braço direito do meu pai. Gatinho, mas muito estressado com a vida. Irritante ao ponto de matar qualquer um que aparecesse na sua frente. Sorte minha que eu fui chamada para trabalhar como anjo da guarda. Aqui, pelo que Georgia me contou que, Caim ‘pegava’ todas as mulheres recém-mortas. Eu tinha nojo desse cara. Como qualquer um. Mas eu não sabia que papai estava tão irritado ao ponto de matar seu braço direito!

– Para ti ver como tudo mudou, quando você nunca mais compareceu aqui. – falou Georgia.

– Mas por que toda essa irritação? – perguntei.

Georgia olha para os lados e fica de cabeça baixa. Você não me engana!

– O que você fez? – pergunto, levantando a sobrancelha.

– Por que você acha que fui eu? – ela grita e arregala os olhos.

Não me enganou ainda!

– Eu sei... – sussurra ela.

– Georgia o que você fez? – insisto.

– Nada... – mudo o peso para a outra perna e continuo quieta a espera se sua resposta. – Ok, ok! Eu me rendo! – fala ela colocando as mãos para cima. – Eu fiz algo errado.

– Me conte alguma coisa que eu não saiba! – falei.

Ela bufou. – Eu... Meio que hum, dei uns amassos no Caim... – ela sussurrou tão baixo que eu quase não ouvi.

– Ãn?

Pehduei o Causdiam – balbuciou ela novamente.

– O que?

– Dei uns pegas no Caiml! – gritou ela. Depois de segundos, ela percebeu que gritou no meio do corredor do prédio onde nosso papis mora, ela coloca a mão na boca.

– Uou! Agora você se superou! Isso sim é que é uma novas...! – comentei rindo.

– Cala a boca!

– Aaah tá! Agora sim que eu entendi... Papai matou Caim por que você deu uns pegas nele né?! – ela assentiu. – Mas ele acha que você é inocente? – ela assentiu novamente. – Por que então você está fugindo dele?

– Por que... – ela se aproxima mais de mim e sussurra – O espirito do Caim esta me assombrando.

– Só pode esta de brincadeira! O espirito assombrando uma matadora de espíritos... Só você mesmo em! – falo para mim mesma.

– Para Sophia! – fala ela olhando mais uma vez para os lados.

Isso sim já estava me irritando.

– Por que você olha tanto para os lados? – perguntei.

– Eu acho que estamos sendo vigiadas. – sussurrou ela.

Olho para os lados e sinto uma sensação entranha. Fecho os olhos e procuro pelo fuxiqueiro. Não demorou muito e eu o encontrei. Abri os olhos. Olho para a esquerda, depois para a direita. Tinha alguém para a direita.

– Vem comigo. – falei e Georgia começou a me seguir.

 

Paro na frente de uma porta. Georgia me olha confusa. Abro a porta e bato em alguém que esta atrás dela. A pessoa cai e sai do meu caminho. Entro no quarto e vejo uma pequena criança no chão. Uma menina muito linda. Cabelos pretos, com uma mecha rosa em um dos lados da cabeça. Olhos incrivelmente azuis. Roupas estranhamente preta. Muito preto para uma só pessoa. Muito preto! Blusa, calça, coturno, braceletes, maquiagem, unhas.

– Quem é você? – perguntei.

– Jullie. – responde Georgia.

– Oi Jullie. – falo estendendo minha mão.

Ela se assusta e se encosta na parede.

– Ah, me desculpe. Eu devo ter te machucado né?! – andei em direção a ela, mas Georgia me impediu.

– É melhor não encostar nela... – eu acho que tinha um ponto de interrogação na minha cara, por que Georgia rolou os olhos e continuou – Sophia apresento-lhe, nossa mais nova irmã Jullie, a pior sugadora de almas que o inferno já teve! – Georgia serra os olhos ao olha para a pequena em nossa frente.

– Mais uma irmã? – pergunto assustada.

Meu pai tá procriando cada vez mais rápido em! Meu Deus!

– Quer dizer, ela é só minha irmã, por parte de mãe...

– Ah tá...

Ufa!

– Eu sou seu pior pesadelo – falou Jullie se levantando e vindo em minha direção. Rapidamente Georgia me empurra e fica entre nós.

– Se você encostar nela, eu te mato, ouviu bem? – as narinas de Georgia tinha aumentado de tamanho. Sua respiração estava rápida e pesada.

Nunca vi Georgia me defendendo de nada. Fiquei muito surpresa com sua colocação. Se colocar entre suas irmãs... Que mancada. Mas a surpresa de verdade foi quando eu pisquei e as duas já estava se batendo que nem loucas! Não sabia o que fazer. Eu me metia no meio e saia ferida? Ou eu olhava elas se espancando até a morte? Fecho os olhos e desejo do fundo da minha alma que elas parem o que estão fazendo, não quero ver sangue espalhado. Nada de ruim para ninguém. Sou um anjo da guarda e só quero o bem de todos.

O clarão me obriga a abrir os olhos. Georgia em um lado do quarto enquanto Jullie na outra ponta. Deu certo! Elas me olharam confusa e eu só dei de ombros.

– Vamos Georgia. Temos muito o que fazer! – falei saindo do quarto.

Georgia me seguiu. Estava prestes a apertar o botão do elevador, quando Georgia me impedi.

– O que foi agora? – perguntei.

– Você quer a verdade, de eu não poder estar mais aqui e nem você né? – eu assenti calmamente. – Papai nos quer ver mortas!

O QUE? MORTAS? Isso não deve estar certo... Como assim? Eu? Sophia? A filhinha do papai? Ele não me quer ver morta...

– Você não pode esta falando a verdade... – falei me virando para o elevador.

Ela me vira para ela bruscamente.

– Alguma vez eu já menti para você? – perguntou ela.

Soltei uma risada irônica. – Eu acho que não... – falo ironicamente.

– Me escuta... Só desta vez Soph. – olho para ela e vejo que ela fala a verdade, mas ainda me escondi alguma coisa – Eu... – ela respira fundo e solta – Você volta para a terra, eu fico aqui. Nada de ruim pode acontecer com você! Isso eu não vou deixar... – ela solta uma risada abafada – Eu quase morri ali com a Jullie. Não parece né... Mas ela é a melhor matadora de almas do universo! Eu sou mais nova do que ela, por incrível que pareça!

Olho incrédula para ela. Mais nova? Onde? Só se for de cabeça né!

[Ela é mais velha do que você também!] pensa Georgia.

Agora você abusou!

[É sério! Ela nasceu, se eu não me engano, dois milênios antes do que você! Antes mesmo que o papai veio para esse lugar horrível!]

Uau!

Um barulho veio do fim do corredor. Olho assustada pra Georgia. Ela me puxa para a próxima porta, que era do seu lado, e lá entramos. Estava tudo escuro. Fui para um lado da porta e Georgia para o outro. Ficamos em silencio enquanto alguém falava.

– ... eu disse que elas não estão aqui... – falou uma mulher com a voz super aguda.

– ...estava a menos de um minuto... – fala uma voz conhecida.

[É a Jullie] pensa Georgia.

– Shhh! – Jullie e a outra mulher se calam.

Fico com medo e começo a respirar mais rapidamente. Meu coração começa a bater mais forte. Só o que me falta, é ser pega na própria ‘casa’! Sinto uma mão no meu punho e na minha boca. Meu primeiro instinto é gritar.

– Shhh, calada. – fala um homem.

Ele me leva pra de baixo de alguma coisa. A porta se abre e Jullie entra. Consigo ver o homem na minha frente. Cabelos pretos e olhos azuis como o da Jullie. Ele coloca o dedo na boca, um sinal de fica calada, se não te mato! Fico para e em silencio. Ele se levanta e vai ao encontro da Jullie na porta.

– O que você quer? – fala ele rude.

– N-Nada... – gagueja Jullie. – Quer dizer... Eu estou à procura de duas garotas. Você as viu? – perguntou ela.

Não consigo vê-la. Mas o medo me bate a cada passo dado. Ela para na frente da escrivaninha. Mas rapidamente é tirada de lá. O belo homem a tira e empurra ela para fora da sala.

– Ei! – grita ela.

A porta se fecha e a luz é acesa. O homem começa a vir em direção à mesa. Minha respiração era irregular como meus batimentos cardíacos.

– Pode deixar comigo! – fala Georgia curte e grossa.

Ele murmurou um “ok” e se sentou em alguma coisa. Georgia aparece em meu campo de visão e me tira de debaixo da mesa.

– Obrigado! – fala Georgia.

– Você acha que vai sair assim? – pergunta ele sensualmente.

– Sim! – fala ela.

– Ah, mais não vai mesmo!

Ele se levanta e para na nossa frente. Fico com medo e vou para de trás dela.

– O que um anjo da guarda faz no inferno? – pergunta ele pegando uma mecha do meu cabelo e enroscando em seu dedo. Bato na mão dele e sinto um choque. – Vejo que ela é irritadinha como essa flor negra.

Ele acaricia o rosto da Georgia. Que fez o mesmo movimento que eu. Sinto que ela também recebeu um choque ao encostar nele. Ela começa a corar e vira o rosto.

– Vamos sair daqui! Você não pode mais ficar... – fala Georgia.

– Calma Gigi, eu ainda não conheci sua amiga... – ele se vira para mim. – Como você se chama flor do meu jardim?

Cantada barata! Me recomponho, estufo o peito, levanto o nariz e falo:

– Sophia Daemon, filha do Lúcifer! – falo sarcasticamente.

Ele se chocou com a minha atitude e com as minhas palavras.

– E você quem é? – pergunto.

– Você vai ter que descobrir... – fala ele no mesmo tom de voz que eu usei.

Grrrr. Garoto irritante!

– Vamos Soph. – fala Georgia – Tchau Juruna!

 

Capítulo 19

 

Julho, 2011

 

 

Sophia

 

 

Estávamos indo para a raiz da arvore, que nos entramos e do nada apareceu uma menina. Com os cabelos lilás e os olhos da mesma cor. Pele super branca. Ela estava confusa. Vejo nos seus olhos, o medo de ter encontrado alguém por aqui.

– O que você faz aqui Primula? – pergunta Georgia preocupada.

– E-eu estava procurando a Jullie... Mas me perdi dela... – fala Primula.

– O que você quer com ela?

Primula me olha com medo. Dou um meio sorriso, mas ela abre suas asas negras e se protege. Asas incrivelmente lindas, para um demônio. Parecia uma asa de morcego, mas roxa. Com pequenos brilhos na ponta. Deveria ter mais ou menos 1,50 de cada lado. Ela abaixa um pouco as asas, apenas para nos olhar.

– Hey Primula, a Soph aqui é um anjo da guarda. Ela nunca faria mal para você! – falou Georgia carinhosamente.

[Ela é o demônio mais do bem que eu já conheci.] pensou Georgia.

Que bom que tem pessoas aqui, que não ligam para seu parentesco.

– Ei, Primula né? – falei, ela assentiu. – Me chamo Sophia, é muito bom conhecer outro demônio do bem por aqui.

Ela abaixou as asas e as colocou nas costas. Eu via uma garota muito tímida, mas com grande personalidade na minha frente. Cada acessório, um significado. Vejo seus braceletes pretos, eu imagino uma garota que sofria. Nas roupas, uma menina que ama o que faz e não tem medo das diferenças. Nas botas, uma menina avoada. E na maquiagem, uma menina romântica, mas ao mesmo tempo, uma pessoa com dificuldades de dizer o que sente.

– Er... Bem, eu não gosto do que a Ge e a Ju fazem... Eu acho errado. – falou ela, tímida.

– Eu também não gosto. – olho de soslaio para Georgia, ela rola os olhos e se foca em Primula. – Eu peço desculpas, mas estamos com pressa e temos que sair.

– Ah, antes de vocês irem. – ela se volta para Georgia – Seu pai esta a sua procura.

[Eu te disse que ele me quer morta!]

Arregalo os olhos. Papai nunca mataria uma de suas filhas. Mas depois de conhecer Primula, vejo que é verdade. Ela é a única pessoa nesse inferno, que faz o bem.

– Vamos embora daqui. – falei curta.

Georgia assentiu. Ela corre na frente, mas volta e abraça Primula. Vejo que a um carinho especial entre elas. Mas resolvi não atrapalhar esse momento. Elas se separam, falam alguma coisa uma pra outra e seguem seus caminhos.

 

Mathew

 

Acordo com uma puta dor de cabeça. Olho para o relógio e ele marca 01h25min. Levanto-me com dificuldade e vou para o banheiro. Vou para de baixo do chuveiro. Levo um susto quando a agua gelada bate no meu corpo. Espero ela esquentar, com paciência. Fecho os olhos e sinto a dor de cabeça sumir. É eu precisava de um banho. Termino o banho, me seco e vou para o meu quarto. Ainda com a toalha enrolada na cintura, sento-me na cama e fico olhando para rua.

Um carro para na frente da minha casa. Levanto-me e vejo alguém sair dele. Minha mãe. Um homem a acompanha até a porta da frente. Debruço-me na janela, para ter uma visão melhor. O cara fala alguma coisa e a deixa sem graça. Isso me irritou. Mas o que me irritou ainda mais foi que, ele a beija. Não! Me visto rapidamente e vou para o andar de baixo. Encontro-a entrando na casa, com cara de paisagem.

– Quem era aquele cara? – pergunto rude.

Ela leva um susto e bate com as costas na porta.

– Aí filho – fala ela colocando a mão no peito. – Deu para espiar agora é? – perguntou ela.

– Não gostei dele. – falei cruzando o braço no peito.

– E você acha que eu me importo? – fala ela. Jogou a bolsa no sofá e foi para cozinha, preparar um chá.

Eu a sigo e me encosto-me à bancada.

– Mãe que é ele? – pergunto preocupado.

– Um colega de trabalho... – fala ela.

– Ele não tem nome?

– Tem sim! – ela me olha – Você não deveria estar na cama já? – ela mudou de assunto e se virou de costas para mim.

– Eu não trabalho, estou de férias... Ou seja, não! – falo.

– Bem que você poderia ajudar né? Tipo, arrumar a casa... – ela olha para o lado e se vira para mim – O que eu tô sentindo, é cheiro de Absinto? – fala ela irritada.

– Boa noite mãe. – saio da cozinha e vou para o meu quarto.

Eu sabia que não ia durar muito e ela já viria bater na minha porta.

– Mathew! Abre essa porta! – gritou ela. Fiquei no lugar. Não queria ter uma discussão agora. – Porra Mathew! Abre essa merda!

Não aguento mais e abro a porta. Minha mãe quase cai no chão. Seguro ela e ajudo-a se levantar. Ela me empurra na cama e eu sento nela. Minha mãe pega a cadeira da escrivaninha e se senta na minha frente. De inicio eu pensei que iriamos ficar em silencio pela eternidade, mas acho que ela viu que eu não ia começar a falar, então ela foi no meu lugar.

– Mathew? – fico de cabeça baixa – Filho? – levanto a cabeça para encara-la. – Por que você fez isso? Acabou com a garrafa de Absinto e de vodca, por quê?

– Não quero falar sobre isso. – me levanto.

– Mas vamos ter que falar. – ela me segura, e me puxa para baixo, obrigando-me a sentar na cama. – Filho desde quando você bebe? Duas garrafas? Nem um alcoólico bebe isso... – abaixo a cabeça. – Filho, por favor, me responda.

– Não. – viro o rosto em direção à janela e vejo um clarão na casa do Jack. Sophia! – Mãe, depois conversamos sobre isso ok? Eu falo tudo para você – ela me olha confusa e se levantou. Levo-a até a porta e a fecho atrás de mim.

Corro até a janela e o clarão aumenta. Coloco o braço na frente da minha visão, para eu não adormecer novamente. O clarão diminui e eu vejo duas pessoas voando. Sophia e Georgia. Asas incrivelmente branca, vindo de Sophia. E asas negras de Georgia. Dava para ver cada pena. Uma mais linda do que a outra. Diferente de Sophia, as asas de Georgia pareciam asas de morcego, sem penas. Pela primeira vez eu vi as Asas Dela.

 

Sophia

 

Eu e Georgia subimos rápido demais para a terra, que fomos parar no céu. Descemos no jardim dos fundos. Bruno nos esperava em uma cadeira. Ele já estava cochilando. Bati minhas asas pela ultima vez, e ele acordou no susto.

– Pensei que vocês nunca mais iam voltar. – falou ele sonolento, coçando os olhos com as costas da mão.

– Meio impossível né... – falei.

– Temos umas coisas que fazer aqui ainda. – fala Georgia.

Olho para ela, confusa. Temos?

[Sim!]

Ok...

– Da para vocês pararem de falar em pensamentos? – falou Bruno se levantando.

– Da sim... – falei. – Onde está o Jack?

– Na sala... – Bruno olhou para porta, que se abria. Jack apareceu e correu em minha direção.

– Meu amor! – falou Jack, no meu ouvido.

– Jack... – falei. Abracei-o e beijei sua bochecha. Sinto que ele me esconde algo. – Está tudo bem?

– Sim, tudo Okay! – ele olha para Bruno. Vejo uma troca de sinais entre eles.

– O que vocês estão me escondendo? – falo.

– Er... Nada meu amor, nada! – fala Jack.

– Quem nada é peixe! – pego o rosto de Jack com as mãos, obrigando-o a me olhar – Me conta tudo! Agora!

– Ok, ok! Acalme-se. – ele se afastou de mim e me olhou no fundo dos olhos. – Minha matricula da faculdade, foi mudada para Nova Iorque. – ele falou pausadamente.

Foi uma bomba para mim. Jack para Nova Iorque. Eu não posso sair de perto do meu anjo menor. E muito menos perto de Jack. Sem meu apoio. Não sei por que, mas quando fico longe dele, sinto um vazio em mim... E longe do meu anjo menor, muito mais. Jack era a única pessoa, que faria tudo por mim. Deu para ver, quando ele se jogou contra o box de vidro da casa do Mathew e se cortou todo. Só por minha causa. Ele me amava, mas eu nunca conseguiria retribuir todo esse amor. Era muito pra mim. Ninguém merece tanto amor. Mas ele não se toca e fica dando tanto amor, para não receber de volta. Deixava-me muito triste nesse ponto. Só de pensar que ele nunca vai amar e ser amado ao mesmo tempo, me entristecia.

– Sophia. Você esta bem? – pergunta Jack.

Apenas balanço a cabeça. Ele me abraça. Bruno e Georgia vão para dentro da casa e nos deixam a sós. Jack me pega no colo como um bebe, senta na cadeira de sol, onde Bruno estava há pouco tempo. Fico nos braços por um longo tempo. Adormeço ali com ele.

Quando eu acordei, percebi que ainda estávamos na cadeira. Adormecemos na rua. O sol batendo em nossos rostos. Jack ainda me segurava fortemente contra seu corpo. Tento sair, mas não consigo.

– Jack? – chamo, mas nenhum sinal de que ele estar acordado – Jack? Jack! Acorda! – grito me empurrando do seu forte abraço.

Ele me solta. O que foi o suficiente para eu sair. Entro na casa e vejo que o café já foi preparado. Bruno estava na sala de jantar com Georgia. Vejo que eles estão se dando bem, para um anjo da guarda e um demônio. Vou à sala e vejo Gabriel lendo um livro.

– Bom dia! – fala ele, sem tirar os olhos do livro.

– Bom dia! – retribuo. Volto para a sala de jantar e me sento ao lado de Bruno.

A conversa cessa. E os dois voltam a tomar seus cafés.

– Podem continuar a conversar. – falei pegando o bule.

– Hum, não era nada de interessante. – fala Georgia, ela deu uma mordida no seu cookie e ficou calada até o fim do café.

Georgia logo termina o café e vai para a sala. Olho para Bruno. Ele segue Georgia com os olhos.

– Sobre o que vocês conversavam? – perguntei e dei uma golada no meu café.

– Nada não... – cerrei os olhos. – Hum... era sobre o Mathew...

– Sobre o que?

– Mathew.

– Sim eu sei, mas o que sobre o Mathew?

– Ele anda bebendo demais... – fala ele calmamente. Franzi o cenho, a espera da continuação. – Está virando um alcoólico.

Arregalo os olhos.

– Alcoólico? – sussurro. Estava tão chocada.

Ele apenas assentiu. Balanço a cabeça não acreditando. Mas ele continua assentindo.

– Não! – gritei. – Não! Não...

– É verdade Sophia...

Levanto-me e vou para a sala. Encontro Gabriel e Georgia conversando animadamente. Eles veem minha cara de irritada e fecham a cara. Georgia se levanta e vem ao meu lado.

– O que foi Soph? – pergunta ela preocupada.

Viro-me para Gabriel. – Você sabia o que estava acontecendo com Mathew? – pergunto.

– Soph... Acalme-se – fala ele. Gabriel se levantou e veio para minha frente.

– Eu estou cansada de me falarem “Sophia, acalme-se!”– falei debochada. – Eu quero saber, se vocês sabiam que o Mathew, uma criança, estava se embebedando por aí?!

Ele se entre olhara e abaixaram a cabeça assentindo. Empurro-os, saio da casa e vou em direção a do Mathew.

 

 

 

Mathew

 

 

Acordo com um pouco de dificuldade. Meu corpo estava ainda com sono. Mas minha mente estava louca para mais álcool. Troco de roupa e vou para a sala. Lá eu me sento no sofá e encaro as garrafas. Respiração começa a acelerar. Olho para o lado e vejo que minha mãe já saiu de casa. Olho de volta para a garrafa. Parece que um imã me puxa para elas. Não me aguento e vou até ela. Pego rum dessa vez. Abro a garrafa e dou meu primeiro gole.

– Aaah! – falo depois de sentir minha garganta esquentar.

Fecho os olhos ao beber mais um gole. Levo um puta de um susto ao ouvir a campainha tocar. Vou até a porta e a abro.

 

 

 

Sophia

 

 

Toco a campainha. Logo a porta se abre. Vejo um Mathew bêbado. Com uma garrafa na mão.

– O que deu em você garoto? – perguntei tirando a garrafa de sua mão.

Entro na casa e fecho a porta. Continuo encarando seu rosto. Ele da de ombros e vai para a sala. Pega outra garrafa e da mais um gole. Antes de ele beber mais uma vez, dou um tapa na garrafa e ela cai no chão. O liquido começa a cair no chão. Mathew vê cada gota caindo. Ele me olha irritado e se avança em mim. Deu-me um tapa no rosto tão forte, que meu rosto virou. Olho aterrorizada, para ele. Mathew começa a me bater descontroladamente. Fecho os olhos e o empurro com minha alma de anjo da guarda. Ele cai do outro lado da sala. Mathew se encolhe e começa a chorar. Tento chamar Bruno mentalmente, mas nada. Gabriel e Georgia também, mas nada de eles me responderem.

Aproximo-me de Mathew e tento acariciar seu cabelo.

– Não encosta em mim. – falou ele com uma grande dificuldade.

Afasto-me do susto que levei. Olho para ele não acreditando, que eu o deixei virar um alcoólatra.

 

Capitulo 20

Julho, 2011

 

Sophia

 

Espero Mathew se acalmar. Alcoólico, meu Mathew? Lagrimas insistentem em cair dos meus olhos. Limpo com as costas da mão. Olho para aquele corpo encolhido no canto da sala. Tremendo por álcool. Tento dar energias positivas para ele, mas seu corpo esta tão debilitado que as energias morrem ao encostar-se a ele. Nunca me ocorreu que eu teria que cuidar de alcoólico, isso sim era um grande problema, mas eu não o vejo como uma ameaça, alguém como ele não poderia fazer mal a ninguém.

Mathew me olha com os olhos inchados.

– Posso ficar sozinho? – pergunta ele fanho.

Nego com a cabeça.

– Por favor? – ele se sentou com as pernas cruzadas.

Nego novamente.

– Eu preciso pensar Sophia. Deixe-me só! – ele se levantou, meu instinto foi me levantar também. Aproximou-se de mim e colocou as mãos no meu ombro.

– Eu saio... – olho para as garrafas na estante – Se elas forem junto comigo. – falo apontando para as garrafas.

De inicio ele nega. Mas vê que é só para seu bem, e assenti. Olho nos seus olhos.

– Você me promete que não vai colocar uma gota de álcool no seu corpo? – perguntei rude.

Ele assentiu e olhou para o lado, sigo seu olhar e vejo mais garrafas embaixo da mesa de telefone. Balanço a cabeça, não acredito que eles têm um monte de bebida! Vou até as garrafas e recolho todas. Tinhas das bebidas mais caras, até as mais vagabundas. Recolhi em torno de dezoito garrafas. Mas uma me chamou atenção, ela estava na caixa ainda, com uma luz direcionada nela. Quando vou pegar ela, Mathew bate na minha mão.

– Essa não! – fala ele.

– São todas Mathew! – contra-ataquei.

– Essa não! – insistiu ele.

– Por quê?

– Era... Do meu pai... – falou ele.

Vi que tinha sinceridade em suas palavras. A única memória do seu pai, eu não poderia tirar. Mas era álcool, e de certo modo, eu ainda não tinha total segurança em suas palavras.

– Eu irei guardar com cuidado! – ele negou. Coloco minha mão livre em seu ombro – Eu te prometo! Não farei nada com ela...

– Eu... não sei! – ele falou e subiu as escadas com um pouco de dificuldade, pelo fato de ainda ter álcool no seu corpo. A porta no andar de cima se fecha.

Olho do pé da escada para cima. Não há outra alternativa, ao não ser tirar essas garrafas da visão dele.

A porta do hall se abre. Naomy aparece e coloca a bolsa no sofá. Ela se espanta ao me ver.

– Olá Sophia! – ela olha para as garrafas na minha mão – O que você faz aqui?

– Tirando as garrafas do Mathew! – falei e me virei, dando as costas para ela.

– Como assim? – pergunta ela.

– Er... Bom, – viro-me de frente e encaro uma mãe preocupada com seu filhote. – Mathew anda bebendo demais... Eu não sei se você percebeu, mas-

– Eu percebi – interrompe ela. – Acho que é a coisa certa a fazer... Não quero ter um filho alcoólatra como o pai... – ela baixa a cabeça e vai para a cozinha.

Sigo-a com o olhar. Termino de pegar todas as garrafas e saio o mais rápido dali. Vou para a casa do Jack.

Abro a porta e vou para a sala. Coloco as garrafas no chão. Sento-me no sofá e olho para o teto. Mãos fortes cobrem meus olhos. Jack...

– O que você quer Jack? – pergunto tirando sua mão.

– Nunca irei fazer uma surpresa para você né? – pergunta ele, pulou por cima do sofá e se sentou ao meu lado.

– Já fez... – ele franziu o cenho. – Sua ida para Nova Iorque é uma surpresa...

Ele assentiu. Colocou o braço no meu ombro e me abraçou forte. Senti seu cheiro gostoso, um perfume forte e doce ao mesmo tempo. Olho para seus olhos verdes. Ele me olhava também. Dei um leve sorriso. Ele aproximava sua boca da minha. Aproximei-me também. Em segundos, nossas bocas já estavam em constante movimento. Nossas línguas estavam em sincronia. Foi um beijo calmo. Separamo-nos por falta de ar. Olho para ele, e ele me olhava.

– Eu nunca vou me esquecer de você... – ele sussurrou – Você roubou meu coração, e eu não o quero de volta... Só quero você Sophia! Eu te amo.

Meu coração estava prestes a sair pelo meu peito. Como suas palavras curtas podem fazer tanto efeito? Ele não pode amar um anjo. É contra todas as normas angelicais. Ele não sabia disso? Como? Se a mãe dele é um exemplo. Mas se bem que, ele é um Nephilim, então eu poderia ficar com ele... Mas não! Eu não posso, e não devo! Ele pode ser um Nephilim, mas nunca vai deixar de ser um humano. Que querendo ou não, vai morrer daqui a 50 ou 60 anos. E depois de sua perda, como eu fico? Sozinha... Desamparada... Sem o meu amor... Mas o que custa aproveitar o momento?

Bruno entra na sala e se senta no sofá em frente ao nosso.

– Jack, pronto para ir? – ele perguntou como se eu não estivesse ali.

– Vocês já estão indo hoje? – perguntei chorosa.

– Minhas aulas começam na segunda... – fala Jack beijando minha testa.

– E como eu fico? Onde fico? Com quem eu fico? – perguntei me levantando.

– Hey, Sophia, calma! – Jack me abraça novamente. Enterro meu rosto no seu peito. – Você pode ficar aqui em casa, eu vou te ligar todo dia, e você pode ficar com o Bruno, né Bruno? – saio do abraço do Jack e vou para o lado do Bruno, olho para ele e ele nega.

Você tem que contar para ele, eu não!

[Não tenho coragem Sophia...] pensou Bruno.

Okay, eu conto.

Virei-me para Jack. – Bruno tem que ir com você! – falei calmamente.

– Mas ele pode ficar aqui... – fala Jack.

– Não pode... Ele tem que proteger seu anjo menor... – dei uma pista, para ver se ele se tocava!

– Mas o anjo menor dele, não mora por aqui?

– Mora nessa casa! – dei mais uma.

– Mas só eu moro nessa casa. – Jack falou.

Meu deus, nem parece um universitário!

Jack continuou sem entender.

– Você é o anjo menor do Bruno seu cabeção! – falei.

– Aaah tá... – falou ele.

– Meu deus! Inteligência rara. – me virei e fui pra cozinha.

Peguei uma maçã e lavei na pia. Encostei-me na bancada e deixei eles conversando.

Olho para a janela que dava para o jardim dos fundos, e vi Georgia pegando sol na cadeira, com um short jeans minúsculo e com um top branco. Começo a rir quando uma abelha começa a rondar Georgia. A abelha pousa na perna de Georgia e ela a mata. Georgia solta um grito e corre para dentro de casa.

– O que foi? – perguntei rindo.

– O ferrão da abelha entrou na minha mão! – fala ela.

– Vem aqui, me deixa tirar.

Com minha unha grande, consigo tirar o ferrão. Ela murmura alguma coisa e lava a mão, que ainda continha sangue da abelha. Dou uma mordida na maçã e vejo o sol se por. Nem parece que o dia já se foi. E que a maçã – depois do café da manhã – era a primeira coisa que eu comia. Termino a maçã e subo para o banheiro. Abro a porta e vejo um corpo nu de costas para mim. Fico paralisada. Jack se vira e eu fecho a porta. Corro para o meu quarto e me tranco lá.

– Meu deus! Que vergonha. – falo.

Sento-me na cama e começo a refletir.

Mathew transa com a minha irmã, disso eu já não gostei... Gabriel e Jack se encontraram pela primeira vez, disso eu gostei... Mathew está prestes a chegar no topo dos tops alcoólicos, disso eu não gostei... Eu e Georgia estamos com a promessa de ser mortas o mais breve possível! Disto eu também não gostei! E só de pensar que tudo o Mathew está envolvido... Por que se não fosse pelo Mathew, Gabe e Jack nunca teriam se encontrado. Mas só a minha morte e da Georgia, é que Mathew não está envolvido... Graças a Deus!

– Sophia? – alguém abre a porta. Gabriel. – Posso entrar?

– Pode sim...

Ele se sentou ao meu lado e ficou me encarando.

– O que foi? – perguntei.

– Nada não... Eu só precisava de um abraço. – falou ele.

Abracei-o.

– Por que você precisa de um abraço Gabe?

– Estou com saudade da Lizza... – falou ele num sussurro.

Abraço mais forte. Tadinho, com saudade da pequena Lizza.

– Por que você não vai encontra-la? – perguntei, soltando ele.

– Aqui? Na terra?

– É! – me entusiasmei – Vamos fazer um jantar romântico!

– Você faria isso pra mim? – perguntou ele, também entusiasmado.

– Mas é claro! O que eu não faria para você? – ele deu de ombros e saiu do quarto. Parou e voltou até a porta.

– Obrigado Soph. – falou ele, carinhosamente.

– Nada. – dou um breve sorriso e ele sai.

 

Mathew

 

Abro a porta do quarto, olho para os lados e não vejo ninguém. Saio do quarto e vou para a sala. Meu corpo precisava de álcool. Não aguentava mais. A sede me dava dor de cabeça, tremedeira.

Minha mãe estava na sala lendo um livro. Ela abaixa o livro e da um sorriso, ao me ver.

– Que bom que você saiu do quarto... – falou ela carinhosamente – Quer comer alguma coisa?

– Hum, o que tem para comer? – perguntei olhando para os lados.

– Tem sopa na panela, tem lasanha na forma, tudo na geladeira. O que quiser, tem lá.

Saio da sala e vou para a cozinha. Abro o armário a procura da garrafa de whisky que eu escondi. La estava ela. Linda e cheia. Pego a garrafa com cuidado para não fazer barulho, saio da cozinha pela porta dos fundos e vou para o jardim. Pulo a cerca e vou para a rua. Vou em direção ao parque que tem no subúrbio e me sento em um dos bancos. Abro a garrafa de whisky e começo a bebe-la. A sensação de liberdade me invadiu. Começo a ver tudo em dobro. Meu corpo fica mole. Sinto minha cabeça voar por aí. Nada vai fazer com que eu pare de beber, por que se eu parar, os problemas vão vir à tona. E não é isso que eu quero agora.

Fecho meus olhos e penso apenas em Sophia. Aqueles olhos azuis, cabelos loiros e ondulados como as ondas do mar. Seu corpo escultural. E sua bela asa de anjo da guarda... Aiii não! Ela não pode me ver aqui. Abro os olhos e vejo Sophia na minha frente. Levanto-me e vou até ela que esta de costas para mim.

– Sophia? – chamo com dificuldade.

A mulher se vira e não era Sophia.

– Vamos filha, vamos sair daqui... – sussurrou a mulher para a criança que estava na sua frente.

Vejo-a sair do parque e ir em direção ao carro preto, que estava estacionado ao lado da saída.

Volto para o banco e dou mais um gole. Sinto meu coração corresponder a dor que o whisky esta me fazendo, o que torna tudo mais excitante. Fecho novamente os olhos e me vejo com dez anos, quando estava com a minha mãe e um bar. Ela comprou um lanche para mim e para ela um grande copo de Chopp.

 

Flashback on

 

– Dae gatinha, vamos lá pra trás, só nós... – falou um cara bêbado, que se sentou ao lado da minha mãe na bancada.

– Não. – fala ela curta e grossa.

– A vamos lá gata, - ele passou a mão na coxa dela, apertava e de vez em quando, subia pra virilha. – eu vou fazer você soltar esse corpo gostoso.

Minha mãe deu um tapa na mão dele e continuou a beber seu Chopp. Ele pegou uma mecha do cabelo dela e começou a enrolar no dedo.

– Vamos lá gostosa... – insiste ele.

Minha mãe me olha, e eu presenciava toda a cena. Ela olha para o homem e cerra os olhos.

– Eu já disse que não! – ela se levanta, mas cai no chão, bêbada.

Ajudo-a a se levantar. O homem que estava na bancada, pegou a cintura dela por trás e pensionou seu membro atrás dela. Vários homens, que estavam em outras mesas, se levantaram e tiraram ele dali. A garçonete, uma senhora, veio até nós e ajudou minha mãe. Ela deu um copo de agua pra minha mãe e se sentou ao lado dela. Mamãe começou a chorar e contava a nossa história para a garçonete, que ouvia com atenção. Um homem que estava na mesa, em frente a nossa, se levantou e veio até a gente.

– Você quer carona para casa, minha jovem? – perguntou ele.

Um cara não muito mais velho do que minha mãe, com a barba grande, que tapava sua boca. E com uma bandana que cobria parte do cabelo. Tudo muito escondido, mas o que não se escondia, era seu olho azul quase cinza. Via-se uma sinceridade e bondade naqueles olhos.

– Eu não... – ela olha para mim e chora mais.

– Como? – pergunta a garçonete.

– Eu não tenho onde ficar... – fala minha mãe, entre soluços.

A garçonete olha para o cara e ele apenas assentiu.

– Você pode ficar na minha casa por um tempo... – falou ele com cuidado.

Minha mãe me olha novamente e eu aceito a oferta.

 

Flashback off

 

Ficamos na casa do cara por apenas duas semanas. Minha mãe achava que não deveria atrapalhar ele. Depois desse dia, minha mãe arranjou um emprego como secretaria, recomeçou a faculdade, e alugou uma quitinete, para com que eu e ela ficássemos.

Mas ela sempre se mantinha embriagada. Há dois anos, quando ela se tornou uma grande advogada, ela parou de beber. Mas eu sempre a via bebendo escondido.

Alguém cutuca o meu ombro, me tirando dos meus pensamentos. Viro-me e vejo Georgia com um sorriso doce na cara.

– O que você quer? – pergunto, me virando de frente para o parque, dando as costas para ela.

– Posso me sentar? – pergunta ela.

– Não.

Ela se senta e fica me encarando por um grande tempo. Sinto-me incomodado e olho para ela.

– Por que você não vai encher o saco de outro? – perguntei. Bebi mais um pouco de whisky.

– Por que você está bebendo? – perguntou ela.

– Não é da sua conta.

Ela bufou e me virou de frente para ela.

– Você tem que se tocar, que no mundo não existe só tu! Pense mais nos outros... Você só pensa em si. E que aí meu deus, eu nunca vou poder ficar com a Sophia e blá bláblá... – falou ela debochada. Georgia cerrou os olhos e me fez ficar vidrado neles – Pense mais nos outros, pirralho! E nunca é tarde demais para dizer “eu te amo” para alguém! Eu nunca te amei, apenas gostei de curti o momento... Mas nunca vou me esquecer de você Mathew. Eu sei que você não me ama... Mas eu sei que você ama alguém que com certeza irá te amar... – ela falou sinceramente. – Bom, eu só estava aqui na terra para comer um pouco de almas, - me recuei dela rapidamente – fica calmo, eu não vou te comer... Mas eu certamente vou voltar para o inferno - escondida é claro - melhor. Uma pessoa melhor.

Georgia se levantou e entrou em uma arvore. Isso mesmo, entrou na arvore! Depois disso, meu único pensamento foi Sophia você ainda será minha!

Levantei e ‘corri’ em direção à casa do Jack. Ela ainda vai ser minha!

 

Sophia

 

Depois de um longo tempo refletindo. Vou até a porta e vejo se o banheiro estava desocupado. Estava livre. Vou até ele, com uma toalha e minhas roupas limpas de baixo do braço. Tomo meu banho demorado. Sinto a sujeira sair do meu corpo. Estava suja e não tomava banho há dias. Alguém bate na porta.

– Sophia? – fala Bruno. – Você esta viva?

– Estou sim – soltei um sorriso abafado. – Já tô saindo.

– Não demora!

– Okay.

Rapidamente fecho o registro do chuveiro e me seco. Pela minha cintura, vejo hematomas dos socos que Mathew me deu. Nos braços, marcas roxas quase esverdeadas, estavam fracas. Sinto a lágrima correr dos meus olhos. Como eu deixei ele se tornar assim? Pego minhas roupas e as visto.

Saio do banheiro e vou para a sala. Jack, Bruno e Gabriel me esperavam.

– Aonde vamos? – perguntei ansiosa.

– Vamos a uma balada que tem por aqui... Topa? – falou Gabriel.

– Mas e a Ge? – perguntei, notando a falta dela.

– A Georgia deu uma saída, mas já vai estar lá... – falou Bruno.

– Vamos então!

Saímos com o carro do Jack. Uma maravilhosa BMW x6 preta. Chegamos rapidamente no local. A fila era enorme! Sorte que Jack era um conhecido do dono e logo entrou. A musica era uma batida frenética. Corpos no meio do salão dançavam descontroladamente, junto com a batida da musica. Puxo Jack para um canto e começo a dançar com ele. Mas quem disse que ficamos sem nos beijar? Jack me puxou para ele e me beijava com sede. Bruno e Gabriel tinham desaparecido de nossas vistas. Viro-me de costas para Jack e começo a dançar sensualmente. Eu sei que para um anjo isso é um pecado. Mas quem disse que estamos no céu? Ele começa a percorrer um caminho de beijos e mordidas leves, do meu ombro até minha orelha.

– Eu te amo – sussurrou ele no meu ouvido.

Apenas sorri. Olhos para o salão e um par de olhos me chamam atenção. Não consigo ver quem é. Ele estava escondido na escuridão. Vejo um sorriso macabro surgir. Fico tensa na mesma hora. Juruna. Ele rapidamente some. Depois disso não o vi mais.

 

Mathew

 

Toco a campainha da casa do Jack. Mas ninguém atende. Espero e nada. Já era quase meia noite e nada dela. Vou para minha casa com sono. Durmo até alguém tocar a campainha. Olho para o relógio. 04h20min da madrugada! Desço com o taco de beisebol da minha mãe e abro a porta. No que eu abro vejo minha mãe sendo carregada por um homem.

– Ela bebeu demais – fala o jovem.

Reparo que era o mesmo cara da outra noite.

– Onde ela estava? – perguntei rude.

– Na balada comigo... – fala ele colocando ela no sofá.

Ele veio ate mim e ficou me encarando.

– Quem é você? – perguntei.

– Ah me desculpa. – falou ele. – Sou o chefe da sua irmã-

– Mãe! Minha mãe – interrompi ele.

– Aah! Okay, mãe, sou chefe da sua mãe...

– Você não tem nome? – mudei de peso na perna esperando ele falar.

– Sim. Eu me chamo Juruna.

 

Capitulo 21

 

Julho, 2011

Mathew

 

– Hum, Juruna... Não é um nome comum... – falei.

– Não, não é mesmo. – ele olha minha mãe, que adormecia tranquilamente no sofá. – Meu nome é de origem tupi...

– O que significa? – falei. Olhei nos seus olhos penetrantes. Uma cor incrível de azul. Balancei a cabeça e me foquei em suas palavras.

– Boca negra. – ele falou isso como se fosse simples.

Cerrei os olhos. Boca negra não é um significado comum para um nome. Apenas se ele for...

– Eu tenho que ir – falou ele.

Juruna se dirigiu a porta e saiu. Vejo-o entrar no seu carro, um Honda Civic preto, todo preto. Fecho a porta e vou até minha mãe. Sento-me em seu lado e acaricio seus cabelos castanhos. Parece uma criança, pego-a no colo e a levo para seu quarto. Foi muito fácil, minha mãe era leve como uma pena. Subi as escadas e entrei em seu quarto, esse tipo de coisa era raro. Entrar no quarto da minha mãe, só apenas em situações emergenciais. Coloco-a na cama, tiro seus sapatos altos e a cubro até os ombros. Dou uma ultima olhada para ela e saio do quarto. Entro no meu e sento em minha escrivaninha. Palavras surgem em minha cabeça. Uma nova poesia se formou.

 

Seja as palavras a forma da minha dor

Ou da minha alegria.

 

Que este é o destino real dos que trouxeram

A poesia,

Existem apenas no canto,

Como a chama no fogo,

Como a forma na flor!

 

Canto e alegria

Aonde eu for.

 

Fecho os olhos e imagino minha Sophia em meus braços. Um sonho que só seria possível, se eu quisesse.

 

Sophia

 

Chegamos em casa era 6 horas da manhã. Caio com tudo no sofá e durmo. Sou acordada com gargalhadas vindo da cozinha. Tiro meu salto e vou até ela. Jack e Bruno conversavam alegremente. Jack me vê parada na porta e corre até a mim. Me da um beijo, coloca o braço em minha cintura e me leva até a bancada, onde tinha algumas cadeiras.

– Dormiu bem? – ele perguntou. Colocou um pouco de café em uma caneta e me passou.

– Sim... – bocejei e eles me acompanharam. Caímos na gargalhada. – Dormiram tarde? – perguntei.

– Não. – falou Bruno. – Eu fui direto para o quarto e Gabriel também. Já Jack eu não sei...

Olho para Jack esperando seu argumento. Ele me olha e sorri. O sorriso que alegraria o dia inteiro.

– Fiquei olhando você dormir. – falou ele.

– A noite inteira? – perguntei espantada.

Ele apenas assentiu e me beijou novamente. Gabriel entra na cozinha e se senta ao meu lado. Paramos o beijo imediatamente.

– Podem prosseguir. – falou Gabe. Ele pegou a minha caneca com o café, deu um gole, fez uma careta, colocou a caneca no lugar e fechou a cara.

– Eu acho que alguém não acordou de bom humor... – falou Bruno olhando para os lados.

Gabriel olhou para ele e cerrou os olhos. – Eu estava de bom humor à meia hora, quando a casa estava em silêncio absoluto! – ele se levantou e foi para o banheiro que tinha no térreo.

Olhamos uns para os outros, tentamos segurar os risos, mas não conseguimos. Jack começou a rir primeiro, não demorou muito para que eu e Bruno começássemos também.

Minha barriga doía de tanto rir. Gabriel às vezes era muito engraçado. Olho para meus queridos, um, é um grande amigo, e o outro um pouco mais do que isso. Só de pensar que semana que vem, não vou ter mais eles do meu lado, fico triste. Parei de rir e os vi rindo. Era tão bonito aquele momento. Parecíamos uma grande família. Jack para de rir e me olha. Abraço-o e fico com meu rosto enterrado em seu peito.

– Eu vou... Hum... Tchau! – Bruno saiu da cozinha pela porta dos fundos e sumiu.

Jack bota ambas as mãos no meu rosto e me obriga o olha-lo. Encaro seu belo rosto de um cara de aproximadamente 21 anos. Mas os olhos de um grande adolescente. Verdes esmeraldas.

– Eu irei te ligar todos os dias! Eu prometo. – ele falou e me abraçou.

– Estarei esperando. – sussurrei.

Ficamos um grande tempo ali. Parados. Lembro-me de que a gente não encontrou Georgia ontem da balada.

– Georgia voltou ontem para casa? – perguntei.

– Não que eu saiba... – falou Jack despreocupado.

– Você sabe que ela não pode ficar sozinha por aí né? – perguntei. Ele assentiu.

[Georgia foi embora...] Pensa Bruno.

Olho para a janela e lá estava ele.

Como você sabe?

[Tem um bilhete aqui dela, dizendo que ela foi para o inferno... Viver uma vida calma e tranquila - só que escondida, é claro. E sem vir para a superfície da terra por um bom tempo!].

Apenas balancei a cabeça decepcionada. Pela primeira vez em anos, eu e Georgia estávamos separadas, de bem uma com a outra! Raridade.

 

Cinco dias depois...

 

Jack estava arrumando suas malas para viajar. Na noite anterior, dormimos no mesmo quarto, mas nada aconteceu. Jack me disse que lá, ele iria morar em um pequeno apartamento, de fronte ao Central Park. E que iria trabalhar de segurança em uma boate próximo a faculdade. Fiquei meio enciumada na hora, mas depois vi que era um trabalho honesto, e que ele nunca iria me trair com alguma das dançarinas. Era o que eu esperava. Mas como eu não sou boba nem nada, falei com Bruno, para ele ficar de olho no Jack. E quando ele der umas ultrapassadas, da um puxão de orelha! Mas vi que não seria necessário. Jack era a pessoa mais confiável que eu já conheci em 300 anos. Antes era meu pai... Mas ele teve a Georgia e tudo mudou.

Nesses últimos dias, fiquei sem falar com Mathew. Mas eu sempre estava de olho. Quando ele ia dormir eu ficava vigiando ele. Sorte que nada de ruim aconteceu com ele. Ficar sem falar com o meu anjo menor, era muito mais difícil do que eu imaginava!

– Sophia! – chama Jack. Pelo visto ele me chamava faz tempo. Por que ele fez uma cara quando eu olhei para ele.

– Oi? – fiz cara de desentendida.

– Como eu posso ficar com raiva de você? – ele se perguntou.

Levanto-me e o abraço. – Ainda bem que você não consegue ficar bravo comigo! – beijei seu pescoço. Ele se abaixou o suficiente para encostar sua boca na minha.

– Eu te amo! – ele falou e me colocou com cuidado na cama.

Apenas sorri. Eu acho que te amo também! Não consegui falar em voz alta. Era muito impossível para mim. Eu nem posso ficar com ele sem com que alguém atrapalhe. Como eu posso viver uma vida ao lado da pessoa, que eu - possivelmente - estou amando?

Jack tirou a blusa e se deitou em cima de mim. Passo a mão em seu corpo definido e fico sem ar. Tiro a minha também e começo a beija-lo. Ele se vira, fazendo-me com que eu fique em cima dele. Encaixo meu quadril com o dele. Nem pareciam dois corpos, de tão junto que estávamos. Começo a tirar minha calça e vejo que ele já tirou a dele. Beijos e mais beijos. Lembro-me que essa era a minha primeira vez em um milênio! Fico com vergonha no começo. Mas ele sempre sussurrava em meu ouvido “eu te amo”, “eu estou com você” ou “nunca se esqueça de mim”. Foi minha primeira transa na vida. E com certeza, histórica! Nunca irei me esquecer de como ele me apoiava. De como ele falava palavras e frases fofas no meu ouvido. Incentivando-me a continuar. Não me arrependo do que fiz. Por que sei, que isso foi mais do que certo. Ele me ama, e eu o amo! O que de errado poderia acontecer?

 

Estávamos suados e com os corpos juntos. Jack com os olhos fechados e possivelmente dormindo. Eu apenas o observava. Ficamos na cama, com apenas um lençol fino. Olho para nossos pés e vejo sangue. Arregalo os olhos e fico com medo. O que ouve?

– Jack? – o chamo.

– Oi? – fala ele sonolento.

– Que sangue é esse? – perguntei apontando para a cama.

Ele olha e da de ombros. – Seu sangue, eu acho... – ele me olha e viu que eu não entendi. – Você era virgem? – assenti com vergonha. – Ei, não precisa ter vergonha nisso... Eu senti que você era virgem no nosso primeiro amasso. E agora, eu pensei que seria mais correto você fazer isso comigo... Que a amo! – ele falou e beijou minha testa suada.

Como eu posso ser um anjo e não saber de nada disso? Sou muito imatura mesmo! Tiro minha virgindade só agora! E olha que eu sou um anjo. Só pra mim mesmo...

 

Levanto-me e vou para o banheiro. Jack me acompanha e espera eu acabar o banho. Depois que saio, ele entra. Espero ele terminar e descemos juntos para a sala. A casa estava um silencio! Olho para os lados e não vejo nada. Nem um sinal de vida! Jack também olha pra os lados a procura de alguém e não encontra nada. Vejo um pequeno bilhete em cima da mesinha de centro. Pego e começo a ler.

 

Querida Sophia,

 

Voltei para o céu. Era a coisa a única coisa que eu poderia fazer em um momento como esse. Estou com muita saudade da minha Lizza. E acho que ela também esta com saudade de mim. Bruno foi comigo, para pegar um pouco de dinheiro, para poder viver tranquilamente em Nova Iorque. Fiquei muito feliz por ter visto meu pequeno filho, pela primeira vez. Ele está tão grande! E é muito inteligente como a mãe. Sorte a dele de ter você do lado. Fico muito feliz, que ele ama alguém que o ama também. Mas eu fico mais feliz ainda é em poder ver o brilho nos olhos do meu pequeno/grande Jack quando te olha. Com certeza irei ver meu filho em sua formatura. Sempre que eu puder, irei manter contato.

 

Com amor, Gabriel.

 

Sinto uma respiração em minha nuca. Viro-me e dou de cara com Jack. Sorrindo de uma orelha a outra.

– Você me ama também? – perguntou ele esperançoso.

– Eu acho que sim... – sussurrei.

Ele me abraçou e me beijou. Parou depois de um muito tempo. Fiquei com a respiração mais calma depois de pegar um pouco de ar. Olho para aqueles olhos esmeraldas que só vou poder ver depois de muito tempo. Apenas no Natal.

– Eu tenho que... – ele não conseguiu terminar a frase. Mas eu sei o que ele quis dizer. Está na hora de dizer tchau.

– Eu sei...

– Eu te amo.

– Eu também. – falei. E olha que não foi tão difícil como eu imaginava.

– Você não sabe o quanto eu fico feliz em ouvir essas palavras. – ele sorriu e subiu as escadas para pegar as malas no quarto e as colocar no carro.

Fico olhando-o e me entristeci. Poxa, justo agora? Perco minha virgindade, começo a amar, e tudo se acaba? Só no meu mundo mesmo...

Jack logo volta e coloca as malas no porta-malas do carro. Vou até a varanda e fico apenas observando. Ele volta e me beija. Um beijo demorado. O nosso ultimo beijo. Ele me abraça e vai para o carro. Da um último aceno. Liga o carro e não olha para trás. Tenho certeza que ele estava chorando tanto quanto eu. Seco minhas lágrimas com a barra da minha blusa. Sento na escadinha da varanda e fico olhando por onde Jack desapareceu. Depois de um longo tempo, resolvo entrar. Encosto-me na bancada da cozinha, e só agora minhas lágrimas resolvem parar de cair.

Começo a preparar alguma coisa para eu comer. Faço espaguete com molho branco. Coloco um pouco no meu prato. Vou para a mesa na sala de jantar. Olho para os espaços vazios a minha volta. Não me aguento e começo a chorar de novo. Só de pensar que vou ficar aqui sozinha, me dava calafrios. Perco a fome e jogo tudo fora. Vou para o quarto do Jack e me deito em sua cama. Aonde o seu cheiro nunca irá embora como ele.

 

Mathew

 

Da janela do meu quarto, vejo Jack entrando no carro e indo embora. Sophia senta nas escadas e chora. Depois de um longo tempo, ela entra na casa e não a vi mais.

Eu deveria consolá-la, mas não sei se é a coisa certa a fazer.

Só de pensar que as minhas aulas estão para começar e eu não vou ter companhia para as aulas... Aah que saco! Mas se bem que ela poderia ir para a aula junto comigo... Não! Anjos não vão para a escola. Eles sabem de tudo quando nascem. Pra que ir a escola? Para ficar ouvindo os outros falando...? Não né.

Desço as escadas e encontro minha mãe na cozinha preparando o café da manhã. Sento-me na mesa e espero ela terminar. Minha mãe coloca um prato com ovos e bacon na minha frente. Agradeci e comecei a comer. Minha mãe se senta na minha frente e fica calada. Depois do acontecimento de alguns dias atrás, ela não falou nada. A hora era agora para falar sobre isso.

– Mãe? – chamei. Ela levantou a cabeça e me olhou. – Sobre sábado...-

– Não quero falar sobre isso. – ela falou, abaixou a cabeça e continuou a comer.

– Não vem com essa mãe! – falei – Você sabe que precisamos conversar...

– Não precisamos não!

– Sim, precisamos sim! – olho para ela e continuo – Mãe é a primeira vez em anos que você fica bêbada... Por que isso agora?

Ela cerrou os olhos e me olhou. Tive medo desse olhar.

– Como se você fosse a pessoa mais correta para se falar desse assunto né Mathew! – ela se levantou da mesa, jogou seu café no lixo e saiu da cozinha.

Fico boquiaberto. De novo, eu sou como um pai para ela... Nunca pensei que iria ocupar esse cargo um dia. Nem se eu tivesse um filho, eu acho que iria ocupar um cargo forte de pai... É muito mais difícil do que eu pensei. Continuo a comer, mas logo a fome vai embora e jogo minha comida fora. Tomo um pouco de água e subo para meu quarto.

Da janela, vejo Sophia colocando o lixo fora, os olhos vermelhos de tanto chorar. Não posso deixar sofrendo assim. Desço as escadas e vou para a varanda, vejo Sophia sentando na calçada cabisbaixa. Tento não me mover para ela não perceber que eu a olho. Mas foi em vão, logo ela levanta a cabeça e me vê. Da um pequeno sorriso de boca fechada. Bate na calçada ao seu lado, um sinal para eu sentar ao seu lado. Vou até ela e sento. Ela encosta a cabeça em meu ombro e chora mais. Coloco meus braços em torno dos seus ombros. Ela me abraça também. Sinto minha camisa ficar molhada com as lágrimas.

Meus olhos começam a pesar. Dou umas leves piscadas e me recomponho. Pego Sophia no colo e a levo para dentro de sua casa. Ela ainda se permanecia acordada, mas ainda chorava muito. O que era ridículo tentar fazer algo de ruim para ela, não que eu estava pensando em fazer mal a ela, mas beija-la no estado que está, não seria bom para ambos.

Coloco-a no sofá e me sento ao seu lado. Ela olha para mim e sorri.

– Obrigado. – sussurra ela.

– Nada... – falei.

Ela fechou os olhos e deixou cair algumas lágrimas. Limpo-as com o dedão. Levo um choque ao encostar na pele do seu rosto. Percebo que ela também. Olho nos seus olhos azuis, e vejo o quão semelhante era o de Juruna. Fico quieto e prefiro não mencionar o nome do cara que roubou o coração da minha mãe. Sophia se senta ao meu lado e fica me encarando. Fico desconfortável com seus olhos em meu corpo. Como se quisesse que eu fizesse alguma coisa. Fico imóvel. Sophia se aproxima de mim, sua respiração já chegava no meu rosto.

TRIIIIIIIIIIIIIIIIIIM! - O telefone toca.

Sophia se levanta correndo e atende o telefone. Ouço palavras cortadas.

– Sim, eu também, sim, não... Que isso! Okay, me liga, beijos, Te amo. – falou ela.

Ela volta e se senta ao meu lado.

– O que você faz aqui? – pergunta ela rude.

Estranhei sua atitude. Há cinco minutos, ela estava quase me beijando, e agora fala grossa comigo? Essa ligação deve ter incomodado ela.

– Olha só Mathew. Eu não quero machucar você, mas...

Levanto-me correndo e a beijo. Não sei o que aconteceu comigo, mas eu tinha que fazer isso. Era agora ou nunca. Coloco uma mão em sua nuca, trazendo-a para mim. Sophia coloca sua mão espalmada no meu peito e me empurra para trás. Sorte que sou mais alto, ou seja, não me movi um centímetro. Minha língua procura passagem, mas Sophia insiste em não dar. Ela se cansa e me beija. Suas duas pequenas mãos vão para o meu rosto. Sinto uma dor forte no lado direito do meu rosto. Separo-me de Sophia e a encaro.

– Isso é por minhas marcas roxas no abdômen. – ela me da outro tapa, só que desta vez, do lado direito. – E essa é pelas minhas coxas.

Ela me puxa e continua a me beijar. Agora fui eu que não dei passagem. Ela se separa de mim e fecha a cara.

– Oras. Por que tu não estás me beijando? – perguntou ela.

Fui obrigado a rir. Nem parecia alguém dos anos XXI! Pego seu rosto com as mãos e a beijo. Um beijo longo e delicioso... Agora ela era só minha.

Capítulo 22

 

Julho, 2011

Sophia

(horas antes...)

Levanto-me da cama do Jack e vou até a cozinha. Vejo o lixo se acumular ao redor do lixeiro. Pego o lixo e a levo para fora. Dou um fim nele e me sento na calçada. Abaixo a cabeça e deixo as lagrimas escorrer dos meus olhos. Sinto alguém me olhando. Levanto a cabeça e encontro seus belos olhos castanhos me olhando. Dou um sorriso de boca fechada. Bato de leve na calçada ao meu lado. Mathew vem ao meu encontro e se senta. Encosto minha cabeça em seu ombro. Lagrimas são insistentes e caiem dos meus olhos.

Mathew colocar os dois braços em minha volta e me abraça. Faço o mesmo com ele. Sinto que começo a molhar sua camisa. Mas não ligo. A única coisa que importa é que eu não tenho mais ninguém aqui, ao não ser Mathew. Ele me pega no colo, e institivamente, sinto borboletas na minha barriga. Fico incomodada e não sei o que é isso.

Sou colocada no sofá. Mathew se senta ao meu lado e passa a mão em meu cabelo.

– Obrigada. – sussurrei.

– Nada... – falou ele.

Fecho os olhos e deixo cair mais lagrimas. Ele as limpa com o dedão. Levo um leve choque com o contato de sua pele na minha. Ele também levou. As borboletas em minha barriga ficam histéricas. O que será isso? Sento-me e fico observando seu corpo. Ele era muito fofo. Seus olhos inexperientes eram as coisas mais lindas que eu já tinha visto. Me aproximo dele. Acho que estava gostando dele. Mas como? Eu não amava Jack de verdade?

TRIIIIIIIIIIIIIIIIIIM! - O telefone toca.

Levanto correndo e me dirijo até o telefone.

– Alô? – atendi.

– Sophia? – fala alguém.

– Sim?

– Sou eu, Jack. Estou com saudade meu amor. – fala ele animado.

– Eu também... – falei carinhosamente.

– Você esta bem?

– Sim.

– Alguém está com você? – perguntou ele preocupado.

– Não...

 Pensei que você estava com alguém... – falou ele tímido.

– Que isso!

– Tenho que desligar. – alguém fala com ele, e ele fica todo apressado.

– Okay, me liga.

– É claro. Beijos, te amo. – ele desligou.

– Beijos, te amo. – falei para mim mesma.

Mas eu o amava de verdade? Não senti sinceridade em minhas próprias palavras... Eu definitivamente não o amava.

Sento-me ao lado de Mathew e o encaro.

– O que você faz aqui? – perguntei rude. Mas não foi minha intenção.

Ele fica perdido em pensamentos e não me responde.

– Olha só Mathew. Eu não quero machucar você, mas... – tentei continuar, mas em um movimento rápido, ele já estava com a sua boca na minha.

Fico petrificada. Não sei o que fazer. As borboletas na minha barriga, que tinham sumido temporariamente voltaram. Sua língua pede passagem, mas eu não dou. Ele acha que depois de tudo que ele me fez, dando-me tapas, socos. Vai ficar por isso mesmo? Não comigo. Sua língua era insistente e pedia espaço para passar dos meus lábios e encontrar com a minha. Depois de muita insistência, fico cansada e me entrego a ele. Mas que diabos eu estou fazendo? Agora eu sou uma vadia! Fico me entregando a qualquer um! Eu não sabia que esse dia chegaria...

Coloco minhas duas mãos do lado do seu rosto. Com uma força sobrenatural, dou um tapa no lado direito do rosto dele. Mathew se separa e me encara, a espera de uma explicação para meu ato.

– Isso é por minhas marcas roxas no abdome. – dou outro tapa nele, só que desta vez, do lado direito. – E essa é pelas minhas coxas.

Pego seu rosto novamente e volto a beijar. Só que desta vez, quando minha língua pediu passagem, ele não deu. Separo-me dele e fecho a cara.

– Oras. Por que você não estás me beijando? – perguntei.

Ele riu, colocou suas mãos cuidadosamente no meu rosto e me beijou. Um beijo longo e delicioso.

 

Autora

No céu, Haniel observava Sophia e Mathew. Até que em fim seu plano tinha sido colocado em prática. Juntar esses dois foi mais difícil do que Afrodite e Ares. Haniel foi até o trono de Deus e se ajoelhou em sua frente.

– Deus, obrigado. – falou ele.

– Obrigado pelo que meu jovem? – pergunta Deus.

– Por não me castigar pelo o que está por vir... – Haniel abaixou a cabeça.

– O que esta por vir? – pergunta novamente Deus, só que desta vez, confuso.

– Você vai ver... – simplesmente Haniel fala.

Haniel sai do templo de Deus, deixando-o furioso, por não ter dado uma explicação sequer.

 

Bruno e Gabriel se encontram no hall do templo de Deus, para avisar suas posições na terra.

– Gabriel, eu estou indo pra Nova Iorque com Jack. Não tenho data prevista para voltar... Por que pelo visto, ele ainda corre perigo. Não sei por que... – falou Bruno.

– Okay. Bom eu vou ficar por aqui mesmo... Com a minha Lizza. – Gabriel olha para os lados. – Quero aproveita-la ao máximo. Por que sei que daqui a pouco, ela será um anjo da guarda.

Bruno fica animado com a notícia.

– Shhh! Só entre nós. – Gabriel sussurra. – Nem ela sabe ainda. – Bruno e Gabriel soltam uma risada abafada. – Apenas eu, você, Haniel e Deus que sabemos dessa novidade... Mas ainda não sabemos quem será seu anjo menor. A única coisa que sabemos é que, ele ainda irá nascer. Apenas isso.

Bruno e Gabriel ficam animados com o novo anjo menor. Mas logo ficam em silencio quando Lizza aparece no hall e os encara, colocando as mãos na cintura.

– O que vocês estavam rindo? – pergunta ela mandona.

– Nada não! – fala os dois juntos. Eles se entreolham.

Bruno desce para a Terra para encontrar Jack. Gabriel se vira para seu amor e da um leve beijo na boca. Ela estremece com o toque em sua pele. Gabriel sentiu o mesmo, mas ficou quieto.

Depois de uma longa tarde, juntos. Gabriel e Lizza foram voar por aí. Itália, Grécia, Alemanha, mas pararam em Portugal para assistir o pôr-do-sol. Ambos achavam o pôr-do-sol em Portugal magnífico. O que se restou para o fim do dia, foram mais e mais beijos em voos tardios.

 

Sophia

Depois de ficarem abraçados e de muitos beijos. Mathew se levanta e vai em direção a porta, o acompanho. Paro na porta e ele também.

– Você vai dormir bem? – perguntou ele.

– Ficaria melhor com você aqui... – falei sedutoramente.

Acho que depois que não sou mais virgem, virei uma safada. Meu deus, que os anjo não me vejam.

– Não posso, tenho que ficar de olho na minha mãe. – falou ele.

– O que houve com ela? Naomy está bem? – perguntei preocupada.

– Sim, ela esta bem sim... – ele olha para a casa dele, mas depois volta para mim – Ela esta namorando um cara. Mas eu não gosto muito dele...

– Hum, está com ciúmes... – falei provocando.

– Não é isso, é que... – ele não conclui sua frase.

Vejo preocupação em seu rosto.

não posso contar para ela, não posso!” pensou Mathew.

– O que você esta me escondendo Mathew? – perguntei exigente.

– Nada que possa fazer esse momento ainda mais perfeito. – ele passou os braços em minha cintura e beijou minha testa.

Ele estava me escondendo alguma coisa. Mas não queria estragar esse momento. Mathew se solta e vai para casa. Corro atrás dele e seguro sua mão. Ele se vira e me olha confuso.

– Posso dormir com você essa noite? – perguntei. Não posso deixa-lo agora, ainda mais sabendo que ele me esconde algo.

Ele sorriu e assentiu. Vou com ele para a casa. Chegamos e nos deparamos com o corpo da mãe dele jogado no chão, com uma garrafa de cachaça na mão. Corro até o corpo e vejo se ela ainda está viva. O pulso está normal. Olho para Mathew. Ele ficou vidrado na cachaça que caia da garrafa.

– Mathew? – chamei e ele logo me olhou – Sua mãe esta bem... – tento pegar ela no colo, mas logo Mathew a pega de minhas mãos.

Eu sou forte o suficiente para carregar ela e Mathew juntos, mas ele insistiu em pega-la e coloca-la no sofá. Vou atrás dele e me sento ao seu lado.

– Eu não quero que a veja nesse estado. – falou ele.

– Mas eu não posso deixa-lo sozinho Mathew. – falei preocupada.

– Pode sim. Eu vou ficar bem! – ele me olhou, e eu via raiva transbordar de seus olhos.

– Não vai não! – ele se levantou e parou na minha frente. Sua respiração pesada, batia no meu rosto. – Se você ousa em tocar em mim, para me machucar, você vai se arrepender.

– Eu nunca faria isso com você... – falou ele carinhosamente.

– Então coloca essa sua bunda magra no sofá, e fica quieto! – falei rude.

Ele riu da minha cara, mas obedeceu. Sentou no sofá e ficou olhando para a sua mãe. Vejo que ele de vez em quando olhava para a garrafa de cachaça no chão e fechava os olhos de raiva.

Como eu pude deixar que ele fizesse isso com minha mãe... Mas esse cara vai ver na próxima vez... Oh se vai!

– Mathew o que você esta me escondendo? – perguntei.

– Vamos levar minha mãe lá pra cima? – perguntou ele mudando de assunto.

Assenti meio contraditória. Ele sempre está mudando de assunto, que saco! Levamos ela para o quarto e a deitamos na cama.

– Você não acha que devemos dar um banho frio nela? – perguntei, mantendo o assunto entre nós.

Por que essa casa de noite, era assustadora. E ficar em silencio, não há quem aguente!

– Vamos sim... – ele se levantou e pegou a pegou no colo, levou para o banheiro, ligou o chuveiro e colocou-a debaixo do chuveiro. – Pode me ajudar? – perguntou ele, eu assenti e foi para seu lado.

Naomy acordou no susto quando a agua gelada bateu no seu corpo. Ela nos olhou e começou a chorar. Meu deus o que eu fiz? Mathew a tira rapidamente do chuveiro, enrola uma toalha em volta do seu corpo e a leva para o quarto novamente.

Fico parada apenas observando. Ela não é minha responsabilidade, não posso toca-la! Merda! Vou até Mathew e o empurro para longe da mãe, ele me olha incrédulo, mas se afasta. Começo a seca-la e a mandar minhas boas vibrações, logo ela já estava melhor e sem álcool no corpo. Olho para Mathew e ele apenas balançou a cabeça. Mas logo esboça um sorriso no seu rosto.

– Eu nunca vou me acostumar com esse seu jeito... – falou ele. Mathew veio até mim e me beijou carinhosamente.

Retribui, por que só estando nos seus braços era uma sensação maravilhosa.

{Sophia se solte dele! Agora!} pensou alguém.

Me solto rapidamente de Mathew. Ele me olhou confuso. Eu apenas balancei a cabeça e sai da casa. Com certeza foi algum anjo. Alguém que queria contar a deus sobre minha aproximação com Mathew. Mas não vou deixar nada nos interferir. Vou para a casa de Jack e me sento no sofá. Fico quieta com apenas meus pensamentos. Acabo cochilando.

 

Sonho...

 

Estava no inferno com Georgia e mais outra mulher. Mas eu não a conheço. Seus cabelos castanhos repicados, eram magníficos. Seus olhos negros como a noite, eram purificantes. O que mais me intrigava era sua altura. Muito menor do que eu e Georgia, mas com certeza carregava um alto cargo em suas costas. Ela me olha e da um pequeno sorriso. Vejo que ela era uma pessoa boa. Como Primula. Continuamos a andar pelo corredor sem fim. Paramos em frente a uma porta preta com desenhos tribais na frente. A tal mulher, abriu a porta e lá de dentro saiu à pequena de cabelos lilás e olhos da mesma cor. Ela corre e me abraça.

– Me tire daqui Soph! – suplicava ela.

– Primula ela não pode fazer nada! – falou a mulher.

Primula se solta e vira para a mulher.

– Janne, minha prima, não faça isso comigo! – falou Primula.

– Eu vou junto com você minha querida prima! – falou Janne.

Primula foi até ela e a abraçou. Olho para Georgia, e ela da de ombros. Ou seja, ninguém sabe o que esta acontecendo.

– Posso saber o que vocês estão conversando aí? – perguntou Juruna. Ele parou do meu lado e acariciou meu rosto. Rapidamente tirei sua mão do meu rosto.

Primula se afasta e vai para de trás de Janne. Vejo raiva nos olhos de Georgia e de Janne.

– O que você quer? – perguntei, cruzando os braços no peito.

– Só quero você... – ele foi chegando mais perto, e eu não conseguia me afastar. E quando ele já estava a milímetros de mim, com sua respiração no meu rosto...

 

TRIIIIIIIIIIIIIIIIIIIM – O telefone toca.

Abro os olhos com dificuldade. Mas logo me levanto eu vou atender.

– Alô? – atendi sonolenta.

– Ei dorminhoca, sou eu Jack!

– Hum... Oi Jack.

– O que foi meu anjo? – perguntou ele.

– Precisamos conversar. – falei curta e grossa.

– Sim... Você quer começar?

– Você pode começar. – falei sem pressa.

– Ook... – ele fez uma pausa, respirou fundo e falou: - Eu não queria que isso acontecesse, mas aconteceu... Eu pensei que te amava, mas eu estava errado... Sinto borboletas na minha barriga quando estou com essa pessoa, e vejo que ela é muito significativa pra mim. Mas nunca se esqueça de que eu sempre vou estar do seu lado independente de qualquer coisa... – ele se calou e esperou meu argumento.

Fiquei de cara. Ele terminou comigo pelo telefone! Comecei a rir e não conseguia mais parar.

 Soph? Sophia? Está tudo bem? – perguntou Jack.

– Está sim... É que eu queria falar a mesma coisa pra você e não sabia como dizer sem machuca-lo. – falei rindo.

Ele ficou mudo. Parei de rir e me preocupei.

– Jack? – chamei. E ele não respondeu. – Jack, me desculpe se fui rude... Não queria ferir seus sentimentos...

– Não, está tudo bem... – ele parou, mas logo continuou – Eu pensei que você reagiria diferente...

– Desculpe-me Jack... – falei docemente, tentando conforta-lo.

– Ok, ok. – alguém começa a falar com ele e ele fala com essa tal pessoa. Consigo ouvir palavras cortadas.

– “... é ela né?...” – fala uma voz feminina. Mas o mais incrível, é que ela estava mais calma que o normal.

– “sim... quer falar com ela?” - perguntou Jack.

– “não...” – ela fala e desaparece.

– Era a minha namorada... – falou Jack para mim.

– Hum... – pigarreei e tentei soar natural. – Ela não é... Como eu posso dizer? – perguntei para mim mesma.

– Rude? – perguntou ele, interrompendo-me dos meus pensamentos.

– Não... Ela não é uma pessoa comum... – conclui.

– Não é mesmo... – ele parou por um instante e pensou. - Sophia, eu adorei conversar com você, mas eu tenho que ir... Meu amor me espera... Sabe como é né...?

– Sim, sim... Vai lá. – falei.

– Tchau Sophia.

– Tchau Jack. – falei e ele desligou.

Sento-me no sofá e fico perplexa. Não pude deixar de rir. O Jack terminou comigo pelo telefone! Nossa...

 

Três semanas depois...

 

Estava sentada na varanda com Mathew me abraçando. Ele tinha acabado de voltar de sua aula, que começara há uma semana. Eu ia levar e buscar ele. Por segurança, é claro. Mas nós sempre íamos pra casa do Jack, e ficávamos sentados na varanda, conversando e nos beijando carinhosamente.

– Sophia, vamos para dentro aqui fora está muito frio... – falou Mathew, me abraçado mais forte.

Apenas assenti.

Ele pegou minha mão e me ajudou a levantar. Cada toque dele, eu ainda sentia a estranha sensação de borboletas na minha barriga, era muito estranho, mas eu o amava. Fomos para a sala e nos sentamos em um dos imensos sofás. Mathew passou o braço em um dos meus ombros e começou a acaricia-lo. Eu apenas sorria. Era tão lindo esse momento. E só de pensar que eu era uma pessoa ‘irritada’ antes de conhecê-lo...

Mathew pega meu rosto com as mãos e começa a me beijar. Ele para e encosta sua testa na minha.

– Por que você é tão perfeita? – perguntou ele.

– Eu não sou perfeita Mathew! – sussurrei.

– Para de bobeira, eu te amo, isso é o que importa agora! – sussurrou.

Eu te amo também! – falei em seus pensamentos.

Ele se soltou e ficou me encarando com os olhos arregalados.

– Você disse no...? – falou ele.

Eu apenas assenti. Ele me puxou e começou a me beijar com mais convicção e calor. Mas diferente de Jack, ele mantinha sua mão no meu rosto e na minha cintura. Era tão cuidadoso, e eu amava esse seu jeito jovem. Tão pequeno, em um mundo tão grande. Mas com certeza, ele era meu amor. As borboletas significavam isso. A cada toque, o desejo do seu amor por mim, e o meu por ele. Dava para sentir isso. E ele era e foi a única pessoa que eu amei.

 

Autora

Pensamos que amamos uma pessoa apenas pelo jeito dela, mas seu toque diz o que sentimos e o que não sentimos. Mas nada é só amor, temos também o ódio, a raiva, a infelicidade... Esses pequenos/grandes sentimentos significam muita coisa em um relacionamento... E se tivermos em um relacionamento proibido ficamos muito mais emotivos... Então ame, mas ame controladamente. Nunca se sabe o que esta para vir no futuro...

 

Epílogo

Setembro, 2011

 

Sophia

Ultimamente eu sentia enjoos, dores no corpo, ficava tonta rapidamente e uma fome insaciável. A minha querida sogra, Naomy, achava que eu estava grávida. Mas eu achava que só tinha comido algo estragado... Não sei muito bem dizer. Mathew era um ótimo namorado, só que sua sede por álcool ainda continuava a mesma, e eu tentava controlá-lo.

Semana passada fui ao céu e vi como que andava as coisas. Gabriel pedira Lizza em casamento, foi muito emocionante. Ele se ajoelhou na frente dela e com uma bela aliança de ouro com brilhantes a pediu em casamento, o sonho de qualquer mulher! Nesse mesmo dia, Mathew tinha se metido em uma briga com uns caipiras. Tive que descer e ajudá-lo, mas ele não gostou muito. Não nos falávamos direito daquela semana pra cá.

Jack me ligava de vez enquanto, falando que não voltaria muito cedo da faculdade, possivelmente ele ficaria lá por dois anos. E dava para ver em sua voz, a felicidade com sua nova namorada, mas nunca mencionou o nome dela, mesmo eu pedindo. Sempre mudando de assunto, teve certo ponto que eu me irritei e deixei pra lá.

Bruno me ligava quase todos os dias, fazendo certo drama. Só reclamando do quanto é difícil ser um anjo da guarda e tal. “Quer que eu faça o que?” eu perguntava para ele e ele apenas falava “Esquece, tchau!” e desligava. Nossas conversas não passavam disso.

– Sophia? – chamou Naomy.

Ela apareceu na porta e se encostou no batente, ficou quieta por um tempo, abria e fechava a boca, parecia que ia falar alguma coisa, mas nada saia.

– Pode falar Naomy! – falei incentivando-a.

Ela assentiu e falou: - Bom, como sua presença aqui em nossa casa é constante, gostaria de fazer um jantar em casal. E é claro, lhe apresentar o meu namorado! – Naomy falou sorridente.

– Seria ótimo! Vai ser um grande prazer conhecê-lo! – falei empolgada.

Ela assentiu e saiu do quarto. Fiquei olhando para a porta que se fechava sozinha. Mas logo se abriu. Mathew a fecha atrás de si e vem para a cama, deitar ao meu lado.

– Estou com saudade de você... – falou ele no meu ouvido.

Virou-me e fico de frente a ele. Dou um sorriso e selo minha boca com a sua.

– Eu te amo... – sussurrei em seu ouvido.

– Eu também te amo! – sussurrou ele.

Separo-me um pouco e encaro seus belos olhos castanhos. Dava para ver tudo que ele passou em um só olhar. Tão belo e inofensivo. Meu Mathew será no futuro um homem muito belo. O meu homem! Queria tanto ficar com ele pra toda eternidade.

– Ei Sophia, o que houve? – perguntou Mathew.

Só depois que ele passou a mão no meu rosto e limpou uma lagrima que escorria dos meus olhos, percebi que eu estava chorando.

– Desculpe-me... Não queria fazer isso na sua frente... – falei.

Levantei-me e fui para o banheiro. Encostei a posta e fui descendo até o chão encostando-me nela. Como eu sou fraca! Por que eu sou assim na frente dele? Eu é que mando nessa porra! Ele não deveria me ver chorar! E esses enjoos que eu tenho? Que coisa é essa? Saco! Sou muito fraca para ser um anjo da guarda!

– Sophia! Abra essa porta agora! – gritou Mathew do outro lado da porta. Ele batia freneticamente.

Fiquei quieta por um longo tempo e não abri a porta. Queria um tempo sozinha. Apenas com os meus pensamentos.

{É a coisa certa a se fazer meu amor... Um dia você irá me entender... Te amo!} pensou alguém novamente, em minha cabeça.

Olho para os lados e não vejo nada. Eu estava sozinha naquele banheiro, e não eu não sentia a presença de ninguém por perto. Pelo o que eu saiba, apenas celestiais ou infernais conseguiam se comunicar sem estando perto. Mas nesse caso, eu sinto que é um infernal. Só que apenas um infernal consegue fazer isso... Ou seja, meu pai!

Minha respiração começa a acelerar, suor escorre pela lateral do meu rosto e minha lágrimas ainda insistiam em cair.

Tudo começa a escurecer, escurecer e uma escuridão me envolve.

 

Abro meus olhos e vejo que não estou mais no banheiro. Tento me levantar, mas algo me prende para baixo. Olho ao redor e não consigo identificar direito a onde eu estou. Uma sala talvez? Pode ser... Mas não tem janelas. Estou no subsolo? Pode ser... Pelo amor de Deus! Que eu não esteja no inferno! Um par de olhos azuis surge em cima de mim.

– Vejo que você já acordou... Está com fome? – pergunta Juruna.

– O que eu estou fazendo aqui? – perguntei histérica.

– Dando uma volta... Mas aqui está chato, você quer passear comigo? – perguntou ele.

– Eu não! Eu só quero sair daqui viva! – gritei.

– Ai inferno! - gritou Juruna. - Você não vai morrer aqui Soph... Só quero passear com você! – ele me soltou e minha primeira ação foi correr, mas ele me segurou pelo braço e me puxou para ele.

Sua respiração batia em meu rosto. Estávamos muito próximos. Eu sentia seu coração batendo,

– Percebe-se que estamos muito próximos - Tento me soltar de seus braços fortes, só que foi em vão. Ele era muito mais forte que eu. E nada que eu fizesse iria me tirar dali.

– Se eu te soltar, promete me ouvir? – perguntou ele.

– O que você quer de mim? – perguntei de volta.

– Só uma conversa... Pode ser ou tá difícil?

Rolei os olhos e assenti. Aos poucos ele foi me soltando. Mostrou-me onde eu poderia sentar e se sentou na minha frente. Seus olhos estavam em mim o tempo todo. Era um incomodo que me deixava sem graça. Ele me olhava como se fosse me atacar a qualquer hora. Procurei nunca olhá-lo nos olhos, mas aqueles pares de safiras eram intrigantes e nos mantinham vidrados neles!

– Pode começar o seu questionário. – falei.

– Não quero nada de você. – ele falou, cruzei os braços no peito e levantei a sobrancelha. – Okay, eu só quero saber de uma coisa...

– Manda!

– Quando que você transou com o Mathew? – perguntou ele.

Arregalei os olhos. Espera aí. Ele quer saber o que?

– Eu não falo grego, Sophia. Responda-me agora! – ele se irritou.

– Calma! – falei baixo. Arrumei-me na cadeira e olhei para aquele olhar cínico. – Você quer saber o que exatamente...?

– Quando foi a ultima transa entre você e o Mathew? – perguntou ele impaciente.

– Uma correção, a gente não transa, fazemos amor. - falei. Ele se mexeu inquieto na cadeira. Percebi que sua raiva estava transbordando pelos olhos, boca, nariz e orelha! Respirei fundo e falei – Mês passado, foi a nossa primeira vez. – sussurrei.

– Hum... – ele se levantou e foi até a mesa que tinha atrás dele.

Discou um numero rápido no telefone preto e logo a outra pessoa na linha atendeu.

– Uhum, isso, semana passada. Okay, até mais. – ele desligou e se sentou de novo na minha frente.

Ele só me observava com nojo.

– Posso saber que merda é essa? – perguntei com raiva.

– Hey mamãe! Fica calma, não queremos que nada de ruim aconteça com o nosso novo bebê! – falou ele.

Arregalo os olhos e fico olhando para ele sem parar. Como assim mãe? Que putaria é essa? Ele fumou? Bebeu?

– Oi? – falei sem entender nada.

Ele apenas rolou os olhos e deu de ombros: - Você está grávida Sophia. – falou simplesmente isso.

Não vejo mais nada a não ser a escuridão, depois de suas palavras.

 

Autora

Mathew fica preocupado com Sophia e decide arrombar a porta. Foi muito mais fácil do que ele previo, mas o que ele não previu, foi a ausência de Sophia no banheiro. Ele correu até a janela e vê que ela esta quebrada. Fica desesperado na hora. Minha Sophia. Onde está você? Pensou ele.

 

Haniel se desespera no céu a procura de Sophia, mas ele não a encontra. Do nada, aparece Camael.

– Já achou a Soph? – perguntou ele ofegante.

Haniel apenas balançou a cabeça.

 

Gabriel vê que todos estão preocupados a procura de alguém. Ele se vira para Lizza que se distraía com um pacote de bolachas de chocolate.

– Você sabe o que está acontecendo? – perguntou ele preocupado.

– Não... Ah! Falaram-me que um anjo da guarda sumiu do radar... – falou ela despreocupada.

Rapidamente, Gabriel fica preocupado. Não só Bruno estava na terra, mas como Sophia também! Sua melhor amiga não pode ter sumido assim.

Ele avista Raphael e o chama. Rapidamente, Raphael para do seu lado.

– Sophia desapareceu! – falou ele sem dó nem piedade.

– Como? – gritaram Gabriel e Lizza juntos.

– Isso mesmo! Ajude-nos a procurá-la. Ficamos sabendo que demônios devoradores de almas estão subindo a superfície da terra com mais facilidade. – ele respirou e continuou: - E Mathew sozinho, está em perigo! Cuide dele, enquanto eu a procuro.

Gabriel apenas assentiu e desceu para a terra. Lizza fica para apenas observando seu belo marido descer para a terra. Ela ficara tão triste quanto ele. Gabriel tinha contado a ela todas as aventuras de Sophia, e ela ficou admirada com a coragem e esperteza da anja loira.

 

Bruno recebe o recado e logo avisa para Jack. Ambos ficam preocupados e pedem noticias caso a encontrem. Bruno falou para os anjos que iriam procurá-la por Nova Iorque. Mas nada era concreto.

Jack ainda estava muito atarefado na faculdade e não poderia se distrair. Sua namorada o ajudava sempre que conseguia, mas estava cheia de coisas para fazer também. Ou seja, apenas no básico ela ajudava.

Bruno saiu do campus da faculdade a procura de Sophia. Cansado de tanto andar, ele se senta em um banco. Uma mão fria cobre seus olhos, ele as tira e puxa sua dona para seu lado no banco. Seu cabelo negro estava preso em um rabo de cavalo alto. Sua roupa preta super curta e vulgar. Botas até o joelho cobria seus pé.

– Já soube da ultima? – perguntou Bruno.

– Manda. – falou Georgia.

– Sua irmã desapareceu. – falou ele preocupado.

Georgia se vira de frente para ele e o encara séria.

– Repete. – pediu ela.

– Sophia desapareceu do radar angelical. – falou ele sem tirar os olhos das flores a sua frente.

– Ta tirando sarro comigo né?! – perguntou ela.

Ele a olha e fica muito mais sério. – Parece que eu estou brincando? – perguntou ele.

Ela fica pasma e se vira pra frente incapaz de pronunciar qualquer palavra.

– Você não sabe a onde achá-la? – perguntou ele.

Georgia apenas balançou a cabeça negativamente.

– Okay... Se a encontrar me avisa!

Bruno sai do banco e volta a procurar Sophia. Georgia permanece, mas logo volta para o inferno contar a noticia a seus pais.

 

Sophia

Acordei com alguém dando tapas no meu rosto. Institivamente contra-ataquei a pessoa que me batia.

– Hey! Acalma-se Sophia! – falou alguém, que pelo visto me conhecia. Mas sua voz não me era estranha...

Fiquei com os olhos fechados. Não pode ser...

– Pode abrir os olhos meu amor... – falou ele.

Balancei a cabeça negativamente.

– Prometo que ninguém irá te machucar...! – falou novamente a voz conhecida.

Ele passou a mão no meu cabelo e eu rapidamente o tirei.

– É verdade? – perguntei sem abrir os olhos.

– O que? – indagou ele.

– Eu estou gravida? – perguntei num sussurro.

Ele soltou uma leve risada: - Sim...

Abri os olhos e encarei aquele homem que eu conhecia tão bem.

– E agora pai? – perguntei.

 

Autora

Mathew começa a correr pela casa, rua e por todo subúrbio. Seus pensamentos voam longe. Ele a amava, e sem seu amor, ele não saberia viver.

De volta para casa, ele vai para a cozinha, abre a geladeira e vê aquela maravilhosa garrafa de cerveja geladinha. Sem pensar duas vezes, ele a pega e começa a bebê-la. Mas algo faz lembrar que Sophia não iria gostar desse seu comportamento. Na ultima semana, ele começara com um novo programa de reabilitação. E estava dando resultado, mas nessas horas, ele tinha uma recaída. Mathew olha para a garrafa que brilhava em suas mãos, ele a joga na parede e a garrafa se quebra em mil pedaços cristalinos.

Naomy escuta um barulho lá no térreo e desce rapidamente para ver o que aconteceu. Chegando lá, se depara com Mathew chorando e uma garrafa de cerveja quebrada. Parte dela dentro da lata de lixo, outra no chão.

– Oooh filho, o que foi? – ela pergunta indo abraçá-lo.

Mathew aceita o abraço e se aninha ali mesmo nos braços da pequena mãe.

– A Sophia desapareceu mãe! – falou ele desesperado no meio de lágrimas.

– Ela vai voltar filho... – falou Naomy.

 

Sophia

– Você não pode ter esse bebê filha! – falou meu pai.

– Por que não pai? – perguntei.

– Ele não é um bebê qualquer filha, é um Nephilim! – falou ele, um pouco irritado.

– Eu vou cuidar dessa criança até ela ficar uma pessoa idosa! Nada vai acontecer com o meu filho! – falei.

Levantei-me e corri para a saída. Abro a porta e me deparo com a mulher do meu sonho, Janne. Afasto-me dela e corro para o sentido contrário. Meu pai aparece e me segura.

– Senta nessa merda de cadeira e fica quieta! Preciso pensar. – falou ele. – Janne, vem até aqui, por favor... – falou ele.

Janne foi até ele e ficou em sua frente. Papai falou alguma coisa no ouvido dela e ela logo saiu. Ele se senta na sua poltrona e me encara por um longo tempo. Vira de leve, a cabeça para o lado. Seus olhos percorrem meu corpo e param de novo nos meus olhos.

– Por que você quer isso? – perguntou ele curioso. – Por que trazer uma coisa que você não poderá cuidar direito? Você esta criando um monstro! – ele cuspiu com repugnância. – Você não trará esse filho para a terra e pronto! Eu sou seu pai e mando nessa putaria!

Fui obrigada a me levantar. Manda? Desde quando?

– Você nunca mandou em mim, e não vai ser hoje que isso vai acontecer!

Saí correndo, abri minhas asas e um buraco se abriu no teto, de lá eu consegui sair. Respirei o ar puro da terra e coloquei meus pés no chão. Olho para os lados e sinto a tensão que todos estão sentindo. Levanto voo novamente e sigo em direção à casa do Mathew.

 

Mathew

Sophia está desaparecida já faz três dias e eu estou entrando em desespero! Não como, não durmo. Apenas bebo. Não consegui ficar sóbrio durante esses três dias de desaparecimento dela. O meu amor está desaparecida e eu não sei o que fazer. Já liguei para o Jack e ele falou que ela também tinha sumido do radar angelical, se eu soubesse o que era isso, ficaria mais aliviado. Mas eu nem sei de nada! Bruno falou que estava a procura dela. E não tinha nenhum sinal.

Aviso para minha mãe e ela fica muito triste e disse que se soubesse de alguma coisa me contaria. Mas nada ainda.

Compro mais uísque e bebo. Vou para o parque que tinha próximo a minha casa e me sento um em um dos bancos. Abro a garrafa de uísque e fico encarando aquele liquido marrom. Parece uma coisa tão feia, mas muito gostosa de beber. Fecho os olhos e tomo os primeiros goles de uísque. Sonho que, um dia eu ainda seria muito mais feliz com Sophia. Teríamos nossa casa, cheia de filhos correndo para todos os lados, uma babá que custava uma fortuna e que teríamos contas para pagar. Mas nunca esquecendo o amor entre nós.

 

Autora

Georgia desce para o inferno e encontra seu pai muito irritado com alguma coisa. Mas ela ainda queria acertar as contas com ele. Aproximou-se com cuidado e parou na frente do pai. Ele a olhou incrédulo e bateu no rosto dela com força, lançando-a no chão.

– O que você faz aqui sua vadia? – ele perguntou. Georgia não se moveu e não falou nada. Ele a pega pelos braços e a levanta para que eles fiquem olhando um nos olhos do outro. – Por que você veio aqui? Quer que eu mate você hoje? Justo no dia que eu descubro que minha filhinha está gravida de um humano!

Ele a jogou no chão, virou e foi até a cadeira. Sentou-se nela e abaixou a cabeça. Georgia fica estabilizada. Minha irmã, gravida? Pensou ela. Georgia se levantou, se apoiou na mesa do pai e ficou encarando o velho.

– Sophia está gravida? – perguntou ela surpresa.

Ele apenas assentiu e deixou uma lagrima cair. Georgia se joga com tudo na cadeira e fica com os olhos arregalados.

– Ou seja... Deus vai arrancar as asas dela? – perguntou.

Lúcifer assentiu mais uma vez. Georgia balançou a cabeça não acreditando que sua própria irmã, seria um anjo caído se tivesse esse bebê. Lúcifer ficou muito mais triste do que já estava. Não seria honrado ter uma filha caída.

 

Haniel encontra Sophia nas proximidades da casa do Mathew e cessa as buscas. Ele chama Gabriel e logo ele aparece.

– A achamos. – falou Haniel.

– Onde? – Gabriel perguntou curioso.

– Perto da casa do anjo menor.

– Hum... Obrigado por me avisar. Tchau. – Gabriel se despediu e foi atrás de Lizza para contar a novidade.

 

Sophia

Entro correndo na casa do Mathew e não encontro ninguém na sala. Vou para a cozinha e me deparo com Juruna cozinhando e conversando animadamente com Naomy.

– Sophia? – exclama Naomy. Ela corre em minha direção e me abraça. – Pensei que você nunca mais voltaria. Mathew está muito preocupado com você! – falou ela no meu ouvido.

– Desculpe-me tive um sério imprevisto. – falei sem tirar os olhos de Juruna. Ele nunca vai me entrar.

Naomy me solta e vê que eu olho intensamente para Juruna. Ela para ao lado dele, coloca sua mão na dele e fala:

– Esse é Juruna, meu namorado.

Fico de queixo caído. Namorado? Desde quando? Não... Desgraçado! Juruna contorna o balcão e estende a mão.

– Prazer Juruna. – falou ele cinicamente.

– Sophia. - engoli em seco e apertei a mão do fingido que estava na minha frente.

Ele franziu os olhos e fala: - Muito prazer Sophia.

 

Fim...

(Será?)

Comente aqui:

Data 21/10/2013
De Beathris
Assunto Asas Dela

Eu quero a segunda temporada! POR FAVOR!

Data 23/03/2012
De Diretoria Oficial Oliveira
Assunto Atenção.

Leiam as informações na página inicial e no mural das webs.
Att, Diretoria.

Data 08/03/2012
De Juliana - Autora
Assunto Segunda Temporada

Aaaaaaaaaaaah me matem x.x Gente, desculpas (novamente). Estou com problemas na minha família, relacionamento com o namorado, eee o pior de tuuuuuuuuudo, meu pc foi pro espaço... Ou seja, segunda temporada completa estava lá... Vou ter que reescrever tudo de novo.. Peço paciência a todos, mas com certeza a Segunda Temporada de Asas Dela vai sair. Garanto! PS: Querem saber da sinopse?? Aqui está: "Depois que Mathew descobriu a verdadeira identidade de Sophia, conseguiu tirar Jack do caminho e conquistar o coração da jovem anja, algo muda. Mas nada iria ficar tranquilo já de cara. Sophia espera um filho de Mathew. Mas esse filho não vai ser aceito no céu, na terra e muito menos no inferno. Tudo que estava um caos volta a ser um caos." E aí?? Ansiosas para a segunda temporada?? Nome: "Asas Caídas" Agora ja da pra ter uma noção do que vai acontecer não é mesmo?? É só por hoje, beijo meninas, até mais

Data 02/03/2012
De Dani
Assunto Poxa

Cade a segunda temporada ?o.O

Data 12/02/2012
De Mari
Assunto Segunda temporada

Queroo a segunda temporadaa!! :)

Data 07/02/2012
De web
Assunto Paula

Nossa a web é muito boa :)

Data 04/02/2012
De Diretoria Oficial Oliveira
Assunto Fim da web!

Infelizmente a web novela chegou ao fim meninas! O Capítulo 22 e o Epílogo são as últimas atualizações... Mas não fiquem tristes, semana que vem a segunda temporada vem com tudo!!
Vou deixar para anunciar o nome da segunda temporada na quinta feira, deixar vocês no suspense! hehehe.
Beijos meninas e até a segunda temporada!

Data 02/02/2012
De Mari
Assunto AMEII *-*

Nossa,sua web é bem criativa! Ameiii *-*

Data 27/01/2012
De Juliana - Autora
Assunto Segunda Temporada!

Gente, mil desculpas! A segunda temporada vai dar no que falar!! Sério! Vou continuar a escrever o quarto capitulo essa semana. Sim! Ja tenho o inicio dela... Mas como é férias, deixei a fic um pouco de lado. Com a voltas aulas eu continuo com TUDO! Prometo. Por que são vocês, leitores do Oficial Oliveira, que me dão animo para continuar! Muito obrigado a todas e a diretora do site ^-^ Beijoooos da Ju!

Data 20/01/2012
De Brebalbii
Assunto web

Adoreeei! Espero mesmo que poste logo a 2 Temporada. Bjss :**

 

2010/2013 Todos os direitos reservados. ®

Crie um site grátisWebnode